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Mensagem por Dexter Thompson Sex Mar 22, 2024 1:00 am

Se tinha uma coisa que Dexter Thompson estava acostumado, era com as bajulações. Com exceção da sua vida acadêmica, Dex colecionava muitos motivos para ser elogiado. Como irmão, ele era protetor, atencioso e carinhoso. Como filho, Dex era irreverente, mas ao mesmo tempo educado e respeitador. Como amigo, ele era capaz de se meter em qualquer problema e dava a sua vida por quem amava. Thompson era um atleta dedicado, e mesmo que aquilo não fosse sua paixão, ele tinha uma disciplina rara e invejável. E claro, dono de uma aparência tão perfeita, ele não era ignorado pelas garotas.

Dexter sempre tinha encarado com muita naturalidade as piadinhas sobre o seu físico, os elogios exagerados sobre seu abdome e a admiração para a sua performance em campo. Thompson só costumava demonstrar uma certa ansiedade quando testava uma nova receita e esperava pela avaliação das pessoas, mas de um modo geral, ele era um cara bastante confiante, perfeitamente ciente dos talentos e das qualidades que possuía.

Então não fazia sentido que Dex se sentisse como se tivesse acabado de ganhar na loteria com os elogios de Liberty. Como um cãozinho inocente abanando o rabinho ao receber uma recompensa, o olhar de Thompson brilhava. Seu corpo inteiro ainda estava eletrizado, tanto pela adrenalina do jogo, mas principalmente pelo beijo de Libby. Se os toques acidentais ou um beijo no meio de uma brincadeira já vinham tirando o mundo dele do eixo, Dexter se sentia ainda mais nas nuvens ao ter protagonizado um grande, intenso e exagerado beijo com Libby.

- Você gostou mesmo??? Quer dizer, você assistiu o jogo todo? Eu achei que você fosse tentar escutar algum podcast ou ler algum livro, qualquer coisa do tipo.

Não era para provocar Liberty que Dexter fez aquela confissão. Ele soou sincero ao dizer que acreditava que Bloomfield teria preferido ocupar aquele tempo fazendo outra coisa, apenas "marcando presença", mas aquela sinceridade também vinha acompanhada por uma gigantesca dose de satisfação e orgulho. Libby não só tinha assistido a partida inteira como ainda parecia ter gostado de verdade do que vira.

- Foi incrível, não foi??? O time todo foi ótimo! Eu não fiz nada sozinho!

As pessoas ainda gritavam e pulavam ao redor deles. A cada cinco segundos alguém gritava pelo nome do quarterback, mas Dexter continuava com os braços ao redor da cintura de Liberty e precisava aumentar o tom de voz para que os dois pudessem continuar conversando.

- Você usou a minha camisa!

Dex já tinha notado aquele detalhe de longe, mas agora que Liberty estava mesmo ao alcance das mãos dele, aquela visão se tornava ainda mais incentivadora e incrivelmente sexy. O olharzinho emocionado de Dexter se tornou mais selvagem quando ele deslizou as íris castanhas pelo corpo de Libby. Para uma garota insegura que alegava não ter os cabelos dourados ou o corpo de uma top model, Bloomfield não parecia ter motivo nenhum para temer a opinião de Thompson quando estava estampado no rosto dele o quanto ele gostava do que estava vendo.

- Você está linda, Libby. - Dex se inclinou para conseguir sussurrar aquelas palavras no ouvido dela. - Eu nunca mais vou lavar essa camisa, sabia?

- DEEEEEX! BORA, PORRA!

Sem se soltar de Liberty, Dexter olhou por cima do ombro enquanto Jordan o chamava junto com o restante do time. Por mais que quisesse prolongar aquele momento, Thompson acabou abrindo um sorriso. Ele ignorava por completo os olhares tortos das garotas ou a fofoca que certamente já começava a percorrer entre os alunos da MMU. A única coisa que importava era aquela êxtase explodindo no seu peito, que certamente não era provocada pela vitória do jogo.

- Eu preciso ir, vou tomar um banho e me trocar. Mas não vá muito longe, você não vai escapar de mim, señorita!

***

Os gritos de comemoração pareciam nunca ter fim. Alguns jogadores já tinham se jogado na piscina do hotel, outros repetiam entusiasmados suas jogadas favoritas da noite ou tripudiavam de algum erro grotesco do time adversário. Como uma das grandes estrelas da noite, Dexter era uma figura central na festinha de comemoração improvisada. Mas em nenhum momento ele permitiu que Liberty se afastasse.

O uniforme sujo do jogo já tinha sido trocado por uma calça jeans, uma camisa branca e a jaqueta esportiva. Os cabelos volumosos de Dexter estavam molhados, um perfume gostoso de sabonete vinha da sua pele e seu sorriso não abandonava o seu rosto em momento algum. Mas o mais importante de tudo, Thompson não estava disposto a se afastar de Liberty.

Era cedo demais para ter uma conversa, para que os dois tentassem entender ou explicar o que tinha acontecido ali. Mas a verdade era que, para Dex, qualquer tipo de diálogo mais racional era dispensável. Ele estava feliz, e finalmente tinha ao seu lado a garota que tinha tumultuado seus pensamentos e o seu coração. Era tão óbvio o que Thompson queria que conversar soava como uma perda de tempo, principalmente em uma festa animada como aquela.

Com Hunter ocupando um sofá de um lugar só, Dexter e Liberty tinham se espremido em outro sofá estreito, rodeados por outros amigos. Em um gesto relaxado, Thompson mantinha seu braço ao redor dos ombros de Libby, sem deixar dúvida para ninguém de que, naquela noite, os dois estavam ali como um casal. E aquilo parecia ser tão natural para Dexter, simplesmente surgir com uma garota e ficar com ela sem grandes explicações, que todos ao redor também agiam com naturalidade, mesmo que a sortuda da vez fosse uma nerd que teoricamente não combinava com ele.

- Não vai ter Verdade ou Consequência hoje? - Jordan provocou com um sorriso largo ao assistir Dex mais uma vez se inclinando para procurar os lábios de Liberty.

- Não, eu não vou demorar. - Dex se explicou com tranquilidade, mas antes que ele se explicasse, a chegada de Emily mudou um pouco o foco da roda.

A conversa ainda fluiu por alguns minutos, mas não demorou para que Thompson voltasse a se inclinar na direção de Bloomfield. Dessa vez, ao invés da boca dela, ele deixou que seus lábios roçassem na orelha de Libby, próximo o bastante para que sua respiração quente se chocasse contra o pescoço dela.

- Você não quer subir? Aproveitar enquanto a Emy está aqui e o quarto está vazio?

Uma garota sortuda escolhida em uma festa, uma transa casual, sem conversas e explicações. Isso não era muito diferente do padrão que Dexter mantinha em algumas festinhas. Mas só depois que as palavras saíram da sua boca e ele percebeu a interpretação que Liberty poderia ter, os olhos de Thompson arregalaram e o rapaz se apressou em se explicar.

- Para estudar!!! Eu prometi que te ajudaria com a prova de Espanhol! Sei que você já deve estar agoniada com o atraso do seu cronograma, então nós podemos subir para estudar.

Dexter tinha sido o responsável pelo último touchdown, o que tinha desempatado o placar e trazido a vitória para Colchester. Era de se esperar que o capitão do time ficasse naquela festa até o amanhecer, recebendo bajulações, bebendo e se divertindo. Mas ele não parecia nem meramente chateado em abandonar a comemoração e cumprir a sua promessa, passando o resto daquela noite com verbos e pronúncias em Espanhol, desde que Bloomfield fosse a sua companhia.
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Mensagem por Liberty Bloomfield Sex Mar 22, 2024 11:45 am

No antigo colégio de Liberty, em Seattle, os alunos costumavam ser bem divididos em grupos bem específicos. Como em toda escola, existia o grupinho dos populares, que era constituído basicamente por atletas, líderes de torcida e filhos de políticos ou empresários importantes. Havia também os puxa-sacos, os encrenqueiros que arrumavam confusão por qualquer bobagem e enlouqueciam seus pais e professores, os religiosos, os ativistas que sempre tentavam fazer o colégio embarcar em alguma pauta humanitária ou ambiental. Inteligente, disciplinada e com uma grande paixão por tecnologia, Libby se encaixava facilmente no grupinho dos nerds e era aquela a realidade com a qual a menina estava acostumada.

Em Seattle, os diferentes grupos do colégio de Bloomfield eram como água e óleo. Eles simplesmente não se misturavam. Dificilmente um encrenqueiro seria visto dividindo a mesinha do refeitório com um ativista ou um religioso. E seria quase cômico imaginar um nerd andando junto com o grupinho dos populares. Liberty nunca tinha sido convidada para nenhuma festinha, nunca havia trocado mais do que algumas frases soltas com uma líder de torcida e definitivamente nunca havia sido beijada por um dos atletas do colégio. Toda a cena que acontecia naquele fim de semana era uma experiência que a novata nunca imaginou que viveria algum dia.

Tudo era diferente demais em Colchester, mas Libby não se iludia com a ideia de que todos os alunos da MMU eram unidos e amigáveis. Os olhares gelados e raivosos que a novata recebia de algumas garotas (principalmente de Debby) deixavam bem claro que Liberty Bloomfield não era bem-vinda dentro do grupinho dos populares e que nem todos gostavam de tê-la ali. E Libby muito provavelmente não estaria ali se não fosse por um único detalhe: Dexter Thompson.

Quem teria coragem de enfrentar um dos garotos mais populares da MMU? Pelo lugar de destaque que Thompson ocupava no time de futebol, pela sua simpatia e pelo fato de todos quererem a amizade dele (ou algo a mais, no caso das meninas), ninguém jamais ousaria contrariar ou medir forças contra o capitão. Se Dexter estava impondo a companhia da novata, só restava aos demais membros do grupo aceitar a escolha (um tanto excêntrica) do rapaz. Bloomfield até podia ser uma menina bonitinha e com uma personalidade interessante, mas ela simplesmente não se encaixava naquele grupo e ninguém parecia entender os motivos para Thompson ter escolhido ficar com ela naquela noite ao invés de escolher qualquer outra das muitas garotas que suspiravam por ele.

Quando olhava para as pessoas ao seu redor, para aquela festinha animada, a música alta, a bebida alcoólica circulando de mão em mão e os temas das conversas, Liberty se sentia como uma peça solta que não se encaixava no restante daquele quebra-cabeça. Mas qualquer desconforto ou insegurança que a menina pudesse sentir simplesmente evaporava quando a atenção dela se voltava para o rapaz ao seu lado. Dexter Thompson era praticamente o rei dos populares, a peça principal daquele cenário. Então era mesmo surpreendente e irônico que fosse ao lado dele que Libby se sentisse tão bem.

Nem a mente tão racional e objetiva de Liberty conseguia encontrar explicações para um encaixe tão perfeito entre duas peças que pareciam ser completamente incompatíveis. Ao invés de água e óleo, a química explosiva que nascia entre Libby e o capitão do time de futebol fazia com que aquela fosse uma mistura semelhante a fogo e gasolina. Era quente, era intenso, era incontrolável. Bloomfield nunca imaginou que algum dia sentiria algo semelhante por alguém, que um rapaz poderia fazer com que ela perdesse a cabeça ao ponto de se deixar levar por um impulso e deixar de lado a vidinha previsível e disciplinada que ela tanto valorizava.

O beijo apaixonado ao fim da partida tinha sido facilmente o momento mais excitante, mais empolgante e mais impulsivo de toda a vida de Libby. Mas mesmo agora que a adrenalina não circulava em doses tão altas pelas veias dela, Liberty ainda não conseguia se arrepender por ter se rendido a aquele instinto.

Ao invés de constrangida ou intimidada com os olhares pouco amigáveis que algumas "amigas" de Dexter lançavam na direção dela, Libby preferiu manter o foco no rapaz ao seu lado. Mais especificamente na boca dele. Sem se importar em estar no meio dos colegas e no centro das atenções, Liberty protagonizou mais alguns beijos intensos com o capitão da equipe de futebol. E da mesma forma como Thompson não conseguia se afastar dela, o corpo do rapaz parecia ser um ímã potente que atraía os dedinhos da novata. Bloomfield já tinha perdido as contas das vezes em que seus dedos mergulharam nos cachos de Dexter, ou suas unhas curtinhas arranharam a nuca dele. No meio de um beijo particularmente mais ousado, Libby tinha se atrevido até a enfiar umas das mãos por dentro da jaqueta esportiva do quarterback e o tecido mais fino da camiseta não impediu que ela sentisse o calor que vinha da pele dele e nem os contornos do abdome bem definido do rapaz.

Apesar de não se encaixar tão bem com o restante do grupo, Liberty estava se esforçando para interagir com os amigos de Dexter. Nos raros momentos em que a boca dela não estava grudada na de Thompson, a novata tentava participar das conversas e das brincadeiras ao seu redor. Era evidente que as meninas do grupo não davam muita abertura para Libby, mas os rapazes já não pareciam se incomodar tanto assim com a companhia dela. Talvez alguns deles estivessem até satisfeitos em ver que Dexter preferia a companhia da novata nerd, assim mais líderes de torcida ficariam disponíveis para o restante do grupo.

Como o clima estava agradável e tranquilo naquela rodinha de conversa, Liberty estranhou quando ouviu Dexter dizendo que não pretendia ficar muito tempo na festa. Aquela declaração seguida pelo convite para que Libby subisse com ele para um dos quartos fizeram com que a menina chegasse à conclusão mais óbvia sobre os planos que Thompson tinha traçado para aquela noite. Mesmo não tendo o costume de frequentar as festinhas dos populares, Libby sabia como funcionavam as coisas. E o próprio Dexter já tinha dado vários indícios de que ele não via problema em se aventurar e embarcar em transas casuais com as garotas que faziam parte daquele grupo. Há alguns dias atrás, Debby não pareceu nem um pouco constrangida em descrever para os colegas detalhes da intimidade entre ela e o quarterback. E parecia ser mais uma daquelas aventuras que Dexter procurava naquela noite, desta vez acompanhado pela novata de Seattle.

E, se fosse mesmo esse o caso, Thompson não estava tão errado assim em inferir que Libby estava no clima para apimentar um pouco mais as coisas. Os beijos estavam sendo retribuídos com bastante empolgação pela garota, a pele de Liberty se arrepiava e ela deixava escapar suspiros deliciados sempre que os lábios ou as mãos de Dexter faziam movimentos mais ousados. Se Bloomfield ignorasse totalmente a razão e parasse de pensar tanto nas consequências, até mesmo a garota teria que admitir que estava excitada e que, bem lá no fundo, ela também queria saciar aqueles instintos. Só havia um grande obstáculo que impedia Libby de seguir adiante e se deixar levar pelos seus desejos: ela não queria ser só mais uma aventura na imensa lista de conquistas casuais de Dexter Thompson.

Podia parecer bobagem, ilusão ou ingenuidade, mas por um momento Liberty teve a sensação de que existia algo especial entre os dois, que tudo aquilo não era só mais uma sessão de pegação para Dexter, que eles tinham uma conexão verdadeira. Mas quando Thompson soltou no ar aquela sugestão, os ombros de Libby murcharam e por um breve instante a menina realmente pensou que aquilo não significava nada para Dexter, que ele só queria se divertir e que logo se cansaria dela. Quando chegou em Colchester, nem se passava pela cabeça de Liberty a possibilidade de viver um romance ou de se apaixonar. Mas ela também não queria envolvimentos casuais, aquilo era algo que definitivamente não combinava com o perfil dela. E pensar que Dexter só queria uma transa enquanto ela estava se envolvendo de verdade naquela história fez com que Libby experimentasse a inédita sensação de que ela era burra demais por não ter enxergado antes quais eram os objetivos do quarterback.

Por dois segundos, o brilho desapareceu das íris castanhas e Liberty pareceu ficar repentinamente tensa e desconfortável. Mas antes que ela pudesse inventar alguma desculpa para evitar que Thompson a arrastasse para o quarto, o rapaz explicou melhor o que ele realmente queria fazer no quarto do hotel. O rostinho de Libby se contorceu numa hilária expressão confusa quando a palavra "estudar" chegou aos ouvidos dela e os olhos castanhos tiveram que vasculhar o rosto do rapaz atentamente até que a menina se convencesse de que havia ouvido certo e que Dexter estava falando sério.

- Estudar...? Você quer subir até o quarto para estudar comigo?

Muito antes de embarcar na viagem para Burlington, Liberty já tinha deixado bem claro para os amigos que ela não pretendia comprometer o seu cronograma de estudos. A prova de Espanhol agendada para segunda-feira era um estímulo a mais para que a menina se concentrasse nos estudos e passasse o resto da madrugada mergulhada nos livros enquanto o restante dos alunos se divertia na festinha da vitória. O que Libby nunca imaginou era que Dexter estava disposto a fazer aquela mesma escolha. Principalmente depois do quarterback ter sido o grande responsável pela vitória do time, era de se esperar que Thompson quisesse continuar festejando ao lado dos amigos.

Diferente de vários rapazes que circulavam pela festa, Dexter não havia bebido nada. E Libby sabia disso já que ela tinha passado todo o tempo ao lado dele (e a menina também não sentiu gosto de álcool nas várias vezes em que os dois uniram as bocas naquela noite). Ele não estava bêbado, não estava fazendo uma piadinha e nem parecia estar usando aquela desculpa apenas para conseguir arrastar a novata para a cama. Thompson simplesmente estava sendo compreensivo ao respeitar a decisão da garota e ao entender os motivos para que Liberty fosse tão obcecada pelos estudos. E a oferta de abandonar a festinha mostrava claramente que Dexter estava fazendo uma escolha e colocando a companhia dela num patamar superior em sua escala de prioridades.

Toda a decepção que se apoderou de Liberty no instante em que ela pensou que Dexter só queria uma transa casual acabou se evaporando para dar lugar a uma nova onda de admiração. A garota bem que tentou se conter, mas a maneira como ela apertou os lábios e a entonação mais doce acabaram denunciando que Libby tinha ficado completamente derretida com o gesto do rapaz.

- Ok, vamos subir pra estudar então. Mas, pra isso dar certo, você tem que prometer que vai manter as mãos e a boca bem longe de mim. E nada de bancar o exibicionista e inventar desculpas para tirar a camisa! Eu não vou conseguir me concentrar em mais nada se o seu tanquinho estiver no meu campo de visão!

***

Dexter e Liberty tinham um plano muito bem traçado quando saíram de fininho da festa e subiram para um dos quartos do hotel. Mas como os demais alunos da MMU não conheciam aquele acordo (e nem acreditariam que Thompson só planejava estudar com a menina naquela noite), alguns comentários maliciosos começaram a circular no instante em que os dois saíram da comemoração de mãos dadas. Uma garota mais tímida ou puritana detestaria se ver envolvida em uma fofoca maldosa como aquela, mas Bloomfield não se importava tanto assim com a opinião das outras pessoas. O que realmente importava era que ela e Dexter pareciam estar na mesma sintonia. O que os outros iam pensar ou falar sobre ela era completamente irrelevante.

Um cartãozinho magnético guardado no bolso traseiro da calça jeans foi usado para destrancar a porta que dava acesso ao quarto. As duas camas no interior do cômodo eram estreitas e, pelo pouco que conhecia de Libby, Dexter não teria muita dificuldade para concluir qual das duas estava sendo usada pela novata. Enquanto uma das camas estava impecavelmente arrumada, com o lençol esticado e os travesseiros bem empilhados, sobre o outro colchão havia uma mala aberta, uma pilha de roupas espalhadas junto com acessórios e estojos de maquiagem. Ao ver a bagunça que a prima tinha largado para trás antes de sair apressada para o jogo, Bloomfield revirou os olhos e sacudiu a cabeça num gesto de repreensão.

- Às vezes eu me pergunto se a Emy e eu realmente somos parentes... Se ela não fosse tão parecida com a tia Hilary, eu até questionaria a possibilidade da Emily ter sido adotada. - Libby fez uma pausa e só precisou de alguns segundos para fazer aquela reflexão - Ou talvez eu tenha sido a adotada nesta família. A Emy, a tia Hilary, a minha mãe... todas elas são ruivas, altas, lindas, intensas e meio malucas. Acho que sou eu que estou sobrando nessa história!

Aquela declaração era claramente uma piadinha. Embora Liberty não se parecesse em nada com a mãe, ela não tinha dúvidas de que existia um parentesco entre ela e Kate Bloomfield. Até porque também existia um teste de DNA que comprovava que a menina era filha biológica do antigo amante de Kate. Libby só tinha sido uma grande azarada por não herdar a beleza típica e exótica das mulheres da sua família materna. Ao invés disso, a genética fez a garotinha nascer com os cabelos e com os olhos castanhos do pai.

Sem precisar perguntar qual era a cama dela, Dexter se sentou sobre o lençol alinhadinho. Foi Liberty que fez o rapaz prometer que ele iria se comportar para que os dois pudessem estudar, mas a menina acabou traindo o seu próprio planejamento ao não resistir àquela tentação. Depois de apoiar as mãos nos ombros de Thompson, Libby se sentou de frente para o rapaz e partiu dela a iniciativa de buscar por mais um beijo. A carícia foi finalizada com um sorrisinho travesso e a menina ergueu um dos ombros ao se justificar com uma desculpa bastante esfarrapada.

- Eu não estou quebrando as regras, Dex, isso também faz parte da nossa estratégia de estudos... Endorfinas fazem muito bem para o funcionamento do cérebro, sabia? Nós vamos aprender muuuuito mais rápido se fizermos pequenas pausas para reabastecer os nossos níveis de endorfina.
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Mensagem por Hunter Timmons Sex Mar 22, 2024 2:02 pm

Depois que Emily Sinclair entrou no carro de Chad Clifford e os dois sumiram do campo de visão de Hunter, deixando-o para trás no estacionamento do estádio, a única coisa que restou ao rapaz (além de um gosto amargo de derrota no fundo da garganta) foi a sua imaginação. Como Timmons não podia se transformar em um mosquitinho e entrar naquele carro sem que o casalzinho de ex-namorados notassem a presença dele, Hunter teve que tentar imaginar o que estava acontecendo durante todo o tempo em que Emily ficou na companhia do ex-namorado. E a imaginação de Hunter não foi nem um pouco piedosa com o rapaz.

Chad costumava ser discreto, respeitava a privacidade da namorada e não tinha o costume de contar detalhes sobre a intimidade dos dois nem mesmo para os amigos mais próximos. Só que Clifford já tinha deixado escapar alguns comentários vagos sobre como Emily fazia com que ele perdesse a cabeça em momentos mais íntimos ou sobre como era fantástico e delicioso ficar a sós com Sinclair. Mesmo não tendo acesso a tantos detalhes sobre a intimidade do casalzinho, Hunter sabia que aquele não era um namoro comportado e que Emily e Chad já tinham vivido muitos momentos apaixonados. E era essa a certeza que fazia com que a mente de Timmons projetasse imagens que faziam o estômago dele se revirar.

Foi ainda mais difícil para Hunter arrancar aquelas imagens indigestas da cabeça depois que ele voltou ao hotel, se juntou aos amigos na festinha de comemoração e não encontrou Sinclair ou Clifford no meio dos demais alunos da MMU. A ausência dos dois dava a Timmons a certeza de que o casal de ex-namorados estava junto naquele momento. E a maneira como aquela conversa parecia estar se alongando podia ser um sinal de que Emily havia cedido aos apelos de Chad, admitido que ainda nutria sentimentos pelo ex-namorado e aceitado uma reconciliação. Afinal não seria a primeira vez que os dois brigavam feio, se separavam e depois reatavam o namoro ainda mais próximos e apaixonados do que antes.

Enquanto todos ao seu redor riam, brincavam, tagarelavam e comemoravam a vitória da MMU no futebol, Hunter se afundou numa das poltronas com um semblante distante e emburrado de alguém que não estava muito no clima para uma festa. Com uma long neck entre os dedos, Timmons já estava indo para a sua terceira garrafinha de cerveja. Mas Hunter vinha bebendo tanto nos últimos meses que aquela quantidade de álcool já não era mais o suficiente para afetar os seus sentidos ou anestesiar os seus pensamentos. Justamente por ainda estar tão sóbrio e alerta, o rapaz não conseguia parar de pensar em Emily e Chad ou frear as cenas produzidas pela sua imaginação.

Por várias vezes, os olhos cor de avelã se viraram na direção da entrada da festa na esperança de capturarem o reflexo dos fios ruivos da capitã da torcida. Mas a cada minuto que se passava sem que Sinclair se juntasse aos colegas, Hunter tinha ainda mais certeza de que a "conversa" com Clifford tinha sido bastante produtiva para a garota. A respiração de Timmons se tornava mais pesada e ruidosa a cada vez que ele imaginava o casalzinho dentro do carro de Chad, fazendo uma comemoraçãozinha particular no banco traseiro e selando de forma apaixonada uma nova reconciliação. Ou então talvez os dois já até tivessem voltado para o hotel e agora estivessem trancados em um dos quartos, ocupados demais para se lembrarem do resto do mundo.

Depois de algum tempo se torturando com aquelas imagens e pensamentos, Hunter já não acreditava mais que veria Emily naquela noite. Portanto foi uma surpresa ver a capitã das líderes de torcida se juntando ao grupo. Os olhos atentos de Timmons vasculharam novamente o ambiente atrás de qualquer sinal de Clifford, mas estranhamente Chad não parecia ter chegado junto com a ex-namorada. Sem o amigo por perto, a atenção de Hunter se focou inteiramente em Sinclair e, como um detetive, o rapaz tentou analisar a aparência dela em busca de qualquer sinal que denunciasse que havia acontecido algo entre Emily e Chad.

O uniforme impecável da menina não se encaixava muito bem na hipótese de Sinclair ter passado os últimos minutos dando alguns amassos no banco traseiro de um carro. Apesar do rostinho mais corado e cansado de alguém que tinha acabado de fazer uma longa caminhada, Emily também não exibia os cabelos bagunçados ou amassados. E foi a naturalidade com a qual a menina se comportou que mais contribuiu para provar a "inocência" dela. Afinal era de se esperar que Sinclair ficasse um pouco tensa e desconfortável ao se aproximar de Hunter depois de ter reatado o namoro com Chad. Só que, ao invés disso, partiu de Emily a iniciativa de uma interação com Timmons naquela noite.

O semblante de poucos amigos deixava bem claro que Hunter não estava muito feliz naquela noite. Sinclair tinha uma vasta experiência com a versão mais insegura, imatura e ciumenta de Chad e tinham sido aqueles defeitos de Clifford que estragaram o relacionamento dos dois. Mas, mesmo sabendo disso, Timmons não conseguiu evitar que sua resposta à pergunta de Emily soasse num tom bastante enciumado.

- Eu não sei, Sinclair, isso é você que vai me dizer... O espaço que você quer é só pra você ou o seu namorado vem junto no mesmo pacote? Porque não tem espaço para três aqui...

Era evidente que Emily estava se referindo apenas a um espaço para se sentar ao lado de Hunter naquela noite. Mas a resposta de Timmons mostrava claramente que ele não estava se referindo apenas à poltrona estreita que ele ocupava naquele momento. O que Hunter realmente queria dizer era que não havia espaço para três pessoas no relacionamento que vinha surgindo entre ele e Sinclair e que ele não estava muito satisfeito em ver o quanto Chad ainda estava próximo da menina.

Não havia acontecido nada além de algumas conversas amigáveis, um presentinho e uma única noite em que os dois trocaram alguns beijos e carícias após a sessão de fotos da torcida. Nenhuma promessa foi feita, Hunter e Emily sequer tinham conversado sobre o que estavam sentindo ou sobre o futuro daqueles sentimentos. Consequentemente, Timmons não estava na posição de alguém que podia fazer exigências ou questionar as decisões de Sinclair. Mas antes que Emily tivesse a chance de apontar aquele erro do rapaz ou de comparar aquela ceninha às crises de ciúmes de Clifford, Hunter a surpreendeu com uma abordagem muito mais direta e madura do que ela estava acostumada a ver no ex-namorado. E era ainda mais bizarro e surpreendente que aquela postura centrada viesse logo de um cara com a péssima fama de Timmons.

- Nós precisamos conversar sobre tudo isso, Emily. Eu sei que as coisas são complicadas, mas não dá pra adiar essa conversa ou continuar com as coisas da forma em que estão. Eu preciso saber se estamos na mesma sintonia porque eu já passei por muita merda e já tive muitas perdas valiosas demais na minha vida. Eu não quero e nem posso me envolver nisso sem ter a certeza de que você sente a mesma coisa que eu. Se você não está pronta ou se você não tem certeza se é ele ou eu, eu preciso que abra o jogo comigo porque eu vou cair fora.

Era uma sorte que todos os outros alunos estivessem tão distraídos com a festa. E também era verdade que Dexter e Liberty tinham se transformado no centro das atenções com aquele romancezinho totalmente inesperado. Por isso ninguém pareceu notar o quanto a conversa e a troca de olhares entre Emily e Hunter eram íntimas demais para os padrões de uma simples amizade.

Hunter sabia que aquela era uma jogada muito perigosa e que ele estava arriscando tudo ao exigir um posicionamento de Emily. Se a garota estivesse confusa ou se ela ainda nutrisse sentimentos por Chad e cogitasse a ideia de reatar o namoro, Timmons tinha acabado de dar um tiro no próprio pé ao dizer que se afastaria dela. Mas a grande verdade é que Hunter não estava pressionando a menina a fazer uma escolha e muito menos usando aquilo como parte do seu plano de vingança. Desta vez Timmons estava sendo muito sincero ao dizer que preferia se afastar de Sinclair do que entregar o seu coração a ela sofrendo novamente o risco de perder algo tão importante para a sua vida.
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Mensagem por Emily Sinclair Sex Mar 22, 2024 9:49 pm

Emily não tinha notado que estava sendo observada quando Chad se aproximou dela, tampouco que Hunter tinha acompanhado os dois até o estacionamento e assistido quando o antigo casal de namorados saiu juntos, no mesmo carro. Mas depois de ter demorado tanto para chegar na festinha de comemoração e pela hostilidade de Timmons, era só preciso somar dois mais dois para entender o que estava acontecendo.

Durante seu relacionamento com Clifford, bastava uma palavra errada, um rapaz que se aproximasse para falar com ela, um comentário nas redes sociais ou uma simples mensagem chegando no seu celular para que uma crise se instalasse. Ao mesmo tempo que Chad sabia ser um namorado carinhoso e apaixonado, aquele ciúme exagerado conseguia arruinar tudo, transformando o conto de fadas em um pesadelo.

Depois de ter vivido um namoro tão conturbado, Emily só queria ter um pouco de paz. Então ser recebida com a hostilidade de Hunter fez seus ombros ficarem mais tensos e um suspiro mais pesado se arrastar. Mas seria uma grande injustiça de Sinclair jogar em cima de Hunter os traumas que ela agora trazia por causa de Chad. E se Clifford tinha merecido aquela conversa mais séria e definitiva, ela não podia negar a mesma chance a Timmons.

A única coisa que Emily queria era poder relaxar, aproveitar um pouco do restante da noite e se divertir. Ela já havia lidado com uma discussão de relacionamento e repetir a dose não era muito animador. Física e mentalmente cansada, com fome, Sinclair podia recuar e dizer para Hunter que eles teriam aquela conversa outro dia. Mas da mesma maneira que ela queria resolver logo a pendência com Clifford, Emy sabia que precisava enfrentar mais aquela conversa com Timmons.

Os olhos castanhos deslizaram ao redor, se certificando de que mais ninguém tinha notado o clima diferente entre ela e Hunter. Depois de alguns segundos de silêncio, pressionando os lábios vermelhos enquanto reunia a coragem necessária para mais uma conversa, Emy finalmente concordou com um movimento da cabeça, prendendo sua atenção no rapaz.

- Está bem. Vamos conversar. - Emy tombou a cabeça na direção da porta em um gesto discreto. - Podemos sair daqui?

Em um hotel cheio de rostos conhecidos, não seria em qualquer canto que os dois conseguiriam prioridade. Mesmo que a maioria dos colegas estivesse concentrada naquela festinha, sempre poderia ter alguém transitando pelo lobby, no elevador ou pelos corredores. Apesar de serem discretos, Emily e Hunter saíram juntos e continuaram lado a lado até chegarem ao quarto que Timmons e Thompson estavam dividindo.

Sem se importar com a típica bagunça de um ambiente dividido por dois rapazes, Emily apenas cruzou os braços e se posicionou próxima da janela, observando a vista de um ângulo diferente do que ela e Libby tinham no outro quarto. Depois de alguns segundos de silêncio, Sinclair se virou para o rapaz.

- Eu estava com o Chad, mas acho que isso você já sabe, não é? - Emily fez apenas uma pequena pausa, mas a expressão dura e o silêncio de Hunter já davam sinais de que ela precisaria fazer a maior parte da conversa. - Quando o Chad e eu terminamos, foi o caos. Você estava lá, Hunter... Metade da MMU assistiu o espetáculo e nós dois não tentamos ser discretos. O problema é que terminar assim deixa muitas pontas soltas e inacabadas...

Com um histórico de idas e vindas, Emily e Chad já tinham protagonizado aquela sequência de eventos várias vezes. E dizer que os dois tinham deixado "assuntos inacabados" só reforçava a ideia de que mais uma vez Sinclair voltaria para os braços de Clifford. Sem perceber a interpretação que Hunter poderia ter com aquelas palavras, Emy voltou a puxar o ar com força e descruzou os braços, apoiando as mãos na cintura.

- Eu não sabia o que você estava pensando ou sentindo depois do que rolou. Tinha sido só um beijo, se você só estava se divertindo como faz com a Pamela... O seu presente significava algo mais? Era só um agradecimento? Eu juro que tentei, mas é muito difícil tentar adivinhar, Hunter. Então, a única cosia que eu tinha era a certeza do que estava sentindo. Quando o Chad me chamou para conversar hoje, eu já sabia o que queria.

Emily não era uma garota insegura, mas admitir o que se passava na sua cabeça e no seu coração para um rapaz como Hunter Timmons era um desafio. Mesmo com os sinais que Tim estava dando, a fama do rapaz e o histórico que Emy conhecia tão bem gritavam como um alerta de que ela não deveria se entregar tão facilmente. Mas Sinclair decidiu ignorar a voz da razão e deixou o instinto falar mais alto.

- Não importava o que você pensava ou sentia em relação a mim. Eu sabia que não podia deixar o Chad continuar achando que nós dois reataríamos enquanto já tinha outro cara nos meus pensamentos.

O olhar de Emy estava preso em Hunter, tentando decifrar o que se passava por trás das íris cor de avelã. Seu coração estava acelerado como se ela estivesse diante de um grande precipício, se preparando para saltar sem qualquer equipamento e sem saber o que a aguardaria no final do pulo.

- Eu disse para o Chad que não quero voltar. Eu não quero ficar com ele porque é só em você que eu penso, Hunter. Eu gosto de ficar perto de você. Gosto quando estamos juntos. Gosto do seu sorriso idiota e até dessa cara de bravo... Você quer saber o que eu sinto? Eu gosto de você. Só de você. Não tem pacote nenhum com namorado ou uma terceira vaga aqui. Se você quiser cair fora, a escolha é sua. Mas quanto a mim, é só você que eu quero.
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Mensagem por Dexter Thompson Sex Mar 22, 2024 10:46 pm

Como estrela daquela noite, era esperado que Dexter passasse todo o tempo na festinha de comemoração. Aliás, mesmo quando não era um evento especial, Thompson não precisava ter motivos ou se esforçar para ser o centro das atenções. Como um ímã poderoso, as pessoas eram atraídas por ele, ansiosas por estarem próximas, como se fosse um enorme presente receber um pouco da atenção de Dex.

Aquela era a vida que Dexter conhecia, então ele não podia dizer que não gostava da atenção que recebia. Mesmo que não fizesse nada de forma consciente, Dex tinha se acostumado a estar sempre no centro, de ser querido por todos. E a festinha que acontecia na área interna do hotel tinha tudo para ser exatamente o tipo de evento que Thompson adorava.

Quando sugeriu que ele e Liberty fossem para o quarto estudar, Dexter não estava usando uma desculpa para ficar a sós com a garota. E nem havia dentro dele nenhum tipo de frustração por sair da festa tão cedo, de trocar as risadas e um momento leve e divertido com os amigos para se afundar nos livros. Era pouco provável que Thompson algum dia fizesse aquela escolha de forma tão espontânea por si mesmo, mas a situação mudava completamente quando Bloomfield entrava em cena.

Libby já tinha compartilhado com Dexter que tinha um cronograma sem folgas porque tinha um objetivo traçado. Um objetivo extremamente importante e que ela não podia se dar ao luxo de desperdiçar. A MMU era a sua porta de entrada para uma universidade como Princeton, mas isso não excluía todo o esforço que Liberty ainda precisava fazer. E não tinha sido só uma ou duas vezes que a garota tinha precisado abrir brechas no seu planejamento para se encaixar na vida social de Colchester.

Naquela noite em específico, Liberty tinha ido até Burlington, bagunçando um final de semana inteiro de estudos, para estar ao lado dele. Claro que Dexter ainda achava que tinha uma influência maior de Emily para que Libby estivesse ali, mas independente das motivações que tinham tirado ela de Colchester, a menina tinha assistido todo o jogo, literalmente vestido a camisa do time, torcido e vibrado com sinceridade.

Dexter podia ter muitos talentos e se esforçar duro em tudo o que focava, mas nada parecia ter lhe dado tanto orgulho na vida como ver Liberty sinceramente envolvida com o futebol, e principalmente por ele. Então, depois de todo o sacrifício que a menina tinha feito, Dex também se sentia no dever de inverter os papéis e ser ele a renunciar algo para se encaixar no mundinho dela. Para sorte de Dex, a prova de segunda-feira era Espanhol, provavelmente a única disciplina que ele tinha alguma vantagem sobre Libby.

Apesar de não ter sido a sua intenção, Dexter não fugiu e se entregou prontamente quando Liberty deslizou para o seu colo. Suas mãos imediatamente deslizaram pela cintura dela, para ajudar a garota a se equilibrar sobre o seu colo. Se mesmo diante de uma plateia os dois já tinham protagonizado beijos quentes, a chance de finalmente poder fazer aquilo em particular só deu aos dois ainda mais liberdade para se entregarem.

O corpo de Dexter se aqueceu na mesma hora que a sua língua procurou pela de Libby. Seus lábios moveram com um imenso desejo enquanto sua pele parecia estar se tornando brasa. Em um gesto instintivo, Dex afundou de leve os dedos na cintura de Liberty e a puxou com mais intensidade contra o seu corpo, tentando desesperadamente aliviar um pouco da sua excitação.

Com a respiração ofegante, Dex mal conseguiu erguer as pálpebras quando Liberty interrompeu o beijo. E ele se sentia confuso e inebriado demais para conseguir raciocinar com clareza, então Thompson levou um tempinho a mais para reagir, com a voz rouca.

- Como é que é? Quer dizer que para o meu cérebro funcionar melhor, é só dar uns amassos? Por que ninguém nunca me disse isso antes???

Era adorável como Dexter conseguia soar ingênuo em alguns momentos, porque ele parecia sinceramente frustrado em só receber aquela informação depois de tantos anos de estudos "desperdiçado".

Apesar de se sentir ainda completamente afetado, as pálpebras de Dex se ergueram de vez e ele procurou pelo olhar de Liberty. Seu peito subia e descia rapidamente, seus lábios estavam inchados e os cabelos úmidos pareciam um pouco mais comportados que o normal. Mas foi a expressão doce refletida no rosto de Thompson que conseguiu nocautear Bloomfield ainda mais.

- Você está me levando para o mal caminho, señorita. Eu fiz uma promessa e pretendo cumpri-la, então tente não me agarrar, porque agora nós vamos estudar! Controle-se, mulher! Daqui a pouco vai começar a arrancar as minhas roupas.

Com um sorriso mais divertido nos lábios, Dexter segurou a parte de trás das coxas de Libby. Para um atleta forte e saudável como ele, foi muito fácil sustentar o peso de Bloomfield e girá-la até que Libby caísse deitada de costas sobre o colchão. Se encaixando por cima dela, Dex voltou a procurar os lábios vermelhos para um novo beijo, e dessa vez ele deixou que a carícia deslizasse pelo pescoço da menina, descendo alguns centímetros abaixo da gola da camisa esportiva.

Uma das mãos de Dexter voltou a procurar pela cintura de Liberty. Como a menina tinha amarrado a camisa do uniforme acima do seu umbigo, os dedos de Thompson exploravam diretamente a pele quente e arrepiada. Seu polegar chegou a brincar um pouquinho por dentro do nó do tecido, mas com a outra mão, ele tateava a mesinha ao lado até alcançar o que procurava.

- Aqui está.

Como se não estivesse usando todo o seu autocontrole, Dexter deslizou para o lado, saindo de cima de Libby e se deitando ao lado dela, com os ombros colados. Em mãos, Thompson ergueu o livro de espanhol e pigarreou enquanto passava as páginas, procurando pelo último capítulo ensinado em sala.

- E mantenha as suas mãozinhas longe de mim, señorita! Isso aqui... - Dex apontou para o próprio peito escondido por baixo da camisa branca mais justa. - Será sua recompensa quando estiver dominando o idioma mais belo que existem. Vamos começar...

***

Apesar de todas as boas intenções de Dexter, o rapaz não tinha força nenhuma para negar todas as vezes que partia de Liberty o desejo de interromper alguma leitura ou um quiz para retomar os beijos. Os dois já estavam trancados naquele quarto de hotel por quase duas horas, e aquele deveria ser algum tipo de recorde para Thompson, porque ele nunca tinha ficado a sós com uma garota por tanto tempo, apenas trocando beijos. Ou pior, estudando.

Mesmo em meio a algumas brincadeiras, beijos ou toques mais íntimos, os dois intercalavam alguns longos momentos de concentração nos estudos. Dexter já tinha ido até a máquina de salgadinhos do corredor e abastecido o quarto com refrigerantes e guloseimas, os dois trocavam de posições para poder praticar o espanhol ou quando voltavam a se entregar aos beijos. E era surpreendente ver como aquela dinâmica trazia um sorriso tão amplo nos lábios de Dex.

Com um pacote de batatinhas aberto na mesinha de cabeceira, uma lata de refrigerante quase vazia e livros e anotações espalhados pela cama e pelo chão, Dexter mais uma vez estava sabatinando Liberty para testar os conhecimentos da garota. Enquanto o rapaz tinha se sentado com as costas apoiadas na cabeceira da cama, Libby estava deitada de barriga para baixo, com os pés apoiados no colo dele e a cabeça virada na ponta final do colchão.

O livro de espanhol estava nas mãos de Dexter e a menina fechou suas anotações para forçar a memória durante as perguntas. Da posição que estava, Dex não conseguiu conter um sorrisinho malicioso enquanto admirava as curvas de Liberty. A menina já tinha se livrado dos sapatos e os pezinhos descalços ganhavam uma massagem distraída de Thompson. A calça justa que Libby usava não escondia suas curvas e era com a atenção voltada ao quadril dela que Dex sorria bobamente.

Sem desconfiar que estava sendo admirada, Liberty fechou os olhos para forçar um pouco a memória, tentando se lembrar da resposta certa. Mas o que deveria ser a décima vez última hora, a concentração dos dois foi interrompida com o toque do celular de Thompson. Como o rapaz tinha se livrado da jaqueta, o toque soou abafado, vindo da cama de Emily. E um rubor de constrangimento se espalhou pelo rosto dele antes que Dexter se apressasse em ir pegar o aparelho.

- Desculpe por isso... Acho que ele não vai sossegar enquanto eu não atender.

Justin já tinha ligado e mandado inúmeras mensagens. O Sr. Thompson normalmente não deixava de assistir aos jogos do filho, então tinha sido frustrante precisar trabalhar naquela noite e perder logo a estreia do campeonato. Claro que o pai de Dexter já sabia o placar final, publicado no site da MMU, mas o homem ainda queria falar pessoalmente com o filho sobre as jogadas, as técnicas e principalmente se certificar que o filho não colocaria toda sua performance em risco se entregando à bebedeira por uma única comemoração.

- Ele deve estar sentindo o cheiro da fritura e do açúcar há quilômetros de distância. - Dex desligou o aparelho e voltou a jogá-lo sobre a jaqueta antes de voltar para a cama de Libby. - Acho que surtaria se soubesse que eu saí da dieta. Eu sei que você também não é a maior fã dessas bebidas cancerígenas, mas será que podemos deixar isso só entre nós dois?

Era para ser apenas uma piadinha, mas era notável que Dexter estava apenas tentando tirar o foco da situação constrangedora que era ter o pai ligando tantas vezes enquanto ele estava com uma garota. E se Justin soubesse que o seu garoto de ouro estava tão distraído por causa de Bloomfield, as batatas fritas e o refrigerante seriam o menor dos seus problemas.

Em uma tentativa de esquecer as cobranças do pai, Dexter voltou a deixar seu olhar deslizando pelas curvas de Liberty. E dessa vez ele se deixou levar pela tentação quando uma das suas mãos procurou a panturrilha dela, acariciando com o polegar mesmo sobre o tecido da calça. Em um gesto mais atrevido, Dex deixou que sua mão deslizasse alguns centímetros para cima, e seu olhar se prendeu no perfil do rosto de Libby, avaliando a reação dela enquanto ele saciava aquele desejo de tocá-la na curva mais generosa do seu quadril.

- Eu já disse que adorei ver você com a minha camisa? Sério, Libby... Acho que essa é a visão mais sexy que eu já tive na vida.
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Mensagem por Liberty Bloomfield Sáb Mar 23, 2024 11:42 am

- Ahaaam, tá bom. – apesar do tom de deboche e descrença, Liberty não soou irritada e até abriu um sorrisinho, sem tirar os olhos das anotações diante dela – Eu vou fingir que acredito que a minha calça jeans de cintura alta é muuuuito mais sexy do que uma líder de torcida com os peitos pulando pra fora do decote...

Era inegável que havia surgido um clima intenso entre Libby e Dexter e a garota não duvidava que o interesse dele fosse sincero. Nem um grande ator conseguiria simular tão bem aquele brilho no olhar, ou a maneira sedenta como Thompson movia os lábios e nem os óbvios sinais de excitação no corpo dele. Por outro lado, Liberty era realista e objetiva demais para se deixar iludir por aquele elogio exagerado. Depois de Dexter já ter tido momentos tão íntimos com várias garotas lindas e desinibidas como Debby, era mesmo difícil acreditar que a imagem de Libby naquela noite seria a visão mais sexy que Thompson já tivera na vida.

A maior prova de que Liberty não estava chateada com a “mentira” do rapaz foi o fato dela não tentar se esquivar daquele toque mais íntimo. O bloquinho de anotações foi deixado de lado e o rostinho dela apenas se virou sobre um dos ombros para que ela pudesse olhar na direção de Thompson enquanto os dedos dele exploravam as curvas do quadril dela.

- Você não precisa forçar tanto a barra pra me bajular, Dex. Não está na cara que você venceu? Mais do que uma vitória, eu diria que você operou um verdadeiro milagre hoje! Eu mudei meu cronograma, vim para Burlington, assisti a um jogo de futebol do início ao fim, topei participar da comemoração com os seus amigos, estamos na mesma cama... E a sua mão já está na minha bunda! O que mais você quer?

O tom irônico de Libby mostrava que a menina sabia perfeitamente o que mais um rapaz poderia querer dela naquela noite. O clima entre os dois estava excelente, era inegável que existia uma grande sintonia e que a química entre eles era explosiva. A maneira como Liberty retribuía aos beijos e tomava a iniciativa de tocar o rapaz não escondia que ela também estava excitada. Os dois eram jovens, livres, estavam num quarto de hotel e bem longe de casa. Era natural que eles se rendessem aos hormônios e se deixassem levar pelo desejo que sentiam um pelo outro.

O único problema é que, nesse aspecto, os dois não estavam exatamente na mesma página. Para Dexter podia ser algo normal e rotineiro passar a noite nos braços de uma garota, se deixar levar por um instinto e encarar tudo aquilo com naturalidade e de maneira casual. Só que a realidade, os pensamentos e os sentimentos de Bloomfield eram bem diferentes dos dele.

Libby não era uma menina absurdamente romântica ou iludida que esperava viver um conto de fadas, até porque a vida real já tinha sido dura demais com ela e com a mãe. Mas, talvez justamente por causa de todo o drama vivido por Kate, Liberty também não era o tipo de garota que conseguiria se entregar com tanta facilidade a uma paixão, sem pensar nas consequências.

Vendo o quanto ela estava envolvida por Dexter, o maior medo de Liberty era ter o seu coração partido, era criar expectativas demais, se entregar por inteiro e depois acabar se decepcionando. Porque, por mais que aquela noite estivesse sendo mágica e especial, a menina ainda não sabia ao certo o que se passava na mente ou no coração de Thompson. Era difícil saber se Dexter de fato estava tão envolvido quanto ela ou se ele enxergava em Libby algo semelhante ao que via em Debby: uma boa amiga com quem ele poderia ter certos “benefícios” sem qualquer tipo de responsabilidade ou compromisso.

Ao invés de tensa, desconfortável ou constrangida com os rumos daquela conversa, Liberty reagiu com bastante naturalidade. Após rolar o corpo sobre o colchão, Libby se colocou sentada sobre os joelhos dobrados. De frente para Thompson, a garota buscou pelo olhar dele. Mas antes que Dexter pensasse que aquele gesto era um sinal de que ele teria o que mais desejava dela naquela noite, a novata franziu as sobrancelhas e sacudiu a cabeça em negativa.

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- Não vai rolar, ok? Ainda está cedo e eu vou entender se você quiser voltar pra festa e tentar a sorte com outra garota que vai te dar tudo o que você quer hoje.

Mais uma vez, Liberty não soou irritada ao fazer a sugestão de que Dexter poderia terminar a noite com outra garota, só que o rostinho tristonho denunciava que não era aquilo que Bloomfield desejava. Mas ela também não queria que Thompson se sentisse “preso” a ela só porque os dois tinham trocado alguns beijos naquela noite. Em outras palavras, o que Libby estava querendo dizer era que ela não faria um drama se Dexter a deixasse para procurar em outra garota aquilo que ela estava negando a ele.

Ao mesmo tempo em que aquele discurso libertaria o rapaz, a reação que Dexter teria diante daquela sugestão também ajudaria Liberty a entender melhor como o quarterback estava enxergando o lance entre os dois. Afinal, se Thompson quisesse apenas uma noite de diversão, aquelas palavras muito provavelmente fariam o rapaz recuar. Ou fugir sem olhar para trás.

- Não é que eu não queira e o problema definitivamente não é você e o seu tanquinho ridiculamente perfeito. A questão é que eu ainda não me sinto pronta pra isso. Eu nunca transei antes, Dex.

Foi sem nenhuma hesitação ou constrangimento que Bloomfield compartilhou com o rapaz uma informação tão pessoal sobre a vida dela. Além de não ser tímida, Liberty sabia que não tinha motivos para se envergonhar pelas suas escolhas ou pelas suas prioridades. E ela já confiava em Thompson o bastante para saber que o rapaz a entenderia e que não sairia pelo colégio espalhando fofocas maldosas sobre a intimidade da novata.

Não era tão absurdo assim que uma mocinha de dezessete anos ainda fosse virgem, ainda mais alguém que se dedicava tanto aos estudos e não tinha uma vida social tão badalada. Mas para os padrões de alguém que estava acostumado a se relacionar com meninas como Debby, aquela confissão poderia soar bem surpreendente aos ouvidos de Dexter. E foi o receio de ver o choque refletido no olhar do rapaz que fez Liberty se adiantar e contrair o rosto numa caretinha.

- Nããão! Pooor favor, não pense que eu sou uma romântica idiota que sonha com um príncipe encantado, pétalas de rosas na cama e um quarto iluminado por velas! Aliás, esse lance com velas pode causar um incêndio grave, sabia? E eu não tenho experiência no assunto, mas imagino que deva ser um pouquinho desconfortável transar com pedaços de flores grudando na pele ou entrando na bunda... – depois de uma hilária expressão enojada, Libby completou com um tom mais sério – Eu não estou esperando por um cenário ideal ou uma pessoa especial. É muito mais simples e objetivo que isso, Dex. Eu só não fiz ainda porque eu não quis, porque não me sinto pronta pra dar esse passo. Você já deve ter notado que eu não me sinto muito à vontade com assuntos fora do meu domínio de conhecimento, né? E isso é algo novo e totalmente fora da minha zona de conforto.

É claro que Libby conhecia muito bem a “teoria” sobre aquele assunto. O que realmente a deixava desconfortável era não ter o controle da situação, não poder calcular todos os seus movimentos e as reações do seu corpo e do seu coração. Se Dexter Thompson já tinha conseguido nocauteá-la com um simples beijo, Liberty definitivamente não conseguia prever o que aconteceria se ela se entregasse por inteiro ao rapaz. E, para alguém que seguia cronogramas tão rígidos, era um tanto aterrorizante pensar na possibilidade de perder o controle da própria vida ou colocar tanto poder nas mãos de outra pessoa.

- É sério. Não vai ter drama nenhum, podemos continuar sendo amigos. Você pode ir, se quiser. – a cabeça de Libby tombou na direção da porta fechada e ela forçou um sorriso e uma piadinha para tentar disfarçar o quanto se sentia ansiosa para ver qual seria a reação de Thompson – Ou melhor, eu só vou fazer drama se você quiser a sua camiseta de volta. Se eu realmente fiquei tão bem com ela, não pretendo devolvê-la. Ahora ella és mía.
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Mensagem por Hunter Timmons Sáb Mar 23, 2024 1:46 pm

Naquela noite em Burlington, Emily Sinclair disse com todas as letras para o ex-namorado que não existia mais chances para uma reconciliação entre os dois. E agora, diante de Hunter Timmons, a mesma Emily estava confessando que havia tomado aquela decisão por causa dos sentimentos que nutria por ele. Se tudo aquilo ainda fosse apenas um plano de vingança, aquele seria o momento em que Hunter se deleitaria com o doce sabor da vitória. Afinal era justamente aquilo que Timmons queria quando se aproximou de Emily: roubar de Chad algo que era valioso demais para o amigo. No caso, os sentimentos de Sinclair.

No começo daquele plano, a intenção de Hunter não era apenas retribuir a traição de Clifford com a mesma moeda. Se fosse tão simples assim, Timmons poderia ter apenas seduzido Emily até conseguir arrastar a ex-namorada de Chad para o banco traseiro da picape. A maldade no plano de Hunter ia muito além de humilhar ou ferir o ego do melhor amigo. Ele queria que Chad perdesse algo valioso e que aquela perda fosse dolorosa e definitiva. Então só uns amassos ou uma transa com Sinclair não seriam o bastante. Hunter precisava fazer com que Chad saísse do coração de Emily, e a forma mais fácil de conseguir isso era colocar outra pessoa no lugar onde Clifford costumava ficar. O que Hunter não calculou foi que ele poderia cair na mesma armadilha cruel que ele armou contra a menina.

Nem o próprio Hunter conseguiria dizer exatamente em qual momento ele havia se tornado uma vítima da própria emboscada. Timmons e Sinclair eram amigos há um bom tempo, ele gostava da companhia dela e já tinha notado que Emily era uma garota linda e divertida. Mas sempre existiram barreiras que impediram Hunter de alimentar sentimentos mais intensos por Sinclair.

Provavelmente foi a decepção que Chad causou a ele que mudou tudo. A partir do momento em que Timmons deixou de ver Clifford como um bom amigo que merecia o seu afeto e o seu respeito, foi muito mais fácil enxergar a atração que ele sentia por Emily e se deixar levar por aquele desejo.

Então agora, ao invés de simplesmente se sentir vingado e vitorioso por ter alcançado o sucesso naquele plano de vingança, a felicidade que Hunter experimentou foi muito mais profunda e genuína. O que realmente fez o coração de Timmons dar um salto dentro do peito não foi uma sensação de vitória, mas sim um sentimento muito mais puro e nobre.

Emily Sinclair não era a primeira garota que declarava que “queria” Hunter. Mas havia uma diferença muito grande no contexto em que aquelas palavras eram ditas. Os dois não estavam no meio de alguns amassos, excitados e com as mentes entorpecidas pelos hormônios ou pela adrenalina. Emily não estava dizendo que queria que o rapaz a arrastasse para a cama e saciasse os desejos dela.

O “querer” de Sinclair ia muito além de um desejo ou um instinto momentâneo. Era a primeira vez que Timmons escutava uma garota dizendo que queria ficar com ele, que gostava dele de verdade, que queria algo além de uma noite de diversão. E se antes Hunter já se sentia sinceramente afetado por Emily, aquela declaração terminou de nocautear o coração dele.

Um longo silêncio se seguiu às palavras de Sinclair. Como eles estavam vários andares acima da festinha animada que acontecia no térreo, o único som que ecoava no interior do quarto de hotel vinha das respirações dos dois. Não foi para torturar Emily que o rapaz prolongou o silêncio por tanto tempo, muito menos porque ele se sentia confuso com relação aos próprios sentimentos. Hunter só estava tão surpreso com aquela reviravolta do destino que foi difícil reencontrar a própria voz.

- Então você deu um fora nele...? Porque quer ficar comigo...? E porque gosta de mim?

Ao resumir as declarações de Emily naquelas três frases mais simples e diretas, Hunter não estava querendo se vangloriar ou reafirmar a sua vitória. Era como se Timmons realmente precisasse de uma reafirmação da menina para ter certeza de que ele realmente havia entendido certo, que Emily de fato tinha descartado uma reconciliação com Chad porque estava apaixonada pelo melhor amigo do ex-namorado.

Sinclair já tinha pulado de cabeça num precipício ao fazer aquela escolha e ao declarar os seus sentimentos por um rapaz com a péssima fama de Hunter Timmons. E todo o tempo que Hunter estava levando para reagir só fez com que Emily se sentisse ainda mais insegura e vulnerável. A garota estava visivelmente tensa e ansiosa quando Hunter moveu a cabeça num gesto afirmativo e contraiu os lábios num biquinho, parecendo finalmente entender o que Sinclair tinha acabado de explicar.

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- Saquei.

Mais longos segundos de silêncio passaram a impressão de que a única resposta de Hunter para a declaração emotiva que ele acabava de ouvir de Emily seria um simples “saquei”. E a menina provavelmente já estava começando a se arrepender de todas as decisões que ela havia tomado naquela noite quando foi surpreendida pelas palavras que ecoaram pelo quarto na voz grave de Timmons.

- É um alívio ouvir isso, Emily. Porque eu estou tão apaixonado por você que eu não saberia o que fazer se você não quisesse ficar comigo.

Numa hilária inversão de papéis, agora foi a vez de Emily ficar sem reação e fixar o seu olhar no rapaz como se não estivesse compreendendo o discurso dele. E ninguém poderia condenar Sinclair por duvidar dos seus próprios ouvidos naquele momento, afinal todos em Colchester sabiam que Hunter Timmons não era o tipo de cara que se apaixonava, que se envolvia ou que levava os seus relacionamentos a sério.

Diante da expressão embasbacada de Sinclair, Hunter deu alguns passos adiante até estar bem próximo à garota. A diferença nas estaturas obrigou Emily a erguer um pouco o queixo para continuar encarando-o, e naquele ângulo a mão de Timmons se encaixou com perfeição na lateral do rostinho dela enquanto ele fazia aquela declaração num sussurro.

- Isso não estava nos meus planos. – o discurso de Timmons soava convincente simplesmente porque ele estava sendo totalmente sincero em cada uma daquelas palavras – Eu nem sei dizer em qual momento você deixou de ser só uma amiga. Quando eu me dei conta, você já estava nos meus pensamentos, nos meus sonhos... Eu gosto de você, de estar com você, de conversar com você. E você não faz ideia de como eu fiquei aterrorizado nas últimas horas, com medo de ter te perdido. Eu sei que não faz sentido perder algo que nunca foi meu, mas eu quero tanto que você seja minha que foi inevitável me sentir assim...

Os sentimentos de Hunter por Emily até podiam ter surgido de um erro do rapaz, de um plano de vingança nem um pouco nobre. Mas Timmons não pretendia deixar que esse “detalhe” estragasse as coisas. Aquela relação tinha começado de maneira errada, mas Hunter estava disposto a fazer as escolhas certas a partir daquele momento. E Sinclair provavelmente ficaria ainda mais chocada com o que estava prestes a ouvir.

- Você disse que não conseguia adivinhar o que eu estava pensando ou como eu estava me sentindo depois do que rolou entre a gente. Então eu vou te dizer, ruivinha. Não foi só um beijo, eu não estava só me divertindo. O presente não foi só um agradecimento, eu queria te dar algo que fizesse você se lembrar de mim da mesma forma que eu não consigo parar de pensar em você. Eu estou perdidamente apaixonado por você, Emily. E se você quiser mesmo ficar comigo, eu estou disposto a me esforçar todos os dias para merecer uma garota perfeita como você.
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Mensagem por Emily Sinclair Sáb Mar 23, 2024 9:34 pm

Emily Sinclair e Hunter Timmons tinham crescido em Colchester, pertenciam ao mesmo ciclo de amizades, frequentaram as mesmas escolas, participavam das mesmas festividades daquela pequena cidade e já tinham se encontrado inúmeras vezes em eventos dos adultos, porque era assim que as coisas funcionavam em uma cidade pequena. E exatamente por toda aquela convivência desde sempre, era fácil apontar que os dois não combinavam tanto assim.

Ambos eram muito atraentes e populares, mas enquanto Emily era o tipo de garota que gostava de ter um relacionamento sólido e que tinha planos para o futuro, Hunter colecionava transas casuais e já tinha desistido de pensar ou planejar a sua vida após o colégio. Era um erro para uma garota que acreditava no amor se deixar envolver por um cara como Timmons, porque parecia muito óbvio que aquilo não daria certo. E apesar de ter um lado romântico, Emy definitivamente não era uma garota burra que se iludiria facilmente com as mentiras e os galanteios de qualquer um.

Mas Hunter não era qualquer um. Quando olhava nos olhos cor de avelã, Emily ignorava toda a razão e era perfeitamente capaz de enxergar além do cara problemático que o restante de Colchester enxergava. Timmons poderia ser a escolha ideal para uma garota que queria se divertir e viver uma aventura nos braços de um bad boy, mas Sinclair via muito além daquela fachada. Ela enxergava os sonhos quebrados, a fragilidade que Hunter tentava esconder, os sentimentos que ele queria abafar. Emy não se deixava enganar como a maioria das pessoas, e era exatamente por ter aquela visão de Hunter que ela tinha se apaixonado.

Quando decidiu abrir o seu coração e admitir que tinha se envolvido demais com o melhor amigo do seu ex-namorado, Emily sabia que Hunter era muito mais do que aquele cara durão e problemático. Mas isso não significava que ela estava inteiramente segura e confiante de que estava fazendo a escolha certa. O medo de que Timmons não sentisse o mesmo, que acabasse rindo ou que a amizade dos dois fosse destruída consumiram Emy até o último segundo. Escutar que ela não estava sozinha naquela história trouxe um alívio e uma explosão de felicidade dentro de Sinclair.

Com a mão de Hunter encaixada no seu rosto, Emily fechou os olhos e tombou um pouco a cabeça para o lado enquanto soltava um suspiro derretido. Mesmo que a resposta de Timmons tivesse sido diferente, Sinclair sabia que tinha tomado a decisão certa em reforçar o fim do seu relacionamento com Chad. Não seria justo com Clifford e nem consigo mesma insistir em uma história quando seu coração claramente já pedia por outro. Mas saber que ela não estava sozinha e que Hunter também estava disposto a enfrentar os obstáculos para os dois ficarem juntos fazia com que Emy se sentisse muito mais completa e feliz.

- É claro que eu quero ficar com você, Hunter... Eu já cansei de tentar fugir disso ou de me culpar por sentir o que estou sentindo por você. 

Como os dois estavam muito próximos, Emily só precisou erguer as mãos até se agarrar nas laterais da camisa de Hunter. As suas pálpebras finalmente foram erguidas e seu rosto estava inclinado para cima, para conseguir enxergar o rapaz. Como Hunter e Chad tinham praticamente a mesma altura, Emy estava acostumada com aquela dinâmica de estar nos braços de um rapaz tão alto, mas a sensação de estar nos braços de Timmons conseguia ser completamente diferente. Talvez fosse o olhar de Hunter, ou a personalidade mais arisca que mudava por completo quando estava com ela, mas quando Emily estava com ele, ela sentia que tudo era mais intenso.

- Eu estou completamente apaixonada por você.

Seus dedinhos se agarraram com ainda mais firmeza na camiseta de Hunter quando Emily ficou nas pontas dos pés para tomar a inciativa daquele beijo. Assim como tinha acontecido no dia das fotos, seu corpo inteiro reagiu ao sentir o sabor dos lábios de Hunter e ela só precisou de um instante para se familiarizar com aquela sensação antes de aprofundar o beijo e deixar que a sua língua buscasse pela dele.

Como em uma dança perfeita, Emily tomou um pequeno impulso com os pés enquanto Hunter a erguia pela cintura. As pernas dela rodearam o tronco do rapaz, e naquela nova posição, era Emy quem precisava inclinar a cabeça para baixo, para que o beijo não fosse interrompido. As mãos de Sinclair subiram para se agarrar com mais força ao redor do pescoço de Timmons e seus dedinhos se afundaram nos cabelos negros.

Completamente mergulhada naquele beijo, Emily quase não notou quando Hunter deu alguns passos pelo quarto, mas ela sentiu quando seu corpo tombou para trás até que suas costas se chocassem contra uma das camas. As bocas só se desgrudavam para que os dois pudessem puxar o ar durante um segundo e logo reencontravam o encaixe perfeito para que aquela carícia não chegasse ao fim.

Partiu de Emily a iniciativa de girar sobre o colchão até que ela estivesse sentada sobre Hunter. Como os cabelos ruivos deslizaram pelo seu rosto, Emy usou uma das mãos para jogá-los para trás, e se aproveitou do momento para trilhar os beijos pelo pescoço e pelo peito de Hunter. Com a outra mão, Emy procurou uma brecha da camisa preta que ele vestia e se aventurou com aquele toque por dentro da roupa de Hunter.

Era óbvio que Sinclair não era uma garotinha inexperiente ou tímida, mas ela também não era o tipo que se envolvia em transas casuais, principalmente depois de ter tido uma conversa tão delicada com um ex-namorado. O que realmente a movia naquela noite era aquele instinto que se aflorava tão fortemente, em resposta aos toques de Hunter.

Com um sorriso deliciado nos lábios, Emily ergueu o rosto e procurou pelo olhar de Hunter. Seus lábios já estavam inchados e o que tinha sobrado do batom estava manchado. Como Sinclair ainda vestia o uniforme curtinho de líder de torcida, havia muita pele exposta e os cabelos vermelhos estavam caídos todos para um lado.

- Eu não sei como você consegue isso, mas quando você me beija, eu esqueço do resto do mundo, Tim...

Apesar do calor que se espalhava por todo o seu corpo, o olhar de Emily foi mais carinhoso quando voltou a nivelar seu rosto com o de Hunter. O toque dela em seu rosto trouxe um brilho ainda maior para o seu olhar, e foi por encontrar o mesmo sentimento que se apoderava dela, também refletido nas íris cor de avelã, Emy não se sentiu insegura ao tocar naquele assunto.

- Ainda não sei como vamos fazer isso funcionar, mas isso precisa ser entre você e eu, Tim. Você tem toda razão, não tem espaço para uma terceira pessoa. - Toda aquela conversa tinha acontecido por ciúmes e uma pontada de insegurança de Hunter em relação a Chad, mas Emily mostrou que não era exatamente sobre o ex-namorado que estava falando. - Eu quero só você. Mas eu também quero você só para mim. Sem mais aventuras por aí, esses são os meus termos.

Com um ar mais sério, Emily soltou um suspiro e se remexeu até conseguir estar sentada no colchão, entre as pernas de Hunter. Quando o rapaz também se levantou, os dois ficaram quase encaixados, de frente um para o outro, com as pernas de Emy passando por cima das dele. E aquele foi o único momento de hesitação de Sinclair, mas ela sabia que era um assunto que precisava ser dito.

- Eu acho que o Chad não aceitou muito bem a conversa de hoje. Talvez fosse melhor a gente esperar um pouco as coisas acalmarem antes de contar para ele. As coisas entre vocês ainda está muito complicada e eu não quero me tornar um problema ainda maior, Tim.

Depois de ter conversado com Liberty, Emily já não encarava mais aquele sentimento novo com tanta culpa. Mas para uma garota que se envolvia com dois melhores amigos, aquela conversa poderia soar como algum tipo de enrolação, de quem pretendia continuar alimentando as suas duas "possibilidades". E Sinclair fez questão de mostrar que não era isso que passava pela sua cabeça.

- Eu já fiz a minha escolha e o Chad vai precisar aceitar. É com você que eu quero ficar. Mas a gente não precisa sair passando por cima de todo mundo para ficarmos juntos, não é? Só mais uns dias. - Com as mãos apoiadas na nuca de Hunter, Emily voltou a abrir um sorriso mais leve. - Afinal, eu não posso deixar que Colchester continue achando que você está disponível para qualquer uma. É um perigo! Também é do meu maior interesse que todos saibam que você agora é só meu.
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Mensagem por Dexter Thompson Dom Mar 24, 2024 10:59 am

- Você não tem ideia, não é?

A falta de credibilidade que Liberty deu ao seu elogio não foi uma grande surpresa para Dexter, e assim como ela, o rapaz encarou a situação com leveza e bom humor. Seu sorriso era divertido, mas ao mesmo tempo carinhoso, mostrando que ele não estava zombando de Bloomfield ao dizer que a visão dela deitada e usando a sua camisa era extremamente sexy.

Libby podia não se encaixar no padrão previsível e esperado das líderes de torcida, e o próprio Dexter nunca tinha se interessado por uma garota fora daqueles moldes. Mas a novata mexia com ele de tal forma que Dex era capaz de abandonar aquela visão viciada e enxergar muito além. E ele estava imensamente satisfeito com o que estava vendo e descobrindo. Era impossível ignorar aquela sensação de orgulho e honra só pelo simples fato de Liberty carregar o "D. Thompson" nas suas costas.

- Você não tem a mínima ideia de como consegue ser linda. E acho que isso só consegue te deixar ainda mais sexy, sabia?

Ao sugerir que eles subissem para o quarto para estudar, Dexter tinha sido sincero e tinha as melhores intenções. Mas Thompson ainda era um cara trancado em um quarto com uma garota que afetava cada célula do seu corpo, então ele não seria tão nobre assim se partisse de Liberty a vontade de mudar o foco e passar o restante das horas se divertindo.

Como o clima estava tão leve e gostoso, Dexter não se afetou de imediato quando Liberty se sentou e declarou com todas as letras que não aconteceria nada naquela noite. Thompson já a conhecia o suficiente para saber que Bloomfield era uma garota direta e sem rodeios, e ele também não se sentiria ofendido diante daquela decisão. Mesmo que eles tivessem ido até o quarto exatamente com esse objetivo, Libby teria todo o direito de mudar de ideia e cabia a ele respeitar.

Mesmo depois que Libby declarou com todas as letras que nunca tinha transado antes, Dexter continuou com os ombros relaxados e o olhar preso nela, com um semblante de quem esperava que ela concluísse a frase. "Eu nunca transei antes... com um quarterback? Em um quarto de hotel? Nos preparativos de uma prova importante?". Dex literalmente continuou em silêncio, simplesmente esperando o fim daquela frase. Até entender que não tinha nenhum complemento. Liberty Bloomfield nunca tinha transado antes e ponto. Ela era virgem.

As sobrancelhas grossas de Thompson foram arqueadas e por mais que não fosse a melhor forma de lidar com aquela situação, ele não conseguiu esconder o choque com aquela revelação. Não era nada impossível ou absurdo que uma garota na idade de Liberty, principalmente com todo o histórico de vida e com sua personalidade menos social, nunca tivesse transado antes. Mas no mundinho de Dexter isso parecia como um bichinho imaginário que tinha acabado de sair dos livros e ganhado vida.

- Nunca? Nunquinha? Nada...?

Foi hilário assistir o esforço de Dexter em disfarçar a surpresa e reassumir a sua postura relaxada. De forma inconsciente, ele puxou um dos travesseiros e o abraçou enquanto sua boca abria e fechava, tentando encontrar as palavras apropriadas. E foi em meio a sua tentativa de fazer seu cérebro funcionar decentemente que Thompson escutou as explicações de Liberty e os motivos lógicos para que a menina ainda não tivesse feito aquela escolha.

Mais uma vez, Dexter prendeu seu olhar em Bloomfield com surpresa e admiração. Assim como tinha acontecido na conversa da ponte, ele se sentia como se estivesse diante de alguém raro e especial, que merecia toda a sua admiração. Talvez aquela escolha de Libby fosse uma maneira que a menina tinha de proteger seu coração, de racionalizar até mesmo algo que deveria ser um momento íntimo e romântico para a maioria das garotas. Mas ainda era admirável que uma garota tão nova pensasse daquela maneira, ao invés de simplesmente se influenciar pelo efeito manada.

Quando Liberty terminou o discurso, Dexter já tinha se recuperado do choque inicial. Ele ainda estava abraçado ao travesseiro enquanto a estudava com atenção. Os olhos castanhos deslizaram por todo o rosto dela e por fim um sorriso mais doce surgiu. Bloomfield poderia ser muito acima da média, com notas que Dexter só conseguiria sonhar em obter. Mas não era preciso decorar fórmulas, a tabela periódica ou ter conhecimento avançado em tecnologia para ser capaz de ler as pessoas. E Dex estava começando a se tornar muito bom em ler Libby.

Liberty estava dizendo com todas as letras que não teria nenhum tipo de drama se Dexter decidisse encerrar os estudos e ir atrás de outra garota para se divertir, para conseguir algo que ela já tinha afirmado que não teria ao seu lado. E Libby soava como uma garota moderna e madura, muito diferente das garotas pegajosas que ansiavam por uma chance com Thompson, com expectativas além de uma única noite. Mas Dex conseguia ver aqueles discretos sinais de insegurança e ansiedade refletida nos grandes olhos de Bloomfield.

- O seu espanhol está melhorando. Mas você ainda tem um looongo trabalho pela frente com essa pronúncia.

De tudo o que Libby tinha acabado de dizer, parecia tolice se atentar apenas nas palavras em espanhol que ela tinha entoado. Mas foi sem nenhuma pressa que Dexter se desfez do travesseiro para conseguir chegar mais para frente, até alcançar as mãos de Liberty. Naquela mesma noite, seus dedos já tinham percorrido muitas curvas do corpo dela, mas foi com grande carinho que ele entrelaçou os dedos e se manteve perto o bastante para que pudesse olhar dentro dos olhos escuros dela.

- Sabe, você é inteligente para cacete, até assusta um pouco. Mas acho que nunca escutei você falando uma bobagem tão sem sentido. Primeiro de tudo, eu não "tento a sorte" por aí. - Com um forçado ar convencido, Dexter franziu as sobrancelhas, mas logo voltou a soar com mais sinceridade. - Não faz sentido sair daqui para ter tudo o que eu quero com outra garota, porque a única garota que eu quero é você, Liberty. É, eu já saquei que você não está pronta para um próximo passo, mas e daí? Ninguém disse que a gente precisava arrancar as nossas roupas.

O olhar de Dexter deslizou pelo corpo de Liberty, pelas adaptações da sua camisa no corpinho dela e nos detalhes azuis que se embolavam nos cabelos negros. Um sorrisinho sacana brotou por um instante e ele não conteve uma piadinha, que apesar de sincera, tinha a intenção de aliviar o clima.

- Eu posso cuidar dessa parte só na minha imaginação.

Com uma risada mais leve, Dexter ergueu uma das mãos para tocar o rosto de Liberty. Ele já tinha dado todas as dicas e já era bastante óbvio que Thompson não pretendia ir embora e que respeitaria a decisão de Libby. Mas o rapaz soou ainda mais carinhoso quando seu discurso se tornou mais direto.

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- Eu não quero outra garota, Liberty. Não sei o que você fez comigo, ou como foi que isso aconteceu... Mas eu nunca conheci uma garota como você antes. Você é inteligente para cacete e já sabe disso, mas você não parece ser capaz de enxergar que também é linda, divertida e incrível. Eu poderia passar a noite inteira só olhando nos seus olhos, porque você tem o olhar mais profundo e envolvente que eu já conheci. E poderia passar a noite inteira beijando a sua boca, porque nunca senti tudo o que eu sinto, como quando estamos nos beijando. Se você quiser que eu vá embora, eu posso ir. Mas eu não vou atrás de outra garota, porque você é a única que está nos meus pensamentos, Libby. - Depois de encaixar a sua mão na nuca de Liberty, o polegar de Dexter a acariciou de leve na bochecha e ele deixou seu olhar descer mais uma vez pelo tronco dela. - A camisa é sua. Ficou muito melhor em você do que em mim. Só me prometa que irá vesti-la mais vezes.
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Mensagem por Hunter Timmons Dom Mar 24, 2024 1:57 pm

Até algumas semanas atrás, Hunter soltaria uma potente gargalhada de deboche se ouvisse qualquer garota fazer as imposições que acabavam de sair da boca de Emily Sinclair. Um relacionamento sério. Exclusividade. O fim das aventuras e da vidinha desregrada que Timmons vinha levando nos últimos meses. E parecia ainda mais bizarro que aquelas exigências viessem de uma garota com quem Hunter sequer havia dormido.

Para Timmons nenhuma mulher valia todo aquele sacrifício, nenhuma garota era boa o suficiente para deixá-lo totalmente saciado. E parecia ser uma grande tolice desperdiçar a sua juventude, a melhor fase da sua vida, ao lado de uma única pessoa.

Exatamente por ter assistido de tão perto todas as crises do namoro entre Chad e Emily, Hunter não pensava em repetir o erro do melhor amigo. Ao invés de uma namorada que faria exigências, imposições e pegaria no pé dele o tempo inteiro, Timmons preferia um cardápio mais variado, repleto de garotas deliciosas que saciavam os seus desejos sem exigir em troca disso nenhum compromisso ou fidelidade.

De um lado da balança estava apenas Emily Sinclair enquanto do outro lado Hunter tinha todas as outras garotas do mundo disponíveis. Até algumas semanas atrás, aquela seria a escolha mais fácil e mais óbvia que Hunter poderia fazer na vida. Mas agora, depois que Emily fez brotar sentimentos tão inéditos e intensos no peito dele, era bizarro como a balança começava a se inclinar na direção onde estava apenas Sinclair.

- Exclusividade?

Uma das sobrancelhas de Timmons se arqueou enquanto os olhos cor de avelã passeavam pelo rostinho da menina. E foi só depois de alguns segundos de reflexão que o rapaz denunciou quais eram os pensamentos que circulavam pela mente dele com um sorrisinho torto que o deixava ainda mais atraente.

- Hum. Eu nunca brinquei disso antes. Mas, para sua sorte, eu vou topar esse desafio. – na posição em que os corpos estavam, Hunter só teve que inclinar um pouco o tronco para conseguir sussurrar aquela provocação com seus lábios roçando na orelha de Emily – Não vai ser tão difícil assim, já que nos últimos dias eu só consigo pensar em você. Só em você, minha ruivinha.

O clima leve e romântico que se instalou entre os dois acabou sendo quebrado quando o nome de Chad foi trazido para aquela conversa. Foi nítida a forma como os ombros de Hunter ficaram mais tensos e ele contraiu o rosto numa breve careta de insatisfação. Mas não foi exatamente o pedido de Emily que deixou o rapaz irritado, mas sim o fato da menina ainda se importar tanto com o ex-namorado a ponto de querer evitar que aquela novidade abalasse os sentimentos de Clifford.

Toda aquela jogada vingativa havia começado com o único intuito de atingir Chad, de provocar nele o mesmo sentimento de perda e de traição que Hunter sentia após perder sua vaga no time de basquete. Então é óbvio que Timmons não se importava nem um pouco com o quanto Clifford ficaria abalado ao descobrir que seu ex-melhor-amigo e a ex-namorada que ele ainda amava estavam juntos.

Contudo, as palavras de Emily naquela noite fizeram Hunter pisar um pouco no freio com aquele plano de vingança. Principalmente porque agora o principal objetivo de Timmons não era mais fazer Chad sofrer. A vingança contra Clifford havia se tornado apenas um brinde que acompanhava o prêmio principal, que era ter Emily Sinclair para si. E se Emily estava pedindo para que eles poupassem os sentimentos de Chad e escolhessem o melhor momento para trazer aquele romance à tona, Hunter pretendia aceitar qualquer proposta que deixasse a garota mais feliz e mais à vontade com aquela situação delicada.

- A minha amizade com o Clifford acabou.

Assim como Emily havia sido taxativa com relação ao fim do namoro com Chad, a entonação firme e o semblante sério de Hunter mostravam claramente que ele também não pretendia voltar atrás na decisão de tirar o antigo melhor amigo da sua vida. Não era só uma mágoa passageira ou uma birra infantil. Timmons tinha ficado arrasado e se sentiu apunhalado pelas costas pela maneira como tudo aconteceu. Os dois rapazes podiam até ter um belo histórico de amizade, mas a confiança havia se quebrado de maneira irremediável e Hunter não via nenhuma forma de reconstruir aqueles elos com Clifford.

- E sinceramente, Emily? Eu estou pouco me fodendo se ele vai sofrer, ficar chateado ou ter um ataque de chilique quando souber que nós dois estamos juntos. Ele não se importou com os meus sentimentos quando fez toda aquela merda pelas minhas costas, então por que eu teria que me importar com os sentimentos dele agora?

Não era um discurso nem um pouco nobre e cada palavra de Hunter mostrava o quanto tudo aquilo ainda o machucava. Mas a postura de Timmons se transformou quando ele usou o polegar e o indicador para segurar carinhosamente o queixo de Emily e olhar nos olhos dela. Até a voz do rapaz soou mais doce naquela conclusão.

- Então não é por ele que eu vou fazer isso. É por você. Se isso é importante pra você, se você prefere fazer as coisas desse jeito, por mim tudo bem. Eu falei sério quando disse que vou tentar me esforçar para ser o cara que uma garota como você merece ter.

***

Pela primeira vez na vida, Hunter Timmons tinha uma namorada. Não era oficial e o resto do mundo podia até não saber que Hunter e Emily estavam juntos, mas os dois começaram a construir uma rotina típica de um casalzinho depois daquela conversa em Burlington.

Ao invés de se sentir pressionado por uma garota melosa e pegajosa, Hunter se pegava sorrindo feito um bobo a cada vez que uma mensagem de Sinclair fazia o celular dele vibrar. Nos dias que se seguiram à viagem para Burlington, não era raro que os dois passassem longas horas da madrugada conversando através de chamadas de vídeo. E numa noite em que a saudade tinha se tornado ainda mais sufocante, Hunter cometeu a pequena loucura de dirigir até a casa das Sinclair e pular a janela do quarto de Emily. Com os dois espremidos na cama da garota, a conversa se prolongou por várias horas e só era pausada quando as bocas dos dois estavam coladas.

Também era a primeira vez na vida que Timmons vivia a experiência de ter uma garota ao seu lado para conversar, dividir experiências e compartilhar os seus planos. Ao invés de procurá-la apenas para saciar seus desejos, Hunter sabia que podia contar com Emily para ouvir seus desabafos, para lhe dar conselhos e principalmente para incentivá-lo. E era isso que fazia com que Timmons se sentisse mais ligado a ela e ainda mais apaixonado por Emily a cada dia que passava.

Foi por incentivo de Sinclair que Hunter encontrou algo que o motivava, uma nova paixão que poderia dar um novo rumo para o futuro dele. Então era principalmente com ela que Timmons queria dividir aquela novidade. Naquele dia, Emily estava dividindo a mesinha do refeitório com Liberty e com Dexter, mas foi no rostinho de Sinclair que Timmons fixou a atenção quando se sentou com os amigos e tomou a palavra com um semblante animado e sorridente.

- Então... o que me dizem da ideia de passar um fim de semana em Nova York no fim do mês?

O mais óbvio era que a proposta de Timmons envolvesse alguma festinha, um show ou algum bar famoso que ele quisesse conhecer. Então Emily, Liberty e Dexter ficaram surpresos com a maneira como Hunter completou o convite.

- Eu vou estar ocupado na maior parte do dia, mas vocês podem aproveitar pra passear pela cidade e a gente combina de fazer algo divertido à noite...

- Ocupado? – Libby arqueou as sobrancelhas com um ar de deboche – Eu não sei o que você pretende fazer, Tim. Só gostaria de te lembrar que a polícia de Nova York não vai ser tão paciente e permissiva quanto o xerife de Colchester. Lá eles estão acostumados a chutar baderneiros para mofarem atrás das grades.

- A sua namoradinha tem a língua muito afiada, Dex. – o sorrisinho de Hunter se tornou mais maldoso ao notar que ele tinha conseguido deixar os amigos constrangidos – Oh, desculpe! Eu toquei num assunto delicado? Vocês ainda não falaram sobre namoro, né, foi maaal, eu vou reformular então. A sua amiguinha em quem você está grudado que nem um carrapato e com quem trocou beijos ardentes na frente de todo mundo e por quem você está dispensando todas as outras garotas tem a língua muito afiada, Dex...

- Você quer falar sobre dispensar outras garotas? – numa jogada inteligente, Liberty abriu um sorrisinho astuto e inverteu o jogo lindamente contra o rapaz – Faz diiiias que eu não vejo a Pamela pendurada no seu pescoço, Hunter. Mais especificamente desde a viagem para Burlington. O que foi que rolou, hein?

O sorriso de Libby se tornou ainda mais vitorioso no momento em que Hunter ficou sem palavras. Os olhos cor de avelã traíram o rapaz e deslizaram até Emily, mas por sorte Dexter não pareceu entender as insinuações feitas por Liberty.

Embora Thompson fosse um excelente amigo, Hunter ainda não sabia como contar aquela novidade ao rapaz sem causar uma grande crise, afinal Dexter continuava mantendo uma amizade bem próxima com Chad. Os sentimentos dele por Emily eram sinceros e Hunter vinha se dedicando de verdade para aquele relacionamento, mas o maior receio dele era que Dexter não entendesse a situação ou que o amigo tomasse as dores de Clifford e se voltasse contra ele.

- Não seja fofoqueira, novata. – para acabar logo com aquele assunto mais delicado, Hunter finalmente explicou os seus planos para a viagem até Nova York – Eu me inscrevi para um curso de fotografia muito exclusivo. É bem legal, vão rolar aulas, projetos e uma exposição no fim do ano. Eu mandei um material que eu tenho, eles gostaram do trabalho e aprovaram a minha inscrição. Vai ser um final de semana por mês, começando agora.

Nem mesmo Emily sabia sobre aqueles planos do rapaz. Por medo de não ser aprovado, Hunter preferiu não comentar com Sinclair sobre a inscrição. Mas agora que ele já estava matriculado, um sorriso orgulhoso estampava os lábios do rapaz e o olhar dele buscava insistentemente por Emily, ansioso pela reação da menina.

Só que antes que Sinclair tivesse a chance de reagir àquela novidade, o clima da mesa se tornou um pouco mais pesado quando uma quinta pessoa puxou uma cadeira e se sentou com eles. As duas meninas trocaram um olhar preocupado, Timmons fechou o semblante e Dexter mais uma vez ficou perdido e sem saber como reagir diante daquela guerrinha entre os seus dois melhores amigos.

- Precisamos conversar, Timmons.

- Não, não precisamos. Eu não tenho nada pra falar com você, Clifford.

- Olha só, pra mim já deu, beleza!? Eu cansei de ser paciente e não aguento mais a sua imaturidade!

Normalmente Chad era uma pessoa muito mais dócil, gentil e paciente. Mas além do clima com Hunter estar pior a cada dia, era óbvio que a última conversa entre ele e Emily tinha servido para abalar ainda mais o humor do rapaz. E foi por estar chateado, irritado e impaciente que Clifford não mediu a intensidade das suas palavras e soou muito mais duro e direto do que deveria ao tocar num assunto tão delicado para Hunter.

- Eu só queria dizer que você tem até o fim do dia para esvaziar o seu antigo armário no vestiário. Se você não pegar as suas coisas, eu vou arrombar o cadeado e jogar tudo no lixo. Já faz mais de um ano que você saiu do time e um dos melhores armários do vestiário continua ocupado com as suas coisas. Você está fora da equipe, então tem que liberar esse espaço pra outra pessoa.

Um silêncio tão pesado se seguiu às palavras duras de Chad que era quase possível sentir a tensão pairando no ar. Uma sombra cobriu os olhos de Timmons, a respiração dele se tornou mais pesada e as mãos sobre a mesinha do refeitório agarraram a superfície com tanta força que os nós dos dedos do rapaz ficaram esbranquiçados. Com os olhos arregalados, Dexter parecia pronto para reagir e separar uma briga mais violenta. Mas, ao invés de avançar contra Chad, Hunter abriu um sorriso torto e debochado.

- “Um dos melhores armários do vestiário...?” – as palavras de Clifford foram repetidas numa entonação debochada – Bom, geralmente o melhor jogador do time tem certos privilégios. Mas por que você está tão irritado? Você não está satisfeito com o seu armário, Clifford? Você quer que eu libere o espaço pra VOCÊ ficar com o meu, não é? Puta merda, até isso você quer tomar de mim? Qual o seu próximo passo? Vai querer ficar com a minha meia da sorte também?

- Ah, não, eu não acredito nessas superstições. Afinal, se a sua meia fosse tããão poderosa assim, ela não teria deixado você se ferrar tanto com o seu joelho remendado, né?

As meninas soltaram gritinhos assustados e várias pessoas olharam na direção deles quando Hunter se inclinou sobre a mesa e puxou Clifford bruscamente pela gola da camisa. Mas como Dexter já estava esperando por uma reação ruim do amigo, Thompson reagiu rápido e conseguiu se meter no meio dos dois antes que aquela briga ficasse ainda mais violenta. E foi por cima do ombro de Dexter que Chad olhou uma última vez na direção de Hunter para rosnar aquela ordem num tom rude e autoritário.

- Você tem até o fim do dia, Timmons. Eu sou o capitão agora e eu quero aquele maldito armário liberado quando eu chegar amanhã cedo para treinar com o MEU time!

Quando Hunter se desvencilhou das mãos de Dexter, todos imaginaram que ele seguiria os passos de Chad para que os dois continuassem com aquela briga. Contudo, foi na direção oposta que Timmons guiou os seus passos, caminhando com passadas longas e pisando no chão com força. Como Thompson parecia completamente abalado por estar no meio daquela briga dos dois amigos, Liberty se virou na direção de Emily com os olhos arregalados e sussurrou para a prima.

- Eu cuido do Dex! Vai atrás dele!

Como um touro raivoso que só conseguia ver uma toalha vermelha a sua frente, Hunter bufava e tinha um olhar furioso no rosto enquanto andava pelos corredores da MMU. Várias pessoas literalmente saltaram para fora do caminho dele ao notarem a expressão colérica de Timmons. Com as pernas muito mais compridas que as de Emily, Hunter conseguiu uma boa vantagem, mesmo com a menina correndo loucamente para tentar alcançá-lo.

Vários metros atrás dele, Sinclair viu quando o rapaz empurrou as portas duplas que davam acesso à quadra de basquete. E depois disso tudo o que a menina precisou fazer foi seguir o som estridente que vinha de dentro do vestiário masculino. Como não havia nenhum treino agendado para aquele horário e a quadra estava vazia, era ainda mais fácil ouvir os estrondos que ecoavam do vestiário.

Nos poucos segundos que teve de vantagem antes da chegada de Emily, Timmons já tinha conseguido fazer um grande estrago. O cadeado que trancava o antigo armário dele foi aberto e Hunter puxou para fora os seus velhos uniformes, o par de tênis esportivo, várias medalhas que ele havia guardado depois de jogos vitoriosos e uma bola de basquete autografada pelo time inteiro, na época em que ele ainda estava se recuperando no hospital. Todos aqueles objetos foram jogados pelo chão do vestiário e Hunter usou as próprias mãos e pés para fazer um estrago na estrutura do seu antigo armário.

Com socos e pontapés e sem se importar por estar machucando as mãos, Timmons amassou as paredes de metal, arrancou o apoio para pendurar o uniforme e entortou a portinha do armário de uma tal maneira que seria impossível consertá-la. E mesmo que Emily não soubesse a quem pertencia o armário ao lado, não seria difícil inferir que era a porta do armário de Chad quando Hunter acertou nela um chute que afundou totalmente a superfície metálica para dentro. Não satisfeito, Hunter ainda cuspiu na direção da porta amassada de Clifford antes de rosnar como um animal selvagem ferido.

- Tá aí o seu armário, capitão!
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Mensagem por Liberty Bloomfield Dom Mar 24, 2024 3:51 pm

- Você parece cansada...

Uma ruguinha de preocupação surgiu entre os olhos de Liberty enquanto ela analisava a imagem exibida pela tela do seu notebook. Em Vermont, o sol tinha acabado de nascer, o que significava que ainda era madrugada em Seattle. Mas a aparência cansada de Kate Bloomfield não parecia ser apenas reflexo de uma noite mal dormida. Com os cabelos ruivos presos num penteado desleixado e o rosto um pouco mais magro, a mãe de Libby tentou disfarçar o seu abatimento com um sorrisinho e uma entonação animada. O que ela parecia ter se esquecido era que Liberty era inteligente demais para se deixar enganar com tanta facilidade.

- Bobagem, eu estou ótima! Me diz como você está! A Hills me disse que você e a Emy viajaram pra ver um jogo do colégio no fim de semana! Foi legal? Vocês ganharam? E desde quando você curte futebol???

- Mãe. O que está havendo?

- Liberty. – dessa vez a mulher soou mais séria – Eu já disse que está tudo bem e que você não tem que se preocupar com os problemas dos adultos, está bem? É o seu último ano no colégio e você já tem muitas coisas nessa sua cabecinha.

- Se você não me contar eu vou invadir o seu computador, as suas contas de e-mail e o seu celular até achar as respostas. Aliás, eu posso achar mais respostas do que nós duas gostaríamos!

- Heeeey! Isso é crime! – Kate até tentou tirar o foco do assunto, mas acabou soltando um suspiro pesado ao ver que a filha seria mesmo capaz de fazer tudo aquilo para encontrar respostas – Eu fui demitida.

- O que??? Por que???

O emprego de Kate como garçonete não era o suficiente para dar uma vida confortável para mãe e filha, mas ao menos servia para que a mulher pagasse as contas e enviasse algum dinheiro para Liberty. Trabalhando há tantos anos no mesmo restaurante, Kate imaginava já ter alguma estabilidade no emprego, afinal todos pareciam gostar dela e a mulher nunca havia se envolvido em nenhum problema. Mas algo inesperado aconteceu e agora até aquela pequena fonte de renda desapareceria.

- Vão fechar o restaurante e trabalhar só com o esquema de entregas em domicílio. Hoje em dia parece que todo mundo só pede delivery e o meu chefe disse que não vale mais a pena pagar o aluguel do salão e os salários dos funcionários. Mas me deram uma excelente carta de recomendação, eu já estou distribuindo currículos por aqui e a sua tia Hilary me disse que consegue cobrir os seus gastos aí por um tempo. E eu vou continuar te mandando o dinheiro da pensão pra você comprar suas coisinhas. Então não se preocupe, querida.

- Mas e quanto a você? O aluguel, as compras do mês? – a cabecinha de Libby se sacudiu em negativa – Eu vou voltar pra casa e arrumar um emprego.

- Ah, mas você não vai meeeeesmo fazer isso, garota! É por isso que eu não queria te contar, eu sabia que você ia surtar! Que tal você ser uma adolescente normal pelo menos uma vez na vida, Liberty!? Se concentre no colégio, nos seus novos amigos, nas festinhas! Vá beijar a boca de um garoto beeeeem gostoso e pare de se preocupar com os problemas dos adultos!

Conhecendo a filha tão bem, Kate já esperava que Libby insistisse naquela ideia de largar o colégio para ajudá-la em casa. Então a mulher estranhou o silêncio da garota e a maneira como Liberty arregalou os olhos e contraiu o rostinho num semblante culpado. A boca de Kate se abriu em surpresa e foi aquela velha conexão entre mãe e filha que fez com que a mulher chegasse sozinha àquela conclusão.

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- Ai, meu Deeeeeus! – Kate levou uma das mãos até a boca e se inclinou para mais perto da tela do notebook – Você já está beijando a boca de um garoto gostoso!!!

- Mãe! – Libby sentiu as bochechas esquentando violentamente – Não mude de assunto!

- NÃO MUDE DE ASSUNTO VOCÊ, GAROTA! DESEMBUCHE! QUEM É ELE??? É DO COLÉGIO? ELE É BONITO? VOCÊ ESTÁ APAIXONADA??? ME MANDA UMA FOTO! É O TAL MENINO DA ROBÓTICA?

- Que menino??? O Michael? Não! E por que você está tão animada??? Você é mesmo uma mãe muito estranha! Qualquer outra no seu lugar estaria surtando com a possibilidade de eu sair do foco nesse último ano! A minha prioridade deveria ser Princeton, lembra?

Tudo seria muito mais simples para Libby se Dexter Thompson não tivesse entrado na vida dela. A novata ainda estaria seguindo fielmente o seu cronograma e a mente dela estaria cem por cento concentrada nos estudos. Mas, ao invés disso, nos últimos dias Liberty vinha experimentando uma boa dose de culpa por estar gastando boa parte do seu dia em pensamentos e lembranças envolvendo o quarterback.

Mais do que simplesmente os beijos e os toques de Dexter, era o comportamento paciente, carinhoso e compreensivo do rapaz que vinha tirando o mundo de Libby da órbita. Seria muito mais fácil esquecê-lo se Thompson fosse um babaca, se ele só estivesse atrás de uma aventura ou se o rapaz tivesse deixado Libby sozinha naquele quarto de hotel para se aventurar nos braços de outra garota. Mas, ao invés disso, Liberty se sentia a cada dia mais ligada a ele e mais apaixonada por Dexter. E isso era um risco muito grande para o Projeto Princeton.

- Querida, você vai enlouquecer se continuar focando toda a sua energia nos estudos. Eu estou MUITO feliz em saber que você está fazendo amigos em Colchester. Você pode se divertir, ser uma garota normal e continuar dando total prioridade a Princeton.

- Pode até ser, mas eu não vou conseguir entrar em Princeton se começar a ter faltas no meu histórico escolar. Então eu tenho que ir, mãe, depois continuamos essa conversa. Aqui já passou das sete!

- E a foto? Se você não me mandar, eu vou pedir pra Emily fazer isso.

- EU VOU MANDAR! Mas depois. Agora eu estou atrasada, mãe!

Ainda faltavam muitos minutos até a primeira aula do dia e a casa das Sinclair não ficava tão distante do colégio, então Liberty certamente não se atrasaria tanto se procurasse uma foto de Dexter Thompson para enviar para a mãe. Mas além de não querer lidar com o surto de Kate naquele momento, Libby tinha outras prioridades. Depois de ouvir que a mãe estava desempregada e que a situação financeira ficaria ainda mais complicada para Kate, Liberty não tinha a menor dúvida de que ela precisava fazer algo para ajudar a mãe. Ao contrário do que Kate desejava, Liberty não conseguiria simplesmente cruzar os braços e se focar na sua vidinha adolescente sabendo que a mãe estava em um momento tão ruim.

Algumas semanas atrás, o professor do laboratório de tecnologia já tinha dito que um dos projetos pessoais de Libby era fantástico e poderia render uma fortuna depois que estivesse completamente pronto, testado e livre de bugs. Bloomfield não tinha tempo para se dedicar inteiramente a aquele trabalho, mas se realmente era uma ideia tão valiosa assim, a menina tinha esperança de conseguir alguma coisa vendendo o esboço para alguma grande empresa.

Em poucos minutos, Liberty redigiu um e-mail com informações preliminares sobre o seu projeto e enviou para várias empresas, acompanhado por uma proposta de venda. Já seria um milagre se aquele e-mail chegasse à chefia da Broadcom, da Oracle ou da Intel. Mas Bloomfield foi ainda mais ousada e arriscou enviar aquela proposta até para o contato da Apple.

As mãozinhas dela chegaram a tocar no botão para desligar o notebook, mas foi nesse momento que um impulso ainda mais ousado se apoderou dela. Com a respiração mais pesada e um semblante mais sério, Liberty ainda ponderou por alguns minutos, mas acabou se rendendo àquela tentação. Depois de uma breve pesquisa no site oficial da Microsoft, Libby encontrou o e-mail para contato com a empresa e foi para aquele endereço que ela encaminhou uma cópia do seu projeto. Bloomfield duvidava muito que aquela mensagem chegasse à alta cúpula de uma empresa daquela magnitude, mas ainda assim ela teve o cuidado de esconder o seu nome para não correr o risco de ser reconhecida. Se algum dia (e por milagre) aquele projeto caísse nas mãos de Jeff Wooton, ele certamente não imaginaria que “L.B.” era a filha que ele tanto desprezava.

***

- Calma! Respira fundo!

Mesmo depois de Dexter ser arrastado para fora do refeitório, as mãos dele ainda tremiam e o rapaz continuava agitado e com um semblante infeliz no rosto. Mesmo não tendo crescido naquela cidadezinha, Liberty conseguia imaginar como Dexter se sentia péssimo em ter que separar uma briga entre os seus dois melhores amigos de infância.

Sem se importar com vários olhares curiosos que seguiram os dois pelos corredores da MMU, Libby parou na frente de Thompson e obrigou o rapaz a interromper aquela caminhada. As mãozinhas dela seguraram o rosto dele com firmeza e obrigaram os olhos escuros do rapaz a se focarem nela.

- Dex. Olha pra mim. – apesar da firmeza, a voz de Libby soava suave e compreensiva – Você não pode se culpar pela guerra dos dois. E nem precisa escolher um lado, ok? Os dois são seus amigos e ninguém está totalmente certo ou totalmente errado nessa história.

Se até Liberty tinha ficado tensa com as trocas de farpas e o embate mais violento entre Hunter e Chad, era fácil imaginar que aquela cena tinha sido ainda mais chocante e traumática para Dexter. Bloomfield conseguia entender as mágoas de Timmons da mesma forma que também conseguia enxergar que Clifford não estava errado em tentar seguir adiante com os seus sonhos. Mas, se ela tivesse que escolher um dos lados daquela guerra, sem a menor sombra de dúvida a novata ficaria do lado de Dexter. E o carinho e a preocupação que ela demonstrava pelo quarterback naquele momento não escondiam que os sentimentos de Thompson eram a prioridade dela.

- Eu sei que tudo isso é uma merda, mas não fique assim. Não há nada que você possa fazer para colocar um fim nessa guerra. Eu sei que você gosta de harmonia, que quer que todos estejam bem e felizes. Mas isso infelizmente já fugiu do seu controle.

Alguns dias já tinham se passado desde a viagem para Burlington. E, para a surpresa de Liberty, Dexter ainda não tinha se cansado ou se afastado dela. Pelo contrário, os dois vinham passando um tempo generoso juntos. Além das aulas particulares, era comum que Thompson surgisse no caminho da garota na biblioteca e no refeitório, Libby também vinha “coincidentemente” passando perto do campo ao fim dos treinos de futebol e não era raro que os dois se rendessem a beijos apaixonados sempre que ficavam sozinhos ou nas vezes em que Dexter dava uma carona para a menina.

Apesar de continuarem tão próximos, Dexter e Liberty ainda não tinham conversado mais seriamente sobre o que estava acontecendo e aquela relação ainda não tinha um nome oficial. Mas foi como uma namorada atenciosa e preocupada que Bloomfield consolou o rapaz depois de mais aquela briga entre Hunter e Chad. E foi para tentar tirar aquela sombra do rosto de Thompson que Libby puxou a conversa em outra direção.

- O que achou da proposta do Tim? Sobre um fim de semana em Nova York? Se for mesmo na última semana do mês, será uma feliz coincidência porque eu já estava mesmo cogitando a ideia de ir pra lá. Vai rolar a Comic Con da costa leste, os meus amigos de Seattle vão vir pra cá e eles tem ingressos sobrando!

Não foi uma surpresa tão grande para Liberty ver o rosto de Dexter se contraindo naquele olharzinho perdido tão característico. Mesmo se Thompson já tivesse ouvido aquele nome antes, era óbvio que ele não sabia o que era a Comic Con e por isso a menina voltou um pouco naquela conversa para explicar melhor a situação.

- É uma convenção de fãs de quadrinhos, videogames, filmes e séries. A Comic Con de San Diego é a mais famosa, mas várias outras cidades criaram a sua própria versão e a de Nova York é uma das melhores. Tem vários stands que vendem produtos oficiais, filas para autógrafos e fotos com artistas, painéis com entrevistas e discussões de produtores e especialistas. É, é um lance de nerds e você provavelmente vai odiar. Mas acho que você me deve uma depois que eu me vesti a caráter e fiquei rouca de tanto gritar num jogo de futebol, né?
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Mensagem por Emily Sinclair Dom Mar 24, 2024 10:52 pm

Com todas as letras, sem qualquer rodeio, Hunter já tinha declarado que a sua amizade com Chad Clifford tinha chegado ao fim. Como a briga vinha se arrastando por tanto tempo e não parecia haver nenhum sinal de que os dois mudariam aquele comportamento, parecia mesmo difícil acreditar em uma reconciliação. Mas para Emily, os dois estavam agindo apenas como duas crianças birrentas e logo se cansariam daquela bobeira para retomarem a amizade.

Talvez fosse ingenuidade de Emily, mas exatamente por saber o quanto Hunter, Chad e Dexter sempre tinham sido inseparáveis, era difícil acreditar que aquela amizade, praticamente uma irmandade, chegasse ao fim por uma única briga. Timmons tinha uma personalidade mais forte e difícil, era orgulhoso e claramente estava sustentando aquele atrito por mágoa. Clifford já tinha tentado resolver aquele problema de diferentes formas e já tinha se cansado de ser o único a se esforçar para salvar a amizade, o que só dificultava qualquer possibilidade de reconciliação.

O pior de tudo era que quando Sinclair avaliava toda a situação, ela precisava admitir que Hunter tinha exagerado ao declarar uma guerra por causa de uma posição em um time que ele nem jogava mais. Era compreensível que Timmons se sentisse traído, ofendido e magoado, mas ela tinha certeza que Chad nunca tinha feito nada com a real intenção de magoar seu amigo. E a situação só tinha ido tão longe porque Hunter não estava disposto a tentar entender o lado de Clifford.

Qualquer culpa que Hunter tivesse, entretanto, foi perfeitamente nivelada com a atitude de Chad naquela manhã. Timmons tinha cometido o primeiro erro, mas Clifford terminou de afundar a faca que cortava aquela amizade ao ser tão ríspido e cruel diante de todo o refeitório. Os dois estavam imensamente errados naquela história, e assim como Dexter, Emily se sentia bem no meio da confusão.

Era como se todo mundo esperasse que Hunter fosse explosivo, agressivo e dissesse coisas absurdas. Mas ninguém além de Clifford tinha testemunhado as palavras baixas de Timmons, ditas no calor da briga, atrás da lanchonete, quando toda aquela história tinha começado. Para azar de Chad, muitas pessoas estavam próximas quando ele devolveu a agressão verbal para aquele que deveria ser o seu melhor amigo. E com apenas um dos lados daquela briga, Emily não conseguiu acreditar ao assistir o sempre tão dócil Clifford jogar tão baixo.

A vontade de Emily era agarrar Chad pelos ombros, lhe chacoalhar e perguntar o que ele tinha na cabeça. Além da postura arrogante com suas exigências sobre o armário, Clifford tinha ultrapassado todos os limites ao falar do joelho lesionado de Hunter. Mas Sinclair não teve a menor chance de reagir quando Hunter partiu para cima do amigo. Nos últimos tempos, Emy já tinha assistido algumas atitudes nada louváveis de Timmons, mas era muito diferente assistir tudo com uma certa distância, para agora ter um lugar de camarote, bem próxima daquela versão incontrolável dele.

Quando alcançou Hunter no vestiário, o som dos socos e chutes já mostravam que Emily encontraria um cenário caótico. Mas o choque de ver a selvageria estampada no rosto de Timmons travou Emy por um instante. Por mais que conhecesse a má fama de Hunter e que já tivesse presenciado algumas cenas lamentáveis, Sinclair já vinha se acostumando com o lado mais doce e carinhoso que ele mostrava como namorado.

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Qualquer garota estaria apavorada por assistir um rapaz alto e forte destruindo um armário, completamente descontrolado. Mas a única coisa que Emily sentia era a dor. Hunter poderia estar explodindo como um animal selvagem, mas a dor que refletia no seu olhar cortava seu coração, como se aquele sentimento também a pertencesse.

- Hunter! Hunter, pára! HUNTER!

A súplica de Emily sequer chegava aos ouvidos dele enquanto Hunter terminava de destruir o armário. O olhar dela passou pelos pertences que o rapaz tinha arremessado por todos os lados e seu coração se apertou ainda mais ao assistir aqueles fragmentos do sonho destruído de Timmons. Aquilo era tão simbólico com tudo o que ele tinha perdido que era impossível para Emy não sofrer junto.

Hunter ainda respirava ruidosamente, tomado pela raiva e pela adrenalina, mas isso não intimidou Emily. Seus olhos castanhos brilhavam, refletindo exatamente a mesma dor de Timmons. Mas diferente da explosão dele, a garota estava mais controlada e firme quando se colocou diante de Hunter. As mãos de Emy até tremiam de leve quando ela puxou os punhos do rapaz para avaliar o estrago, e ao ver a pele cortada e com os riscos de sangue, Sinclair achou que iria desmoronar. Foi por conhecê-lo muito bem que Emily sabia que Hunter apenas se afastaria se achasse que ela estava com pena dele, mas a única reação que a menina conseguiu ter foi envolvê-lo em um abraço.

Como Emily tinha muitos centímetros a menos que Hunter, a cabeça dela batia no meio do peito dele, mas isso não impediu que seu abraço fosse forte. Ao invés de gritar e acusá-lo de estar descontrolado, de lembrar que ele poderia sofrer uma expulsão por destruir o patrimônio da MMU ou de dizer que Hunter precisava se controlar melhor, Emily apenas deu ao rapaz a única coisa que podia, como se aquele abraço pudesse de alguma forma dizer a ele que ela o entendia e que iria protegê-lo, fosse de Chad ou de si mesmo.

De olhos fechados e com os braços firmes ao redor do tronco de Hunter, Emily não deu a chance para que Timmons se esquivasse. Ou talvez ele estivesse tão fragilizado que não estivesse se esforçando para romper aquele contato. Foi só depois de perceber que a respiração de Timmons estava um pouco mais ritmada, Emy se arriscou erguer o rosto para encará-lo. Uma das suas mãos foi erguida até tocar a face dele com carinho, mais uma vez provando que Sinclair não estava com medo e nem estava ali para julgá-lo.


- É só um armário idiota, Hunter. Olhe para mim!

Quando o semblante de Hunter voltou a endurecer e ele revirou os olhos, irritado com as palavras de Emily, a menina se apressou e soou ainda mais firme enquanto segurava o queixo dele, o obrigando a manter as íris cor de avelã na sua direção. E foi a entonação de Sinclair que deu um sentido completamente diferente para aquelas palavras quando ela as repetiu.

- É só um armário idiota! Você é muito mais do que isso! E se ele é mesquinho e pequeno demais, que engula o armário inteiro!


Ao dizer que era apenas um armário, Emily não estava invalidando os sentimentos de Hunter. O que a menina queria que ele entendesse era que aquele armário não definia quem ele era, não era o que ditava os seus sonhos ou que o limitava por uma história perdida. E era a intensidade no olhar de Sinclair que dava ainda mais poder para suas palavras ao dizer que Hunter era mais do que tudo aquilo, que o armário ou o basquete não o limitavam.

Talvez não fosse a decisão mais sábia se voltar contra Chad, especialmente com os nervos de Hunter ainda tão alterados. A última coisa que Timmons precisava era de mais incentivo para odiar o seu velho amigo. Mas Emily também se sentia tão irritada e frustrada com o comportamento do ex-namorado que era incapaz de esconder isso.

- Vem, vamos sair daqui.


Emily finalmente se afastou de Hunter, e enquanto o rapaz ainda parecia desnorteado, ela se apressou pelo vestiário. Uma caixa vazia estava esquecida no canto, provavelmente abandonada depois do último carregamento da bebida isotônica que o time de basquete consumia. Em um movimento surpreendentemente rápido, Sinclair juntou os pertences de Timmons espalhados pelo chão do vestiário e só então voltou a puxá-lo pelo punho.

***

As notas ou o empenho de Sinclair na escola estavam longe de serem comparados aos de Liberty, mas a menina também não era tão displicente como Timmons ao ponto de faltar as aulas sem se preocupar com as consequências. Naquele dia, entretanto, Emy ignorou por completo a sua grade curricular para se concentrar apenas em Hunter.

Embora os dois estivessem sendo discretos com aquele relacionamento, Emily não se preocupou em ocupar o banco do carona do carro de Hunter, ainda no estacionamento da MMU. Ao invés de beijos e amassos, Sinclair estava completamente concentrada em limpar e cuidar dos ferimentos que Timmons tinha feito nas próprias mãos.

Com um kit de primeiros socorros furtado da enfermaria, Emily já tinha limpado o sangue das mãos de Hunter, mas os dedos do rapaz ainda estavam cortados e começavam a inchar. Os olhos da ruiva estavam presos em cada um daqueles ferimentos, aplicando com cuidado um antisséptico.

- Você precisa colocar gelo. Eu posso ir buscar... E talvez um Raio X.

Com os cabelos presos para não atrapalhar aquela tarefa, Emily ergueu o olhar até se prender no rosto de Hunter. E mais uma vez, ela não parecia irritada ou assustada, mas também não havia nenhum sinal de pena. Era como se Sinclair fosse uma extensão dos sentimentos que se apoderavam dele.

- Você não pode machucar as suas mãos assim. E quanto a Nova York? Como pretende tirar fotos com os dedos quebrados?

No meio de todo aquele caos, Emily e Hunter não tinham conversado sobre a grande novidade na vida do rapaz. Como Timmons tinha deixado para compartilhar sobre o curso de fotografia apenas depois de ser aprovado, Emy ainda não tivera tempo de demonstrar o quanto se sentia orgulhosa e feliz por aquela conquista. E mesmo que aquele momento ainda fosse bastante delicado, o semblante de Sinclair se tornou mais suave e ela até arriscou um discreto sorriso derretido.

- Por que não me contou antes? Isso merecia uma comemoração, Tim. Você tem motivos de sobra para estar orgulho de si mesmo. Eu estou tão orgulhosa de você. 

Ainda com os dedos de Hunter entre suas mãos, Emily se inclinou para frente até apoiar sua testa contra a dele. Como o carro estava desligado e nenhum dos dois usava cinto de segurança, era fácil se mover até estar mais próxima a ele.

- Eu sinto muito que você tenha perdido um grande sonho, Tim. Mas esse armário, essas coisas... Nada do que o Chad disse define quem você é. Eu preciso que você tente levantar a cabeça e olhar para frente agora. Se um armário idiota é tão importante assim para ele, que se dane. Você tem outras coisas na sua vida agora. Você está encontrando uma nova paixão, algo que você é incrível e que ninguém pode te tirar. E eu estou aqui, com você. Eu vou para Nova York e onde mais você precisar de mim. Mas eu preciso que você tente olhar para frente, é a única maneira de fazer isso dar certo.
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Mensagem por Dexter Thompson Seg Mar 25, 2024 12:17 am

Vindo de uma família estruturada, Dexter não estava acostumado em viver no meio de conflitos. Mesmo que seus pais tivessem personalidades diferentes e igualmente intensas, qualquer desentendimento do casal costumava ficar em um âmbito privado, fora do alcance do conhecimento dos filhos. Nem mesmo Dexter e Eric tinham o hábito de brigarem, como típicos irmãos.

Estar no meio de uma guerra declarada entre seus dois melhores amigos talvez fosse algo semelhante a um jovem que assistia os pais prestes a se divorciar. Hunter, Chad e Dexter sempre tinham sido inseparáveis e Thompson os considerava como uma extensão da sua família. Então, presenciar o fim daquela amizade, as alfinetadas e as brigas cada vez mais intensas estava bagunçando por completo a cabeça e o coração de Dex.

Por um lado, Dexter tinha assistido Hunter enfrentar um verdadeiro inferno com o acidente, tendo sua vida transformada por perder o seu maior sonho. Timmons tinha encontrado uma péssima forma de lidar com aquele tipo de luto, mas ainda era a única forma que o rapaz tinha conseguido encontrar para lidar com os seus ferimentos e Dexter não se achava no direito de julgá-lo quando nunca tinha passado por nada parecido. Assim como o restante da cidade, Dex tinha a tendência de passar a mão na cabeça de Hunter, como se o rapaz fosse incapaz de lidar com uma bronca depois de ter sofrido demais.


Todo o sofrimento de Hunter, entretanto, não anulava o lado de Chad naquela história. Uma parte de Dexter esperava que Clifford tivesse sido mais cuidadoso, da mesma maneira que ele próprio seria para lidar com Timmons. Mas era impossível culpar Chad por completo, como o único responsável. O problema é que ao invés de assistir aquela briga idiota perdendo a força com o tempo, Dexter estava vendo os amigos cada vez mais distantes. E parecia cada dia menos provável que a amizade entre os dois fosse recuperada.

Bem no meio daquela guerra, Dexter não sabia o que fazer. Ele se sentia na obrigação de resolver o problema que Hunter e Chad tinham criado entre si, mas ao mesmo tempo se via incapaz de assumir qualquer um dos lados. A única coisa que Thompson queria era poder ter novamente os seus amigos lado a lado, como a família que ele conhecia. Ao invés disso, Dex agora se enfiava entre os dois para evitar que as agressões também se tornassem físicas.

Com excelentes reflexos, Dexter rapidamente separou os dois amigos, evitando um cenário ainda pior. Mas no instante em que os dois rapazes seguiram cada um para um lado, Thompson sentiu suas forças se esvaindo e a emoção se apoderando dele. Com um nó queimando na garganta, Dex sentia que cairia no choro a qualquer momento, pressionado e sufocado demais. Foi um milagre ter Liberty ao seu lado, e o tato da menina foi ainda mais sensível ao perceber que ele não suportaria por muito tempo, o privando dos olhares curiosos do corredor para que eles se abrigassem em uma das salas vazias.

Sem nem se preocuparem em ligar as luzes, Dexter terminou de desabar em um banco próximo a um armário, no fundo da sala. Seus ombros estavam caídos e ele se sentia completamente fracassado depois de assistir seus dois melhores amigos quase se atacando. As palavras de Libby foram as únicas coisas capazes de trazer sua consciência de volta, e quando seu olhar foi erguido até encontrar a garota a sua frente, Dex se sentiu acolhido e protegido.

Era inédito que Dexter Thompson precisasse de alguém para cuidar dele. Acostumado a atender qualquer expectativa das pessoas ao seu redor, Dex nunca era visto daquela forma mais frágil e sensível. Seu medo de decepcionar os colegas, os amigos e a família o obrigavam a se colocar sempre em movimento, sempre procurando sua melhor versão. Mas naquele dia, ao lado de Libby, Dex sentiu que não precisava ser tão forte ou infalível.

Era de se esperar que logo a garota por quem ele estava se apaixonando fosse quem Dexter mais precisasse se esforçar para impressionar. E de fato Thompson vinha mudando algumas coisas na sua rotina por causa de Liberty. Diferente de Hunter, Dex não costumava fazer um "rodízio" tão frequente de garotas e não procurava por companhias femininas com tanta frequência, já que precisava ter mais foco nos treinos e no futebol. Mas com a chegada de Liberty, especialmente depois de Burlington, o quarterback já não tinha o menor interesse nem mesmo nas possibilidades que surgiam.

Pela primeira vez na vida, Dexter se via completamente envolvido por uma garota. E era impossível ter espaço na sua vida para qualquer outra pessoa, quando Libby ocupava seus pensamentos durante todo o tempo. Dex gostava da companhia dela, do sorriso, das suas curvas, da voz. E quanto mais tempo passava ao lado de Bloomfield, mais Thompson tinha a certeza de que ela era especial.

Era de se esperar que, por estar tão envolvido e apaixonado, Dexter quisesse logo assumir um relacionamento com a novata. E Thompson de fato não vinha fazendo questão nenhuma de esconder que estava com Liberty. Nas aulas que os dois tinham em comum, era sempre ao lado dela que Dex ficava. Embora precisasse sempre se monitorar para não atrapalhar os estudos e o rigoroso cronograma de Liberty, Dexter procurava por qualquer brecha para estar ao lado da menina. Mesmo quando os dois não estavam juntos, Dex enviava mensagens fofas, compartilhava músicas que o faziam pensar em Libby e aguardava ansioso pelas reações dela sempre que enviava algum "meme" bobo que ele achava hilário.

Sem esconder de ninguém que estava envolvido com a novata, o mais previsível era que Dexter já tivesse assumido aquele relacionamento. Mas não era por dúvidas ou falta de interesse que Thompson não havia tido aquela conversa. Para ele, que não tinha o costume de precisar ir atrás de alguma garota, as coisas já eram tão óbvias que não precisavam ser ditas. Foi só depois da brincadeirinha de Hunter sobre a palavra "namorado" e a reação de Bloomfield que Dexter percebeu que talvez não fosse assim tão simples e que ele precisasse ser mais direto na forma que enxergava sua situação com Libby.

- Os dois estão indo longe demais! Eles não percebem isso? Que estão passando dos limites e que isso pode não ter mais volta??? Como eu posso ser o único aqui que se importa com essa merda?

Frustrado, triste e até com uma pontada de raiva, Dexter tinha uma camada fina de lágrimas no olhar quando procurou por Libby no meio da sala escura. E embora não fosse o tipo de cara que sentia sua masculinidade afetada por bobeiras como música pop ou sentimentos, Dex nunca tinha chorado em público. Nenhuma lágrima escorreu pelo seu rosto, mas a voz mais embargada e o olhar marejado provavam que ele estava fazendo um grande esforço para não vacilar. Mesmo assim, Liberty estava testemunhando algo raro, que ninguém em Colchester teria o privilégio. Era apenas por se sentir seguro na presença dela que Dex tinha se deixado ir tão longe.

Com os ombros caídos, Dexter afundou as mãos nos cabelos, bagunçando os fios grossos em um gesto ansioso. Depois de respirar fundo e refletir sobre as palavras de Lberty, Thompson conseguiu se recuperar um pouco, desfazendo aquele choro engasgado, embora ainda estivesse muito afetado.

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- Eles são meus irmãos, Libby. Eu não suporto assistir essa guerra dessa maneira. Mas os dois são impossíveis! No que o Chad estava pensando ao falar uma merda daquelas???

Com um semblante torturado, Dexter voltou a respirar fundo. Por mais que soubesse que Libby tinha razão, ele não conseguia se desfazer por completo daquela sensação de responsabilidade, de que ele precisava resolver a situação entre os dois amigos. E foi com um olhar tristonho que Dex ergueu uma das mãos até segurar os dedinhos de Liberty, a trazendo mais para perto.

- Eu sei que os dois já são bem grandinhos e precisam se resolver. Eu só não suporto essa situação. - Com as mãos unidas, Dexter trouxe Liberty até que a menina pudesse se acomodar em uma das suas pernas, e com ela no seu colo, ele afundou o rosto no pescoço da menina, sentindo o perfume que agora já o acompanhava na memória. - Obrigado por estar aqui. Por cuidar de mim. Eu não sei o que teria feito sem você...

A mudança de assunto de Liberty soava como uma tentativa de fazer com que os pensamentos de Dexter se desviassem daquele problema. E Thompson caiu naquela "armadilha" com muita facilidade quando rapidamente começou a se questionar o que seria uma Comic Con. E quando Libby explicou quais eram seus planos, o rapaz afastou o rosto do pescoço dela e arqueou uma das sobrancelhas.

- Eu estou aqui me afundando em mágoas e a sua solução é me arrastar para uma espécie de seita nerd?

Apesar da provocação, a entonação mais leve de Dexter mostrava que ele estava apenas implicando com Liberty. E isso era um sinal de que a menina tinha atingido seu objetivo e conseguido tirar o foco da briga dos pensamentos dele. Os ombros de Thompson ainda estavam murchos, mas seu olhar se tornou mais carinhoso enquanto erguia uma mão para colocar os cabelos escuros de Libby atrás da orelha, de modo que ele conseguia ver melhor os traços bonitos do seu rosto.

- Então você quer me apresentar para os seus amigos, é? Hmmm... Interessante. - A mão de Dexter terminou a carícia nos cabelos escuros se encaixando na lateral do rostinho de Libby, e ele se aproveitou daquela proximidade para se inclinar e depositar um beijo sobre os lábios dela. - Eu iria até o inferno por você, señorita. Acho que um lance nerd não vai me assustar. E você não precisa jogar na minha cara que vestiu a minha camisa para assistir meu jogo, Libby... - Dex voltou a arquear apenas uma sobrancelha antes de completar com um ar malicioso. - Eu ainda tenho sonhos com essa visão todos os dias. Já te disse, é algo que eu nunca vou esquecer.
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Mensagem por Hunter Timmons Seg Mar 25, 2024 4:47 pm

O conselho de Emily era a melhor coisa que Hunter poderia ouvir naquele momento. Olhar para frente, seguir adiante, deixar o passado para trás. Ninguém tinha culpa pelo acidente que tirou Timmons do caminho para realizar o seu grande sonho. Um futuro como jogador profissional de basquete agora estava descartado e ele precisava se reerguer.

E Hunter de fato parecia estar finalmente reencontrando uma boa trilha para guiar a própria vida, com uma atividade que ele gostava e o seu coração ocupado por uma garota que lhe despertava sentimentos intensos que Timmons nunca pensou que experimentaria. O futuro não seria como o rapaz havia idealizado, mas isso não significava que Hunter não seria feliz com uma nova profissão e com o amor de Emily Sinclair.

Tudo parecia estar indo na direção certa, mas bastou uma nova discussão com Chad para que Timmons caísse novamente no fundo do poço escuro do qual ele tentava escapar. A mágoa e a fúria que vinham sendo mantidas sob controle voltaram a dominar o rapaz, assim como o desejo de fazer Clifford pagar caro por toda a dor que estava causando a ele.

O detalhe mais irônico era que Hunter parecia ter desistido do seu plano de vingança. Os sentimentos dele por Emily eram verdadeiros e Timmons tinha concordado com o pedido da garota sobre serem cuidadosos e esperar pelo melhor momento antes de compartilharem a novidade com Clifford.

Mas agora, depois daquele novo embate com Chad, o desejo de vingança renascia com ainda mais intensidade. Se Clifford queria perpetuar a guerra entre os dois, Hunter não pretendia recuar e estava disposto a usar todas as armas que possuía. E, no caso, a arma mais poderosa e que faria Hunter ganhar uma grande vantagem naquele duelo era Emily Sinclair.

Unir o útil ao agradável, acertar dois coelhos com a mesma cajadada. Era assim que Hunter se sentia agora. Com a mesma jogada, Timmons conseguiria ficar com Emily e se vingar de Chad ao mesmo tempo. E foi com essa decisão já consolidada dentro da cabeça dele que Hunter encarou a garota ao seu lado.

O carinho, a preocupação e o cuidado que Sinclair demonstrava por ele eram inéditos para Hunter. Normalmente as pessoas se afastavam ou ficavam intimidadas após aqueles surtos de fúria e selvageria do rapaz. Mas Emily não só estava ao lado de Timmons como também agia de maneira doce e compreensiva. Ao invés de uma bronca ou de pontuar todos os erros que Hunter tinha acabado de cometer, Emily estava cuidando dos ferimentos dele, dando conselhos e tentando acalmar os ânimos aflorados do rapaz.

-Você viu o que aconteceu, não viu? Eu estava bem, estava feliz, estava fazendo planos e tentando seguir adiante com a minha vida! Foi ele que veio atrás de mim com provocações. É claro que ele fez isso de propósito. E eu não duvido que ele calculou cada detalhe dessa jogada. Ele me conhece, ele sabia que eu explodiria. Aposto que ele fez tudo isso já pensando em ir até a diretoria e pedir a minha expulsão. Ele é mesquinho, é invejoso, sonso e manipulador!

Aquelas eram palavras duras que até alguns dias atrás Hunter jamais usaria para descrever um dos seus melhores amigos de infância. Mas agora, além de acreditar que Chad nunca mereceu a amizade dele, Timmons também estava enumerando todos aqueles defeitos numa tentativa de sujar ainda mais a imagem de Clifford aos olhos da ex-namorada do rapaz. E chegava a ser até um pouco de hipocrisia que Hunter acusasse Chad de ser manipulador quando, naquele exato momento, o próprio Timmons também estava manipulando a situação ao seu favor e colocando Emily contra o outro rapaz.

Os dedos inchados e esfolados do rapaz começavam a doer bastante agora que a adrenalina se dissipava. Mas, ao invés de se arrepender daquela explosão violenta, Hunter estava ainda mais convicto de que podia usar aquilo a seu favor. Timmons não queria que Emily sentisse medo ou pena dele, mas seria interessante se a menina passasse a vê-lo como uma vítima da situação. Assim Sinclair teria ainda mais certeza de que o seu ex-namorado era um rapaz calculista, insensível e manipulador que não merecia o afeto dela.

-Eu não te contei sobre o curso porque eu achei que não seria aprovado. Eu nem tenho uma câmera profissional, o material que eu tinha pra mandar eram basicamente fotos amadoras que tirei com o celular. Achei que eles me descartariam e eu não queria admitir mais um fracasso. E depois que eu recebi o e-mail confirmando a inscrição, eu pensei em te fazer uma surpresa com esse convite pra ir comigo pra Nova York. Mas aí aquele filho da puta chegou, estragou o nosso momento e sugou toda a alegria que eu sentia.

No meio do discurso de Hunter, sentimentos verdadeiros se mesclavam com jogadas mais frias e calculadas de uma tal forma que nem mesmo o rapaz conseguiria separar as duas coisas. E isso acontecia principalmente porque Timmons estava sinceramente apaixonado por Sinclair, mas ao mesmo tempo queria usar a garota para se vingar de Clifford. Era um misto de sentimentos contraditórios que deixavam o rapaz confuso, mas Hunter não tinha a menor dúvida de que Emily Sinclair era a melhor coisa que tinha acontecido na vida dele nos últimos anos, e ele não queria perdê-la.

-Você tem razão, Emy. Eu não deveria ter perdido a cabeça por causa de um armário idiota. Eu não posso mais continuar focado em tudo o que eu perdi, até porque agora eu tenho um novo futuro na minha frente. Esse curso me deixou muito animado, eu realmente acho que a fotografia pode se tornar uma grande paixão na minha vida…

Os dois ainda estavam com as testas coladas quando Hunter ergueu as mãos e tocou o rostinho da garota. Como os dedos dele eram compridos, suas pontas atingiram diretamente a nuca de Emily exposta graças aos cabelos ruivos presos. E o arrepio da menina arrancou um sorriso satisfeito e orgulhoso dele.

-Mas o que realmente me faz enxergar um futuro mais feliz pra mim não é essa nova vocação. A maior responsável pelos meus sorrisos e pela minha esperança é você, ruivinha. Me apaixonar por você é o milagre que vai me tirar do fundo do poço. Você é a paixão que eu nem estava procurando e que vai mudar a minha vida inteira.
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Mensagem por Liberty Bloomfield Seg Mar 25, 2024 4:49 pm

Mesmo não se encaixando tão bem no mundinho dos populares, Liberty vinha quebrando várias barreiras pessoais por causa de Dexter Thompson. Festinhas, viagens, jogos de futebol, fazer novos amigos e viver um romance no último ano do colegial eram itens que definitivamente não faziam parte do rígido cronograma de Bloomfield. Mas a companhia de Dexter fazia com que todo aquele “sacrifício” valesse a pena.

Sendo tão sensata e inteligente, Libby já não conseguia mais enganar a si mesma. No começo a garota até tentou dizer que o lance entre ela e Thompson não significava nada, que era só uma atração física alimentada pelos hormônios da adolescência e que logo os dois se cansariam um do outro. E Bloomfield não negava que existia uma química explosiva entre ela e o quarterback, mas seria uma grande hipocrisia dizer que era apenas isso. Contrariando todas as expectativas e ignorando o quanto os dois eram diferentes, algo especial vinha surgindo e nem Libby e nem Dex conseguiam mais fingir que não estavam completamente envolvidos e apaixonados um pelo outro.

O problema é que as coisas não eram tão fáceis assim. Liberty tinha um cronograma de estudos e atividades que precisava ser cumprido para que ela tivesse a chance de ganhar a tão sonhada bolsa em Princeton. E a rotina de Dexter também não era muito mais fácil com os jogos, os treinos e as metas que o Sr. Thompson obrigava o filho a cumprir.

No fim das contas, nenhum dos dois pretendia viver um romance naquele ano tão decisivo. Da mesma forma que Liberty não podia comprometer o seu tempo e a sua concentração nos estudos, Dexter também corria o risco de cair de rendimento no esporte se começasse a se distrair demais por causa de uma garota. Racionalmente, a escolha mais inteligente que os dois poderiam fazer naquele momento seria pisar no freio e não alimentar ainda mais aqueles sentimentos. O único problema era que nenhum dos dois parecia ser capaz de resistir à atração avassaladora que eles sentiam um pelo outro.

Bloomfield não reconhecia a si mesma quando Dexter estava por perto. Para alguém que gostava de programar todos os seus passos e nunca teve dificuldade de tomar decisões objetivas sobre a própria vida, era impressionante como Libby se transformava na presença do quarterback. Bastava um beijo, um toque ou um simples sorriso de Dex para desarmá-la por inteiro. Era uma sensação inédita e deliciosa para a menina, mas ao mesmo tempo Liberty se sentia aterrorizada por perder o controle e pelo risco de comprometer todo o seu futuro.

Eram aquele receios que faziam com que Libby experimentasse uma pequena dose de culpa sempre que ela se deixava levar por aquelas atitudes mais impulsivas. Mas a culpa e o arrependimento só costumavam surgir quando a garota estava sozinha. Nos braços de Dexter, era muito fácil se deixar levar por uma euforia de sentimentos e sensações deliciosas que impediam que a menina raciocinasse.

Bloomfield nunca havia usado drogas, mas ela imaginava que o efeito que Thompson provocava nela fosse bem semelhante. Dexter era delicioso, viciante e uma tentação irresistível que parecia ser mais forte do que qualquer pensamento racional. E, naquele dia, Libby mais uma vez tinha se deixado levar por aquele torpor. Os dois se encontraram novamente na casa do rapaz para uma aula particular, mas não demorou muito para que os livros e anotações fosse deixados de lado.

Liberty nem saberia dizer como tinha ido parar sentada em cima da mesinha de estudos. Com os joelhos entreabertos e Dexter encaixado no meio das pernas dela, a novata movia os lábios e a língua num beijo ardente. As mãozinhas dela se agarravam aos cachos de Dexter enquanto o rapaz mais uma vez repetia aquele toque já familiar na cintura dela, enlaçando-a com tanta firmeza ao ponto de arquear a coluna da garota.

Os dois estavam tão inebriados pelo momento que só perceberam que não estavam mais sozinhos na sala quando o Sr. Thompson pigarreou. Libby arregalou os olhos de susto e usou as mãos para empurrar o peito de Dexter. E como aquele beijo foi interrompido às pressas e sem muita sincronia, as bocas se separando fizeram um bizarro som de um cano sendo desentupido.

-Eu não queria interromper porque a sua mãe disse que você estava estudando…

O notebook e as anotações sobre a mesinha indicavam que em algum momento o casalzinho de fato havia se dedicado aos estudos. Mas o olhar de repreensão de Justin mostrava que ele não acreditava muito naquele cenário, ainda mais depois de ver a intensidade daquele beijo.

-Mas já que o estudo claramente já acabou, que tal irmos treinar, Dexter? Os seus índices tem piorado nos últimos dias e não é assim que você vai voltar a bater as metas.

-Eu acho melhor ir embora… - com as bochechas coradas, Libby começou a recolher suas coisas e enfiá-las dentro da mochila - Desculpe, Sr. Thompson.

Era evidente que Justin enxergava naquela garota apenas mais uma distração que estava impedindo Dexter de atingir o seu potencial máximo. Assim como Debby ou qualquer outra garota que já tivesse passado pela vida de Dex, para o Sr. Thompson a novata era só mais uma desmiolada com quem o filho estava se divertindo. E provavelmente foi por isso que o homem não fez questão de apresentações ou conversas.

Libby se sentia constrangida pelo flagrante, mas nada era pior do que ser rebaixada a só mais uma aventura na vida do rapaz. O problema é que, naquele momento, era justamente aquele o papel que ela ocupava. Como os dois não tinham oficializado um namoro, ninguém poderia julgar Justin por ter chegado à conclusão mais óbvia sobre o comportamento do filho. E a julgar pela óbvia desaprovação do Sr. Thompson, Liberty duvidava muito que algum dia o homem concordasse com a ideia de Dexter ocupar o seu valioso tempo com uma namorada.

***

Depois do flagrante do Sr. Thompson, Libby estava ainda mais convencida de que o relacionamento com Dexter nunca evoluiria para algo mais sério. Como os dois tinham objetivos bem traçados para aquele último ano, era mesmo mais sensato optar por manter as coisas como estavam: uma amizade com pitadinhas de “endorfinas” que ajudariam os dois a extravasarem seus instintos sem as típicas complicações ou os típicos dramas que acompanhavam relacionamentos mais sérios.

Se por um lado era um alívio pensar que ela poderia retomar o seu cronograma oficial e se dedicar mais ao Projeto Princeton, por outro lado havia uma pontinha de decepção que fazia com que a garota se sentisse frustrada. No fundo, bem lá no fundo, o coração de Libby já estava totalmente entregue e desejava muito mais de Dexter.

Justamente por não existir um relacionamento oficial entre ela e Thompson, Liberty usou apenas o termo “amigos” para explicar para o seu grupinho de Seattle quem eram as pessoas que a acompanhariam até Nova York naquele fim de semana. Não era por constrangimento ou por medo de julgamentos que a menina preferiu não comentar com os amigos que ela e Dexter já tinham ultrapassado várias barreiras de uma simples amizade. Bloomfield simplesmente não queria ser soterrada de perguntas ou ter que explicar uma situação repleta de sentimentos complicados que nem ela mesmo sabia definir.

-Peraí, eu entendi direito? Você vai se enfiar no meio da nerdolândia, Dex???

Numa cena semelhante à viagem para Burlington, os quatros jovens agora seguiam na direção de Nova York. Com Hunter atrás do volante da picape, Emily ao lado dele e o outro casalzinho no banco traseiro, agora eles enfrentariam mais tempo na estrada. Mas dessa vez Libby nem se atreveu a pegar qualquer material de estudo e apenas se entregou à conversa mais leve e divertida com os amigos.

-A Comic Con é sensacional! Aposto que até vocês dois iam curtir a experiência!

-Tô fora, novata. Vou deixar esse sacrifício só pro Dex. Mas eu agradeceria se você me mandasse fotos do quarterback mais cobiçado da MMU esperando na fila pra pegar um autógrafo do Chewbacca! Eu te amo, Dex. Mas nunca se sabe se algum dia vou precisar fazer uma chantagem ou ter uma carta na manga pra arruinar a reputação de um amigo!
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Mensagem por Emily Sinclair Seg Mar 25, 2024 11:18 pm

- Eu também agradeço o convite, mas vou aproveitar o dia livre para passear com o meu pai! 

O sorriso de Emily era largo e dava para notar pelo brilho no seu olhar como ela estava empolgada com aquela pequena viagem. Ao invés de se hospedarem em um hotel, Emy fez questão de convidar os amigos para ficarem na casa do pai. Além de terem mais conforto, a menina teria a chance de passar algum tempo na companhia de Robert e matar as saudades. Mas claro, a principal razão para aquela felicidade era poder assistir de perto o novo rumo que Hunter estava levando com a própria vida e a chance que ele agarrava diante de um novo e recém-descoberto talento.

Poder testemunhar alguém que saía do fundo do poço e que reencontrava a alegria de viver era algo único e maravilhoso. O fato de Emily estar apaixonada só tornava tudo ainda mais intenso e verdadeiro, mas saber que ela tinha contribuído para que Hunter começasse a reagir era a cereja do bolo, que a fazia se sentir especial.

- Mas nós podemos fazer algo de noite, depois que acabar a aula do Tim.

- Ahn, eu meio que já tenho planos... - Dexter soou um pouco inseguro do banco de trás, mas ergueu um dos ombros quando as meninas voltaram a atenção para ele. - Eu consegui reservas para o Carbone. É um restaurante italiano de um chefe premiado... Sempre quis conhecer, os pratos dele parecem ser divinos, sério! O cara faz umas combinações que você jura que não tem como dar certo, mas a crítica diz que é uma explosão na boca!

- Hmm... - Emily estreitou os olhos e se inclinou no banco até conseguir se virar para trás. - Você é meio esquisito, Dex.

- Desculpe se eu tenho um paladar refinado. - Ele rolou os olhos, mas o sorriso relaxado mostrou que não tinha ficado ofendido. Mas Dex ainda parecia um pouco inseguro quando se virou para a menina ao seu lado. - Eu sei que você vai querer encontrar os seus amigos, mas acho que podemos encaixar um jantar, só nós dois?

- Ui. Um encontro chique... - Apesar de já ter se virado para frente, Emily claramente ainda prestava atenção na conversa. - Eu não imaginei que o Dex fosse o tipo romântico.

Como o trajeto até Nova York era mais demorado, os dois rapazes dividiram o tempo e intercalaram a responsabilidade atrás do volante. Apesar de cansativo, os quatro não paravam de conversar e de se provocar durante todo o tempo. A música animada preenchia o carro e eles compartilhavam os planos e as ideias do que poderiam fazer durante aquele final de semana longe de Colchester.

Depois do divórcio, Hilary tinha ficado com a grande e confortável casa da família para criar suas filhas enquanto Robert se mudou para a grande cidade e se dedicou exclusivamente aos seus negócios. E embora não faltasse nada para Emily, o estilo de vida do pai era muito diferente do que a garota tinha na pequena cidade de Colchester. Ao invés de uma grande casa com vista para o lado, Bobby Sinclair tinha uma cobertura luxuosa em uma das áreas mais nobres de Nova York.

Logo que os jovens foram recebidos e autorizados pelo porteiro a subirem, Emily adotou uma postura típica de anfitriã, embora ela também estivesse ali como uma visita. Mas o sorriso da menina vacilou quando a porta se abriu e, ao invés do pai, uma empregada os recebeu.

A cobertura de Bobby não parecia em nada com a casa aconchegante que servia como lar de família. A arquitetura era moderna e era óbvio que o pai de Emily tinha gastado uma fortuna na compra do imóvel e em reformas, mas todos os cômodos pareciam gritar que ali vivia um homem solteiro que adorava esbanjar.

Todo o primeiro andar era livre de paredes, em um conceito aberto. As janelas contornavam quase tudo, com uma vista panorâmica dos altos prédios de Nova York. A cozinha era toda equipada com eletrodomésticos de última geração e integrados com uma inteligência artificial. Uma grande ilha separava a cozinha da sala, com sofás de couro preto, uma televisão que ocupava quase toda a parede e um sistema de som moderno. Não havia flores, almofadas ou fotografias das filhas espalhados na decoração. Uma grande mesa de sinuca ocupava um espaço central, próximo da escada que levava até os quartos no segundo andar. E como as portas da varanda estavam escancaradas, era possível ver a jacuzzi na área externa.

- O Sr. Sinclair já vai recebê-los. Querem algo para beber enquanto aguardam?

- Um suco, duas cocas e um ice tea. - Emily se adiantou pelos amigos e apoiou as mãos na cintura enquanto se voltava para eles, satisfeita em ver como olhavam surpresos com tudo ao redor. - Não, Tim, você não pode beber cerveja. E tire o olho do bar!

- Cara, isso aqui é o paraíso! Já pensou assistir a final do campeonato em uma tela dessas? - Com as mãos enfiadas nos bolsos, Dexter tombou a cabeça para trás enquanto observava o teto alto e todos os detalhes ao redor.

- Princesinha?

A voz de Robert soou antes que ele surgisse nas escadas. Como os jovens tinham passado o resto da tarde e o início da noite na estrada, já estava tarde quando eles chegaram ao destino. Mas ao invés de pijamas ou de roupas confortáveis, Bobby descia as escadas terminando de abotoar as mangas de uma camisa social, e a julgar pelos cabelos perfeitamente alinhados com uma camada de gel, ele estava pronto para sair.

- Papai!!! - Emily alargou o sorriso e quase saltou na direção de Robert. - Que saudade! Nossa, você está tão chique! Onde esteve?

- Onde eu vou, na verdade. Eu sinto muito, princesinha, mas já tinha um leilão beneficente agendado para hoje quando você me ligou avisando que viria. Mas a Dolores vai providenciar tudo o que vocês precisarem.

- Você vai sair?

Foi nítido como o semblante de Emily se transformou com a decepção, mas Robert pareceu nem notar a reação da filha enquanto se adiantava para os outros jovens. Com o mesmo sorriso anfitrião, ele se colocou diante dos rapazes depois de terminar de abotoar a camisa.

- Como vão, crianças? Você é o Dexter, não é? Filho do Justin? Meu Deus! Você está enorme! O que anda comendo, garoto? Fermento? - Com uma risadinha, Bobby deu um soquinho no ombro de Dexter.

- Como vai, Sr. Sinclair? Obrigada por nos receber na sua casa.

- Ah, imagine! Todos os amiguinhos da minha princesinha são bem-vindos. Deus do Céu, essa é a Liberty? Acho que a última vez que te vi, você era um bebê! E esse deve ser o Chad!

Robert já não vivia mais em Colchester quando Emily e Chad começaram a namorar, mas se ele tivesse o mínimo de interesse na vida da filha, não teria sido difícil encontrar as dezenas de fotos que ela já tinha compartilhado nas redes sociais. Ou se Bobby ao menos prestasse atenção no que Emy dizia, ele saberia que aquele namoro já tinha chegado ao fim.

- Não, esse é o Hunter, pai. Hunter Timmons.

- Timmons? Claro! Timmons! Eu me lembro do seu pai! Como ele está, Hunter? Imagino que os negócios dos cavalos estejam indo muito bem, eu não entendo como o seu pai nunca quis sair daquele buraco de Colchester!

De costas para Emily, Robert sequer notava como a garota tinha ficado incomodada. E a falta de interesse de Bobby ficou ainda mais clara quando ele ignorou todos os jovens para atender uma ligação, se afastando alguns passos.

- Desculpem por isso. Acho que a última vez que meu pai esteve em Colchester, nós éramos crianças.

De braços cruzados, Emily permaneceu desconfortável e aguardando que o pai desligasse a ligação. Mas no instante em que desgrudou o celular do ouvido, Robert já estava ocupado vestindo um terno enquanto digitava uma mensagem.

- Você tem planos para amanhã? - Emy se afastou alguns passos dos amigos e acompanhou o pai até perto da porta. - Talvez a gente pudesse dar uma volta no Central Park, ou ir em algum museu...

- Hm? - Bobby nem se deu ao trabalho de erguer o olhar enquanto digitava uma mensagem, e ele soou distraído, como quem sequer tinha compreendido o que a filha falava. - Claro, princesinha, o que você quiser. Ah, e eu deixei o meu cartão de crédito na bancada, podem pedir o que quiserem para comer. Mas eu realmente preciso ir agora. Tchauzinho, crianças!

Bobby ainda acenou para os outros jovens e depositou um beijo na testa de Emily. A garota mal tinha pisado naquele apartamento e já estava assistindo o pai sair, ocupado demais com a própria vida para lhe dar atenção. Mas Emy se esforçou para colocar um sorriso nos lábios enquanto voltava para perto dos amigos.

- Tá legal, eu sei que todo mundo tem um dia agitado amanhã, mas quem está com fome?

***

O principal motivo que tinha levado Hilary e Robert se divorciarem tinha sido a falta de atenção que o homem dava para a própria família, sempre ocupado demais com os próprios interesses para enxergar alguém além do próprio umbigo. Hilary tinha demorado até tomar uma atitude, mas ela se recusou a continuar presa em um casamento infeliz, assistindo as filhas sendo ignoradas pelo pai. O problema era que, mesmo depois daquele divórcio, Emily parecia que tinha se acostumado a receber as migalhas de atenção de Bobby.

A última vez que Emily e Robert tinham conseguido um tempo juntos, tinha sido nas férias, em Paris. Até mesmo as mensagens e telefonemas tinham sido raros ou breves durante todo aquele tempo. A menina tinha acabado de enfrentar mais de cinco horas de estrada para chegar na casa do pai, e nem isso parecia despertar o interesse ou esforço do Sr. Sinclair. Emy tinha tudo para estar chateada e decepcionada, mas ela se obrigou a empurrar aqueles sentimentos para o fundo do peito e se agarrou a detalhes bobos, como por exemplo o quarto devidamente arrumado para recebê-la.

Aquilo certamente tinha sido tarefa da empregada, e não era como se Emily tivesse um quarto personalizado, cheio das suas coisas preferidas na casa de Robert. Mas ela já parecia satisfeita só em poder chamar aquele quarto de hóspedes de "seu quarto" ao encontrar as cobertas cor de rosa, como se isso demonstrasse que Robert tinha pensado nela com aquela escolha.

As cortinas brancas estavam abertas e do outro lado da janela, a bela vista de Nova York iluminava o cômodo. A mala de Emily estava aberta sobre a cama e ela remexia nos seus pertences quando seu reflexo percebeu a chegada de mais alguém. E um sorriso mais doce surgiu enquanto Hunter entrava.

- Está tudo certo com o seu quarto? Não que faça diferença, você vai acabar dormindo aqui comigo...

Emy abandonou a mala por um instante para poder se pendurar no pescoço do namorado. Um beijo carinhoso foi depositado sobre os lábios dele, mas Sinclair não deixou que aquela carícia se intensificasse demais quando logo recuou um passo.

- Eu tenho uma coisinha para você.

Como Emily já tinha tirado algumas coisas da mala, ela acompanhou o olhar de Hunter até algumas peças dobradas sobre o colchão. E foi com um movimento rápido que sua mão alcançou e escondeu as minúsculas peças vermelhas e rendadas. Não havia nenhum rubor ou sinal de timidez, mas Emy estreitou os olhos em uma repreensão divertida enquanto guardava a roupa íntima fora do alcance de Hunter.

- Isso também, mas é só mais tarde! - Com um olhar significativo, Emily manteve aquela provocação no ar por alguns segundos até ir ao que realmente interessava. Ao invés de buscar algo na mala, ela caminhou até a cômoda, onde um pacote fechado repousava. - Eu comprei para você. Foi pela internet, pedi para entregarem aqui, então não tive tempo de embrulhar. Mas você sabe, não tem nenhuma loja minimamente decente naquele fim de mundo...

Apesar do rolar de olhos e da piadinha, era possível notar que Emily estava ansiosa ao entregar a caixa nas mãos de Hunter. Quando o rapaz se sentou na beirada do colchão e terminou de rasgar a caixa de papelão, Emy permaneceu de pé, com as mãos na cintura, e chegou a prender a respiração enquanto ele desembrulhava a câmera fotográfica profissional.

- Eu pesquisei um pouco, pedi uma ajuda da Libby e por fim consultei o site do curso que você foi aprovado. Parece que esse é um dos melhores modelos, e eu também adicionei alguns filtros e lentes. Não faço ideia de como usa nada disso, mas essa parte é com você.

Hunter já tinha comprado um presente caro que Emily carregava sempre no seu pulso, e agora era a vez da menina retribuir aquele carinho. Embora as Sinclair não tivessem tanto dinheiro quanto os Timmons, Emy só precisou usar o cartão de crédito que o pai deixava com ela para bancar aquele pequeno luxo.

- Quando você tirar as suas melhores fotos, quando começar a ser premiado e fazer sucesso por aí... - Emy soou sonhadora enquanto se posicionava diante de Hunter, apoiando as mãos nos ombros dele. - Você vai poder olhar para trás e lembrar desse momento, da sua primeira câmera profissional. E aí você vai sempre lembrar de mim.
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Mensagem por Dexter Thompson Ter Mar 26, 2024 3:34 pm

- E sabe quem foi ovacionado, Will? É sério, eu me surpreendi com a fila de autógrafos, mas a palestra do cara foi GENIAL! Jaaaaames Wan!



- Ele só podia ter usado um pouco dessa genialidade na continuação de Aquaman, Stue. O filme parece até que reaproveitou o cenário da Pequena Sereia.



- Tá legal, acho que não precisamos ser tão radicais assim. Eu concordo que o filme tem suas falhas, mas não foi um total fiasco!

A discussão empolgada entre Wil e Stue ainda continuaria por um bom tempo, avaliando a presença do diretor James Wan no último evento da Comic Con, do ano anterior. E como Dexter estava concentrado em cada palavra que ecoava através do seu fone de ouvido, ele se surpreendeu quando as vozes ficaram abafadas até que o fone foi arrancado para fora.

- Heey!

Como estava correndo com uma inclinação considerável, Dexter se surpreendeu ao notar que o pai estava ao seu lado e que tinha sido ele quem arrancara o fone do seu ouvido, exigindo atenção. Ofegante com o esforço, Dex ergueu uma das mãos até alcançar os botões da esteira e diminuir o ritmo até conseguir apenas caminhar. Como usava apenas um par de tênis esportivo e um calção confortável, seu peito exposto brilhava com uma fina camada de suor e os cabelos escuros estavam bagunçados depois de tanto esforço.

- Hora de repor a energia. - Justin esticou um pequeno sachê de suplemento em gel para o filho. - O que estava escutando? Estava super concentrado!

A curiosidade do Sr. Thompson soou bastante natural, mas Dexter sentiu seus ombros mais tensos e desconversou. Não havia nada de errado com a "pesquisa" que ele vinha fazendo nos últimos dias, em sites de busca, redes sociais e em Podcast, como aquele que acabava de escutar. E Dex só vinha fazendo aquilo em segredo porque queria surpreender Liberty e saber um pouco mais sobre o mundinho da garota. Mas se ele compartilhasse aquilo com o pai, tinha certeza que Justin começariam com um discurso de que não deveria tirar o foco das suas metas por causa de uma garota.

- Nada demais. - Dex rapidamente ocupou a boca com o sachê em gel, e com uma careta, tomou até a última gota antes de devolver a embalagem vazia ao pai.

- Seja lá o que for, você já atingiu a meta de hoje sem nem perceber. Muito bom, Dex! Se continuar assim, vamos passar do objetivo do mês ainda nesse final de semana!

Foi só depois da observação do pai que Dexter olhou para o painel digital da esteira e se surpreendeu ao ver que, mergulhado na conversa do podcast, ele tinha mesmo alcançado os quilômetros da meta no tempo abaixo do estipulado. Mas ao invés de comemorar ou se vangloriar com o elogio do pai, Dex pigarreou e entrou naquele assunto mais delicado.

- Ahn, na verdade, eu tenho planos para esse final de semana. - Dex interrompeu por completo a sua caminhada e aceitou a toalha oferecida pelo pai para poder secar o rosto. - Você sabe como tem sido difícil para o Hunter desde o acidente, pai... E ele está tentando se reencontrar. Ele tem um curso em Nova York esse final de semana e pediu o meu apoio. Eu não posso deixá-lo na mão.

A careta que o Sr. Thompson fez mostrou que estava lidando com um sério conflito. Ele tinha assistido o drama de Hunter Timmons e claro que esperava que o garoto se reerguesse. Mas uma parte de Justin esperava que o filho fosse mais egoísta e que colocasse a si mesmo antes das necessidades dos outros.

- Isso é mesmo necessário? Quer dizer, você pode apoiar o Hunter de outras formas, Dex. Não precisa prejudicar o seu treino e os seus objetivos.

- Qual é, pai. É só um final de semana. E nós vamos ficar na casa do pai da Emy, com certeza lá tem uma academia de primeira, então não vou ficar completamente parado.

O convite para Nova York tinha surgido por Hunter, então era mesmo para apoiar o seu amigo que Dexter tinha embarcado naquela aventura. Mas o que o rapaz ocultou propositalmente do pai era que, enquanto Timmons passaria todo o dia ocupado em seu curso, ele estaria passando as horas ao lado de uma garota. Mais do que simplesmente trancado em um quarto dando uns amassos, Dex sentia que aquele relacionamento começava a evoluir e estava cheio de expectativas para conhecer os amigos de Libby e entrar um pouco no universo dela.

- Se você me prometer cadastrar toda a sua alimentação no aplicativo e não faltar com os treinos, isso não precisa ser um problema. Mas isso também não pode se tornar rotina, Dexter. Você precisa manter o foco e não pode começar a colocar as prioridades dos seus amigos acima dos seus objetivos.

Uma parte de Dexter queria dizer ao pai que aqueles objetivos traçados pertenciam muito mais ao Sr. Thompson do que a ele próprio, mas obediente como sempre, o rapaz apenas concordou com um movimento da cabeça e reforçou com um "Sim, senhor". Afinal, qual era o motivo de criar atritos ou discutir com Justin se, no final, tudo o que o pai fazia era para o seu próprio bem? Dexter só precisava encontrar um equilíbrio e a melhor forma de lidar com tudo aquilo, sem decepcionar Justin e sem precisar fugir ou negar seus sentimentos por Bloomfield.

***

Apesar das promessas feitas para Justin, Dexter tinha planos muito diferentes para aquele final de semana. Mesmo que fosse bastante disciplinado com todos os seus treinos e dieta, a chance de sair um pouco de Colchester e aproveitar um final de semana inteiro com os amigos era tentadora demais e Dex pretendia aproveitar cada minuto.

Ainda era estranho e um pouco desconfortável planejar aquela viagem sem a participação de Chad. Dexter tinha tentado conversar com Clifford depois da discussão envolvendo o armário, mas o rapaz tinha assumido uma postura dura de quem não aceitaria intromissões naquele assunto, especialmente se fosse qualquer tentativa de defender Timmons.

Para Dexter, a companhia de Liberty mudava por completo o foco daquele passeio. Por mais que adorasse a sua vida em Colchester, Dex estava ansioso para sair um pouco da pequena cidade e lidar com o mundinho de Liberty. Mesmo que eles não estivessem indo para Seattle, Thompson teria a chance de participar de um evento que a garota adorava e conhecer os amigos dela.

Quando teve a ideia de conseguir uma reserva em um restaurante, Dexter não estava tentando equilibrar as atividades para que também fizessem algo que ele gostava. Mas a chance de estar em um restaurante premiado, na companhia de Libby, fazia parte de um plano muito maior. Por mais que para Dex aquele relacionamento já fosse oficial, ele tinha percebido através das piadinhas de Hunter como Liberty se sentia um pouco desconfortável com a falta de um título específico. E ele pretendia resolver a situação oficializando aquele namoro durante um jantar mais sofisticado, depois de terem passado o dia inteiro se divertindo em algo que Libby gostava.

E era impressionante como Dexter vinha se esforçando em cada pequeno detalhe. Não tinha sido uma pesquisa rasa e superficial sobre o evento. Além de consultar como tinham sido as edições interiores, Thompson conferiu todas as atrações programadas, os convidados, cada stand, palestra, autógrafo. A maioria dos nomes Dexter sequer conhecia, o que tornava a sua pesquisa ainda mais demorada, porque ele queria estar inteirado de todos os assuntos e mostrar para Libby que conseguia participar dos mesmos temas que ela se interessava.

Para Dexter, Hunter estava ali por causa de um curso de fotografia. E ele estava sinceramente feliz com o amigo por ver que Timmons estava começando a se reerguer e se interessar por qualquer coisa além do basquete. E na visão de Thompson, Emily só estava ali para acompanhar a prima. Então ele não viu sentido em incluir os dois na programação de um jantar em um restaurante com clima de casal.

Assim como Dex tinha previsto, o luxuoso prédio onde Robert Sinclair vivia possuía uma academia muito bem equipada, mas o rapaz nem cogitou perder tempo com os exercícios, quando sabia que teria um dia bastante agitado. Os quatro amigos já tinham chegado tarde em Nova York e ainda gastaram muitas horas se acomodando nos quartos, pedindo uma comida e conversando até o inicio da madrugada.

Sem nenhum sinal de Robert, Dexter reuniu coragem para enfrentar o corredor escuro depois que toda cobertura mergulhou em silêncio. As batidas soaram suaves na porta do quarto que ele sabia estar ocupado por Liberty, e foi sem pensar duas vezes que ele se esgueirou para dentro do cômodo no instante em que a menina surgiu na sua frente.

Assim como tinha prometido em Burlington, Dexter não estava sendo inconveniente e nem insistente com os limites de Liberty. Aquela era a primeira vez que Dex ficava com uma garota sem ir até o final das carícias, mas o rapaz não demonstrava nenhum incômodo ou insatisfação com aquela situação. Pelo contrário, Thompson precisava admitir que prolongar as preliminares daquela maneira também conseguia ser algo bastante excitante.

Naquela noite, sem livros para disputar a atenção, Dexter e Liberty logo se espremeram juntos na cama. As bocas não se desgrudavam e as mãos dele trilhavam pelas curvas já bastante conhecidas, procurando pequenas brechas e sem muita timidez ao se agarrar por mais tempo nas curvas do quadril dela. Um sorriso satisfeito e orgulhoso surgiu quando a mão de Libby subiu por cima da sua camisa e a garota pareceu ainda mais exigente ao livrá-lo daquela peça de roupa.

- Depois eu que sou o exibicionista com problema de pele, não é?

Com bom humor, Dexter puxou Liberty até que a menina estivesse deitada com as costas sobre o colchão e ele pudesse se encaixar sobre ela. Seus músculos flexionavam conforme ele se movia, fosse para apoiar o cotovelo e sustentar o peso do seu corpo ou quando sua mão descia procurando pela parte de trás da coxa de Libby, parcialmente escondida pelo pijama curto.

Apesar do clima quente, dos beijos intensos e das carícias que cada vez mais procuravam uma nova área para explorar, partiu de Dexter a decisão de acalmar o ritmo para que os dois não fossem longe demais. E mesmo com o corpo em chamas, com os lábios vermelhos e inchados e com os cabelos bagunçados, o olhar de Thompson era carinhoso quando ele deslizou para o lado, mantendo seu corpo sustentado por um dos braços enquanto admirava Libby deitada de barriga para cima, com uma mão apoiada sobre a barriga reta dela.

- Acho que nós dois deveríamos tentar dormir um pouco, não é? Temos o dia cheio amanhã.

Ao invés de levantar da cama e voltar para o seu próprio quarto, foi sem nenhuma cerimônia que Dexter afofou o travesseiro e se deitou, oferecendo um dos braços para que Liberty se acomodasse junto ao seu peito. E como a garota não apresentou nenhuma queixa, ele se esticou para apagar a luz do abajur. Com o quarto escuro e silencioso, a voz de Dexter só soou depois de alguns longos minutos.

- Eu não sei se isso está tão óbvio assim, mas caso você ainda não tenha percebido, você me faz muito feliz, Liberty Bloomfield. - Dex tombou um pouco a cabeça para o lado e sua visão ainda se acostumava com a escuridão enquanto tentava focar no perfil da garota. - Quem diria que isso daria tão certo, não é?

***

- Vocês dois não estão atrasados para o lance da Comic Con? Aliás, por que tão cedo?

Usando um robe sobre a camisola, Emily sacudia um waffle e tinha um ar sonolento enquanto via os amigos se apressando para terminar de se arrumar e sair. Thompson usava uma calça jeans e uma camisa preta, com os cabelos ainda úmidos do banho, quando se inclinou sobre a mesa e alcançou uma maçã.

- Não está cedo, a gente só foi dormir muito tarde. - Depois de uma mordida, Dex deu de ombros e apontou para a vista de Nova York além das grandes janelas de vidro. - Estamos na cidade que nunca dorme, se anime, Emy!

- Urg, eu odeio pessoas matinais.

- Talvez você devesse incluir um exercício físico no início do seu dia. A endorfina é uma ótima maneira de melhorar o humor, sabia?

- Talvez você devesse se engasgar com essa maçã e parar de falar. - Com uma careta, Emily puxou um bule de café para se servir.

Ignorando a falta de disposição da ruiva, Dexter se apressou para seguir os passos de Liberty e desejou boa sorte para Hunter antes de seguir até o elevador. Seu olhar buscou discretamente o celular, verificando novamente o e-mail que tinha chegado na sua caixa de entrada há alguns minutos, e só então se voltou para a garota.

- Ahn, você consegue ir na frente? Eu tinha uma coisinha para resolver antes. Prometo que não vou demorar. Chego antes de começarem os autógrafos do Thor! Eu só queria muuuuito passar em uma loja esportiva, no site deles diz que estão com o estoque do melhor whey protein que eu já tomei e não é o tipo de coisa que consigo em Colchester. Mas prometo que não vou me atrasar, avise aos seus amigos que estarei a caminho!

Com um selinho, Dexter se despediu de Liberty assim que o elevador chegou ao térreo, sem dar a oportunidade para a garota retrucar. E de fato o e-mail era de uma loja avisando sobre o estoque de um produto que ele tinha procurado. Mas era algo bem diferente de um Whey Protein ou uma loja esportiva.

***

Uma caretinha se formou quando Dexter sentiu a lycra grudando mais uma vez nas suas partes íntimas. Enquanto andava, ele tentou ser discreto, puxando o tecido, mas a fantasia era mais justa do que ele tinha previsto. Por sorte, a Comic Con estava lotada com muitas outras pessoas fantasiadas, então ninguém parecia notar o quão desconfortável o quarterback estava com aqueles trajes.

Com pessoas fantasiadas de bruxos, heróis, vilões e personagens de videogames, Dexter se misturava mesmo usando um macacão vermelho inteiramente colado no corpo. Depois de trocar algumas mensagens com Liberty, o rapaz descobriu que a menina estava em um corredor dedicado a livros de ficção voltados para o mundo mágico, e depois de já ter estudado o mapa de todo o evento, Dex sabia exatamente como chegar até ela.

De longe, Dex avistou Liberty rodeada por um grupinho de pessoas. Diferente dos seus primeiros dias em Colchester, a menina não parecia séria e nem fazia nenhum esforço para se encaixar. Era com naturalidade que Libby tagarelava e ria, muito bem envolvida com as pessoas ao seu redor. Outra diferença de Colchester era que aquele grupinho não era composto por nenhum atleta ou líder de torcida. Não havia loiras com seus corpos perfeitos ou rapazes grandalhoes, fortes e transbordando autoconfiança. Eram pessoas comuns, mas que pelo simples fato de serem amigos de Libby, já faziam Dexter se sentir intimidado.

Foi preciso respirar fundo algumas vezes depois de notar que ninguém daquele grupo usava fantasias, mas como Dexter tinha visto que era algo bastante comum na Comic Con, ele tinha feito uma escolha que achou que surpreenderia e agradaria Libby. E foi pensando apenas nela que o rapaz tentou se encher de autoconfiança e se aproximou, com o peito estufado.

- Oi! Desculpem o atraso. Aliás, é meio ridículo que o Flash acabe se atrasando, mas eu juro que vim o mais rápido que consegui.

Como Dexter estava fantasiado de Flash, usando também uma máscara, até mesmo Liberty se sobressaltou com aquele "estranho". A menina se virou para encará-lo e não o reconheceu de imediato, então o sorriso de Dex se tornou mais largo, acreditando que tinha alcançado o fator "surpresa" com louvor.

- Nãooo, eu não sou o Barry Allen de verdade. Mas quando estou correndo em campo, também consigo ser bem rápido.

Como Liberty continuava congelada no lugar, com os olhos arregalados, Dexter achou que a menina apenas não tinha sido capaz de reconhecê-lo. Com o sorriso estampado no rosto parcialmente coberto, ele gesticulou, abrindo os braços de modo que sua fantasia ficava ainda mais em evidência.

- Sou eu, Libby! O Dex! Nossa, eu fiquei tão diferente assim? Aposto que estou igualzinho o da série!
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Mensagem por Hunter Timmons Ter Mar 26, 2024 8:17 pm

O apartamento de Bobby Sinclair era uma espécie de paraíso masculino. Assim como Dexter, logo que chegou ao local Hunter encarou tudo ao seu redor com uma expressão admirada e boquiaberta. Além da arquitetura moderna, a cobertura tinha uma vista maravilhosa da cidade. Se alguém pedisse a Timmons para descrever uma moradia perfeita, ele provavelmente citaria vários detalhes presentes no apartamento do pai de Emily. Só que havia uma diferença bem significativa entre os dois: Hunter era um adolescente, solteiro, sem filhos e que gostava de uma rotina de festas e aventuras. O rapaz provavelmente teria gostos e prioridades bem diferentes se já fosse um homem maduro, um pai de família.

Um bom observador perceberia que a cobertura de Bobby Sinclair não era um verdadeiro lar. A decoração era impessoal demais, certamente desenhada por um designer. Os móveis estavam novos como se tivessem acabado de sair da loja, num claro indício de que não havia muitas pessoas vivendo e usufruindo daquele ambiente. Sem quadros, sem recados ou lembretes pendurados na porta da geladeira, sem fotos das filhas nos aparadores. Mesmo que o Sr. Sinclair fosse o tipo de pessoa que gostava de organização, era muito estranho que ele não tivesse dado nenhum toque mais pessoal ao ambiente, nem mesmo um objeto de valor sentimental ou qualquer tipo de lembrança da família que ele tinha construído. Com o divórcio, era como se Bobby tivesse reiniciado uma nova vida onde nem mesmo as filhas encontravam um espaço.

Embora ainda estivesse surpreso e admirado com a cobertura, Timmons foi capaz de sentir a mudança no clima no instante em que o Sr. Sinclair se juntou a eles. Embora estivesse sendo educado, Bobby não estava agindo como um anfitrião gentil e solícito. Muito menos como um pai que deveria estar morrendo de saudades depois de tantos dias sem ver Emily pessoalmente. Tanto que ele pretendia deixar a filha e os amigos da moça sozinhos poucos minutos depois dos jovens chegarem ao local.

Não foi difícil para Hunter notar o comportamento distante e pouco interessado que o Sr. Sinclair demonstrava perante a filha. Assim como também ficou óbvio demais para Timmons que Emily não era indiferente a tal situação. Justamente por viver algo semelhante dentro de casa, Hunter enxergava na decepção de Emily um reflexo do que ele próprio já tinha sentido a cada vez que o pai parecia se importar mais com os negócios e com os cavalos premiados do que com ele.

Não houvera um divórcio, o casal Timmons continuava vivendo sob o mesmo teto e os dois pareciam se dar muito bem. Henry Timmons não era uma figura distante que o filho via apenas em finais de semana alternados ou nas férias escolares. Mas isso não significava que o garoto recebia do pai toda a atenção que merecia ou necessitava. O Sr. Timmons era um bom exemplo de que era possível ser um pai distante e ausente mesmo dividindo o mesmo teto com a família. E talvez fosse aquele comportamento do homem, todo o tempo que ele dedicava aos negócios e o pouco interesse dele por Hunter que contribuíram para que o rapaz desenvolvesse aquela personalidade arredia e revoltada.

Inconscientemente a carreira no basquete acabou se tornando uma válvula de escape para Hunter. O sonho dele ia muito além de se tornar um atleta profissional. Bem lá no fundo o que o rapaz realmente queria era sair de Colchester e mostrar a Henry que ele podia ser bem sucedido longe dos negócios da família. Ou que ele podia ser tão único, raro, especial e valioso como os cavalos de linhagem superior que o Sr. Timmons criava no haras. Consequentemente, Hunter se sentiu humilhado, rebaixado e sem esperanças quando perdeu a chance de se destacar na única coisa em que ele parecia ser bom.

Ser confundido com Chad Clifford não era nada agradável, ainda mais depois da guerrinha instalada entre os dois rapazes. Mas o que fez Hunter estreitar os olhos num semblante pouco amigável não foi a gafe cometida por Bobby Sinclair. O que realmente deixou Timmons indignado era ver que o pai de Emily se importava tão pouco com ela que sequer conhecia o ex-namorado com quem a menina tinha ficado por cerca de um ano. Qualquer pai minimamente interessado pela filha faria questão de conhecer pessoalmente e coletar muitas informações sobre qualquer namoradinho que estivesse ao lado da menina. Portanto, aquele deslize era mais uma grande prova da indiferença que o Sr. Sinclair sentia pela caçula.

Apesar de diferentes particularidades, os dois enfrentavam situações bem parecidas com seus pais ausentes e desinteressados. O que mais diferenciava Emily e Hunter era a maneira como os dois reagiam ao descaso dos pais. Enquanto Timmons explodia, esbravejava e quebrava regras para chamar a atenção de Henry, o "grito" de Emily era muito mais discreto e silencioso. O sorriso forçado, as tentativas insistentes de se aproximar e a maneira como a menina tentou reagir com naturalidade até podiam enganar um observador mais desatento, mas Hunter já a conhecia bem o bastante para notar o brilho sumindo das íris castanhas.

E o rapaz se sentiu sinceramente indignado por ver que existia alguém que tratava Emily daquela maneira fria e insensível, que o próprio pai da garota não era capaz de enxergar o quanto ela era perfeita e o quanto ela precisava e merecia o amor, a atenção e a admiração dele.

Quando procurou por Emily naquele dia, Hunter queria de alguma forma compensar a indiferença do Sr. Sinclair. Provavelmente era a primeira vez que Timmons entrava no quarto de uma garota sem qualquer tipo de segundas intenções. Mas antes que Hunter pudesse dizer qualquer coisa para consolá-la, foi Emily que o surpreendeu com um presente.

Mesmo que Hunter estivesse adentrando só agora o universo da fotografia, não era preciso ser um profissional ou um grande especialista no assunto para perceber que Sinclair havia escolhido uma das melhores câmeras do mercado. Se o rapaz já demonstrava uma habilidade acima do normal com a câmera do celular ou com o equipamento mais antigo do colégio, era evidente que agora seria ainda mais fácil se destacar e conseguir fotos ainda melhores com as lentes mais modernas.

Dinheiro não era um problema para os Timmons, então certamente não foi o preço que Emily pagou naquela câmera que mais impressionou Hunter. O que realmente nocauteou o rapaz e fez com que ele se derretesse ainda mais pela namorada foi a certeza de que Sinclair acreditava no dom dele e estava apoiando o novo caminho escolhido por Timmons. Qualquer outra garota no lugar dela poderia tentar convencer Hunter a se dedicar aos negócios lucrativos da família e a enxergar a fotografia apenas como um passatempo. Mas Emily soava sincera ao dizer que acreditava que Hunter poderia ser tornar um profissional premiado naquela área.

Sentado na pontinha do colchão, Hunter examinou a câmera sem pressa e com um brilho admirado se refletindo nas íris cor de avelã. É claro que o rapaz precisaria de muito mais tempo até conseguir dominar todos os comandos e conhecer todas as especificações do novo equipamento. Mas em poucos minutos ele já tinha conseguido escolher uma lente adequada e um filtro perfeito para ser usado com a iluminação do quarto de Emily.

Fotógrafos profissionais costumavam abominar selfies, mas Timmons não viu problema em inaugurar o álbum de fotos da sua câmera com um registro mais informal. Pelo contrário, nada parecia mais certo do que usar a primeira foto da nova câmera para registrar aquele momento tão íntimo e especial do casalzinho.

- Vem. Vamos tirar uma foto juntos. E nem ouse dizer que precisa ajeitar os cabelos ou retocar a maquiagem! Você está perfeita, ruivinha. E eu quero me lembrar de você exatamente assim...

Com uma das mãos, Hunter puxou o punho de Emily até que a garota estivesse sentada de lado no colo dele. Um dos braços de Sinclair o enlaçou pelo pescoço, a outra mãozinha foi espalmada sobre o peito do rapaz e os dois colaram as testas e se encararam de muito perto. Como estava segurando a câmera com uma das mãos, Timmons envolveu a cintura de Emily com apenas um dos braços antes de fechar os olhos e inclinar seus lábios na direção dos dela. E os dois estavam bem no meio de um beijo apaixonado quando Hunter esticou o braço comprido e, mesmo sem muito ângulo, conseguiu capturar uma imagem perfeita daquele momento.

Sem sair do colo do rapaz, Emily abriu um sorriso derretido quando viu a imagem refletida na tela do equipamento. E a garota ainda estava admirando aquela fotografia quando Hunter deslizou os olhos pelo rostinho dela e fez uma pequena pausa antes de murmurar aquela declaração.

- Quando eu estiver por aí tirando as melhores fotos e recebendo prêmios, eu não vou me lembrar de você só porque você me deu a minha primeira câmera, Emily. Eu simplesmente não vou te esquecer porque você também vai estar lá, do meu lado.

Alguns dias atrás, os dois tinham concordado com um relacionamento sério e exclusivo, mas agora aquela declaração de Hunter ia muito além disso. O que Timmons estava dizendo é que ele desejava e visualizava um futuro ao lado de Emily.

Para Hunter, aquilo não era uma aventura e nem um namorico de colégio que ele pretendia descartar depois de algum tempo. Sinclair tinha criado raízes no coração do rapaz, derrubado várias barreiras e feito Timmons conhecer um sentimento que ele sequer imaginou que existisse. Tudo aquilo podia até ter começado como um plano desprezível contra Chad, mas no fim das contas Hunter tinha encontrado algo muito maior e um sentimento muito mais puro e nobre que uma simples vingança.

- Eu quero viver tudo isso com você, ruivinha. Você também faz parte disso e eu com certeza não teria encontrado esse novo caminho se você não acreditasse em mim ou não me apoiasse. Você aceitou o desafio de encontrar uma nova motivação na minha vida e acabou me ajudando a encontrar uma paixão ainda maior que a fotografia. Eu amo você, Emy.

Talvez fosse cedo demais, ou não fosse o momento mais romântico para aquele tipo de conversa. E também existia a chance de Emily se sentir um pouco intimidada diante de uma declaração de amor tão direta. Só que ainda assim o rapaz não estava arrependido por ter deixado aquela confissão escapar. Mas a maneira como Hunter engoliu em seco e o olhar cheio de expectativa com o qual ele encarou a namorada denunciava a ansiedade que ele sentia depois de ter se exposto tanto.

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As palavras que Hunter nunca havia dito para nenhuma garota saltaram facilmente pelos lábios dele, em mais uma grande prova do quanto aquele sentimento era verdadeiro. Era assustador para Timmons se sentir tão vulnerável e expor seus sentimentos daquela maneira. Mas, ao mesmo tempo, Hunter não conseguia mais esconder de si mesmo o quanto Emily era especial.

E talvez fosse exatamente aquilo que a menina precisasse ouvir depois da maneira terrível e distante como o pai a tratou. Diferente do que acontecia com o Sr. Sinclair, com Hunter a menina não precisaria se esforçar ou se humilhar por afeto ou atenção. A declaração apaixonada de Timmons mostrava claramente o quanto ele a valorizava e o quanto Emily era única e especial na vida dele.
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Mensagem por Liberty Bloomfield Ter Mar 26, 2024 8:18 pm

- Não me leve a mal, Libs, mas estou um pouco aliviada em saber que a sua prima não vai se juntar a nós. Pelas fotos que você me mostrou ela parece ser um pouco...

A longa pausa feita pela garota indicava que ela estava procurando uma maneira menos ofensiva de concluir aquela frase. E como o silêncio se prolongou por um bom tempo, o rapaz ao lado de Liberty tomou a liberdade de puxar a palavra para si e finalizar o raciocínio da amiga de uma forma muito mais direta e nada gentil.

- Metida. Esnobe. Fútil. Desagradável. E malvadinha. Essa última impressão pode ser só um reflexo dos cabelos ruivos. Mais alguém aí acha que toda ruiva tem potencial pra se tornar uma grande vilã, do tipo vadia e psicopata?

Em Seattle, não era raro que aquele grupinho de jovens se reunisse para criticar os típicos estereótipos populares. E ninguém poderia condená-los por ter uma opinião tão negativa sobre atletas ou líderes de torcida, afinal todos eles já tinham sofrido na pele algum tipo de bullying ao longo da vida. Garotas como Liberty e suas amigas costumavam ser esnobadas e desprezadas por meninas com a aparência e a posição social de Emily. Assim como rapazes mais nerds ou introvertidos costumavam ter medo que suas cabeças fossem enfiadas dentro do vaso sanitário no colégio e raramente eram incluídos no círculo de amizade dos atletas.

Piadinhas e provocações como aquelas geralmente arrancavam risadas dentro do grupinho de amigos de Bloomfield, mas naquele dia a reação de Libby foi diferente. Ao invés de rir e embalar a conversa com mais alfinetadas venenosas, Liberty exibia um semblante mais sério ao defender a prima. Mesmo que Emily não estivesse presente para se ofender com aquelas críticas, Libby não se sentia nada bem em ouvir aqueles comentários maldosos sobre Sinclair

- A Emy é ótima. Ela tem sido muito legal comigo, isso não é nem um pouco justo.

As duas primas tinham personalidades bem diferentes e Libby não negava que Emily eventualmente podia soar um pouco fútil e egocêntrica em certos momentos. Mas quanto mais convivia com ela, mais Libby desconstruía os preconceitos e mais fácil ficava enxergar as qualidades da garota. Mesmo que elas não gostassem das mesmas coisas, não tivessem as mesmas habilidades e divergissem em várias opiniões, Bloomfield não tinha a menor dúvida de que Emily era uma pessoa admirável e que ela não merecia ser encaixada naquele papel estereotipado de uma líder de torcida esnobe e cruel.

- Tá. – mesmo depois que Libby defendeu a prima, o rapaz ainda não parecia muito convencido – Você diz que o pessoal de Vermont é legal e tal, mas eu estou te vendo aqui sozinha, garota. Nenhum dos seus novos amigos quis te fazer companhia? Isso não me parece um bom sinal. O que você acha, Aimee?

Com uma expressão mais insegura, Liberty olhou por cima dos ombros como se esperasse que Dexter brotasse do chão para calar a alfinetada do outro rapaz. O atraso de Thompson já estava deixando Libby preocupada e mil teorias já começavam a brotar dentro da cabeça dela. É claro que Dexter poderia apenas ter se atrasado na tal loja de suplementos ou se perdido no trânsito caótico de Nova York. Mas Bloomfield estaria mentindo se dissesse que não havia passado pela cabeça dela a possibilidade de Thompson ter desistido da Comic Con e procurado ocupar o seu dia com alguma outra atividade que combinasse mais com ele.

- Dá um tempo, Ryan. – ao notar o desconforto de Liberty, a outra menina partiu em defesa dela – A Libs disse que o tal amigo de Colchester está chegando. O coitado deve estar preso na fila quilométrica da entrada! Ou ele só parou em algum canto pra pegar algum autógrafo...

Um risinho anasalado e descrente escapou de Liberty quando ela tentou visualizar Dexter Thompson interessado em pegar algum autógrafo naquela convenção de nerds. O mais óbvio era pensar que Dexter ficaria um pouco deslocado e totalmente perdido naquele universo que não combinava em nada com o mundinho dele.

Em Seattle, Ryan e Aimee eram os amigos mais próximos de Libby e é claro que ela sentia falta daquela velha dinâmica, das conversas intermináveis e da sintonia daquele grupinho. Assim como ela, Aimee e Ryan também eram um pouco deslocados, estudiosos, nerds e nada populares no colégio.

Baixinha, com os dentinhos proeminentes, alguns quilos acima do peso e nenhuma vaidade ou noção de moda, Aimee com certeza jamais se enquadraria no perfil de uma líder de torcida. E embora ela fosse inteligente e divertida, Aimee definitivamente não chamava tanto a atenção dos rapazes. Ryan até tinha a estatura, o porte físico e os traços bonitos que combinavam com o perfil dos alunos mais populares do colégio. Mas o que acabou empurrando Ryan para o grupo dos “perdedores” foi a sua sexualidade. A masculinidade frágil dos atletas populares jamais permitiria que eles aceitassem um rapaz declaradamente gay no papel de um bom amigo.

Além de Ryan e Aimee, mais alguns colegas de Seattle também estavam em Nova York para a convenção. Enquanto o trio conversava em alguns assentos acolchoados de um stand que expunha livros de fantasia, os outros membros do grupo se espalharam em busca de autógrafos e fotos. Mas não era por nenhum dos colegas que Liberty procurava quando novamente virou a cabeça por cima dos ombros, observando as centenas de pessoas que caminhavam pelo amplo espaço do centro de convenções.

- Hm... – Ryan abriu um sorrisinho malicioso ao notar a ansiedade da amiga e trocou um olharzinho sugestivo com Aimee antes de completar – Não sei não, amiga. Mas eu tô começaaaando a achar que o tal cara que a Libby está esperando é um pouquiiiiinho mais que um simples colega...

- Éééé! – Aimee também embarcou naquelas provocações – Você não para de olhar para trás e já conferiu o celular umas trezentas vezes, amiga. Confesse. Você tá pegando esse cara, não está?

Nem mesmo se quisesse, Liberty não conseguiria sustentar uma mentira depois que as bochechas dela coraram. Os olhos castanhos rolaram com impaciência quando Aimee e Ryan se uniram num divertido coro de “uuuuuuuuh”, mas Libby quis colocar logo um fim naquelas provocações infantis.

- Cresçam! Vocês nunca deram uns pegas em ninguém?

- Como ele é? É do tipo nerd-gatinho ou um nerd-normal? – Aimee fez uma caretinha – Por que eu imagino que não deva ser um cara feio, né? Você não ia bagunçar todo o seu cronograma por causa de um nerd-estranho.

- Bom. Ele não é exatamente um nerd...

- Aaaah, tá. – Ryan soou debochado e descrente – Depois de dizer que uma líder de torcida é legal, você quer que a gente acredite que você tá pegando alguém do topo da cadeia alimentar? É tipo o quarterback de Colchester?

- Ele é exatamente o quarterback da MMU...

Os sorrisinhos irônicos de Aimee e Ryan mostravam que os dois tinham encarado a declaração de Liberty como uma piadinha. Mas quando Bloomfield manteve uma expressão séria, os sorrisos desapareceram dos rostos dos outros dois jovens. Ryan pareceu completamente perdido, então foi Aimee que reencontrou primeiro a própria voz.

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- Nem fodendo, Libs! Você tá pegando o quarterback???

Antes que Bloomfield tivesse a chance de explicar para os amigos o que estava rolando entre ela e o quarterback do novo colégio, um rapaz fantasiado de Flash interrompeu a conversa do trio. Por estar concentrada nos amigos e principalmente por JAMAIS imaginar que Dexter apareceria na Comic Con fantasiado de super-herói, Bloomfield demorou vários segundos até reconhecê-lo. E ela quando finalmente reconheceu o abdome perfeito que a fantasia justa do rapaz não escondia, o queixo de Liberty despencou.

Os olhos castanhos deslizaram pelo rapaz de cima a baixo e, mesmo que Dexter estivesse bem diante dela, Liberty ainda não conseguia acreditar naquela visão. Não era tão anormal assim que as pessoas usassem fantasias naquelas convenções nerd e vários jovens circulavam pela Comic Con usando adereços ou com fantasias completas. Alguns cosplays eram tão bons que passavam a mágica impressão de serem os personagens originais dos filmes e das séries. O que Libby nunca imaginou era que Dexter mergulharia de cabeça no clima do evento.

A calça de Ryan era estampada com vários raios que um fã de Harry Potter reconheceria como sendo uma alusão ao personagem. E o pingente no colarzinho de Aimee era um pequeno Pikachu. No caso de Liberty, ela usava uma calça jeans, uma camiseta lisa e o único detalhe mais nerd na aparência dela era um bonezinho vermelho com o “M” do Super Mario. Então Thompson estava mesmo se destacando no grupo ao ser o único ali totalmente fantasiado, dos pés à cabeça.

- Nãããão... – quem quebrou aquele silêncio constrangedor foi a voz debochada de Ryan – Tá me zoando!? Esse aí é o seu quarterback??? AMIIIIIGA, VOCÊ VAI PRO INFERNO! ISSO É MALDADE! Você mandou ele vir vestido assim só pra exibir o tanquinho onde você está se esfregando, né, vadia!?

- O que??? – Libby finalmente reencontrou o próprio fôlego – Não fui eu que disse pra ele vir vestido assim, Ryan! Dex! – os olhos já grandes de Liberty estavam ainda mais arregalados quando se voltaram para o rapaz – Eu não sei se você entendeu bem como funciona a Comic Con, mas o lance da fantasia era opcional!
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Mensagem por Emily Sinclair Qua Mar 27, 2024 2:24 pm

Hunter Timmons já tinha dito com todas as letras que nunca tinha vivido um relacionamento de verdade, um compromisso exclusivo e sério ao lado de uma pessoa. Emily Sinclair, por outro lado, já tinha vivido tal experiência. Chad Clifford não tinha sido o único rapaz na sua vida, mas tinha sido o namorado por mais tempo, e consequentemente o namoro mais sério que a garota tinha mantido.

Antes de Hunter, Emily já tinha se apaixonado, se entregado a alguém e feito declarações de amor. Apesar dos problemas vividos ao lado de Chad, no começo daquele namoro, Emy acreditava que estava diante do príncipe encantado. Afinal, Clifford era um rapaz atraente, dono de um sorriso angelical, que sabia como mimá-la. Mas as manchas das brigas acaloradas, dos ciúmes e da imaturidade já não deixava dúvidas de que aquele sentimento inicial tinha morrido.

Com Hunter, a situação era oposta. Timmons também era um rapaz atraente e popular, mas seu histórico o colocava em uma posição muito diferente do padrão “Príncipe Encantado”. Ele não escondia a sua falta de interesse em ficar com apenas uma pessoa, ou como seus relacionamentos se resumiam a transas casuais, com total aversão a palavra “namoro”. Desde o acidente, Hunter não levava nada a sério, nem os estudos, nem as garotas, nem mesmo seu futuro. Emily o conhecia desde sempre e sabia que as garotas iam e viam da vida de Hunter sem que ele se apegasse a ninguém.

Mesmo com a imaturidade de Chad, se fosse colocar uma lista de prós e contras, talvez o seu ex-namorado ainda lhe desse mais motivos para ter algum tipo de credibilidade em um relacionamento sério. Mas Emily tinha ignorado a razão e decidido seguir apenas o seu coração quando deu uma chance para Hunter. E para sua grande satisfação, cada dia que passava se transformava em mais um motivo para acreditar que tinha feito a escolha certa.

Hunter não era o típico cara romântico que aparecia com flores, que a levava para encontros previsíveis e que abria a porta do carro como um perfeito cavalheiro. Mas quando os olhos de avelã pousavam em Emily, ela sentia a intensidade daquele amor. Quando Timmons sorria, quando dizia que ela era perfeita, até mesmo a entonação que dizia “ruivinha” já bastava para que Emy se entregasse por completo.

No começo do relacionamento com Chad, Emily tinha acreditado que viveria um conto de fadas. Então era possível que ela estivesse cometendo o mesmo erro ao se iludir por Hunter. Mas a verdade era que Emy sentia em cada célula do seu corpo que daquela vez era diferente. A forma como seu coração respondia sempre que Hunter estava por perto ia muito além da expectativa de viver um sonho. A realidade ao lado dele era infinitamente melhor, mais completa e especial.

Até mesmo a imagem dos dois juntos parecia perfeita, e era isso que Emily contemplava, admirada com a fotografia daquele beijo apaixonado, quando Timmons começou a sua declaração. Um brilho diferente rapidamente se espalhou pelas íris castanhas quando Sinclair ergueu o rosto para encará-lo, e se a ideia de que Hunter enxergava um futuro para os dois já mexia com ela, o rapaz terminou de nocauteá-la ao dizer com todas as letras que a amava.

Era muito cedo. Até poucas semanas antes, Emily e Hunter eram apenas dois amigos que tinham crescido na mesma cidade pequena. Alguns diriam que Emy estava se precipitando ao mergulhar em outro relacionamento pouco tempo depois de ter terminado seu namoro com Clifford, e se levassem em consideração que seu novo namorado era um ex-amigo dele, as coisas se tornavam ainda mais complexas. Só que o tempo não tinha qualquer relevância nos sentimentos de Sinclair.

Era como se uma cortina de fumaça tivesse bloqueado sua visão por muito tempo, e agora que ela tinha se dissipado, Emily era capaz de enxergar Hunter de verdade. E no instante em que os dois se permitiram quebrar aquela barreira, ficou muito óbvio o que sentiam um pelo outro. Emy não estava apenas apaixonada por um rapaz bonito ou se divertindo com uma experiência ao lado de um cara problemático. Ela amava Hunter, em cada mínimo detalhe, em todas as suas qualidades, mas também nos seus defeitos.

Ainda no colo dele, Emily foi incapaz de esconder a surpresa daquela declaração. Seu sorriso derretido aos poucos foi desaparecendo, não porque ela tinha ficado insatisfeita com o que tinha escutado, mas porque era impossível frear aquela surpresa se espalhando pelo seu rosto. A prova disso foi que, enquanto as íris castanhas deslizavam pelo rosto de Hunter como se estivesse vendo o rapaz pela primeira vez, havia um brilho emocionado que ganhava força a cada segundo. A boquinha de Emy acabou se abrindo em um reflexo daquele choque, e não foi para torturar Hunter que os segundos se arrastaram sem que ela conseguisse reencontrar as palavras.

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- Você me ama? - Emily ainda sustentou o olhar diante daquele semblante ansioso de Hunter, mas ela precisava de mais um tempo absorvendo o delicioso impacto daquela declaração até que o sorriso finalmente tomasse conta dos seus lábios. - Qual é o nosso problema, lindinho? Por que nós levamos tanto tempo para enxergar algo que estava bem na nossa frente

Como Sinclair ainda segurava a câmera, foi com cuidado que ela colocou o presente de Timmons de volta na caixa, ao lado dele. E podendo usar as mãos livres, Emy voltou a enlaçar o pescoço de Hunter enquanto se acomodava melhor sobre o colo dele, até que os corpos estivessem colados.

- Eu também amo você, Tim. Nós não podemos recuperar o tempo perdido, mas agora que eu tenho você, nada mais importa. O que nós dois temos... Isso é a coisa mais especial que eu já vivi.

Os dois ainda sustentaram aquele olhar intenso por mais alguns segundos, e foi em uma sincronia perfeita que ambos se inclinaram, procurando os lábios um do outro. Sem pressa, Emily e Hunter deixaram que o beijo seguisse com intensidade, mas se deliciando com cada mínimo movimento, com cada sensação que se espalhava entre eles. O resto do mundo tinha desaparecido enquanto eles se beijavam, pertencendo apenas um ao outro.

Quando as mãos de Hunter apertaram mais a sua cintura, Emily ergueu o tronco, apenas para conseguir deslizar suas pernas até se sentar de frente para ele. Seus dedos afundavam nos cabelos escuros e os arrepios se formavam por todo o trajeto onde Timmons a tocava. Um suspiro mais alto escapou quando Sinclair sentiu o rapaz se levantando por um instante, com ela no colo, apenas para que o seu corpo girasse no ar e finalmente tombasse com as costas na cama.

Sem muita delicadeza, Emy empurrou com o pé a própria mala para abrir espaço sobre o colchão. A câmera nova de Hunter foi a única coisa que os dois tiveram algum cuidado para colocar sobre a mesinha de cabeceira, mas no instante em que não tinha mais nenhum obstáculo, as mãos de Emy se agarraram na camisa do rapaz, puxando-a para cima.

O beijo lento já tinha iniciado com intensidade, mas o clima ficou ainda mais quente quando Emy sentiu o peso do corpo de Hunter sobre o seu. Mesmo com o calor emanando da sua pele, Sinclair e Timmons prolongaram os beijos e as mãozinhas dela deslizavam livremente pelas costas ou sobre o peito exposto do rapaz, até alcançar o cinto que ele usava ao redor da calça.

- Eu tinha feito todo um planejamento para isso, sabia? - Ela sussurrou quando Hunter ergueu um pouco o tronco para encará-la. - Com direito a renda vermelha beeem sexy. Mas você mudou tudo dizendo que me amava...

Apesar do sorriso leve e da tentativa de provocar e implicar com Hunter, aquele brilho emocionado não tinha desaparecido do rosto de Emily. E logo a menina ficou mais séria, sem afastar suas mãos da nuca dele.

- Eu nunca me senti assim por ninguém. Você me tem nas suas mãos, Tim... Eu te amo e sou toda sua.
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Mensagem por Dexter Thompson Qua Mar 27, 2024 3:45 pm

Como um rapaz, era esperado que Dexter Thompson gostasse de super-heróis. Ele não precisava estar mergulhado no universo nerd para gostar de Vingadores ou dos filmes mais populares, regados de ação e efeitos especiais. Mas a verdade era que Dex nunca tinha ligado para esse tipo de entretenimento. Ele assistia aos lançamentos, até gostava enquanto estivesse passando o filme, mas bastava que o letreiro final aparecesse em tela para que o rapaz se desligasse de tudo aquilo.

Definitivamente não era por um gosto próprio que Dexter tinha escolhido uma fantasia do Flash. Aliás, se ele estivesse indo para uma festinha animada da MMU com tema de Heróis e Heroínas, Thompson provavelmente escolheria o Thor ou talvez até o Wolwerine. Mas depois de uma generosa pesquisa, ele tinha chegado a conclusão de que, além de herói, o Flash também era um dos personagens mais inteligentes daquele mundo, um cientista e um entusiasta da tecnologia. Era exatamente o tipo de personagem que Liberty gostaria.

Se em um jogo de futebol, Libby tinha se vestido a caráter e tinha enfatizado tal proeza, Dexter tinha acreditado que também precisava mergulhar de cabeça na experiência da Comic Con. O que Thompson não calculou era que talvez Bloomfield e seus amigos não levasse tão a sério assim aquele lado do evento.

A fantasia era mais justa do que Dexter imaginava e ele se sentia bastante exposto com aquele traje. Mais do que isso, o tecido grudando entre as suas pernas estava se tornando bastante incômodo. Mas até então, Dex estava se misturando ao restante do evento, com tantas pessoas fantasiadas ao redor deles. Foi só depois do olhar de choque dos amigos de Liberty, e principalmente o semblante embasbacado da garota, que uma onda de constrangimento começou a surgir.

- É, eu saquei que era opcional... - Discretamente, Dexter tentou novamente puxar um pouco do tecido grudento para baixo, pela lateral da coxa. - Mas onde mais eu teria a oportunidade de me vestir de Flash, não é?

O que Thompson realmente queria dizer era que ele achou que faria uma surpresa e que Liberty gostaria de ver o quão empenhado ele estava em participar daquele evento e do mundinho dela, tão diferente do seu. Mas sob os olhares atentos dos amigos da menina, Thompson apenas forçou um sorrisinho.

- Então... - Ele pigarreou depois de alguns segundos de um silêncio constrangedor, sentindo os olhares insistentes dos amigos de Libby. - Vocês já viram que tem um Optimus Prime de verdade? Ele vai quase até o teto e se mexe de verdade!

- Aaah, ele não se mexe de verdade. Aliás, a mecânica é até um pouco precária. São sempre os mesmos movimentos e ele só repete seis frases diferentes. Mas como a estimativa é que cada pessoa fique menos de dez minutos para tirar fotos, passa uma impressão bem realista. É uma estatística inteligente para poupar os recursos tecnológicos.

A tagarelice de Aimee despertou em Dexter aquele velho gesto de tombar a cabeça de lado, com uma ruguinha entre as sobrancelhas, mostrando o quão perdido ele se sentia diante daquelas falas. Mas ao invés de constrangido, ele abriu um sorrisinho torto e cruzou os braços diante do peito bem definido.

- Uaaau, se eu fechar os olhos parece até que estou escutando a Libby falando! Vocês saíram do mesmo metaverso, né?

O ar convencido de Dexter era uma mostra do quanto ele se sentia orgulhoso ao poder usar um pouquinho do que tinha estudado. Afinal, metaverso definitivamente não era o tipo de palavra que fazia parte do vocabulário do quarterback. Mas ao invés de soar inteligente, a forma com que Ryan e Aimee se entreolharam mostrava que os dois não tinham entendido bem o que o rapaz queria dizer, afinal aquilo quase soava como uma ofensa.

Quando Dexter e Liberty tiveram um desentendimento nos corredores da MMU, o rapaz também tinha feito um comentário na intenção de soar leve e divertido, mas que tinha sido mal interpretado por Bloomfield. Era como se Thompson estivesse repetindo aquele mesmo erro, como se fosse incapaz de falar a mesma língua dos nerds.

- Então, você é quarterback, Dexter?

Como Ryan tentou iniciar uma conversa, Dex se esforçou para parecer mais à vontade e se espremeu no mesmo lugar que Liberty ocupava. E quando Thompson passou uma das mãos por trás dela, apoiando discretamente na cintura fininha de Bloomfield, Aimee e Ryan acompanharam o movimento como se fossem dois cientistas estudando uma espécie rara.

- Sim, e capitão do time. A MMU tem um dos melhores centros esportivos de Vermon, talvez até da costa leste. Vocês deveriam ir até Colchester qualquer dia desses, tenho certeza que iriam gostar!

A maioria dos jovens odiavam viver em Colchester. Achavam a cidade pequena, pouco movimentada e sem muitas atrações. Mas Dexter tinha aprendido a amar aquele lugar, suas belezas naturais e a paz que encontrava, muito diferente de uma cidade agitada como Nova York ou Seattle.

- Aaah, eu não sei, todas aquelas montanhas não interferem no sinal da internet? Pelo menos já tem fibra por lá?

- Você ficaria surpreso, sabia Ryan? Nunca tive problemas, os meus vídeos do Instagram carregam em uma velocidade surreal! Aliás, vocês tinham que ver o reels que eu criei do último jogo contra Burlington!

Um quarterback popular com um tanquinho perfeito era o estereótipo ideal do cara burro e desmiolado, talvez até arrogante. Até então, Thompson não soava superior ou metido, mas seus comentários também eram bastante rasos para Ryan e Aimee. O que nenhum dos dois amigos de Liberty pareceram notar foi a troca de olhares de Dexter com a garota ao seu lado, já que ele estava apenas fazendo uma piadinha interna sobre o uso de redes sociais. Aquilo tinha virado uma grande questão logo que Dex tinha se matriculado na aula de Tecnologia Avançada, e ao mencionar suas redes sociais, ele estava apenas provocando Libby de maneira leve e divertida.

Depois de algum tempo de conversa, os quatro foram explorar alguns corredores do evento. Quando Dexter andava, sua fantasia fazia um discreto som de borracha estalando, mas ele se esforçou para fingir que aquele ruído não estava vindo das suas pernas e passou um dos braços pelos ombros de Liberty enquanto mantinha a conversa ativa entre Aimee e Ryan.

- Sabe o que é mais legal dessa fantasia? - Ele se inclinou para sussurrar no ouvido de Libby e apontou para o próprio tanquinho perfeitamente marcado. - Isso aqui não é enchimento. Sente só!

Dexter segurou os dedinhos de Liberty e guiou até seu próprio peito para que a menina pudesse sentir a textura fina da fantasia em contato direto com o seu peito quente. E só pelo calor que sua pele emanava, Bloomfield teria certeza que Thompson não estava mentindo.

- Heeey, isso aqui é o Gênio? Cara, eu me amarrava nisso!

Enquanto o grupinho se preparava para seguir até um stand de robótica, Dexter parou diante de um cartaz anunciando um novo aparelho, em um formato arredondado que cabia na palma da mão, com o mesmo software de um Gênio, um aplicativo que adivinhava o que uma pessoa estava pensando com base de perguntas e respostas.

- Ele nunca errava! Sempre acertava quem eu estava pensando. Uma vez o Tim me disse que alienígenas tinham me sequestrado enquanto eu dormia e implantado um chip no meu cérebro. Eu fiquei uma semana sem dormir e quase raspei a cabeça procurando qualquer sinal de cirurgia!

Foi com tanto bom humor e leveza que Dexter compartilhou aquela história que ele não notou os risinhos debochados de Ryan e Aimee. Era mesmo uma história bem absurda e exagerada, mas Dex tinha esquecido de contar que o caso tinha acontecido quando ele e Hunter tinham apenas dez anos, e que ele era apenas um garotinho impressionado que tinha caído na brincadeira de um amigo. Mas para os amigos de Liberty, aquilo só reforçava a imagem de um cara completamente ignorante.

- E os alienígenas encontraram alguma coisa dentro dessa cabeça?

Aimee sussurrou para Ryan em um momento que Liberty se concentrou para olhar no celular qual seria o horário da próxima palestra, mas a forma com que o sorriso de Dex vacilou mostrava que ele tinha escutado aquela alfinetada. Quando as líderes de torcida provocavam Bloomfield, a menina respondia de prontidão, mostrando que não era uma garotinha indefesa esperando virar saco de pancadas. Mas por estar tão acostumado com bajulações, ser tratado daquela maneira ríspida pegou Thompson completamente desprevinido e ele ficou sem reação.

- Isso é o resultado de um puta algoritmo usando uma tecnologia bem simples. - Ryan explicou em uma entonação audível. - Acredita que é tudo em Java?

Apesar do baque da alfinetada de Aimee, Dexter voltou a tombar a cabeça para o lado, com aquele ar confuso, e dessa vez ele não freou a língua, deixando que a pergunta ecoasse para fora da sua boca praticamente no mesmo tempo em que surgia dentro da sua cabeça.

- Mas esse não é do Star Wars?

O questionamento de Thompson soou tão fora de contexto que Aimee e Ryan ficaram completamente sem reação por um longo tempo. E depois de um pouco de esforço, foi Ryan quem tentou compreender a linha de raciocínio do quarterback.

- Você está falando do Jar Jar Binks, de Star Wars? Porque eu estava falando de Java. Sabe, a linguagem de programação...?

Dexter tinha feito muita pesquisa sobre personagens, filmes, livros e tudo o que pudesse ter na comic con para não ficar completamente por fora do assunto dos amigos de Liberty. Mas Thompson tinha lido e escutado tantas coisas em poucos dias que sua mente já começava a embaralhar os temas e nomes. Era um erro completamente inocente, mas a forma com que Ryan e Aimee se viraram para Liberty, estava estampado em seus rostos que eles estavam perguntando: de onde você tirou essa coisinha???
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Mensagem por Hunter Timmons Qui Mar 28, 2024 12:07 pm

Líder de torcida, com curvas perfeitas, uma personalidade forte, traços lindos e os cabelos ruivos incomuns. Emily Sinclair era uma das garotas mais sexys e populares da MMU e, consequentemente, era de se esperar que os rapazes a cobiçassem ou criassem fantasias com ela. Mesmo durante a época em que Emily circulava pelos corredores do colégio de braços dados com Chad Clifford, não era raro que a garota recebesse olhares mais demorados de outros rapazes.

Contrariando todas as expectativas e a sua própria personalidade inconsequente, desrespeitosa e rebelde, Hunter nunca havia se unido ao grupinho de colegas que cobiçavam Sinclair ou que invejavam Chad pela sorte de ter uma garota como aquela em seus braços. A antiga amizade entre Clifford e Timmons era tão sólida, leal e verdadeira que Hunter nunca permitiu que sua mente o levasse naquela direção perigosa. É claro que ele enxergava a beleza de Emily, mas a namorada de Chad era algo inalcançável para Hunter, um fruto proibido cercado por tantas barreiras e obstáculos que o rapaz nunca havia cogitado ou sequer fantasiado com a possibilidade de tocar nela.

Por muito tempo, Timmons respeitou aquelas barreiras em nome da sua amizade com Chad. Mas agora que Hunter finalmente tinha coragem de esticar o braço e encostar no fruto proibido, o maior arrependimento do rapaz era não ter cometido aquele pecado antes. Depois de cruzar aquele limite perigoso, Timmons não queria mais apenas olhar, cobiçar ou tocar no fruto proibido. Não era mais um jogo, um plano de vingança, um tabu ou um desejo que Hunter precisava saciar. Agora ele queria tudo, agora ele a queria por inteiro, agora ele queria amar e ser amado por Emily Sinclair.

Na época em que planejou se vingar de Chad, Timmons obviamente pensou na possibilidade de arrastar a ex-namorada do amigo para a cama. Cruzar aquele limite seria a cereja no bolo que tornaria aquela vingança ainda mais doce e saborosa porque, mesmo se algum dia Emily voltasse para os braços dele, Clifford viveria assombrado pela certeza de que a garota que ele amava já tinha se entregado para um dos seus melhores amigos. Aquela seria uma sombra que os acompanharia para sempre e Hunter adorava a ideia de Chad ter que lidar com aquela humilhação e com aquela insegurança.

No começo, tudo foi cuidadosamente planejado com o único intuito de atingir Chad. Então era bizarro que Hunter não tenha sequer se lembrado da existência do outro rapaz naquela noite. Enquanto tocava Emily, trocava declarações de amor com a garota e via a ex-namorada de Chad se entregar por inteiro para ele, Timmons não pensou em mais nada que não fosse o turbilhão de sentimentos que Sinclair despertava dentro dele.

Não era a primeira vez que as mãos de Hunter deslizavam pelo corpo de uma bela líder de torcida. Também não era inédita para o rapaz a experiência de estar com uma garota sexy, flexível e disposta a se entregar por inteiro nos braços dele. Portanto, o que fazia Emily ser diferente de Pamela ou de qualquer outra garota era o simples fato de Hunter estar apaixonado de verdade por ela. E saber que Sinclair retribuía aqueles sentimentos era o que tornava tudo ainda mais intenso e especial.

As unhas compridas deslizando pelas costas e pelo peito do rapaz arrancavam arrepios intensos de Hunter. Também era absurdamente excitante olhar para os cabelos ruivos da menina espalhados sobre o lençol ou para o brilho refletido pelas íris castanhas de Emily. Mas nada nocauteou o rapaz com tanta potência quanto a vozinha suave de Sinclair murmurando que o amava e que pertencia a ele. Timmons já estava completamente apaixonado por ela, então aquela declaração só serviu para que o rapaz se entregasse e mergulhasse ainda mais fundo naquele sentimento.

Num gesto que já vinha se tornando familiar para os dois, Hunter levou uma das mãos até o rostinho da garota e usou o polegar e o indicador para segurar o queixo dela e para guiar os olhos de Emily na sua direção. E a voz do rapaz soou rouca e embargada pela emoção durante aquela declaração.

- Eu também sou todo seu, ruivinha. Eu te amo demais, Emy.

Aproveitando a posição dos dedos do rapaz, Emily só precisou mover os lábios um pouco para conseguir englobar o polegar de Hunter num beijo mais provocante. E a menina percebeu que tinha atingido o seu objetivo com aquela provocação mais sensual quando viu um sorrisinho torto e travesso surgindo nos lábios do rapaz. Pega de surpresa pela reação dele, Sinclair chegou a arfar no instante em que Hunter quebrou ainda mais barreiras e usou as mãos firmes para se livrar das roupas dela, só se dando por satisfeito depois que o corpo delicado da menina estava coberto apenas pelas peças íntimas.

Pamela não costumava ser muito discreta sobre a sua vida íntima e não era raro que a garota contasse alguns detalhes quando estava com as amigas nos treinos da torcida ou no vestiário feminino. Então Sinclair provavelmente já tinha ouvido a colega comentar que ela só tolerava o comportamento irresponsável e descompromissado de Hunter porque o rapaz era muito bom na cama. E, diferente da maior parte dos rapazes apressados, atrapalhados e que só pensavam no próprio prazer, Timmons de fato era intenso, criativo e generoso com as garotas que passavam pelos braços dele. Mas até o próprio Hunter se surpreendeu em ver o quanto o fato de estar apaixonado de verdade tornava a sua performance ainda melhor.

A pele arrepiada de Emily, os suspiros que escapavam dos lábios dela e a maneira como o corpo da garota se contorcia na cama a cada toque ou beijo do rapaz mostravam claramente que ela não ofereceria nenhuma resistência caso Hunter quisesse ser mais prático e objetivo com aquelas carícias. Mas ao invés de buscar logo pela própria saciedade, Timmons parecia estar se deliciando tanto quanto a menina com as preliminares.

Os dedos dele exploravam cada pedacinho de pele exposta, assim como seus lábios também faziam questão de explorar cada cantinho do corpo da namorada. Alguns beijos quentes foram depositados nas curvas expostas pelo sutiã de Emily antes que Hunter se atrevesse a arrancar aquela peça e a tornar aqueles toques ainda mais íntimos. E Sinclair já tinha deixado escapar alguns suspiros deliciados quando os lábios de Timmons se afastaram dos seios dela até se roçarem numa das orelhas da garota para sussurrarem aquela provocação.

- Você não precisa de uma renda vermelha e sexy para me deixar louco, ruivinha... – o sorrisinho do rapaz se tornou ainda mais malicioso – Não que eu esteja dispensando a experiência. Você vai ter muuuuitas chances para colocar o seu planejamento em prática porque eu NUNCA vou me cansar disso aqui...

Depois daquela pequena pausa, Hunter voltou a se dedicar ao trabalho de explorar o corpo da garota com as mãos, os lábios e a língua. E mais uma vez ele não teve pressa e nem agiu como um garotinho atrapalhado quando retirou a última peça de roupa do corpo de Emily e lançou um olhar mais intenso para a menina antes de mergulhar entre as coxas dela.

Atento às reações de Emily, os olhos cor de avelã se mantiveram fixos nela e Hunter memorizou cada movimento e cada toque que faziam a garota se contorcer mais. E Sinclair já parecia completamente entregue e fora de si quando o rapaz não conseguiu adiar mais a própria satisfação. Depois de deslizar o corpo por cima dela, Hunter apoiou as mãos no quadril da garota e buscou pelo olhar dela enquanto erguia um pouquinho o corpo de Emily para facilitar aquele encaixe.

Sempre que estava com uma garota, normalmente era naquele momento que Timmons fechava os olhos ou tombava a cabeça para trás para se concentrar mais no próprio prazer. Mas com Emily tudo foi ainda mais intenso e excitante porque os dois não conseguiram romper o contato visual enquanto se amavam. E aquela troca de olhares não foi quebrada nem quando Emily e Hunter inverteram as posições e a menina deslizou para cima dele.

Os dedos compridos de Timmons se apoiaram na cinturinha fina de Emily e ajudaram a garota a se mover. Naquela posição e com menos pressão sobre o joelho machucado, Hunter conseguiu se entregar ainda mais ao momento. Com as mãozinhas espalmadas no peitoral do rapaz, Sinclair conseguia sentir o calor e o suor que salpicava a pele dele. Hunter tinha se afastado do basquete e da sua rotina mais rígida de exercícios há cerca de um ano, mas o corpo dele ainda exibia os músculos bem definidos e a barriga reta de sempre. E a menina pareceu ainda mais deliciada quando ousou descer seus dedinhos pela trilha de pêlos no abdome bem definido do rapaz.

Como estavam com os olhos presos um no outro, Hunter e Emily não tiveram a menor dificuldade para encontrarem uma boa sintonia. Os corpos se moveram no mesmo ritmo, os toques e os beijos eram tão bem sincronizados que pareciam ter sido ensaiados. E também foi praticamente juntos que os dois finalizaram aquele momento e se deram por satisfeitos.

Depois de se satisfazer, Hunter costumava inventar desculpas para deslizar para fora da cama e se livrar da companhia da garota. Naquela noite, porém, o rapaz não parecia ter a menor pressa quando Emily tombou sobre o corpo dele, ofegante e exausta. Os braços firmes do rapaz a envolveram carinhosamente e um beijo foi depositado sobre o topo dos cabelos ruivos da menina.

- Tá, mudança de planos. Amanhã nós vamos na convenção dos nerds com a sua prima...

Além de ser uma proposta que Emily não esperava ouvir de Hunter, aquele definitivamente não era o tipo de assunto que nenhuma garota queria tratar logo depois de ter momentos tão íntimos e intensos com um rapaz. Só depois de uma pequena pausa, Timmons abriu um sorrisinho travesso e denunciou a piadinha com uma entonação mais leve.

- Eu preciso saber se algum nerd está perto de concluir a invenção de uma máquina do tempo. Porque temos que ir pro passado e recuperar tudo o que perdemos, Emy. Eu não acredito que nunca fizemos isso antes. Foi a melhor noite da minha vida, ruivinha. Eu te amo demais.
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Mensagem por Liberty Bloomfield Qui Mar 28, 2024 12:07 pm

Passado o susto e a surpresa iniciais, Liberty teve que admitir que era divertido assistir Dexter Thompson circular pela Comic Con vestido como um super-herói. O maior medo de Libby era que Dexter ficasse totalmente deslocado, que não se encaixasse naquele cenário e que detestasse cada minuto do passeio. Mas a fantasia de Flash era a maior prova de que o quarterback estava disposto a viver aquela nova experiência com o coração aberto.

Também era delicioso para Liberty pensar que Dexter estava fazendo tudo aquilo por ela. Simplesmente não existia outro motivo para que Thompson estivesse naquela convenção, com uma fantasia. Tudo o que Dexter tinha lido e aprendido sobre o universo dos nerds servia apenas para que o rapaz conhecesse um pouco melhor o mundinho da novata e para que ele tentasse se encaixar de alguma forma num programa com os amigos de Libby.

Em Burlington, Bloomfield também tinha feito alguns sacrifícios e dedicado um pouco do seu tempo para o futebol apenas para agradar o rapaz, então era gratificante saber que Thompson estava disposto a fazer algo semelhante por ela. Mas, assim como alguns amigos de Dexter enxergavam Libby como uma peça solta que não se encaixava no grupinho dos populares, naquele dia Thompson também sentiria na pele a sensação de estar rodeado por pessoas preconceituosas que não o aprovavam.

Nenhum comentário maldoso foi feito diante de Liberty, mas Ryan e Aimee não se esforçaram muito para disfarçar os olhares de censura ou os risinhos debochados. A cada vez que Dexter parecia perdido, deslocado e sempre que o quarterback cometia alguma gafe, os amigos de Libby não deixavam de notar aquele deslize e trocavam alfinetadas ou expressões irônicas.

Mesmo sem dizer isso abertamente, os comportamentos de Aimee e de Ryan deixavam bem claro que eles não entendiam como Liberty poderia gostar da companhia de um cara como Dexter Thompson. Além de Dex e Libby não terem nada em comum, os dois pertenciam a mundos distintos.

Aproveitando que o casalzinho parecia distraído enquanto Dexter ajudava Liberty a encontrar um funko pop para completar uma das suas coleções, os dois jovens de Seattle começaram a conversar entre si.

- Estou curioso. – Ryan estava com um sorrisinho maldoso quando murmurou perto do ouvido de Aimee, sem tirar os olhos de Dexter e Liberty – Sobre o que será que eles conversam? Você viu aquilo? O cara parece não ter nem uma noção básica sobre programação!

- Conversar? Não seja infantil, Ryan. – Aimee ergueu um dos ombros ao completar de forma ainda mais venenosa – Acho que não rola muita conversa ali. Tá na cara que a Libs tá estressada com toda a pressão do último ano e ela só encontrou uma forma bem interessante de extravasar.

- É, isso a gente tem que admitir. Ele é uma distração e tanto. A fantasia de Flash não tá escondendo muita coisa, né?

Depois de encontrar o produto que desejava, Libby se afastou alguns passos para entrar na fila do caixa e executar o pagamento. E foi nesse momento que as vozes de Ryan e Aimee chegaram até os ouvidos de Thompson.

- Você conhece a Libs. Pra mim está bem claro que ela não está levando esse lance a sério. O que ela ia querer com um cara como ele, Ryan?

- Pra mim ela tá querendo a única coisa que um cara como ele pode dar pra uma garota. – Ryan completou de forma maldosa – Pegação e endorfinas. O tanquinho perfeito e o volume entre as pernas compensam o cérebro de azeitona por um tempo. Mas eu aposto que ela logo vai se cansar de brincar com o macaquinho. Com certeza a Libby vai procurar por um membro mais evoluído da nossa espécie quando chegar na faculdade.

- Prontinho. – ainda distraída com a compra, Liberty se aproximou de Dexter conferindo a sacolinha em suas mãos – O que você quer fazer agora? Vai ter um painel do Universo Marvel em quinze minutos! Deve ser legal!

Dentro do universo nerd, os super-heróis talvez estivessem num dos últimos patamares de interesse de Bloomfield. Libby se empolgava muito mais com tecnologia, com videogames, séries de fantasia ou filmes inspirados em livros. A sugestão da menina foi feita unicamente porque Bloomfield imaginou que aquele seria um programa mais interessante para Dexter (e um universo no qual o rapaz não ficaria completamente perdido).

Mais uma vez, Aimee e Ryan contraíram os rostos em semblantes de insatisfação e trocaram um olharzinho incrédulo e crítico. E foi o rapaz que apontou por cima do ombro, indicando uma direção completamente oposta ao local onde as pessoas já começavam a se aglomerar para assistir o painel organizado pela Marvel.

- Ficou doida, Libby!? Você passou os últimos dias dizendo que queria muito assistir à entrevista do fundador da NetherRealm Studios! Vai começar agora! O cara vai falar tudo sobre os novos lançamentos, as mudanças que eles fizeram nas plataformas e nos gráficos dos jogos!

Aquele era de fato um tema muito mais interessante aos olhos de Bloomfield. Além de gostar mais de games do que de super-heróis, a entrevista certamente abordaria vários detalhes sobre tecnologia e programação que poderiam ser muito mais úteis para a garota. Mas quando Liberty pareceu indecisa e trocou um olhar perdido com Dexter, os amigos da garota logo entenderam qual era o problema.

- A entrevista vai ser irada e a gente não deveria perder isso por causa de um painel idiota, Libs! – Aimee fez uma caretinha – Você sabe que esse lance de super-heróis é só uma bobagem pra atrair grandes patrocinadores. Eles convidam os atores e fazem um circo danado só pra promover os filmes. A Marvel deve estar mesmo desesperada com os últimos fiascos no cinema.

- Bom, a escolha é dela, Aimee. Talvez agora a Libby prefira deixar de lado os assuntos interessantes pra babar no tanquinho perfeito do Thor.

A maneira como os olhos de Ryan deslizaram até a fantasia de Dexter deixava bem claro que não era exatamente ao herói ou ao ator que o interpretava que ele estava se referindo. Aquilo era só mais uma alfinetada sobre as mudanças nas “prioridades” de Bloomfield.

Parecendo alheia às insinuações maldosas do amigo, Liberty apenas rolou os olhos e abriu um sorriso tranquilo, interpretando aquilo apenas como uma implicância saudável entre amigos. E foi com a mesma postura tranquila que a menina se virou para Thompson e deixou aquela escolha nas mãos do rapaz. No fundo, é claro que ela queria acompanhar Ryan e Aimee até a tal entrevista. Mas Libby também estava disposta a mudar os seus planos para que Dexter tivesse uma experiência mais divertida naquele dia.

- O que você acha, Dex? Se você quiser dar uma passadinha no painel, eu vou com você e depois nós encontramos com os dois no fim da entrevista.
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Mensagem por Emily Sinclair Qui Mar 28, 2024 11:27 pm

Se alguém perguntasse para Emily se ela ainda se lembrava da primeira vez que tinha dormido com Chad Clifford, a menina não precisaria fazer muito esforço com a memória para se recordar daquela noite. Como um namorado que se esforçava muito para agradá-la e mimá-la, especialmente no início do relacionamento, Chad tinha planejado uma noite romântica nos mínimos detalhes. Ele e Emily tinham saído para jantar, fizeram um passeio de mãos dadas nas margens do lago e depois seguiram para a casa dos Clifford, aproveitando que os pais do rapaz estavam viajando. Chad tinha lhe dado um par de brincos de presente, montado uma playlist com músicas fofas e criado todo um clima no seu quarto com velas espalhadas por todos os cantos.

Era bem difícil para uma garota não se impressionar com tudo aquilo e talvez Chad merecesse até um prêmio por tantos detalhes adoráveis que trouxeram sorrisos de Emily naquela noite especial dos dois. Mas nem todo o esforço de Clifford foi capaz de proporcionar em Sinclair o que Hunter tinha despertado naquela noite.

Emy já vinha se sentindo preparada para dar aquele próximo passo. Mesmo que seu novo relacionamento ainda fosse um segredo, ela se sentia bastante segura e amada nos braços de Hunter. Definitivamente não faltava atração e desejo, mas era a confiança que Timmons lhe transmitia que dava ainda mais motivos para que Sinclair tivesse certeza do que queria. Diferente de Chad, ela não tinha feito planejamentos longos e românticos, mas a roupa íntima nova e sexy já provava que ela estava decidida. Só que as declarações de amor fizeram com que tudo mudasse e antecipasse qualquer planejamento de Emily.

Sem qualquer planejamento, sem o mínimo do esforço que Clifford tinha feito no passado, Hunter conseguiu levar Emily até o paraíso com muito mais facilidade. E não era apenas pela forma intensa que o corpo dela reagia, pelos beijos quentes ou pela performance acima da média. Era aquele sentimento intenso que os dois tinham descoberto um pelo outro que tornava tudo tão perfeito. Emy até podia estar se apaixonando por Chad quando os dois ficaram juntos, mas seu coração nunca tinha se entregado a ninguém como fazia agora por Timmons.

Os suspiros, a pele arrepiada, a forma com que Emily se contorcia a cada toque ou beijo de Hunter já mostravam o quanto ela estava deliciada com aquele momento. Mas era a intensidade das trocas de olhares que trazia um clima completamente diferente, perfeito, repleto de amor. E mesmo quando seu corpo inteiro se deu por satisfeito, o coração de Sinclair ainda transbordava com aquele sentimento inédito, genuíno e quase inacreditável.

Um sorrisinho preguiçoso surgiu nos lábios de Emily quando ela apoiou a cabeça sobre o peito de Hunter. Sua pele estava úmida e o coração ainda tentava recuperar um ritmo mais lento, mas seu corpo inteiro parecia estar anestesiado e o raciocínio mais devagar enquanto seus pés voltavam a aterrissar no chão.

- O melhor beijo, agora a melhor noite da sua vida... Eu estou começando a me sentir, sabia?

Com os cabelos ruivos completamente desalinhados, Emily conseguia ficar ainda mais adorável. Sinclair era uma garota extremamente vaidosa que sempre escolhia as roupas que valorizavam o seu corpo e que jamais pisava em público sem maquiagem, mas Hunter testemunharia como ela era dona de uma beleza natural e ainda sexy, mesmo com aquele olhar mais preguiçoso.

- A quem estamos tentando enganar? - Ela ergueu o rosto para procurar as íris cor de avelã, e o sorrisinho mais divertido já denunciava a brincadeira. - Você precisou rodar metade do time da torcida para perceber que eu seria a melhor? Achei que fosse tão óbvio, olha só para mim!

Apesar de se conhecerem desde sempre, Hunter sempre estivera focado no seu futuro com basquete para notar a garota linda e atraente que tinha bem ao alcance das mãos. Foi Chad quem percebeu primeiro a oportunidade de ter uma garota como Sinclair para si. Depois que Emy e Chad passaram a se envolver, ficou ainda mais impossível que ela e Timmons se enxergassem como uma possibilidade um do outro. Então os dois sabiam muito bem quais eram os motivos para terem perdido tanto tempo.

Agora que eles tinham ultrapassado aquela barreira, Emily se perguntava como as coisas teriam sido diferentes se, antes de Clifford, seu coração tivesse enxergado Timmons. Mil teorias poderiam passar pela sua cabeça, mas ao invés de gastar energia com o que nunca tinha acontecido, Emy preferiu focar no que eles ainda teriam pela frente.

Depois de erguer um pouco o tronco, Emily apoiou uma das mãos sobre o peito de Hunter e o encarou fixamente, para que ele pudesse ler nos seus olhos a sinceridade das suas palavras.

- Não importa mais o que nós perdemos, Hunter. Agora que eu tenho você, eu não quero mais nada e nem ninguém. O meu coração é todo seu, como nunca foi de mais ninguém. Eu te amo.

***

Foi apenas com um “hmmm-hmmm” que Emily tentou protestar enquanto se encolhia mais sob as cobertas ao sentir o movimento do colchão. Nem mesmo a voz rouca de Hunter soando colada próxima ao seu ouvido fez com que a menina abrisse os olhos, mas depois de um pouco de insistência do rapaz e de uma trilha de beijos no seu pescoço, o arrepio intenso finalmente fez Sinclair despertar.

- Por que está me acordando tão cedo? Eu odeeeeio acordar cedo, lindinho.

O relógio na mesinha de cabeceira mostrava que não era tão cedo assim, mas depois de ter passado boa parte da madrugada acordada, Emily se sentia ainda mais sonolenta e preguiçosa do que o normal. Enquanto ela ainda estava aninhada na cama, Hunter já tinha se levantado, tomado um banho e se preparado para o seu primeiro dia no curso de fotografia. E foi com um olharzinho de interesse que Sinclair o analisou.

- Hm... Você já está indo? - Com o lençol embolado entre as pernas, Emily se sentou na cama. A parte de cima do seu tronco estava protegido por uma camisa preta que ela tinha furtado de Hunter antes de adormecer, e mesmo com a estampa de uma banda de rock alternativo, Sinclair conseguia parecer delicada e bonita. - Eu espero que não tenha modelos seminuas para você fotografar por lá. Você sabe, elas poderiam se sentir um pouco ameaçadas se soubessem a namorada linda, sexy e incrível que você tem.

Depois de ter vivido um relacionamento regado com inseguranças e crises de ciúmes, Emily definitivamente não pretendia ser a namorada que surtava a cada mínima bobeira, então foi com implicância e bom humor que ela fez aquela provocação. Como Sinclair continuava deitada, com os cabelos ruivos espalhados pelo travesseiro e um olhar sonolento, ela abriu um sorrisinho ao assistir Hunter pegando a câmera nova. Ao invés de colocá-la direto no estojo e se apressar para sair, Timmons levou alguns segundos fazendo ajustes e terminou com uma fotografia da namorada.

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- Se você vai começar a criar um álbum meu, nós precisamos chegar em um acordo de que eu só vou posar quando estiver devidamente maquiada! Não vai ser assim que vou intimidar as modelos do seu curso!

Emily ficou de joelhos sobre o colchão e se arrastou até conseguir enlaçar o pescoço de Hunter. Sentir os braços dele ao redor da sua cintura já fazia o seu corpo inteiro se aquecer com as lembranças do que eles tinham vivido durante aquela noite, mas Sinclair conseguiu se conter para que Timmons não se atrasasse naquele grande dia.

- Eu vou aproveitar o dia e ficar um pouco com o meu pai. Mas posso te encontrar no final da sua aula. Nós dois precisamos comemorar! - Com a testa encostada na dele, Emily abriu um sorriso mais doce. - Eu estou muito orgulhosa de você, lindinho. Boa sorte no seu primeiro dia! Não que você precise de sorte, você é o melhor. O meu melhor.
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Mensagem por Dexter Thompson Sex Mar 29, 2024 12:36 am

Colchester era uma cidade pequena, com o ritmo muito diferente de Seattle. Seus prédios eram antigos, o ar era mais puro, não havia grandes atrações, lojas de grandes departamentos e nada muito moderno. Mas Dexter Thompson havia tido a sorte de nascer na área mais nobre, com mansões, cercado de pessoas ricas, com condições de estudar nas melhores escolas. Apaixonado pela paisagem, por tudo o que aquela cidadezinha tinha para oferecer, Dex não era como os amigos, ansiosos para saírem dali e explorarem o “mundo real”.

Talvez Dexter vivesse mesmo em um mundinho privilegiado, um conto de fadas. Ele só podia imaginar como eram as dificuldades vividas por Liberty ou deduzir as diferenças de quem estava acostumado com uma cidade grande e movimentada que deixava tudo para trás para se adaptar no interior. Mas quem poderia julgá-lo, se tudo o que Dex tinha sempre parecia tão fácil, entregue de bandeja nas suas mãos?

Lindo, rico, popular, querido e bajulado. Colchester era um pontinho minúsculo e insignificante para o resto do mundo, mas ali Thompson era praticamente um rei. Seu corpo perfeito era sempre motivo de admiração, mas qualquer um na MMU também poderia facilmente apontar para o seu carisma. E por sempre ter sido tratado muito bem, de braços abertos por quem quer que fosse, foi um grande choque para Dex assistir a reação de Aimee e Ryan.

Antes da chegada de Liberty Bloomfield, Dexter nunca tinha precisado se esforçar para agradar ninguém. Mas Libby tinha causado uma completa reviravolta naquele mundinho pequeno e previsível que Thompson vivia. Era como se Dex estivesse preso em um livro de fantasias, e com Libby, ele tinha contato com algo brilhoso, tentador e real demais. Atraído por aquela luz, Dexter se deixou levar até que fosse tarde demais. Agora, ele já estava completamente apaixonado pela novata.

Dex nunca tinha sido contra o amor ou relacionamentos. Ele só nunca tinha se interessado por ninguém ao ponto de querer viver aquilo. Mas com Libby tudo era diferente. Thompson tinha medo de decepcioná-la, de não ser bom o bastante, de não ser interessante o bastante. Dexter chegou a se contentar com a posição de um simples amigo, se fosse apenas isso que Bloomfield quisesse dele. Então, quando ela também mostrou que o queria, que o desejava e que ficava feliz ao seu lado, Dexter sentiu o seu mundinho de conto de fadas ganhando mais cor e se tornando mais real. Não era apenas uma fantasia tirada de um livro. Ele começava a se sentir vivo de verdade, como um personagem que ganhava o dom da vida através de uma magia poderosa.

Liberty era especial e Dexter estava cada vez mais apaixonado por ela. E Thompson não vinha medindo esforços para agradá-la. Então, na teoria, era apenas a opinião dela que realmente importava. Mas se os amigos de Libby eram importantes para ela, isso significava que também deveriam ser importantes para Dex. Era apenas por isso que o rapaz queria tanto causar uma boa impressão e fazer parte daquele mundo de Bloomfield.

Mas nada daquela experiência estava sendo como Dexter imaginava. No jogo de futebol, Liberty tinha mergulhado de cabeça, torcido, vivido intensamente cada segundo e se entregado ao momento. E Thompson queria fazer o mesmo por ela. O problema era que, não importava o quanto Dex se esforçasse, era como se ele tentasse ao máximo escalar uma imensa montanha, mas nunca conseguisse sair de perto do chão.

Um rapaz acostumado a ser tratado com tantos elogios, no centro das atenções, certamente não encararia bem uma crítica tão dura e cruel como a que ele tinha acidentalmente escutado saindo da boca de Aimee e Ryan. Mas não era por ego que Dexter sentiu como se um balde de água congelante caísse sobre a sua cabeça. Um cara tão popular que era desprezado por nerds não lidaria com a situação de forma tão tranquila, mas ao invés de revidar, de humilhar e “colocar os nerds nos seus devidos lugares”, Thompson só conseguiu se sentir pequeno demais para reagir.

Insegurança não era uma palavra que deveria fazer parte do vocabulário de Dexter. Um cara lindo, atraente, popular e tão bom nos esportes tinha tudo para esbanjar confiança. E Dex realmente não era o tipo que temia algum tipo de masculinidade frágil. Fã de música pop ou ritmos latinos, o tipo de cara que dançava Shakira com uma amiga em uma festa lotada, que cantava músicas julgadas como femininas a pleno pulmões... Dex era muito seguro de si e isso não costumava o limitar. Exceto em alguns aspectos.

Se fosse mesmo tão seguro e confiante, Dexter teria coragem de dizer ao pai que o futebol não era a sua grande paixão e a sua prioridade. Aquilo era importante para abrir as portas para uma boa faculdade, mas não era tudo, muito menos o que ele via para o seu futuro. Também não era só para agradar Justin que Dex se empenhava tanto nos treinos e tinha aquela disciplina invejável. Era porque ele acreditava que aquilo era a única coisa que ele conseguiria se destacar, que conseguiria ser realmente bom. Porque Dexter tinha certeza que se dependesse das suas notas e da sua performance acadêmica, ele não iria tão longe assim.

Quando fizeram os comentários a respeito da inteligência do quarterback, Aimee e Ryan não faziam ideia de que estavam tocando em um ponto extremamente sensível. Mas foi muito além de uma mera insegurança que terminou de nocautear Dexter. Foi escutar que Liberty nunca levaria um cara como ele a sério, que ele nunca teria chance de um futuro de verdade e que a garota só procurava por endorfina ao ficar com alguém como ele, até se cansar e procurar por alguém mais “evoluído”.

Nenhuma daquelas palavras tinham saído da boca de Liberty, mas Dexter precisava admitir que aquela versão se encaixava com muito mais sentido ao que estava acontecendo entre os dois. Além de ser óbvio que Aimee e Ryan conheciam Bloomfield muito melhor e há mais tempo, a própria menina já tinha declarado que a endorfina dos amassos dos dois era ótimo para os estudos.

A primeira impressão que Liberty tivera de Dexter tinha sido a pior possível. Burro, do tipo de cara que tinha o ápice da vida no ensino médio e que teria um futuro fracassado. E na teoria tão bem desenhada dos amigos dela, Libby só tinha se aproximado dele por interesses físicos. Por mais que soubesse como as garotas falavam sobre a sua aparência e os comentários que circulavam na MMU sobre o seu tanquinho, foi a primeira vez que Dex se sentiu como um pedaço de carne sem qualquer valor.

O pior de tudo aquilo era como seu coração estava esmagado dentro do peito, moído e com suas esperanças destruídas. Não era uma simples rejeição de uma garota qualquer. A certeza de que ele nunca seria bom o suficiente para Liberty e que a garota jamais o levaria a sério trouxe um peso enorme para o seu peito, lhe sufocando. Era a primeira vez que Dexter Thompson tinha seu coração partido, porque aquela também era a primeira vez que ele tinha se apaixonado por alguém. Para a grande ironia do destino, seu coração tinha escolhido alguém que nunca o amaria de volta.

O baque foi tão grande que Dexter foi incapaz de disfarçar, mesmo quando Liberty voltou para perto deles. Um nó queimava na sua garganta e ele respirava com dificuldade, se sentindo desnorteado. Foi preciso fazer um esforço sobrenatural para conseguir recolocar a cabeça no lugar e se concentrar na conversa quando Libby colocou nas suas mãos a decisão de escolher o que fariam a seguir.

A verdade era que Dex pouco se importava com super-heróis, tecnologia, computação ou mundos mágicos. Ele era um cara prático que tinha toda a sua rotina focada em treinos e dietas, que gostava de assistir programas culinários com a mãe e se divertir com os seus amigos. Então Thompson só estava ali vestido de Flash, no meio de uma convenção de nerds, por causa de Liberty.

- Ahn, não, não esquenta. - Ao perceber o quanto sua voz soou engasgada, Dexter pigarreou até conseguir soar mais convincente, com um sorriso nos lábios. - Eu sou mais um cara da DC do que da Marvel. Vamos na entrevista, estou ansioso para escutar sobre os gráficos novos.

Era de se esperar que Dexter fizesse tudo para que aquele dia fosse de Liberty, para atender as prioridades dela. Mas daquela vez, Thompson não estava agindo apenas com a intenção de priorizar a garota. E assim que o grupo começou a caminhar na direção da entrevista, Dex colocou em prática o plano que tinha acabado de surgir na sua mente.

O celular dele não tocou de verdade, mas como o aparelho vivia no modo silencioso, ele só precisou fingir que atendia uma ligação. Com um sinal de uma das mãos, ele pediu um minuto para Libby enquanto se afastava com o celular grudado no ouvido. E há alguns passos de distância, Bloomfield conseguiria assistir o semblante preocupado de Dex enquanto ele falava algumas frases curtas. Menos de dois minutos depois, ele voltou para perto de Liberty, e ao menos tinha se recuperado o suficiente do baque para conseguir ser convincente naquela atuação.

- Desculpe, Libby... Era o Hunter. Parece que ele esqueceu um documento importante no apartamento do pai da Emily e está tendo problemas lá no curso de fotografia. Ele já tentou ligar para a Emy, mas ela deve ter saído e não atende. Eu preciso ir até lá levar as coisas para ele...

Naquela hora, Hunter nem deveria estar com acesso ao próprio celular enquanto tinha a sua primeira aula de fotografia. Como Emily tinha dito que passaria o dia com o pai, era de se esperar que ela também não atendesse nenhuma ligação. E Liberty já vivia em Colchester por tempo suficiente para saber que Dexter era o tipo de cara que largaria tudo para ajudar seus amigos, então não era nenhuma surpresa vê-lo abandonar a própria programação para socorrer Timmons.

- Não se preocupe, não tem a menor necessidade de você ir também. Só precisa de uma pessoa para levar os documentos do Tim, não faz sentido você perder o restante do evento por isso. Além do mais, você não vê os seus amigos há tanto tempo, então deveria aproveitar o dia, né?

Dexter tinha ido até a Comic Con por convite de Liberty, mas era óbvio que o evento daquele dia agradava muito mais a menina e que era ela quem estava ansiosa pela programação e principalmente para passar algum tempo com os amigos outra vez, então era razoável o que o rapaz estava propondo. Para Thompson, não seria um imenso sacrifício sair do evento e, entre ele e Libby, a responsabilidade de ajudar Timmons caía muito mais sobre os ombros do rapaz do que dela. Dex sairia para ajudar o seu melhor amigo e Liberty continuaria com os amigos dela. Era apenas uma desculpa para que Dexter conseguisse fugir, mas era também um símbolo perfeito de como os dois sempre estariam em mundos diferentes.

- Aproveite o restante do dia, Libby. Eu cuido do Tim. - Ao invés de um beijinho, de uma piscadela ou do típico “señorita”, Dex apenas se virou para os amigos da garota, forçando um sorriso educado. - Foi um prazer conhecer vocês. Espero que aproveitem.

Foi uma fuga apressada quando Dexter deu as costas para o trio, se enfiando entre a multidão que passava pelos corredores do evento. Como em teoria ele precisava se apressar para ajudar o amigo, seus passos apressados não pareciam tão estranhos assim. Mas no instante em que conseguiu sair do alcance de visão de Liberty, a máscara de Thompson caiu e seu sorriso morreu, dando lugar a um olhar arrasado.

***

O apartamento estava completamente vazio e silencioso quando Dexter se sentou na beirada da cama. Tinha sido um grande desafio se livrar da fantasia do Flash, mas agora era um alívio poder sentir sua pele liberta daquele tecido grudento. De banho tomado, Dex tinha vestido apenas uma calça de moletom, com os cabelos volumosos pingando de leve sobre os ombros nus.

Mesmo depois de tantas horas, com a noite caindo e a bela vista de Nova York diante das janelas amplas, Dexter não conseguia se sentir melhor. Seu peito ainda estava apertado e era como se uma mão invisível estivesse esmagando sua garganta, dificultando a respiração. Cada vez que o rosto de Liberty aparecia nos seus pensamentos, Dex se sentia ainda mais infeliz, porque junto com aquela lembrança, os sentimentos confusos se atropelavam.

A primeira coisa que se espalhava no seu coração era aquele sentimento puro, feliz e genuíno que ele nunca tinha experimentado por ninguém. Pensar em Libby era como uma manhã de natal, familiar, especial e perfeita. Mas agora, junto com aquele amor que Dexter começava a conhecer, ele também sentia o baque da perda. Mesmo que Bloomfield nunca tivesse sido realmente dele, Thompson lidava com uma espécie de luto, o enterro da sua esperança de que um dia poderia viver aquele sentimento por completo, de tê-lo retribuído, de ser insuficiente e incapaz de ter Libby ao seu lado.

Não havia raiva, ressentimento ou qualquer coisa tão negativa contra Liberty. Não era como se Dexter a culpasse de alguma forma. Pelo contrário, se havia alguém para culpar naquela história, ele só podia cobrar de si mesmo. Afinal, Dex sentia que era falta do seu esforço, da sua incapacidade que ele não conseguiria ter Liberty. Inferior, pequeno demais, burro demais. Era tão óbvio que ele não era bom o bastante que agora Dex se sentia um tolo por algum dia ter acreditado ao contrário.

Com os ombros caídos, Dex afundou os cotovelos sobre os joelhos e escondeu o rosto nas mãos, soltando um suspiro longo e derrotado. E por estar tão concentrado na própria infelicidade, o rapaz não notou quando mais alguém se aproximou, até que Liberty anunciasse sua chegada com batidas na porta. Sentado de costas para a entrada, Dexter se virou para trás e sentiu seu coração dando um salto gostoso antes de se afundar na tristeza diante da imagem de Bloomfield.

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- Hey, você já chegou? Achei que o evento terminasse mais tarde.

Foi só então que Dexter procurou pelo celular e conferiu as horas. Mesmo com o céu escuro do outro lado da janela, ele não tinha notado como já estava tarde. Liberty provavelmente tinha ficado até o final, enquanto ele perdia noção do tempo, mergulhado na própria tristeza.

- Caramba, já passou tanto tempo assim? Droga, eu perdi a hora de devolver as fantasias...

Liberty já tinha se surpreendido ao encontrar o quarterback usando uma apertada fantasia de Flash. Mas depois de Dexter mencionar “fantasias”, no plural, ela finalmente notaria os trajes jogados ao pé da cama. O roupão roxo, o chapéu pontudo, uma barba falsa e óculos de plástico estavam dobrados ao lado de uma sacola com o logo da loja de fantasias. E diante da curiosidade de Bloomfield, Dex se sentiu ainda mais constrangido ao fazer aquela confissão.

- Ir de Dumbledore era a minha opção número um. Mas eu achei que você talvez fosse gostar mais do Flash... Eu li que é o herói mais inteligente que tem, meio viciado em tecnologia e ciência.

Era ainda mais constrangedor admitir as motivações para a ridícula fantasia que Dexter tinha usado naquela tarde, mas o rapaz se esforçou para fugir logo daquela situação. Depois de pigarrear, Dex se colocou de pé e caminhou até a mochila, puxando uma camisa e um par de meias limpas.

- Conseguiu assistir toda a entrevista - Dex enfiou a camisa pela cabeça e logo se debruçou sobre o par de tênis largado no canto do quarto, dando continuidade antes que Libby tivesse a chance de responder. - Eu estava indo na academia treinar um pouco, a gente se fala depois, tá?
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