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Mensagem por Liberty Bloomfield Seg maio 06, 2024 10:01 pm

Para alguém tão inteligente e que só precisava de poucos segundos para executar cálculos complexos de cabeça, não era esperado que Liberty demorasse tanto tempo para chegar a uma conclusão tão óbvia. Mas a garota permaneceu calada por longos segundos, deslizou o olhar repetidas vezes pelo rosto de Dexter e ainda precisou fazer uma pergunta para garantir que ela de fato havia compreendido bem o que o rapaz acabava de dizer.

- Você foi atrás do Leonard…? Mesmo depois que eu terminei com você…?

O término do namoro de Liberty e Dexter aconteceu exatamente no mesmo dia em que Leonard deixou Colchester para trás. Depois de assistir a discussão entre Lenny e Thompson, Libby se sentiu pressionada a escolher um dos lados daquela guerra e acabou fazendo a pior escolha da sua vida. Além de dar as costas para um namorado que realmente a amava, Libby depositou toda a sua confiança e as suas expectativas num meio-irmão que tinha se aproximado dela com a pior das intenções.

Thompson tinha saído magoado, ferido e decepcionado daquela história e o mais óbvio era pensar que Dexter se afastaria de Libby e talvez se sentisse até vingado em ver a menina quebrando a cara por ter escolhido Leonard. Ninguém condenaria Dexter caso o rapaz decidisse deixar para trás o seu romance com Liberty, cortar qualquer tipo de vínculo com a ex-namorada e reconstruir a própria vida. A própria Libby imaginava que era esse o plano que tinha levado Thompson a se reaproximar de Debby poucos dias após o término do relacionamento. Por isso agora Bloomfield estava chocada em saber tudo o que Dexter tinha feito por ela, mesmo com os dois estando brigados e separados.

Liberty era arisca e orgulhosa demais para se jogar nos braços de Dexter naquele exato momento. E também era evidente que a aparição de JJ em Colchester não tinha o poder mágico de apagar da memória de Libby as cenas do Halloween. Mas foi notável o quanto aquela história desarmou a garota. Os ombros tensos dela murcharam, sua expressão pesada se suavizou e quase foi possível enxergar alguns tijolinhos caindo do muro que Liberty tinha construído ao redor do seu coração.

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- Você não precisava ter feito nada disso. Eu já disse que não me importava em perder o software. Você não deveria ter se arriscado tanto! Foi uma loucura, Dex! Essa história poderia ter terminado muito mal!

Em nenhum momento Libby pareceu irritada por Thompson ter agido pelas costas dela ou pela interferência do ex-namorado em sua vida pessoal. O que realmente a incomodava era pensar no risco que Dexter tinha corrido ao enfrentar os Wooton. Por sorte, o caminho de Thompson tinha se cruzado com a pessoa mais honesta e gentil daquela família, mas Libby se arrepiava só de imaginar o que poderia ter acontecido com Dexter se ele tivesse enfrentado Leonard ou até o próprio Jeff.

Emocionada com a confissão do rapaz e comovida com o quanto Dex tinha se arriscado por ela, Liberty acabou se deixando levar pelo momento e não se esquivou do toque dele. Bloomfield nem parecia mais se lembrar das últimas crises do casal quando fechou os olhos e tombou a cabeça de lado, fazendo com que a mão do rapaz se encaixasse ainda melhor na lateral do rostinho dela.

Era uma sensação familiar demais. O calor da pele de Thompson, o encaixe perfeito dos dedos dele, a forma como Dexter fazia com que Libby se sentisse amada, especial e protegida. A garota só se deu conta da saudade avassaladora que sentia do ex-namorado quando um arrepio gostoso se espalhou pelo seu corpo ao mesmo tempo em que um suspiro escapava involuntariamente pelos lábios dela.

- Depois de tudo o que aconteceu com o Leonard, a última coisa que eu queria era um Wooton na minha vida… - Libby reabriu os olhos lentamente, ainda sem se esquivar do toque de Dexter - Confiar no Leonard e abrir o meu coração pra ele foi o pior erro da minha vida.

A menção a Lenny fez com que uma cascata de lembranças ruins pipocassem na memória de Liberty. As mentiras do irmão, o roubo do software, a overdose, o término com Dex e, por fim, o flagrante no estacionamento do Pat’s. Era como se o golpe de Leonard fosse apenas a primeira peça que derrubou toda a sequência de um dominó. Então agora era muito difícil para Bloomfield acreditar e confiar em JJ depois de ter sofrido todo aquele drama por causa de Lenny.

E foi a lembrança indigesta da noite de Halloween que fez com que Liberty aterrissasse novamente na realidade. Não foi um gesto brusco, mas a maneira como a menina se encolheu e se esquivou dos dedos de Dexter mostrava que ela ainda não se sentia tão à vontade com aquele toque carinhoso. Tudo o que Thompson tinha feito por ela era um grande gesto de amor e era evidente que Libby havia ficado extremamente afetada e sensibilizada com o gesto do rapaz. Mas isso não significava que a ceninha com Debby seria magicamente deletada da memória de Liberty ou que toda a insegurança, o constrangimento, o asco e a mágoa que ela sentia evaporariam num estalar de dedos.

Ainda parecendo um pouco indecisa e ansiosa, Libby coçou os olhos enquanto andava pelo quarto e tentava organizar todas as ideias, sentimentos e emoções que se misturavam dentro dela naquele momento. Como numa queda de braço, a razão duelava com a emoção e Bloomfield se sentia encurralada, incapaz de tomar uma decisão, petrificada com o medo de cometer novamente um erro tão grave.

Por fim, Liberty interrompeu aqueles passos ansiosos, apoiou as duas mãos na cintura e buscou novamente pelo rosto de Dexter. E o rapaz provavelmente ficaria surpreso em ver Bloomfield tomando uma decisão completamente diferente do erro que ela cometera com Leonard. Dessa vez ela confiaria no julgamento de Thompson.

- Bom, acho que tá na cara que você é muito melhor nisso do que eu. As suas habilidades sociais superam as minhas, você enxerga o melhor nas outras pessoas e você parece conhecer bem o Jeffrey. Então, se você confia nele, eu acho que também devo dar um voto de confiança. E neste caso talvez seja melhor a gente descer logo e evitar que o Tim espalhe o sangue dos Wooton no gramado da tia Hils.

A última frase mostrava que Liberty já estava dando por terminada aquela conversa particular com o ex-namorado. Depois de ter se sentido tão afetada e sufocada de saudades, Bloomfield sabia que era perigoso demais continuar tão perto de Dexter, envolvida por aquele climinha e sentindo o seu coração se derreter por ele. Foi de Bloomfield que partiu a iniciativa de abrir a porta do quarto, mas também foi ela que interrompeu os passos para dizer uma última coisa ao rapaz antes que eles retornassem para o quintal.

- Dexter...? – Libby esperou que os olhos castanhos do ex-namorado pousassem nela para completar com um semblante bastante comovido – Obrigada.

***

- E aí??? – Hunter entrelaçou os dedos e os estalou num movimento bastante ameaçador quando viu Liberty e Dexter retornando juntos para o quintal das Sinclair – O que vocês decidiram? Posso socar ele, Libby? Diz que sim, diz que sim!!!

Ao ouvir o nome de Lenny saindo pela boca daquele desconhecido, Timmons tinha ficado sinceramente furioso e ele estava falando sério ao fazer ameaças contra o rapaz. Mas agora aquele gesto quase teatral e o sorrisinho que Hunter tentava esconder mostravam claramente que ele só estava fazendo uma piadinha para provocar JJ. E foi ainda mais engraçado ver Wooton prendendo o ar dentro dos pulmões, como se ele realmente estivesse com medo do veredicto de Bloomfield.

- Tudo bem, Tim, o Dexter confia nele. Além disso, pelo menos uma festa nesta cidade precisa terminar bem! Eu sei que você se esforça bastante pra organizar os seus eventos, Emy, mas vamos admitir que quase sempre dá merda! Então hoje nada de brigas, discussões, overdoses, flagrantes ou pancadaria, poooor favor!

- Graças a Deus. – JJ finalmente relaxou, mas ele estava um pouco mais sério quando se voltou para a aniversariante – Mas se você preferir, eu posso ir embora e marcamos a nossa conversa para outro dia. É o seu aniversário, afinal.

- Você pode ficar. – Libby ainda se sentia um pouco ansiosa e desconfortável ao ocupar um assento ao redor da lareira, ficando propositalmente de frente para o irmão para encará-lo melhor – Acho que temos mesmo que conversar.

A parte mais carente do coração de Liberty já estava pronta para se entregar, para se iludir e acreditar em tudo o que Dexter falava sobre JJ. Mas depois de cometer um erro tão grave com Leonard, a garota agora preferia ir um pouco mais devagar. Por Thompson, Libby estava disposta a dar um voto de confiança ao filho mais velho de Jeff Wooton e ouvir o que ele tinha a dizer. Mas JJ ainda precisaria se esforçar um pouco mais se quisesse conquistar o afeto da meia irmã.

E mais uma vez Libby teve que admitir que Dexter havia feito a coisa certa ao esconder de JJ o detalhe mais importante daquela história. Afinal, se o rapaz soubesse que existiam laços genéticos unindo os dois, aquela conversa certamente seria muito mais difícil e tensa, recheada de questionamentos e desconfianças. Sem a sombra do sobrenome, da herança e dos erros de Jeff Wooton sobre os dois, JJ e Libby tinham muito mais chances de se conhecerem e se entenderem.

Como obviamente era uma conversa delicada e particular, Emily deu um jeito de dispersar os poucos convidados de forma que apenas Liberty, Dexter e JJ ficaram nas cadeiras ao redor da lareira. Os dois irmãos Wooton estavam frente a frente, separados pelo calor da lareira de pedra enquanto Thompson ocupou um assento ao lado da menina.

- Imagino que o Dex já tenha te atualizado sobre as últimas novidades envolvendo o processo de patente, não é? Não foi fácil, mas nós vamos conseguir reverter o registro inicial com o nome do Lenny. E eu realmente sinto muito por tudo isso, Liberty. Quer dizer, eu passei a minha vida inteira tentando apagar incêndios e consertando as cagadas do meu irmão, mas dessa vez ele foi longe demais. Eu não entendo por que você não envolveu a polícia no caso. O que ele fez contra você foi um crime. Aliás, uma sequência de crimes!

- Eu não queria me envolver num escândalo. – a resposta vaga de Liberty obviamente escondia a principal razão para que a menina não quisesse o nome dela associado ao dos Wooton numa manchete escandalosa – E eu também sabia que não tinha chance de vencer um Wooton no tribunal, seria uma grande tolice perder tempo e dinheiro com isso.

Depois de tantos dias se comunicando com Dexter, JJ já conhecia um pouco sobre a rotina e o passado de Libby. Então não era difícil acreditar que uma mocinha pobre e humilde estava com medo de declarar uma guerra contra o filho de um dos grandes gênios da tecnologia do país.

- Eu jamais pediria a você que abrisse mão do seu direito de denunciar o meu irmão. Mas eu preciso admitir que estou aliviado em ouvir isso. O Lenny sempre foi muito problemático e dessa vez ele ultrapassou todos os limites. Mas ele é o meu irmão, entende?

O coração de Liberty se comprimiu dentro do peito e aquele desabafo de JJ fez com que a menina desejasse mais do que nunca aquele amor puro e incondicional que ele parecia sentir por Lenny. Era difícil prever se JJ seria capaz de amar uma filha ilegítima do pai com aquela mesma intensidade, mas só aquela possibilidade já foi o bastante para fazer Libby se sentir emocionada. Por notar o quanto a ex-namorada estava afetada, Dexter deslizou a mão discretamente para o lado até segurar os dedinhos dela, numa clara tentativa de transmitir um pouco de apoio à menina.

- Mas enfim. Você pode confiar em mim, a situação da patente já está praticamente resolvida e em breve o seu nome estará registrado na documentação. Pode apostar que eu também vou ter uma conversa muito séria com o Lenny depois que tudo se resolver. E você também pode contar comigo se precisar de qualquer coisa, Liberty. Eu estou realmente muito disposto a reverter todo o mal que o meu irmão te causou.

- Alguns estragos que o Leonard causou não tem mais solução, Jeffrey. – Libby não citou o nome do ex-namorado, mas a maneira como ela afastou os dedinhos passava a nítida impressão de que aquele tom derrotado se referia ao fim do namoro com Dexter – Mas sim, tem mais uma coisa que você poderia fazer para consertar a situação. Eu preciso de um advogado. Um dos bons.

Por um momento parecia que Liberty estava pensando em si mesma e no processo de reconhecimento da patente. Mas, para a surpresa de Wooton, a aniversariante apontou para o rapaz que circulava do outro lado do quintal das Sinclair.

- O meu amigo Hunter acabou assumindo a culpa pela posse das drogas para evitar que eu me ferrasse. Mas aí ele acabou se ferrando e ele não tem grana pra pagar um advogado.

- Tá. Eu vou ignorar que o grandão ali me ameaçou e me fez borrar as calças e vou passar o contato de um advogado de confiança pra ele. Tudo por minha conta. – a expressão de JJ se suavizou antes daquela conclusão – A sua prima preparou uma festa surpresa do jeitinho que você queria. O seu ex-namorado está se desdobrando e fazendo TUDO pra recuperar o seu software. O seu amigo assumiu um crime que ele não cometeu só pra te ajudar... Você deve ser mesmo uma pessoa muito especial. Os seus amigos te amam muito, né?

- É. Eles não são muitos... – foi com um sorriso doce nos lábios que Liberty deslizou os olhos pelo quintal – ...mas são os melhores.

- Bom, eu sei que soou como uma piada, mas estou realmente preocupado com a possibilidade de ter sujado as calças. Onde fica o banheiro? – JJ se levantou enquanto Libby explicava a direção que ele teria que seguir até o banheiro do primeiro andar – Eu já volto.

Ao mencionar todo o esforço que Dexter tinha feito para ajudar a ex-namorada, JJ já deu um pequeno empurrãozinho para ajudar o amigo na difícil tarefa de reconquistar a garota. E Wooton deixou ainda mais claro que aquele era o plano quando, ao se afastar do casalzinho, ele fez um sinal sugestivo para Thompson, apontando na direção do embrulho deixado numa das cadeiras vazias. Se Liberty já estava começando a quebrar as suas barreiras contra Dexter, o presente especial escolhido pelo rapaz poderia ajudar a derrubar mais alguns daqueles tijolinhos. E JJ saiu de perto justamente para que Dexter tivesse mais privacidade e mais uma chance de surpreender Bloomfield naquela noite.
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Mensagem por Hunter Timmons Ter maio 07, 2024 9:15 am

Próximos à mesa onde Dexter havia deixado o bolo de aniversário, Hunter e Emily estavam lado a lado, com os braços cruzados e os olhares atento ao trio de jovens que conversavam perto da lareira. Dali não era possível ouvir o que Liberty, Thompson e Wooton falavam, mas Timmons e Sinclair vigiavam cada gesto ou mudança de expressão da aniversariante. Como dois seguranças, eles pareciam prontos para interferir ao menor sinal de que a amiga não estivesse se sentindo bem com aquela situação delicada.

Mas não foi isso o que aconteceu. Por mais que Bloomfield parecesse um pouco ansiosa com a presença do meio-irmão, a conversa parecia estar fluindo bem. Em nenhum momento Liberty se mostrou angustiada ou pareceu ficar abalada com as palavras de JJ. Pelo contrário, a expressão no rostinho dela foi se suavizando ao longo da conversa e era evidente que Dexter estava conseguindo administrar bem aquele primeiro contato entre os irmãos.

Boa parte da fúria que se apoderou de Hunter ao ouvir o nome de Leonard Wooton já tinha se dissipado. Diferente do irmão mais novo, JJ não parecia ser ácido, maldoso ou encrenqueiro. Thompson já conhecia bem o filho mais velho dos Wooton e parecia confiar nele, portanto não parecia existir nenhum motivo para chutar JJ para longe de Liberty naquele momento. E a certeza de que a amiga estava segura permitiu que Hunter relaxasse e conseguisse desviar um pouco o foco para longe da aniversariante.

E como sempre acontecia em todas as vezes em que Hunter relaxava ou deixava os seus pensamentos fluírem naturalmente, era para Emily Sinclair que todos os seus instintos se voltavam. Como a ruiva ainda estava atenta e concentrada na conversa de Libby com o irmão, inicialmente Emily não pareceu notar quando o rapaz ao seu lado virou a cabeça de leve em sua direção.

Nenhum homem conseguiria ser indiferente à imagem estonteante que Emily exibia naquela noite. O vestidinho curto e justo não escondia as curvas perfeitas do corpo dela. Os saltos davam a Sinclair uma postura mais altiva e elegante e deixavam o quadril dela ainda mais empinadinho. As unhas compridas e bem pintadas, a maquiagem forte e impecável, os cabelos ruivos, o perfume marcante. Tudo em Emily era perfeito. Sinclair era uma moça naturalmente bonita e ela parecia saber exatamente o que fazer para se tornar ainda mais sexy, sensual e irresistível.

Hunter já tinha dito várias vezes o quanto gostava de ver Sinclair usando vermelho e parecia ser coincidência demais que a menina tivesse escolhido aquela cor “por acaso”, sabendo que encontraria Timmons naquela noite. Também não foram poucas as vezes em que Hunter elogiou o perfume que Emily usava naquela noite ou comentou como era gostoso ser arranhado pelas pontinhas das unhas compridas da menina. Naquela noite, em especial, Emily parecia ter escolhido cuidadosamente todos os detalhes do seu visual para enlouquecer ainda mais o ex-namorado.

Só que a admiração que ela despertava em Hunter ia muito além do desejo que qualquer rapaz sentiria olhando para ela. É óbvio que Timmons sentia o corpo mais quente só de deslizar os olhos pela ex-namorada naquele momento, mas não era só o rostinho bonito, a roupa sexy ou as curvas perfeitas de Emily que faziam Hunter se derreter por ela. Ele tinha se apaixonado também pela essência de Sinclair.

A fidelidade dela à prima era algo admirável. Naquele momento, Emily assistia a cena que se desenrolava do outro lado do quintal como uma leoa, pronta para atacar e salvar Libby ao menor sinal de que a amiga precisava de ajuda. Quem olhasse apenas para a aparência de Sinclair poderia pensar que ela era só mais uma líder de torcida fútil e egocêntrica, mas Hunter sabia melhor do que ninguém como Emily às vezes se anulava pelos outros, deixava as suas próprias prioridades de lado e se esforçava para que todos ao seu redor ficassem felizes.

A festinha de aniversário de Libby era só mais um exemplo do que Emily poderia fazer por um amigo. Mesmo que Sinclair estivesse no meio de uma grande crise pessoal e passando por um péssimo momento em sua própria vida, Emily ignorou os seus problemas e não permitiu que aquela data especial para Libby passasse em branco. Bloomfield estava longe da mãe, infeliz e se sentindo insegura e desprezada, mas naquela noite Emily se esforçou para mostrar à prima que ela era amada e que ela não estava sozinha em Colchester.

Até a obsessão de Emily para que tudo fosse perfeito nos eventos que ela organizava refletia um traço positivo da personalidade dela. Ao contrário do que todos pensavam, Sinclair não era uma maluca perfeccionista que gostava de sair por aí dando ordens aos amigos. Ela era determinada, criativa, tinha um espírito de liderança nato e só queria garantir que todos ficariam felizes e satisfeitos. Para Emily, uma festa ou um evento social não era apenas uma comemoração ou uma desculpa para buscar um pouco de diversão. Sinclair levava os seus eventos tão a sério porque ela enxergava cada um daqueles momentos de união entre as pessoas como uma oportunidade para que todos se aproximassem, para que laços de amizade se fortalecessem, para que novos amores surgissem, para que vidas fossem transformadas.

E Hunter parecia ser a primeira pessoa que enxergava tudo aquilo por trás da imagem que Emily exibia para o resto do mundo. Sinclair não era a primeira garota atraente e popular que caía nos braços de Timmons, então só a beleza e as curvas de Emily não explicavam porque ele tinha se apaixonado tão perdidamente por ela. O que realmente fez com que Sinclair entrasse no coração do rapaz foi aquele outro lado mais nobre da personalidade dela, a maneira como ela se esforçou para ajudá-lo a reencontrar uma nova paixão na vida, a luz que Emily trouxe para a escuridão que existia dentro dele.

- O Dex é um grande filho da puta, não é?

O comentário soou apenas para os ouvidos de Sinclair e arrastou a menina de volta para a realidade. Emily lentamente afastou os olhos do trio que conversava perto da lareira externa e se focou no rapaz ao seu lado. E, apesar do xingamento, o semblante suave no rosto de Hunter mostrava que ele não estava sinceramente irritado com o melhor amigo.

- Ele gosta de sair por aí dizendo que é burro, mas aquilo ali... – Timmons apontou na direção dos irmãos Wooton – Aquilo ali foi uma jogada de mestre. O cara é genial.

Como Emily não parecia estar acompanhando o raciocínio do ex-namorado, Hunter foi um pouco mais direto e específico nas explicações.

- Ele acabou de tirar da manga uma carta que pode mudar o jogo inteirinho. A derrota dele era quase certa, mas agora ele acabou de jogar na mesa uma carta que pode mudar totalmente os rumos do jogo.

Além de dar à Libby uma chance de ter o irmão e a família que a menina desejava desde a infância, Dexter também estava mostrando para a ex-namorada o quanto ele ainda a amava e o quanto ele tinha se esforçado para ajudá-la mesmo na época em que os dois estavam separados. Bloomfield era uma jogadora arisca, inteligente e habilidosa, mas até mesmo a personalidade mais arredia dela já dava sinais de que acabaria cedendo depois daquela cartada genial do ex-namorado. Afinal era simplesmente impossível não ficar emocionada e comovida ao saber tudo o que Thompson vinha fazendo por ela.

Sem tirar os olhos de Emily, Timmons assumiu um semblante mais intenso e significativo enquanto deixava que aquelas palavras escapassem pelos lábios dele num tom mais rouco.

- Eu confesso que estou com inveja do Dex. Eu também queria ter uma carta poderosa escondida na manga. Eu também queria encontrar uma maneira genial e infalível de mostrar pra você o quanto eu te amo, Emily. Eu faria qualquer coisa pra ter você de volta.

Nos últimos dias, Emily já vinha lidando com um rapaz insistente que não conseguia aceitar um “não” como resposta. Chad se aproveitou da fragilidade de Sinclair e forçou tanto a barra que acabou vencendo Emily pelo cansaço. Mas aquela não foi exatamente uma vitória para nenhum dos dois. A única coisa que Clifford conseguiu foi ter em seus braços uma garota que não se sentia à vontade e que não foi capaz de se entregar de corpo e alma para ele. E, quanto a Emily, aquele fiasco com Chad só serviu para reforçar ainda mais que o seu corpo e o seu coração desejavam outro rapaz.

O discurso de Hunter naquela noite teoricamente até poderia se parecer com as investidas insistentes de Chad, mas era o clima entre os dois que mudava completamente o contexto. Naquele momento Timmons definitivamente não era um cara que forçava a barra ou pressionava Emily para que a menina cedesse aos seus apelos. Hunter estava apenas se lamentando por ter perdido aquela guerra, por não ter encontrado uma carta na manga ou uma arma poderosa que pudesse virar o jogo ao seu favor.

Porque, na cabeça de Timmons, a guerra já estava perdida e o seu exército tinha sido derrotado. Pouco importava se Sinclair ainda o amava. Se a menina estava tão decidida a não dar mais uma chance para os dois, era o fim e Hunter não podia fazer mais nada para evitar aquela derrota amarga.

E a maior prova do quanto aquela batalha parecia já perdida era o fato de Emily ter voltado para os braços de Chad. Qualquer mísera esperança que ainda insistisse em sobreviver dentro do coração de Hunter acabou morrendo no instante em que Liberty deixou escapar que a prima tinha dormido na casa dos Clifford na noite anterior.
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Mensagem por Emily Sinclair Ter maio 07, 2024 5:55 pm

Vivendo sob o mesmo teto, com os laços de amizade estreitos, Emily e Liberty sabiam que ambas tinham sofrido imensas decepções, que estavam magoadas, confusas e com seus corações partidos. As duas primas ainda amavam seus respectivos ex-namorados, ainda sofriam com a separação e ainda carregavam os traumas do que tinham vivido.

Ao lado de Claire, Emy nunca tinha vivido uma verdadeira relação de irmãs, porque as duas viviam em guerra e nunca podiam contar uma com a outra, então era ao lado de Libby que Sinclair conhecia aquele sentimento de fraternidade pela primeira vez. Como uma verdadeira irmã e amiga, Emily sabia se colocar no lugar de Bloomfield, entendia o sofrimento dela e se colocava completamente ao lado da menina.

Com uma personalidade mais arredia, cheia de traumas e a autoestima ferida, Liberty tinha todos os motivos do mundo para se sentir tão magoada com Dexter, em não conseguir se esquecer da cena grotesca que tinha testemunhado. Mas a situação de Bloomfield e Thompson era muito diferente do que Sinclair tinha vivido.

Dexter tinha errado, tinha causado uma profunda dor em Liberty e era impossível julgar a garota que continuava presa naquele asco provocado pelas lembranças. A irresponsabilidade de Dexter, seu ato impensado tinha custado caro e agora ele estava lutando para conseguir recuperar o amor e a confiança da garota que ele tanto desejava. Mas a principal diferença estava em um único detalhe: Dex não tinha pensado. Ao contrário de Hunter, que tinha arquitetado e sustentado um plano de vingança, usando a garota que ele amava.

Hunter não tinha só mentido e enganado. Ele tinha manipulado Emily em dezenas de situações, tinha usado o corpo e os sentimentos dela, exposto a menina diante de outra pessoa em um momento íntimo de vulnerabilidade. O amor que Sinclair sentia por ele se recusava a morrer, cada célula do seu corpo ainda implorava por Timmons, mas como ela conseguiria voltar a se entregar a ele, voltar a confiar em alguém que tinha sido tão frio e manipulador?

Quando estava ao lado de Hunter, era difícil conseguir administrar todos os sentimentos e pensamentos que se atropelavam. E dizer que Emily se sentia confusa era um grande eufemismo. Ela estava completamente perdida, lutando entre a razão e aquela insana necessidade de estar nos braços de Timmons outra vez.

Naquela noite, além de toda mágoa e decepção, Emily ainda tinha outros motivos para se manter longe de Hunter. Ela tinha decidido dar mais uma chance a Chad, os dois tinham passado a noite anterior juntos e por mais desastrosa e fracassada que tivesse sido, ainda existia um compromisso entre os dois. O problema era que, ter Timmons tão perto terminava de nocautear Sinclair.

A experiência ao lado de Clifford tinha sido desconfortável, incômoda e insatisfatória. Emily tinha falhado de todas as maneiras possíveis, fosse no desejo do próprio corpo ou no principal objetivo, de tentar superar Hunter. Mas o que realmente parecia era que se forçar a estar com outro cara para esquecer Timmons só tinha intensificado aquilo que ela tanto tentava abafar.

Presa naquele conhecido magnetismo, Emily não conseguiu quebrar o contato visual. E algo parecido com o que tinha acontecido na sala da maquinaria do Pat's voltou a surgir entre eles. Por um instante, parecia que tudo se resolveria, que todos os problemas seriam superados e que eles conseguiriam dar mais uma chance para aquele sentimento. Sem a interrupção de ninguém, Sinclair se viu envolvida por aquela fantasia tentadora.

- Eu também queria que você tivesse essa carta poderosa, Hunter. Eu queria muito poder voltar no tempo e me jogar de olhos fechados em tudo o que eu sinto por você. Porque parece que eu vou enlouquecer a qualquer momento, por cada minuto que você não está comigo...

Era difícil acreditar que tudo tinha sido só um plano de vingança e que Emily não tinha significado nada para Hunter com os sinais que a menina vinha recebendo. Timmons até poderia ser um mestre em arquitetar e manipular as situações, mas ele não tinha motivos para continuar iludindo Sinclair. Mesmo que Emy tivesse voltado para Chad, Hunter já tinha marcado a história do casalzinho de forma irremediável, então a única explicação para que ele ainda se declarasse apaixonado por ela era porque aquilo era verdade.

E a saudade estava corroendo Emily por dentro que ela sentia mesmo que estava muito perto de enlouquecer. A intensidade do que sentia por Hunter sempre tinha sido algo desproporcional, acima de qualquer coisa que Emy já tivesse vivido. E agora era como se a mente e o seu coração estivessem entrando em abstinência. Sinclair não queria só o toque urgente dele ou os beijos de Timmons. Ela precisava que a sua pele se arrepiasse nos braços dele, mas mais do que tudo, Emily não sabia até quando conseguiria suportar não receber aquele olhar carinhoso, derretido e apaixonado enquanto os dois se amavam.

Com os olhos brilhando, sem quebrar o contato visual e com a respiração ficando cada vez mais ofegante, Emily se esqueceu por um instante de onde estava, de que eles não estavam sozinhos e até mesmo da existência de Chad. Era como se Timmons tivesse um poderoso magnetismo que a fazia se desconectar do restante do mundo para se conectar apenas com ele. Sinclair chegou a se inclinar na direção do ex-namorado, mas era difícil prever se ela teria coragem de se aproximar ainda mais dele quando o olhar da menina conseguiu desviar alguns centímetros para o lado e notou a presença de outra pessoa.

- Deus do céu, eu tinha esquecido completamente que o Martínez ainda estava aqui. - Com as bochechas quentes e ainda sentindo o coração descompassado, Emily recuou um passo e cruzou os braços. E como parecia um pouco óbvio que ela estava tentando fugir de Timmons, a menina soltou um suspiro antes de se explicar. - Eu disse que hoje seria sobre a Liberty, Hunter. É melhor eu entrar e ver se minha mãe precisa de ajuda com o jantar.

***

- Então... Nenhuma menina? Nenhumazinha? Eu estou criando duas adolescentes nessa casa e na primeira oportunidade você enche de testosterona?

- Por que está falando como se a culpa fosse minha??? - Emily soou sinceramente ofendida enquanto terminava de enfileirar os pratos na mesa. - São amigos da Libby! Se a festa fosse minha, estaria lotada!

- E o Timmons? - Hilary se inclinou perto da filha para sussurrar. - Achei que já tivéssemos superado essa fase, Emy!

- De novo, a culpa é da Libby! Vai reclamar com ela, porque os dois estão super amiguinhos agora. Aliás, ex-namorada do Dex e amiga do Tim? Tá explicado porque nenhuma outra garota gosta dela, a Libby come pelas beiradas.

- Como é que é? A Liberty e o Timmons?

- Relaxa, mãe. Eles são amigos. Grandes amigos, por sinal. - Emily interrompeu a sua tarefa de preparar a mesa e apoiou as mãos na cintura. - E pare de reclamar, por que é tão difícil para todo mundo entender que hoje é para a Libby ficar feliz?

Emily parou de falar depois que a porta da cozinha foi aberta e alguns dos convidados entraram. Apenas Dexter e Liberty tinham continuado na área externa, mas os outros três rapazes vieram para a parte mais aquecida da casa. Martínez prontamente mostrou que era um rapaz educado ao se apresentar para a tia de Emily e se oferecer para ajudar nas tarefas, e JJ soou gentil e prestativo enquanto se mostrava interessado na cultura de Colchester e no que aquela pequena cidade tinha para oferecer. Não foi nenhuma surpresa ver que Timmons foi o único que nem se esforçou a ser gentil ou atencioso com a mulher que lhe desprezava.

- Você quer alguma coisa para beber? - A voz de Emily só soou depois que Hilary, Michael e JJ seguiram até a sala de jantar e ela ficou a sós com Hunter na cozinha. - Acho que eu precisaria de uma vodca depois de todo esse drama. Ou tequila. Ou absinto! Mas a minha mãe só comprou suco e o chá gelado que a Libby gosta, então qualquer bebida alcoólica só vai rolar depois que ela for dormir.

Mesmo sem esperar pela resposta de Hunter e se sentindo agitada por sentir o perfume dele tão próximo, Emily virou de costas para pegar um copo no armário superior e estava se voltando para a geladeira quando Timmons parou na sua frente.

- Você ainda está brincando comigo, não está? - Emily fechou os olhos quando se sentiu inebriada pelo perfume dele. - Você sabe que não precisa fazer nenhum esforço para me ter nas mãos.

Apesar da proximidade, Hunter não a tocou em momento algum. Pelo contrário, quando Emily ergueu as pálpebras, foi ela quem tomou a iniciativa de tocá-lo, se deixando levar pela vontade de deixar seus dedos deslizarem pela tatuagem que ele agora trazia na mão. O polegar dela percorreu todo o traçado e o suspiro que Sinclair deixou escapar mostrava o quanto ela estava afetada.

- Agora não. Eu não quero tirar o foco da noite da Libby com mais uma dose dos nossos dramas, Hunter. - Os olhos castanhos deslizaram da tatuagem até as íris de avelã, e Emy mordeu o lábio inferior em um sinal de hesitação apenas por um segundo. Mas quando ela retomou a palavra, havia uma expectativa, como se tivesse acabado de receber uma dose de adrenalina. - Mais tarde. Eu prometo que procuro você.
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Mensagem por Dexter Thompson Ter maio 07, 2024 5:56 pm

O sorrisinho de Dexter era discreto, apenas no cantinho dos lábios, mas era o brilho potente no seu olhar que mostrava o quanto ele tinha ficado satisfeito com o que tinha acabado de presenciar. Um rapaz mais egoísta e interesseiro estaria encarando aquilo como uma gigantesca vitória pessoal, afinal aquele encontro entre os dois irmãos só tinha acontecido por intermédio dele. Mas Dex era incapaz de encarar aquele momento como algo sobre ele.

O que trazia aquela euforia dentro do seu peito, o que realmente despertava uma gigantesca felicidade era ver que Liberty e JJ pareciam se dar bem logo no primeiro contato. Daquela vez, era Bloomfield quem tinha uma vantagem sobre o seu relacionamento com um Wooton, mas não era a intenção dela e nem de Dex que eles enganassem ou manipulassem Jeffrey Junior. Eles só precisavam conhecer o Wooton mais velho sem todas as barreiras e preconceitos que a dramática história de Bloomfield trazia.

A gritante diferença entre Leonard e JJ estava escancarada. Mais maduro, inteligente, sem piadinhas desagradáveis, era óbvio que o Wooton mais velho passava mais credibilidade. E dentro de si, Dex se sentia privilegiado em poder assistir a interação entre Libby e ele pela primeira vez, poder ver como ele era capaz de ser gentil e se mostrar interessado por ela e como aquele relacionamento tinha tudo para dar certo em um futuro muito próximo.

O olhar de Thompson ainda acompanhou JJ enquanto ele se afastava no quintal, e só depois de ter certeza que ninguém mais escutaria, o rapaz tomou a palavra, assumindo uma posição mais relaxada no banco ao se recostar e passar um dos braços pelo encosto.

- E aí? Ele é legal, não é? Meio esquisitão, careta e tal... Mas eu prometo que o JJ consegue ser engraçado quando quer.

A atenção de Dexter se desviou do pontinho onde JJ tinha se afastado até se voltar para a garota ao seu lado. E dessa vez seu sorriso se tornou mais amplo ao notar que o semblante dela estava mais leve e até um pouquinho esperançoso. Havia uma parte dentro de Thompson que estava congelando de medo ao imaginar que aquela jogada pudesse dar errado e que no final ele acabasse machucando Liberty ainda mais, mas naquele momento ele realmente não tinha nenhum motivo para duvidar da sua intuição e dos interesses de JJ.

- Será que agora podemos finalmente ir para a parte interessante?

Sob o olhar confuso de Liberty, de alguém que duvidava muito que pudesse ter algo mais interessante do que a visita surpresa de mais um dos seus irmãos, Dexter só precisou se inclinar para trás e alcançou a sacola onde tinha trazido seu presente. A caixa era grande e um pouco pesada, mas tinha sido devidamente embrulhada em um papel colorido e bonito, junto com um laço chamativo em uma das pontas.

- Feliz aniversário, Liberty.

As prestações de um computador de última geração certamente comeriam toda a mesada de Dexter pelos meses seguintes, mas ele não se importava. Para Thompson, não era nenhum sacrifício ou esforço que ele sempre fizesse o seu melhor por ela. Mas daquela vez foi difícil disfarçar um pouco a expectativa enquanto a menina abria o embrulho.

- O JJ me garantiu que era o melhor do mercado. Eu sei que você é bem apegada ao Dumbledore, mas achei que o pobre coitado merecia se aposentar. Acho que é hora de dar uma chance para o que o mundo tem a te oferecer, Libby.

Como já era esperado, Dexter rolou os olhos quando a garota começou a argumentar que não poderia aceitar um presente caro como aquele, que não fazia sentido que o rapaz gastasse tanto com ela. E nada daquilo abalou a expectativa de Thompson.

- Liberty, o que acontecia quando o Rony tentava executar um feitiço com uma varinha quebrada? - Dex arqueou suas sobrancelhas grossas e fez uma pausa dramática antes de responder a própria pergunta. - Merda, né? Eu não estou falando que você vai fazer merda se continuar usando o Dumbledore, mas um grande bruxo precisa de uma varinha à altura, certo? É o mesmo para alguém como você. Você é genial e até o JJ que nem te conhece ainda já enxergou isso, então você precisa das ferramentas certas. Hoje, é o que o mundo tem para te oferecer. Mas eu sei que é você quem consegue transformar o mundo. Eu sempre tive e vou continuar tendo total fé em você.

Cada uma das palavras escolhidas por Dexter eram sinceras. Mesmo que a insegurança sobre a própria inteligência sempre estivesse presente, isso não causava nenhum ressentimento contra Liberty. Pelo contrário, ele a admirava imensamente e sabia que Bloomfield seria capaz de grandes coisas.

- Além do mais, você precisa aceitar, porque tem uma coisinha aí dentro que é só para você...

Era impressionante que Dexter tivesse soado tão confiante ao trazer um Wooton para o aniversário de Liberty, para logo em seguida demonstrar ansiedade com um presente e conseguir ficar ainda mais inseguro com aquela “coisinha”. Mas o raciocínio era simples: Dex confiava em JJ e estava apostando todas as suas fichas naquele relacionamento de irmãos. O computador, por mais que pudesse não agradar ou ter alguma configuração que não era a esperada por Liberty, ainda era um presente um tanto impessoal. Obviamente aquela escolha mostrava que Thompson conhecia a ex-namorada, o que ela gostava ou precisava, mas ainda era uma máquina que passava uma mensagem um pouco fria.

O “detalhe” ao qual Dexter se referia, por outro lado, o deixaria muito mais exposto e vulnerável. Poucas horas tinham se passado desde que JJ tinha chegado em Colchester, mas Thompson já estava com aquele joguinho pronto e desenvolvido, tendo apenas o trabalho de instalá-lo no computador. Só que não era um simples programa ou um software qualquer. Era algo que o próprio Dex tinha trabalhado e se empenhado para ver o resultado.

Dexter estava quase reprovando na disciplina de Tecnologia Avançada e continuava sem o conhecimento de escrever uma única linha de código. Mas com a ajuda de Eric, ele tinha descoberto uma plataforma online que tinha feito praticamente todo o trabalho. O público-alvo da plataforma era para crianças e pré-adolescentes que já demonstravam interesses na área tecnológica. Com uma interface bem simples, alguns cenários limitados e um personagem criado como um avatar comum, era possível criar um joguinho curto e simples. E Dexter tinha feito uma pequena versão com um avatar de Liberty onde ela era Zarah, a guerreira élfica, enfrentando um exército.

Apesar de simples, o joguinho tinha um visual gráfico atrativo e bonitinho. Não era uma alta tecnologia, com imagem limpa e realista, mas mesmo um pouco pixelado, a bonequinha de Liberty usando um vestido vermelho era adorável. E quando chegasse ao fim do ciclo e vencesse o exército, a guerreira do jogo comemoraria saltitando enquanto tocava ao mundo uma música escolhida por Thompson. E não tinha sido por acaso que ele tinha selecionado “Still Falling For You”.


Além de falar sobre um amor intenso, sobre como ele continuava se apaixonando todos os dias pela mesma pessoa, a letra mencionava a linda mente por quem Dexter tinha se entregado. Mesmo com os erros cometidos, Dex ainda assumia para si as cicatrizes que Libby carregava e se empenhava em tentar ajudá-la naquela jornada, de mostrar a ela que não precisava ser tão solitária.

- É meio bobo, então você deve conseguir chegar na fase final em, sei lá... menos de cinco minutos. Mas agora que está instalado aí, a loja não vai aceitar devoluções, então você precisa aceitar.

Como os dois estavam sentados lado a lado, Dexter deixou que seu joelho roçasse o de Liberty, assim como o seu ombro encostava no dela. Um arrepio gostoso percorreu o seu corpo e ele a observou de perfil. Assim como no quarto, os dedos de Thompson formigaram e ele ousou erguer uma das mãos para segurar o rostinho dela, obrigando Libby a encará-lo também.

- Cada um de nós que veio hoje aqui só quer que você se sinta feliz, Libby. Eu estava falando sério quando disse que você tem um lar aqui, que nós somos a sua família.

Popular, lindo, atraente, qualquer pessoa que fosse fazer uma lista de qualidades sobre Dexter Thompson provavelmente começaria citando o abdome perfeito, a pele lisa e impecável, os músculos tentadores dos braços, seu sorriso desconcertante, os cabelos rebeldes e até o traseiro durinho e tentador. Mas era porque apenas Liberty conhecia um detalhe que conseguia potencializar a beleza do rapaz: aquele olhar intenso e derretido que só existia por causa dela.

A mente de Libby vinha lhe boicotando ao trazer lembranças sobre a noite de Halloween. Mas era muito difícil se lembrar da existência de Debby quando o mundo inteiro de Dexter parecia girar só por causa dela. Thompson não tinha desistido de cuidar da ex-namorada mesmo depois de ter sido rejeitado. Tinha insistido com JJ, trazido o rapaz para aquela noite e preparado um presente exclusivo que mais ninguém no mundo seria capaz de fazer por ela. Era tão óbvio que era apenas Libby que existia nos seus pensamentos, que tudo o que ele fazia era para que ela ficasse bem e feliz.

- Eu sei que isso não resolve nada, que nós ainda temos os nossos problemas... E eu não fiz nada disso com algum tipo de interesse. Eu realmente só quero que você se sinta feliz, que consiga sentir o quanto é especial. Mas eu posso pedir só uma coisa?

Dex umedeceu os lábios e nem piscou quando deslizou um pouco mais para frente no banco, e cada centímetro mais próximo permitia que ele sentisse o perfume de Libby. Suas pálpebras ficaram mais pesadas, mas Thompson manteve os olhos abertos até encostar a testa contra a dela. Segurando o contorno do rosto de Bloomfield, Dex usou o polegar para acariciar o lábio dela, sentindo o hálito quente se chocando contra a sua pele, e só quando ficou óbvio o que ele queria e nem assim Libby recuou, o rapaz tomou a iniciativa, deixando um sorrisinho bobo brotar nos seus lábios por um instante.

- Feliz aniversário, Libby.

Como já estavam praticamente colados, Dexter só precisou erguer um pouco o queixo até conseguir encaixar seus lábios sobre os dela, esperando aquela primeira potente onda de prazer e felicidade se espalhar pelo seu corpo para só depois iniciar os movimentos de um beijo carinhoso e cheio de saudades.
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Mensagem por Liberty Bloomfield Ter maio 07, 2024 10:22 pm

Quando abriu os olhos naquela manhã, Libby não fazia ideia de todas as surpresas que aguardavam por ela naquele dia. Apesar de ser o aniversário da garota, Liberty não esperava por uma festa, por um bolo, por presentes, pela companhia dos amigos e muito menos por uma visita do irmão. Nem em seus sonhos mais otimistas, Libby imaginou que um dos presentes que ela ganharia naquele dia seria uma conversa com JJ Wooton e a promessa de ter de volta o seu software.

Mesmo que ela não tivesse criado nenhuma expectativa quanto ao próprio aniversário, Liberty acabou tendo um dos melhores dias da sua vida. A companhia dos amigos e a festinha preparada por Emily faziam com que Bloomfield se sentisse amada. A forma gentil e atenciosa como JJ se dirigia a ela também foi capaz de apagar um pouco de todo o trauma que Leonard havia deixado para trás. Mas o principal responsável por Liberty estar se sentindo tão leve e especial naquela noite era Dexter Thompson.

Até algumas horas atrás, Libby se sentia insegura, rejeitada e infeliz. E boa parte desses sentimentos ruins cresceram dentro do coração da garota após o flagrante ocorrido no estacionamento do Pat’s. Era como se um diabinho agora vivesse sentado sobre o ombro de Liberty, sussurrando no ouvido da garota que ela não era boa o bastante para Dexter, que o ex-namorado dela tinha corrido para os braços de uma líder de torcida logo após o término e que Thompson superou rápido demais tudo o que os dois viveram juntos.

Mas como Bloomfield poderia continuar se sentindo rejeitada ou dar ouvidos àquela vozinha maldosa depois de descobrir tudo o que Dexter havia feito por ela nas últimas semanas? Se Thompson tivesse superado o término, se ele já estivesse totalmente focado em outra garota, não fazia o menor sentido que o rapaz se dedicasse e se esforçasse tanto para resolver um problema pessoal da ex-namorada.

O coração de Liberty já tinha se rendido desde que a garota descobriu tudo o que Dexter fizera por ela mesmo após o término do namoro. Thompson não só havia perdido um bom tempo resolvendo aquele problema, como também teve que se deslocar até Massachusetts e correr o grande risco de enfrentar Leonard Wooton. Se Lenny era audacioso e cruel o suficiente para dopar a própria irmã e roubá-la, Libby se arrepiava só de imaginar o que ele poderia ter feito contra Dexter caso se sentisse ameaçado pelo rapaz.

Mais do que uma prova de amor, Dexter tinha mostrado a Bloomfield o quanto ele era determinado e fiel aos seus sentimentos, o quanto ele estava disposto a se esforçar para protegê-la e para fazê-la feliz. Que garota não iria se derreter por um rapaz que fazia tudo aquilo por ela? Como Liberty nunca tinha deixado de amá-lo, era ainda mais fácil para o coração da garota se entregar totalmente para Dexter depois daquela grande prova de amor.

A dedicação de Dexter, todo o esforço que ele estava fazendo para recuperar o software e para aproximar JJ e Libby, as declarações apaixonadas e agora o presente de aniversário ridiculamente caro, romântico e exclusivo que ele tinha entregado à garota. Thompson não estava medindo esforços para quebrar as barreiras de Bloomfield e para convencer a ex-namorada a dar mais uma chance para os dois. Na queda de braço entre a razão e a emoção, dessa vez o coração de Libby parecia gritar mais alto do que qualquer pensamento racional. E foi por isso que a garota não conseguiu resistir à tentação depois que Dexter tomou a iniciativa de um beijo.

Só as carícias e o olhar mais intenso de Thompson já tinham deixado Liberty bastante afetada, mas foi o toque dos lábios dele que terminou de derretê-la. Os olhos da garota se fecharam como se, inconscientemente, isso a ajudasse a saborear melhor os lábios do rapaz. Ao mesmo tempo em que o beijo de Dexter era familiar e trazia para Libby uma sensação de paz e proteção, aquele mesmo toque também provocava nela uma deliciosa descarga de adrenalina que fazia a garota se arrepiar e aquecia todo o corpo dela.

A resposta de Liberty foi imediata. Não houve hesitação, dúvida ou tensão. Alimentada pela saudade e por todo o carinho que Dexter vinha demonstrando por ela, Bloomfield se entregou facilmente ao momento.

Com os olhos fechados, Libby tateou os ombros fortes do rapaz até conseguir alcançar a nuca dele. Uma das mãozinhas de Liberty permaneceu ali, tocando diretamente a pele quente de Dexter por baixo da gola da camisa enquanto os dedinhos da outra mão mergulhavam nos cachos escuros dos cabelos do rapaz. E Thompson não teria dúvida do quanto a ex-namorada também estava envolvida por ele pela maneira apaixonada como Libby correspondia ao beijo.

Os lábios dos dois já conheciam muito bem aquela sintonia e o ritmo dos beijos do casal. Exatamente como acontecia naquela noite, era normal que Dexter e Liberty iniciassem a carícia de forma mais doce e carinhosa e que o beijo fosse se intensificando aos poucos. E dessa vez a saudade era tão grande que os dois não demoraram muito para acelerar os movimentos dos lábios ou para permitir que as línguas também começassem a participar daquela dança.

Por um momento foi como se o resto do mundo tivesse deixado de existir. Incapaz de pensar em qualquer outra coisa que não fosse o quanto o beijo de Dexter era delicioso ou o quanto ela o amava, Libby conseguiu abafar as lembranças ruins por um bom tempo. Nos braços de Thompson, a garota se sentia amada, protegida e especial e não parecia mais haver espaço para qualquer tipo de insegurança naquele momento.

Completamente envolvido pelo beijo e se sentindo aliviado em ver Liberty correspondendo às carícias, Dexter se deixou levar pelo momento. Os lábios dele soltaram os de Libby apenas para deslizarem pelo pescoço da menina ao mesmo tempo em que as mãos dele também se encaixavam na cintura dela. Aquele toque mais íntimo e a respiração quente de Thompson se chocando contra o pescoço da garota arrancaram um delicioso arrepio de Liberty.

Por dois segundos, Bloomfield permitiu que o seu corpo se deliciasse com os toques e os beijos do ex-namorado. Mas, ironicamente, o que estragou tudo naquela noite foi justamente a maneira cuidadosa e carinhosa como Dexter a tratava. Todo o corpo de Libby estava quente e respondia muito bem às carícias do rapaz, mas foi naquele momento que a mente de Liberty recuperou algum controle e estragou o que tinha tudo para ser o primeiro passo de uma reconciliação.

“Ele não parece tão excitado como estava na noite de Halloween.”

“Ele não está segurando a minha cintura com a mesma força que segurou a cintura dela.”

“A respiração dele não está tão acelerada, ele com certeza estava mais ofegante com ela.”

“Ele pode até gostar de você, mas você não consegue deixá-lo tão louco e sedento como ele estava nos braços dela.”

Mesmo sabendo que aqueles pensamentos estragariam tudo, Liberty não foi capaz de abafar aquela vozinha maldosa que ecoava dentro da mente dela. Como qualquer pessoa que enfrentava um grande trauma, as cenas do Halloween pareciam se tornar ainda piores a cada vez que Libby as resgatava da memória. Dexter definitivamente não estava tão envolvido por Debby e nem tinha agido de forma tão apaixonada, mas era assim que a mente atormentada de Liberty havia enxergado a situação.

Mesmo incomodada por aqueles pensamentos, Libby ainda tentou continuar o beijo e não arruinar o clima. Mas foi Thompson que acabou notando a mudança no comportamento dela, os lábios que começaram a se mover de forma mais mecânica, os ombros tensos e as mãozinhas paralisadas. Chad Clifford não tinha visto nenhum problema em ir até o fim mesmo notando que a garota em seus braços não estava à vontade ou no clima para romance. Dexter, por outro lado, agiu de maneira oposta, interrompeu imediatamente as carícias e se afastou alguns centímetros, buscando por alguma explicação no rostinho de Liberty.

Bloomfield odiava estar naquela situação e ser sempre tão racional. Se tivesse escolha, a menina arrancaria aquelas lembranças de dentro da sua cabeça e se livraria delas para sempre. Mas como não existia nenhuma maneira de fazer isso, Liberty acabava se sentindo uma refém dos próprios pensamentos.

- Me desculpe. Eu sinto muito.

O pedido de desculpas soou numa entonação sinceramente chateada, que deixava bem claro que Liberty não havia feito aquilo propositalmente. Se tivesse escolha, Libby teria bloqueado todos os seus pensamentos e ido até o fim naquela carícia. Mas garota não tinha sido capaz de frear as lembranças ou de abafar a insegurança gigantesca que aquela ceninha tinha despertado nela.

Na noite do Halloween, em meio ao choro desesperado, Libby havia dito para Dexter que ela nunca mais conseguiria esquecer tudo o que tinha visto naquele estacionamento. E agora Thompson teria certeza de que não tinham sido palavras da boca para fora. Porque mesmo que agora Liberty estivesse mais calma e que o coração dela estivesse abrindo novamente as portas para o ex-namorado, a mente da menina continuava boicotando os dois com aquela lembrança.

Agora Bloomfield já não tinha a menor dúvida de que Dexter a amava e que ele a queria de volta. Mas a tola insegurança de Liberty insistia em repetir que ela não era boa o suficiente e que Thompson jamais sentiria por ela o mesmo desejo que uma garota sexy e ousada como Debby despertava nele.

E era justamente por amá-lo tanto que Libby ficava tão incomodada com aqueles pensamentos. Porque ela não queria ser só a namoradinha que recebia sorrisos doces e declarações apaixonadas. Além de amor, Liberty queria que Dexter a desejasse, que ele ficasse plenamente feliz e satisfeito ao lado dela. Bloomfield queria ser tudo para Dexter, assim como ele era tudo para ela.

- Talvez a gente devesse entrar, o jantar já deve estar quase sendo servido.

Um frio se espalhou pelo corpo de Libby quando a menina se afastou, rompendo o contato com Dexter. Mas antes que Thompson se sentisse derrotado ou pensasse que era mesmo o fim daquele relacionamento, Liberty acendeu uma pequena luz no fim do túnel para que o ex-namorado não perdesse completamente a esperança.

- Eu amo você, Dex. Amo ainda mais agora, depois de saber que você nunca desistiu de mim. Eu também não quero desistir, está bem? Só me dê um pouco mais de tempo. Eu ainda não consigo fazer isso agora.

***

- Imagino que todo o processo já terá se resolvido até o feriado. Você vai ficar aqui ou pretende passar a Ação de Graças em Seattle?

- Aqui. – Libby usou o garfo para espetar a última batatinha do seu prato, se sentindo estufada depois do jantar delicioso preparado pela tia – Vou passar o Natal em Seattle com a minha mãe, mas não tenho planos para o feriado de Ação de Graças.

- Por que a gente não faz algo pra comemorar? Até lá a patente já vai estar no seu nome, nós temos que fazer alguma coisa! Você não gosta de festas e eu admito que também não sou um grande fã de música alta e bebedeira. Mas o que acha de uma viagem? Vai ser bom relaxar depois de tantos problemas, não acham? – JJ deslizou os olhos pelos outros jovens ao redor da mesa de jantar – Sintam-se todos convidados!

- Aí você vai precisar ser um pouco mais específico, Wooton. Estamos falando de que tipo de viagem? Vai ser tipo um final de semana em Nova York, uma praiazinha em Miami ou a Legoland? – Hunter abriu um sorrisinho sacana – Já aviso que, se for a última opção ou qualquer coisa do universo nerd, eu tô fora.

- Que tal a Tailândia?

O silêncio e os olhares incrédulos da mesa deixavam bem claro que ninguém esperava por aquela resposta. E Wooton deixou os jovens ainda mais chocados quando completou com naturalidade, como se estivesse se oferecendo apenas para pagar a conta de um restaurante.

- Eu já estou com uma viagem agendada pra lá, vou com a minha namorada, então o jatinho estará vazio. E o resort é enorme, com certeza eu consigo reservar mais alguns quartos. Aliás... – JJ se virou para Dexter com uma caretinha – Seria MUITO bom se você fosse pra Rachel te conhecer logo. Nós trocamos tantas mensagens e ligações nos últimos dias que a Rach ficou bem boladinha achando que eu estava traindo ela.

- Peraí, calma. – Martínez nem conseguiu engolir o pedaço de carne que estava na boca dele antes de fazer aquela pergunta – Você tá chamando a gente pra ir pra Tailândia? Tailândia-Tailândia? Na Ásia?

- Eu vou! – Hunter foi o primeiro a se manifestar.

- Você não pode sair de Vermont! – Libby, Dexter e Emily entoaram juntos aquela bronca.

- Foda-se. Eu vou e o xerife que vá me buscar na Tailândia!

- Ok. Fiquem calmos. É, eu estou chamando vocês pra irem pra um resort na Tailândia. Sim, a Tailândia da Ásia. O resort é de um amigo da minha família, então é um lugar discreto e reservado. E o avião é meu. Bom, não “meu”, exatamente, mas é da Microsoft. E eu consegui autorização para usá-lo.

- Por que você não trouxe esse cara pra Colchester antes, Dex!? – Hunter nem parecia se lembrar das ameaças que havia feito contra JJ no começo da noite – Isso sim é um cara que eu quero ter no meu círculo de amigos!

- O que você acha? – JJ ignorou toda a agitação ao seu redor e focou a atenção apenas em Liberty – A patente é sua, é você que tem que decidir como quer comemorar.

- LIBBY, EU JURO QUE TE MATO SE VOCÊ DISSER QUE NÃO QUER FESTAS, VIAGENS OU COMEMORAÇÕES!

Se só o grito de Hunter já não fosse suficiente para pressionar a amiga, Liberty se sentiria ainda mais encurralada quando todos os olhares da mesa se voltaram para ela cheios de expectativa. Os olhos castanhos deslizaram por todos os presentes, se demoraram um segundo a mais em Dexter e só então Bloomfield deu a resposta que todos desejavam ouvir.

- Ok. Acho que vai ser legal mudar os ares e sair de Colchester por alguns dias.

Enquanto todos comemoravam uma viagem internacional num avião particular e com uma hospedagem gratuita num resort de luxo, a maior motivação de Liberty era bem diferente. O que a garota mais desejava era se afastar de Colchester por alguns dias, porque talvez aquela mudança de ares pudesse ajudá-la a esquecer os últimos traumas vividos naquela cidadezinha.
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Mensagem por Hunter Timmons Ter maio 07, 2024 10:59 pm

As últimas conversas entre Hunter e Emily não tinham terminado nada bem. Não importava o que Timmons dizia, Sinclair não parecia nem um pouco disposta a ceder ou a dar uma nova chance para o ex-namorado. Ninguém poderia condenar a menina por estar tão magoada e chateada depois dos últimos acontecimentos, mas isso não evitava que Hunter se sentisse extremamente frustrado com a postura de Emily.

Diferente do relacionamento de Dexter e Liberty em que os dois tinham cometido erros e machucado um ao outro, no caso de Hunter e Emily a balança era completamente desequilibrada e desfavorável para o rapaz. O erro que causou o fim do namoro só podia ser creditado na conta de Timmons, Emily foi a única pessoa que saiu daquela relação se sentindo enganada e magoada. E, consequentemente, a decisão de manter o término era exclusivamente dela.

Se dependesse somente de Hunter, os dois teriam conversado e se entendido na mesma noite em que Chad Clifford mostrou para a garota a gravação com a confissão de Timmons. Foi Emily que se afastou, que não quis ouvir o rapaz e que, mesmo depois de ouvi-lo, não abriu NENHUMA brecha para uma reconciliação. Pelo contrário, ao invés de pedir um tempo ou de digerir melhor aquela história, Sinclair simplesmente tentou tirar Hunter da sua vida e voltou para os braços do ex-namorado.

A decisão de Emily já parecia estar tomada e Hunter não tinha mais nenhuma arma para usar na guerra pelo coração da garota, nenhuma cartazinha escondida na manga que pudesse mudar os rumos daquele jogo condenado à derrota. Exatamente por Timmons já não nutrir mais qualquer tipo de esperança, o rapaz ficou em completo estado de choque quando Sinclair teve uma postura completamente diferente do esperado naquela noite.

Diferente das alfinetadas, das acusações ou das fugas que Emily vinha protagonizando nas últimas semanas, naquela noite a garota admitiu com todas as letras que estava enlouquecendo sem ele, que ela queria ter o poder de voltar no tempo para que os dois ficassem juntos novamente. Só aquela confissão já tinha sido suficiente para abalar por completo as estruturas de Timmons, mas o rapaz teve ainda mais certeza de que havia uma luz no fim do túnel quando aquele velho climinha intenso brotou entre os dois.

Hunter nunca teve dúvidas sobre o amor de Emily. A tatuagem feita após o término da relação era a maior prova de que Timmons acreditava que aquele sentimento duraria para sempre. Sinclair podia até não confiar nele e preferir embarcar numa relação mais fácil e previsível com um cara como Clifford, mas Hunter sabia que ela ainda o amava e que aquele sentimento era forte demais para morrer. Mas o que Timmons não esperava era que Emily estivesse disposta a voltar atrás naquela decisão e a dar mais uma chance aos dois.

Porque foi assim que ele interpretou o toque carinhoso da ex-namorada e a promessa de que ela procuraria por ele ao fim daquela noite. Em nenhum momento Timmons pensou que pudesse ser só uma recaída isolada, só um momento de fraqueza do qual Sinclair acabaria se arrependendo. Na cabeça de Hunter, aquilo só podia ser uma reconciliação, a chance que ele tanto esperava para ter Emily novamente na sua vida.

- Você está falando sério...? Emy, não brinca comigo, ruivinha!

Com a voz frágil e soando num sussurro emocionado, Hunter deslizou os olhos ansiosamente pelo rostinho bonito da garota. Naquele momento Timmons se parecia com uma criança ouvindo uma promessa sobre o presente de natal que ele havia desejado e esperado o ano inteiro.

A proximidade dos colegas e principalmente de Hilary não permitiu que os dois se alongassem demais naquele assunto, até porque Emily tinha razão em dizer que o aniversário de Libby não deveria se transformar em mais um capítulo do drama dos dois. Mas Hunter não resistiu à tentação de erguer uma das mãos e pousá-la no rostinho da ex-namorada, com os dedos compridos se deliciando com a maciez e o calor que vinha da pele dela.

- É você que me tem nas suas mãos, Emy. Se você me quer, só precisa estalar os dedos e eu serei seu. Eu nunca deixei de ser seu, ruivinha.

Um rapaz mais orgulhoso e ciumento poderia se sentir incomodado com a situação entre Emily e Chad. Afinal Liberty tinha deixado escapar que a prima havia dormido na casa dos Clifford na noite anterior, então era óbvio que o relacionamento do casalzinho estava mais sério e mais íntimo. Mas Hunter estava tão eufórico, tão feliz e tão grato pela chance de ter Sinclair de volta que ele sequer se lembrava de Clifford naquele momento. Emily era tudo o que Hunter desejava e nada mais importava.

Depois daquela rápida conversa particular, Hunter e Emily foram obrigados a dividir a mesa com os demais convidados. Com os dois sentados em pontas opostas da mesa, Timmons estava falhando miseravelmente em manter as aparências e disfarçar a ansiedade que o consumia por dentro. Os olhos cor de avelã buscavam por Emily a cada dez segundos e, sempre que a menina o encarava de volta, Hunter precisava conter um sorriso satisfeito ao notar que Sinclair parecia quase tão ansiosa quanto ele.

A conversa sobre a patente do software e a viagem para a Tailândia até conseguiu distrair Hunter por alguns minutos, mas logo a ansiedade falou mais alto e o rapaz foi o primeiro a se levantar da mesa e anunciar que estava de saída.

- Mas ainda nem partimos o bolo! – a aniversariante protestou contra a partida do amigo – E o Mike trouxe bebida!

- Não me leve a mal, novata, mas eu como bolo todo dia agora. E que a Sra. Patmore não me ouça, mas eu também já percebi que ela não tem um controle tão bom assim do estoque de cerveja. – depois daquelas piadinhas, Hunter assumiu um ar mais sério ao inventar uma desculpa mais convincente – Eu trabalhei o dia todo e estou cansado. E amanhã seria o meu dia de folga, mas eu consegui um trabalho extra com uma sessão de fotos, então vou acordar cedo. Eu realmente preciso ir, Libby.

- Você conseguiu um trabalho como fotógrafo??? Com o anúncio que eu fiz??? – Liberty bateu três palminhas depois que Hunter confirmou – Depois eu quero saber todos os detalhes!

Como Eileen Parker tinha pedido segredo sobre o retorno dela para Colchester, Hunter ainda não havia mencionado o nome da menina para ninguém. E a grande verdade é que Timmons nem achava que aquilo fosse um segredo ou uma informação muito relevante. Para ele era apenas um trabalho. Ele tiraria as fotos, Eileen o pagaria por isso e nada mais.

A aniversariante e os outros convidados pareceram acreditar facilmente nas explicações de Hunter, mas o olhar ansioso que ele lançou na direção de Emily deixava muito claro qual era a verdadeira razão para que Timmons quisesse colocar logo um fim naquela noite. Como um bom amigo, Hunter estava ali para prestigiar e para apoiar Liberty. Mas agora que a amiga estava melhor, tinha chegado a hora do rapaz começar a se focar na sua própria história.

***

Timmons só notou que tinha praticamente corrido por todo o trajeto da casa das Sinclair até o Pat’s quando percebeu que estava ofegante ao empurrar a portinha dos fundos do estabelecimento. Mas o coração dele certamente não estava tão acelerado apenas por causa do esforço físico. Era a expectativa, a adrenalina e a ansiedade que deixavam o rapaz tão afetado naquele momento.

A lanchonete estava fechada àquela hora da noite, então o salão principal lotado de mesinhas estava totalmente mergulhado em silêncio e escuridão. Os funcionários da cozinha também já tinham ido embora, deixando para trás tudo devidamente limpo e organizado. E com a familiaridade de alguém que já enxergava aquele local como um lar, Hunter caminhou até os fundos do estabelecimento e abriu a portinha onde antigamente funcionava um pequeno escritório.

Agora a Sra. Patmore trabalhava num escritório maior e mais moderno no segundo piso da construção, então aquele cômodo acabou se tornando uma espécie de depósito onde os funcionários guardavam garrafas de bebidas. E foi ali, naquele ambiente apertado e improvisado, que Hunter montou um quartinho.

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Como não havia nenhum armário, as roupas de Hunter ficavam dobradas em cima de uma mesinha, com os sapatos abaixo dela. Para que o uniforme da lanchonete não ficasse amassado, Timmons tinha colocado as peças em cabides que ficavam pendurados diante da janela. O banheiro que Hunter usava era o dos funcionários, então o rapaz precisava sair do quartinho e atravessar boa parte do bar sempre que precisava ir ao banheiro. E não havia sequer uma cama de verdade. Nos últimos dias, Hunter vinha dormindo num colchão antigo colocado no chão do antigo escritório. O local estava impecavelmente limpo e os lençóis eram novos, mas ainda assim deveria ser bem desconfortável dormir no chão todos os dias.

Para um rapaz que tinha crescido numa mansão e usufruído do dinheiro dos Timmons a vida inteira deveria ser uma tortura viver naquele lugar. Mas a grande verdade é que Hunter nunca tinha reclamado ou se importado. Até aquela noite. Porque quando o rapaz acendeu as luzes e olhou para o lugar que ele chamava de quarto, Timmons quase desejou que Emily mudasse de ideia sobre procurar por ele naquela noite.

Não era vergonha ou orgulho, Hunter sabia que Emily nunca tinha se interessado pelo dinheiro dos Timmons ou por qualquer status social que viesse daquela família. Mas ainda assim era constrangedor levar uma garota para um lugar tão desconfortável. Na tentativa de tornar o ambiente menos terrível, Hunter guardou alguns objetos pessoais que estavam espalhados pelo chão e esticou os lençóis.

E só depois o rapaz se aproximou da janela entreaberta para espiar o movimento da rua, dividido entre a ansiedade de rever Emily naquela noite e o receio de que a menina pensasse melhor e acabasse desistindo de dar uma nova chance para o amor dos dois.
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Mensagem por Emily Sinclair Qua maio 08, 2024 5:01 pm

Emily simplesmente não estava pensando quando prometeu a Hunter que os dois poderiam se falar depois. E no instante em que aquelas palavras saltaram da sua boca, uma onda de euforia e ansiedade se apoderaram dela. Se antes Sinclair ainda estava tentando raciocinar, usar a razão e tomar decisões lógicas, ela agora tinha mergulhado de cabeça apenas naquela saudade sufocante e no desejo de estar com Timmons outra vez, e agora ela era incapaz de voltar atrás e desistir daquela possibilidade.

Não tinha sido uma decisão tomada depois de refletir com calma, então ao contrário do que Timmons imaginava, Emy não estava fazendo aquilo porque tinha esquecido tudo e agora estava inclinada a uma reconciliação. Na cabeça de Sinclair, não havia um “depois”, não era um objetivo a longo prazo. Ela só precisava urgentemente estar nos braços de Hunter para não enlouquecer.

Diferente do rapaz, Emy não podia simplesmente inventar alguma desculpa e ir embora do aniversário da prima, da comemoração que ela mesma tinha organizado. Além do mais, era a casa das Sinclair que estava tão movimentada naquela noite, então era um risco muito grande que alguém notasse que a anfitriã não estava mais sob aquele teto.

Pelas horas seguintes, Emily continuou ao lado da prima, assistiu Libby emocionada com os depoimentos enviados de Seattle, comeu o bolo e passou um tempo na companhia dos outros jovens, sentados na área externa, com as bebidas trazidas por Martínez. Quando os convidados começaram a ir embora, Emy prometeu para a mãe e para a aniversariante que cuidaria de toda a bagunça deixada para trás. Não que Sinclair quisesse enrolar ainda mais o tempo, mas era a desculpa perfeita para continuar no primeiro andar enquanto as outras duas se recolhiam em seus quartos para descansar.

O problema foi que, enquanto separava a louça suja na máquina de lavar, guardava as sobras do jantar e o bolo, a insegurança começou a dar sinais. Durante toda a noite, o celular de Emy continuou desligado para que Chad não conseguisse falar com ela com dezenas de ligações ou mensagens. Mas Clifford não precisava entrar em contato com suas paranoias e ciúmes para que Sinclair soubesse que aquilo era errado.

Seus problemas com Hunter não tinham desaparecido, ela estava agora com outro rapaz e Emily se sentia completamente confusa naquela guerra entre seu coração e a sua cabeça. E por um instante, Sinclair chegou a desistir daquela insanidade. Com o primeiro andar todo arrumado e com as luzes apagadas, a menina se recolheu no próprio quarto e sentou na beirada do colchão, sentindo o coração disparado.

Desistir não significava se conformar e aceitar. Pelo contrário, quando Emily acreditou que tinha mudado de ideia, aquela onda de desespero voltou a se espalhar no seu peito, como se ela estivesse prestes a naufragar e estivesse se soltando do único objeto que poderia lhe manter boiando na superfície. A agitação e a ansiedade de antes já não eram mais de expectativas e desejo, mas de frustração e agonia. Emy não tinha como se sentir em paz: ou ela ansiava em rever Hunter, ou ela sofria decidindo se manter longe dele. Foi um detalhe bobo que acabou fazendo Sinclair se decidir.

A delicada pulseira com os pingentes de pompom e a câmera fotográfica estava sobre a mesinha de cabeceira. Em uma mania que ela vinha alimentando nos últimos dias, Sinclair pegava aquele presente de Hunter e o segurava em seus dedos quando já estava pronta para adormecer. E foi aquele objeto esquecido ali que fez seu coração dar um salto de saudade, deixando que Emy se levasse pelo impulso e pelo desejo, abandonando a voz da razão e ignorando por completo as consequências daquele ato.

***

Quando saiu de casa no início da madrugada, Emily ainda usava o mesmo vestidinho vermelho e curto, mas a noite fria tinha exigido que ela jogasse um sobretudo mais pesado por cima dos ombros. O carro de Sinclair foi o único a parar nos fundos do estacionamento do Pat's e a menina era apenas uma sombra quando seus passos acelerados permitiram que ela atravessasse toda a área até parar diante da porta do quartinho que Timmons agora morava.

As mãos de Emily estavam geladas e não era por causa do frio da madrugada. Seus dedos tremeram um pouco e houve uma hesitação de dois segundos até que eles batessem com os nós contra a porta. Com a respiração presa nos pulmões, Sinclair observou o movimento de sombras pela fresta, escutou os passos e acompanhou a maçaneta sendo aberta, mas bastou que Hunter entrasse no seu campo de visão para que aquela ansiedade explodisse, sem dar mais nenhuma chance para inseguranças.

- Oi. Desculpe a demora, eu precisei esperar que todo mundo fosse embora. Posso entrar?

Foi difícil desviar o olhar das íris cor de avelã mesmo depois que Emily entrou no quartinho. Seu olhar deslizou ao redor, notando a gritante diferença da nova realidade de Timmons para o que ele tinha deixado para trás, na casa dos pais. Era difícil não se chocar um pouco com toda aquela transformação, mas não havia dentro de Sinclair nenhuma careta de reprovação ou nojo.

Com uma personalidade fútil e cheia de frescuras, uma menina vaidosa como ela certamente se incomodaria em ser recebida em um ambiente como aquele. Mas para alguém que conhecia toda a história de Hunter e tudo o que o rapaz tinha passado dentro de casa, Emy só conseguia sentir admiração por ele ser capaz de enfrentar tudo aquilo para não continuar sendo pressionado e manipulado dentro de um lar tóxico.

- Eu trouxe bolo. - Emy parou no meio do quarto e só depois de alguns segundos se virou para o rapaz, mostrando o potinho que trazia em uma das mãos, para erguer a outra mão logo em seguida. - E tequila.

Emily continuou parada no mesmo lugar enquanto Hunter pegava o pote e a garrafa para colocá-los sobre a mesinha. Enquanto o rapaz estava de costas, ela aproveitou para abrir também o casaco, e além do quartinho estar mais aquecido, havia um poderoso calor interno esquentando a sua pele, até mesmo suas bochechas estavam um pouco coradas.

Com o coração disparado, Emily apenas obedeceu seus instintos quando abandonou o casaco no chão e ela já estava diante de Hunter quando o rapaz mais uma vez se virou na sua direção. Sem esperar por qualquer reação dele, Sinclair deslizou os braços ao redor do pescoço do rapaz e só buscou pelo olhar de Timmons por um instante antes de unir as bocas em um beijo ansioso.

Por mais popular e desejável que Sinclair fosse, ela não era o tipo de garota que vivia muitas aventuras. Mais romântica, ela sempre tinha preferido ter relacionamentos sérios e longos, com exclusividade. Então era a primeira vez que Emy se via nos braços de um rapaz apenas algumas horas depois de ter dormido com outro. Só que era impossível se incomodar ou julgar as próprias atitudes quando era tão maravilhoso provar os lábios de Timmons mais uma vez.

Se Hunter esperava por uma conversa, um diálogo mais maduro, que os dois falassem sobre tudo o que tinha acontecido e como fariam para superar os problemas e ficarem juntos outra vez, ele ficaria surpreso porque Emily seguiu por um caminho completamente diferente. Por sorte, Timmons não era um rapaz apegado a discutir relacionamentos ou talvez ele só estivesse com a mesma saudade sufocante que ela, porque tudo o que Sinclair teve de resposta foram as mãos que rapidamente envolveram o seu corpo e os lábios se movendo sedentos sobre os seus.

Chad Clifford tinha precisado fazer um esforço sobrenatural para conseguir começar a despertar qualquer mínimo interesse de Emily, mas o corpo inteiro dela já formigava antes mesmo que o beijo com Hunter acontecesse. E quando finalmente aconteceu, foi como alimentar fogo com gasolina, porque ela queria muito mais.

Depois do que tinham vivido juntos, Timmons já sabia que a ex-namorada sabia ser uma garota sexy e desinibida na intimidade, mas Emy parecia muito mais faminta enquanto seus dedos procuravam abrir os botões da camisa preta que o rapaz usava. Quando Hunter se inclinou para o lado e deslizou os lábios para trilhar seus beijos pelo pescoço dela, Emily tombou a cabeça para trás, deixando os cabelos ruivos balançarem sobre as suas costas e não conseguiu conter um suspiro alto e derretido enquanto sua pele se arrepiava.

Até existia uma vozinha bem no fundo tentando lembrar que Hunter era mentiroso, manipulador, de tudo o que ele tinha feito contra ela. Mas tudo aquilo era apagado e ofuscado pelo desejo e a saudade. Era óbvio que Emy o amava, era óbvio que ela o queria, só que naquele momento não era a vontade de uma reconciliação ou uma tentativa desesperada de superar os problemas. Era a saudade e aquele único passo que a afastava da loucura que comandavam a situação.

Emy não apresentou nenhuma resistência quando o rapaz a conduziu alguns passos pelo quarto. Mas envolvidos pelos beijos e com os olhos fechados, Timmons errou o cálculo e ao invés de guiar a menina até a mesinha, as costas de Sinclair acabou se chocando contra a parede. Tinha sido em uma situação bem parecida que Chad tinha conseguido pressionar, convencer e beijar Emily, mas a sensação de seguir aquele roteiro nos braços de Hunter era completamente diferente. Era como se realmente não existisse nenhum outro lugar no mundo melhor do que ao lado dele.

Com a mesa mais próxima, Emy só precisou dar dois passos para o lado até deslizar sobre a superfície. Quando Hunter se colocou entre as suas pernas, ela imediatamente o prendeu com seus joelhos e só foi preciso usar um pé no outro para se livrar das sandálias. Sentada sobre a mesa, a diferença das estaturas dos dois não era tão gritante, mas Hunter ainda precisava se inclinar um pouco para conseguir dar continuidade ao beijo. E depois de tanta dificuldade, Sinclair conseguiu alcançar o último botão da camisa dele e livrar o corpo do rapaz daquela barreira.

- Como você consegue...? - Emy suspirou quando Hunter interrompeu o beijo para puxar as mangas da camisa pelos braços. - Eu achei que fosse enlouquecer se você não me tocasse de novo, Tim. Isso não é normal. Como você consegue fazer isso comigo?

O amor e a paixão de Emily por Hunter era tão intensa e mexia tanto com ela que aquela dependência que a menina experimentava agora parecia como uma abstinência. Mas Sinclair não estava ofendida, reclamando ou julgando Timmons. Ao perguntar como ele conseguia fazer aquilo, não era uma crítica, muito menos uma menção ao plano, mentiras e manipulação. E Emy deixou claro que estava completamente entregue quando fechou os olhos enquanto as mãos dele deslizavam pelas suas coxas, subindo o vestido vermelho curtinho ainda mais.

- Depois de você, nada e nem ninguém tem mais sentido algum.
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Mensagem por Hunter Timmons Qua maio 08, 2024 9:23 pm

No começo, Hunter tentou convencer a si mesmo que Emily só não tinha aparecido ainda porque ela era uma das anfitriãs da festinha e não podia simplesmente fugir de casa e deixar os convidados para trás. Mas aquela desculpa começou a perder a força na medida em que as horas foram passando sem que Sinclair aparecesse no Pat’s ou mandasse qualquer tipo de recado.

Timmons já tinha conferido várias vezes o aplicativo de mensagens do celular e as redes sociais só para se certificar de que a ex-namorada realmente não havia tentado entrar em contato com ele. E quando a madrugada caiu sobre Colchester, Hunter teve que aceitar mais uma amarga derrota naquele jogo. Porque o mais óbvio era pensar que Emily tinha pensado melhor em toda aquela situação e desistido de cumprir a promessa de procurar por Hunter naquela noite.

E quem poderia condená-la por aquela decisão? Emily estava fazendo o que qualquer pessoa com um mínimo de juízo e senso crítico faria. Quem em sã consciência escolheria ficar com Hunter Timmons quando existia outra opção infinitamente melhor do que ele?

Chad Clifford podia ter os seus defeitos e não ser o namorado perfeito, mas ainda assim as qualidades dele pareciam estar muito acima de Hunter. Vindo de uma família amorosa e estruturada, Chad morava em uma casa confortável, era absurdamente amado pelos pais e tinha tudo para conseguir uma vaga em uma boa universidade e ter um bom emprego no futuro. Com uma personalidade mais dócil e gentil, Clifford não costumava se meter em confusões, era um rapaz romântico e que nunca se cansava de demonstrar o quanto ele amava Emily. Chegava a ser ridículo compará-lo com um cara tão problemático como Hunter. Timmons tinha uma fama terrível em Colchester, já tinha sido preso, foi expulso do colégio, saiu da casa dos pais e agora vivia num quartinho improvisado e sobrevivia com um salário modesto.

Emily não era uma menina interesseira, mas ainda assim era difícil ignorar que agora Hunter não tinha nada a oferecer para ela. O futuro dele era incerto, a personalidade de Timmons era instável e ele já tinha magoado demais a ex-namorada. Mesmo que o coração de Sinclair ainda pertencesse a ele, ninguém jamais julgaria a garota caso Emily optasse por fazer uma escolha mais sensata e mais segura. E até o próprio Hunter pensou que Emily tinha desistido daquela loucura enquanto as horas iam passando sem que a ruiva procurasse por ele.

A fraca chama de esperança dentro de Timmons começou a se apagar e o rapaz se viu transportado novamente para o mesmo lugar sombrio onde ele vivia desde o término do namoro. Afundado no colchonete e atormentado por aqueles pensamentos derrotados, Hunter não conseguiu dormir. E ele ainda estava olhando para o teto do quarto quando ouviu as batidas suaves na porta.

O salto de Hunter para fora do colchão foi imediato. Com o coração acelerado e saltitando dentro do peito, Timmons praticamente correu até a porta com a ansiedade explodindo dentro dele. E a visão de Emily provocou em Hunter sentimentos contraditórios, mas igualmente intensos. Ao mesmo tempo em que foi invadido por um profundo alívio, Timmons também sentiu um calor explodindo dentro dele e deixando todos os seus instintos em alerta. A saudade era tão sufocante que a vontade de Hunter era puxar a garota para seus braços naquele mesmo segundo. Mas, contrariando os seus próprios instintos, Hunter tentou se conter e abafar aquele desejo por mais alguns minutos.

Os dois precisavam conversar. Para que os problemas fossem superados e aquela reconciliação acontecesse de fato, Emily e Hunter não podiam apenas se entregar ao desejo. Era necessário esclarecer todas as pendências, alinhar as expectativas e, no caso de Hunter, prometer que dessa vez ele não magoaria a menina e que Emily podia confiar nele. E Timmons estava pronto para fazer todas aquelas promessas e para garantir à Sinclair que ela nunca se arrependeria por dar aquela segunda chance ao amor dos dois. Mas antes que aquele discurso mais centrado e racional saísse da boca do rapaz, Emily o surpreendeu tomando a iniciativa que Hunter tentava adiar.

O beijo intenso e os toques ansiosos de Emily não escondiam o quanto a menina estava afetada naquela noite. A respiração mais ofegante e as bochechas coradas eram sinais óbvios do que Sinclair queria dele naquele momento. Hunter estava surpreso em ver que a ex-namorada queria pular a parte de uma conversa mais madura, mas ele não foi capaz de resistir ou de ser a voz da razão naquela noite. Justamente por estar com tanta saudade quanto a garota, Timmons mergulhou de cabeça na iniciativa de Emily.

Hunter era um rapaz naturalmente intenso, mas naquela madrugada os beijos dele estavam mais sedentos do que nunca. A língua de Timmons invadiu a boca de Emily num gesto dominador ao mesmo tempo em que as mãos dele deslizavam pelas curvas da garota num toque carinhoso, mas ousado e exigente.

A noite anterior tinha sido um fiasco principalmente porque Emily não conseguiu se entregar por inteiro, mesmo com todo o esforço de Chad. Mas, com Hunter, o corpo da garota reagiu de maneira oposta. Ofegante, com a pele quente e arrepiada, Sinclair só precisou sentir as mãos de Timmons em seu corpo para que uma explosão acontecesse. E os suspiros deliciados que ecoavam pelo quartinho mostravam claramente que Emily era incapaz de tecer qualquer pensamento lógico naquele momento.

Diferente da garota, Hunter não tinha tentado se satisfazer em outros braços depois do término do namoro. Mas não era só por carência que o rapaz correspondia às carícias de Emily com a mesma intensidade imposta pela menina. O que movia Timmons naquele momento era um misto de desejo, saudade e de felicidade por ter Sinclair novamente para si. Porque o rapaz acreditava fielmente que tudo aquilo fazia parte de uma reconciliação apaixonada que colocaria um fim na crise do relacionamento.

Inconscientemente, Emily acabou alimentando ainda mais as expectativas do rapaz com as palavras apaixonadas que saíam da boca dela naquele momento. Aquilo era tudo o que Hunter queria e precisava ouvir para se sentir ainda mais derretido, excitado e confiante no futuro dos dois. A cada segundo parecia mais óbvio que Sinclair estava disposta a perdoá-lo e a voltar em definitivo para os braços do ex-namorado.

A camisa de Hunter já tinha sido arremessada para o chão do quarto quando as mãos dele se enfiaram sob a saia do vestido vermelho curtinho. E a voz de Timmons soou rouca e provocante ao entoar aquele sussurro com seus lábios colados na orelha da menina.

- Eu estava louco pra fazer isso desde que vi você neste vestidinho sexy. Admira, Emy, você queria me provocar, não é? – um arrepio ainda mais intenso se espalhou pela pele da garota quando Hunter fez uma pequena pausa apenas para mordiscar o lóbulo da orelha dela – Bom trabalho, você conseguiu.

Os dedos de Timmons agarraram firmemente o tecido vermelho e, numa sincronia perfeita, Emily ergueu os braços para ajudar o rapaz no movimento que arrancou o vestidinho pela cabeça dela. Com movimentos igualmente ansiosos, os dois terminaram de arrancar as peças de roupa um do outro. Embora os dois já tivessem tido muitos momentos de intimidade, Hunter deslizou os olhos pelo corpo da menina com tanta admiração que parecia ser a primeira vez que ele via as curvas perfeitas dela.

Na noite anterior, a tatuagem de Emily tinha se transformado em um grande problema que tornou o clima ainda mais tenso e desconfortável. Mas é óbvio que, nos braços de Hunter, Sinclair não precisou lidar com nenhuma crise de ciúmes ou insegurança. Pelo contrário, o olhar de Timmons se tornou ainda mais doce e admirado ao ver aquele desenho que marcava a pele delicada da menina.

- Eu amo você, ruivinha. Nada mais fazia sentido sem você ao meu lado.

Todo o corpo de Hunter denunciava o quanto ele estava excitado naquele momento. Mas o olhar apaixonado e as declarações melosas mostravam que o rapaz não queria apenas saciar os seus desejos naquela noite. Para Timmons, tudo aquilo tinha um significado muito maior e ele acreditava sinceramente que Emily também estava se entregando por amor.

A trilha de beijos que desceu pelo pescoço de Sinclair fez o corpinho dela se contorcer de satisfação. Inconscientemente, Emily tombou o tronco para trás e abriu ainda mais espaço para que os lábios de Hunter descessem pelo colo dela. E naquela posição foi ainda mais fácil para o rapaz dirigir seus beijos para os seios da garota, obviamente dedicando uma atenção especial à região da tatuagem.

A maneira como Emily se remexia sobre a mesa, a respiração cada vez mais acelerada e os suspiros manhosos que ecoavam pelo quarto já mostravam o quanto ela estava deliciada e entregue aos braços de Hunter. Mas o rapaz foi ainda mais além na missão de agradá-la. Os lábios de Timmons desceram sem pressa pela barriguinha de Sinclair e ele mordiscou de leve o umbigo dela enquanto se agachava diante de Emily. E com as íris cor de avelã atentas às reações da garota, Hunter usou as mãos para manter os joelhos de Sinclair separados enquanto seus lábios e sua língua tornavam aquela carícia ainda mais íntima.

Era uma sorte que a lanchonete estivesse vazia, porque os gemidinhos de Emily começaram contidos, mas em poucos minutos Hunter foi capaz de fazer a ex-namorada perder totalmente a cabeça. Os dedinhos de Emily se agarraram nos cabelos dele e Hunter sentiu as coxas da garota o pressionando com mais intensidade no instante em que ela atingiu o ápice pela primeira vez.

A saudade obviamente fazia com que tudo fosse muito mais intenso e especial, mas também era verdade que Timmons parecia saber MUITO BEM o que estava fazendo ali porque Emily mal tinha recuperado o fôlego quando uma nova onda de prazer se apoderou dela. E a garota ainda estava perdida no paraíso quando Hunter ergueu novamente o tronco e a encarou, se deliciando em ver o rostinho delicado de Emily contorcido de prazer.

- Sabe qual é o segredo? Sabe por que só eu consigo te deixar assim? – as mãos de Hunter subiram pelas coxas da menina até conseguirem erguer um pouco o quadril dela – É porque você me ama, Emy. E eu amo você. Nós pertencemos um ao outro e é burrice continuar fugindo disso, ruivinha.

Sinclair chegou a arfar com o movimento mais ousado que as mãos de Hunter fizeram, puxando o quadril dela para mais perto. Mas, apesar daquele puxão mais selvagem, Timmons exibia um olhar derretido e apaixonado quando encostou a testa na dela e uniu os corpos de forma mais gentil, deliciado com a sensação de ter Emily Sinclair novamente entregue a ele.
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Mensagem por Dexter Thompson Qui maio 09, 2024 12:25 am

Um pouco mais de tempo. Liberty estava disposta a tentar, tudo o que ela pedia era que o ex-namorado lhe desse um pouco mais de tempo, depois de garantir que ela o amava. E aquilo era mesmo tudo o que Thompson precisava ouvir, depois de afirmar que não desistiria dela, que continuaria lutando por aquele amor até conseguir reconquistá-la. Então, teoricamente, o saldo final do aniversário de Bloomfield tinha sido muito positivo.

Dexter ainda estava decidido a fazer o que fosse preciso, com a convicção de que Libby era a única garota que ele amava, a única que sempre seria especial na sua vida. Mas no final, aquele “saldo positivo” tinha uma grande mancha muito difícil de ignorar. Por mais que ela não interferisse nas decisões e objetivos de Dex, ele ainda se sentia miserável por ver a forma com que Libby recuava sob o seu toque ou durante o seu beijo.

Liberty era uma garota mais séria e diferente das demais, e antes que os dois admitissem o que sentiam um pelo outro, ela já tinha deixado claro que também não era uma garota romântica. Mas Dex sempre tinha sido capaz de despertar nela os arrepios intensos e o desejo quase que imediato, sem precisar de muito esforço. Claro que o efeito contrário também era totalmente válido, que ele ficava louco, derretido e apaixonado por ela, mas era esse detalhe que ele parecia ter falhado.

Envolvida por inseguranças que tinham surgido antes mesmo que os dois se conhecessem, mas alimentadas ferozmente diretamente por ele, Liberty já não conseguia relaxar e se entregar por completo a Dexter. E Dex se sentia infeliz e miserável por fazer a garota que ele amava se sentir tão desconfortável sob o seu toque.

Thompson não iria desistir, mas ainda havia um caminho longo para percorrer. E ele estava disposto a usar todas as suas armas para reverter o estrago causado, até que Libby fosse novamente sua, que entendesse que não havia mais ninguém no mundo para ele.

- Depois que você terminar o jogo e chegar na fase final, me diz o que achou. - Dex até tentou disfarçar a ansiedade quando alongou um pouquinho mais aquela despedida, já na porta das Sinclair, e com um potinho de bolo em mãos. - Você sabe como é, preciso saber se é algo merecedor de uma sequência.

O sorrisinho dele até soou mais leve e divertido, mas seu olhar atento em Libby mostrava que Thompson tentava desvendar todos os sinais possíveis. E foi apenas um pigarro próximo que fez o rapaz rolar os olhos e soltar um suspiro, ignorando JJ por mais um segundo.

- Feliz aniversário mais uma vez, Libby. Espero que tenha gostado do bolo também.

- E então??? - JJ enfiou as mãos nos bolsos enquanto ele e Dexter caminhavam a curta distância da varanda das Sinclair até o carro, e ainda arriscou olhar por cima do ombro na direção de Liberty. - Sinto cheiro de reconciliação?

- Ainda não. - Dexter também se deixou olhar por cima do ombro e acenou ao ser flagrado por Liberty. - Mas talvez exista uma luz no fim do túnel.

- Tá brincando? Depois de tudo o que você fez, lutando pela patente? E com aquele computador que você vai passar o resto da vida pagando? A Liberty é uma garota esperta, ela vai voltar atrás.

- O que achou dela? - Não era só como um ex-namorado pedindo a opinião de um bom amigo que Dexter lançou um olhar curioso para JJ enquanto os dois entravam no carro. - Eu sei que ela é genial e tal, mas quero saber o que achou dela de verdade?

- Eu confesso que me surpreendi. Acho que no fundo esperava uma nerd esquisitona, como aqueles gênios malucos, sabe? Mas ela é legal. Gostei dela.

- É claro que gostou. - Dexter abriu um sorriso largo ao escutar aquelas palavras. - Não tem como não gostar.

***

- Bom diiia!

O bom dia animado de Dexter soou por toda a cozinha, como de costume. E também como tinha se tornado um costume dentro daquela casa, o silêncio foi a resposta. Já começando a se acostumar com aquele tratamento de gelo, Dex deixou a mochila em uma das cadeiras e foi até a geladeira pegar a garrafa de suco.

Na cabeceira da mesa, Justin bebia seu café com um semblante duro e o olhar de poucos amigos. Eric ainda não tinha se juntado aos pais, mas Alma parecia desconfortável e olhava olhares ansiosos na direção do filho.

- Entendi. A gente vai continuar naquele joguinho “não vamos falar com o Dex enquanto ele não voltar para o futebol”. Saquei. Beleza, família.

Nenhum dos amigos mais próximos de Dexter sabia do inferno que tinha se instalado dentro da casa dos Thompson nos últimos dias. Ocupado demais em resolver os problemas de Liberty, e sabendo que o trio Chad/Emily/Hunter estavam envolvidos no próprio drama, Dex não tinha conseguido abertura com nenhum deles para confidenciar tudo o que estava passando. Então, era sozinho que o rapaz lidava com aquela crise, sem querer incomodar ninguém.

No começo, gritos e ameaças tinham soado por todos os lados. O fato de Dexter não querer mais jogar futebol parecia um crime que o pai simplesmente não admitia. E Alma até tentou argumentar, dizer que talvez Thompson pudesse tentar se inscrever em uma universidade menor ou até fazer alguma experiência em outro país, mas Justin estava irredutível. Ele sempre teve um plano muito bem traçado para o filho mais velho e simplesmente não admitia que agora Dex resolvesse seguir por outro caminho. Ou, na visão dele, jogasse tudo pelos ares.

Depois dos gritos, a nova metodologia de Justin era simplesmente ignorar Dexter. Como uma criança mimada e birrenta, não importava se o filho falasse com ele, a resposta do Sr. Thompson era sempre aquele semblante carrancudo e insatisfeito de reprovação.

Como vinha fazendo nos últimos dias, Dexter fingiu que nada daquilo o abalava quando ocupou um dos lugares na mesa e se serviu com algumas frutas. E ele até conseguia encenar bem aquela postura de indiferença, com um ar tranquilo. Mas por dentro, Dex se sentia despedaçado pela maneira que o pai estava agindo.

- Aaaaaaaaaaaaai, já chega! Mas que loucura é essa??? - Alma jogou as mãos para o ar, e seu tom de voz naturalmente estridente pareceu ainda mais alto ao quebrar aquele silêncio. - Vocês dois estão sendo ridículos! Precisamos resolver isso como uma família de verdade!

Dexter franziu as sobrancelhas quando se virou para encarar o pai, esperando a resposta de Justin. Mas quando o homem também fingiu ignorar até a esposa, ele sabia que não tinha nada a ser dito. E a falta de resposta dos dois conseguiu elevar o nível de irritação de Alma.

- Pela Virgem Maria!!! Você não vai dizer nada, homem??? É o seu filho!

- O que você quer que eu diga, Alma? Eu já disse tudo o que tinha para dizer a esse irresponsável! Você quer mesmo que eu fique sorrindo e dê tapinhas nos ombros dele enquanto ele joga o futuro no lixo?

- Tááá, é o futebol! Será que você não está exagerando um pouquinho, querido?

- Exagerando??? Exagerando??? - Justin deu um tapa na mesa antes de erguer o indicador que começou a ser balançado na direção de Dexter. - Tá legal, vamos dizer que eu estou exagerando! Qual é o seu plano B, garoto??? Você acordou um belo dia dizendo que o astro do time não gosta mais de futebol, então o que é? O que vai te garantir a sua entrada em uma faculdade? Porque as suas notas é que não são!

Era com aquelas perguntas que Justin sempre conseguia encurralar Dexter. Que ele não quisesse mais seguir o plano do futebol, ser uma estrela e mover toda a sua vida por um esporte que ele nem se importava tanto assim, até poderia ser compreensível. Mas Dex tinha jogado tudo pelos ares sem pensar em um plano B.

- Talvez, se o Dex fizer um pouquinho mais de esforço, algumas aulas extras, atividades que os recrutadores gostam...

Se aproveitando do silêncio do filho, Alma tentou defendê-lo. Mas a risada debochada de Justin soou alta demais, e ela por si só já era uma ofensa. Mas o Sr. Thompson conseguiu piorar tudo com a sua escolha de palavras.

- O esforço do Dexter deveria ter começado pelo menos três anos antes! Ele está tão atrasado em relação aos colegas que é surpreendente que consiga se formar no ensino médio! O único talento que você tinha era no campo, era a sua única garantia! E você é tão incapaz de usar essa sua massa cefálica que não conseguiu nem pensar em um plano B!

Burro. Resumidamente, era assim que Justin estava se referindo ao próprio filho. Atrasado, incompetente, incapaz de conseguir pensar. E pela primeira vez desde o início daquela crise, Dex não conseguiu disfarçar o impacto das atitudes e das palavras do pai, como se um abismo estivesse se abrindo sob os seus pés. E Thompson se sentia uma grande farsa por andar sorridente pelos corredores da MMU, por ser tão popular e desejado, quando até a sua própria família o achava tão ignorante.

- Justin!

Ao invés de gritos, o choque foi tão grande que Alma apenas sussurrou. E um silêncio se instalou na cozinha por um tempo longo demais, quebrado apenas pelo apito do celular de Dex sobre a mesa. Com a respiração pesada, Justin e Dexter ainda se encararam até que o rapaz reunisse coragem para se levantar, apenas puxando o aparelho com uma das mãos e a mochila com a outra.

Cansado, magoado e bastante abalado, Dexter já estava quase saindo da cozinha quando, em um gesto automático, acabou se virando para ler a mensagem recebida. E foi com um olhar intrigado e até preocupado que ele viu a notificação do banco avisando que tinha sido cancelada a transferência que ele tinha agendado para pagar a primeira parcela do computador de Liberty.

Ainda de pé, já quase no hall de entrada, Dex abriu o aplicativo do banco para entender o que estava acontecendo. E foi com um palavrão que ele viu que Justin tinha zerado todo o salto para sua própria conta. Por ser menor de idade, a conta que Dexter tinha era anexada a do pai e era o Sr. Thompson quem controlava as despesas. Dexter nunca tinha precisado se preocupar com nenhuma conta da casa e ainda recebia uma mesada, algo que agora Justin estava retirando como forma de punição.

- É sério isso? - Dexter voltou para perto da mesa exibindo a tela do celular com o saldo zerado. - Me tirou todo o dinheiro? Qual é o próximo passo? Me expulsar de casa?

- Nem nos seus sonhos, Dexter. Para você se juntar ao caso perdido do seu amigo? Filho meu não sai dessa casa para passar vergonha se humilhando por aí. E nada vai te faltar. A mensalidade da escola vai continuar sendo paga, a sua academia, a sua comida e o teto sobre a sua cabeça. Mas você gosta de ter uma vida de luxo, cheio de mordomias? Então é melhor repensar as suas atitudes para o seu futuro, porque por esse caminho é isso que você vai ter: nada!
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Mensagem por Liberty Bloomfield Qui maio 09, 2024 9:56 am

- Antes de conhecer o Dex e de descobrir que o Lenny roubou o seu software, eu cheguei a fazer umas pequenas mudanças. Nada demais, eu só corrigi os bugs mais simples e mudei uns detalhezinhos no layout.

Sentados lado a lado numa das arquibancadas ao redor do campo de futebol da MMU, JJ e Liberty estavam com a atenção fixa na tela do novo notebook da menina. Para Libby ainda era estranho trabalhar com uma máquina tão nova e potente ou não precisar mais se preocupar em plugar o computador num cabo de energia. Mas, apesar de ainda estar se acostumando com aquela novidade, era inegável que a menina estava encantada com a rapidez do processador e com todas as funcionalidades modernas que o seu antigo “Dumbledore” não possuía.

Bloomfield até tentou disfarçar o seu desagrado, mas a reação dela acabou sendo espontânea demais. Assim que abriu o programa e viu as alterações feitas pelo irmão, a menina apertou os lábios e franziu as sobrancelhas numa caretinha de insatisfação que não passou despercebida por Jeffrey.

- Você odiou.

- Ahn... – a pausa feita por Libby foi uma clara tentativa de escolher melhor as palavras para não magoar o irmão – Não sei. Só acho que o fundo roxo não ficou muito legal. E essa fonte é rebuscada demais, eu prefiro algo mais tradicional. Os ícones não ficaram bem alinhados. E onde diabos você enfiou a faixa de opções?

- É. Você odiou TUDO.

- Odiei. – apesar da confissão, o risinho divertido de Liberty não deixava que aquela crítica soasse tão pesada – Roxo, JJ? Onde você estava com a cabeça???

- Se você me der duas ou três horas, eu posso desfazer todas as mudanças e te entregar o projeto original.

- Relaxa, não precisa. Eu mesma consigo refazer. Como eu conheço cada pedacinho deste código, vai ser muito mais rápido! Vamos lá!

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Liberty respirou fundo, bateu as mãos, estalou os dedos e fixou os olhos na tela do notebook para se concentrar naquele trabalho. Diante dos olhos atentos de JJ, a menina se desconectou da realidade por algum tempo enquanto reescrevia o código e desfazia as modificações feitas pelo irmão. E se Wooton ainda tivesse qualquer dúvida sobre Libby ser a dona daquele software, naquele momento ele teria a prova definitiva do quanto a garota era genial.

Qualquer pessoa precisaria de horas para fazer todas aquelas mudanças, mas em poucos minutos Libby consertou todos os detalhes e ainda corrigiu alguns bugs que JJ não tinha sido capaz de solucionar. Ao finalmente se dar por satisfeita, Liberty abriu um sorriso e só então aterrissou novamente na realidade e olhou para o rapaz sentado ao seu lado. O semblante de JJ indicava que ele estava bastante impressionado, mas também um tanto intrigado com o desempenho de Bloomfield.

- Uau. Isso foi rápido. E muito impressionante! Por um momento foi como se você tivesse se desligado do resto do mundo para se focar só nisso. Eu só conheço uma pessoa que consegue fazer algo assim...

- O seu pai. – Libby deixou escapar aquela resposta, mas se apressou a dar uma explicação antes que JJ ficasse ainda mais desconfiado – O seu irmão me contou que o seu pai também faz isso quando está trabalhando em algum projeto importante...

- É, ele é muito foda. E eu acho que ele fica bastante frustrado porque o Lenny e eu não herdamos a genialidade dele. O meu pai teria adorado ter uma filha como você.

A absurda ironia naquela declaração fez com que um sorriso amargo surgisse nos lábios de Bloomfield. Com um nó na garganta, Liberty foi incapaz de responder qualquer coisa, até porque ela se sentia um pouco culpada por continuar escondendo aquele segredo de JJ. Mas era exatamente por não querer estragar tudo que Libby decidiu adiar um pouco mais aquela revelação bombástica. A última coisa que Liberty queria era perder a amizade sincera que vinha nascendo naturalmente entre ela e o meio-irmão.

Ainda em silêncio, Libby fechou o programa depois de salvar as alterações. E só depois que aquela tela se fechou foi que Liberty se deu conta de que ela tinha deixado outra aba aberta na área de trabalho do laptop. Como Thompson já imaginava, a ex-namorada só tinha precisado de poucos minutos para chegar à última fase do joguinho desenvolvido por ele. Mas, mesmo depois de ter concluído o jogo, Libby não tinha conseguido fechar o programa. Então o avatar da Zarah continuava na tela, com a música escolhida por Dexter tocando ao fundo.

As bochechas de Liberty adquiriram um tom mais rosado e ela se apressou para fechar aquela aba também, mas já era tarde demais para esconder aquilo de JJ.

- Ele precisou de dias para fazer isso, sabia? Eu até ofereci ajuda, mas o Dex insistiu em fazer tudo sozinho. Acho que ele queria te impressionar.

- E conseguiu. – o semblante de Libby se tornou mais derretido.

Para uma mente genial da tecnologia, o joguinho desenvolvido por Dexter chegava a ser escroto de tão amador. Mas Liberty estava sendo totalmente sincera ao dizer que tinha ficado impressionada. Pouco importava se Thompson já tinha pegado um código quase pronto em uma plataforma online ou se os gráficos eram ruins. O que realmente deixava a garota tão afetada era saber que Dexter tinha se esforçado para fazer algo para ela, algo totalmente fora da zona de conforto do rapaz.

- Tá na cara que vocês ainda se amam! Você deveria dar mais uma chance pra ele, Libby. – JJ mais uma vez incorporou o cupido e tentou ajudar o novo amigo – Por que o namoro terminou, afinal?

- Por causa do Leonard... – só depois que viu os olhos de JJ se arregalando, Liberty se deu conta da interpretação equivocada que o rapaz estava dando àquela confissão – NÃÃÃÃO! Não, não, não! Pelo amor de Deus, não! Não rolou nada entre o Lenny e eu!

- Ufa! Por um momento eu pensei que...

- NÃO! – Libby interrompeu o irmão antes que JJ tivesse a chance de verbalizar algo tão nojento – O problema foi que ele e o Dex brigaram, o Dex nunca confiou nele e tentou me convencer de que o Leonard era o culpado pela minha overdose. Eu não acreditei no Dex, nós discutimos e eu fiz a pior escolha da minha vida ao terminar com ele.

- Hm, agora eu entendo porque ele ficou tão magoado. Mas o Dexter parece pronto pra te perdoar e pra superar esse problema. Ele me contou que acabou ficando com outra garota e eu entendo que isso tenha te magoado também. Mas é óbvio que ele te ama e que é com você que ele quer ficar, Libby. Você não acha que também deveria perdoar esse deslize e superar esse problema?

- Eu tentei. Juro que tentei. Mas é complicado, JJ...

Racionalmente, Liberty sabia que não tinha motivos para ficar tão chateada e ofendida. Mesmo que a menina ficasse magoada em ver o ex-namorado com outra garota pouco tempo após o término, a verdade é que Dexter não havia cometido nenhuma traição porque os dois estavam separados na noite em que o rapaz transou com Debby. Se Thompson quisesse mesmo ficar com a líder de torcida, ele só precisaria estalar os dedos para que Debby se jogasse aos pés dele. Mas, ao invés disso, Dexter tinha passado os últimos dias se esforçando para reconquistar a ex-namorada.

Bloomfield não tinha mais dúvidas de que Dexter a amava e que a transa com Debby tinha acontecido num momento de carência, que o rapaz só tinha se deixado levar por aquele instinto porque estava se sentindo rejeitado e imaginava que Libby já não o amava mais. O coração de Libby já tinha perdoado o ex-namorado e implorava para tê-lo de volta. Mas a garota falhou miseravelmente nas tentativas de se reaproximar de Thompson simplesmente porque a mente dela se recusava a superar e esquecer aquele trauma. Não importava o quanto o coração dela se derretesse por Dex, sempre existia uma vozinha irritante dentro do cérebro de Libby que insistia em repetir que ela não era boa o bastante e que Thompson não ficava plenamente satisfeito com ela.

- O que é tão complicado? Eu não sou tão inteligente quanto você, mas até que tenho alguns neurônios legais trabalhando aqui dentro... – Wooton usou o indicador para apontar a própria têmpora – Talvez eu possa te ajudar.

- Eu DEFINITIVAMENTE não vou falar sobre essas coisas com você, JJ!

Fazia todo o sentido que Liberty não se sentisse à vontade para compartilhar os seus problemas pessoais e as suas inseguranças mais íntimas com um cara que ela tinha conhecido há poucos dias. Mas o verdadeiro constrangimento da menina ia muito além disso. Seria absurdamente estranho para Libby contar ao irmão mais velho que ela não se achava sexy o bastante para um cara como Dex e que ela não se via sendo capaz de satisfazer os desejos mais íntimos do ex-namorado. Aquele era o tipo de conversa que uma menina teria com alguma amiga ou com a mãe (ou com um terapeuta), mas nunca com um irmão.

A intensidade do rubor que se espalhou pelo rostinho de Liberty fez com que Wooton entendesse que era um assunto bem íntimo, então o rapaz não insistiu naquela conversa. E Bloomfield soltou um suspiro de alívio e agradeceu mentalmente quando JJ retornou ao primeiro assunto.

- Eu vim te procurar porque queria te devolver pessoalmente o código que estava com o Lenny. E nos próximos dias vou te manter informada sobre a documentação da patente.

- Você já vai embora? – Libby curvou os lábios num biquinho infeliz diante do tom de despedida do irmão.

- Eu preciso ir, já me afastei do trabalho e da faculdade por muito tempo. Além disso, sou eu que vou ficar sem namorada se passar mais um dia longe da Rach! Ela já está suuuper bolada com o meu sumiço. Mas imagino que a nossa viagem em grupo vai ser o bastante para desfazer todas as minhocas que surgiram na cabeça dela. Falando nisso, eu já entrei em contato com o advogado e ele vai tentar reverter a decisão sobre o Timmons não poder sair do estado...

- Por favor! Porque o Tim vai querer ir nessa viagem de qualquer forma e vai ser um grande problema ter um foragido da justiça entre nós! – Libby abriu um sorrisinho bem humorado e depois, num gesto impulsivo, a menina não resistiu à tentação de se inclinar para abraçar o irmão – Obrigada. Por tudo. Você não tem noção de como tudo isso foi importante e especial pra mim, JJ.

***

Desde a noite do Halloween, Liberty vinha literalmente evitando olhar na direção do ex-namorado. E provavelmente era por isso que a garota ainda não tinha notado que algo estava errado com Dexter. Qualquer pessoa que conhecesse bem o rapaz perceberia que o antigo brilho havia desaparecido das íris castanhas e que os sorrisos de Dex eram mais mecânicos e forçados. Por mais que o rapaz tentasse esconder a grande crise que acontecia sob o teto dos Thompson, Libby percebeu que algo estava errado no instante em que bateu os olhos nele naquela manhã.

Com uma ruguinha entre as sobrancelhas, Dexter empurrava alguns livros para dentro do seu armário. Faltavam poucos minutos para a primeira aula do dia e Liberty era o tipo de aluna que gostava de chegar cedo na sala para escolher o melhor lugar. Mas naquela manhã a menina deixou de lado a sua obsessão pelos estudos para dar um pouco de atenção ao ex-namorado.

- Oi... – Libby abriu um sorriso doce quando só a proximidade dela já foi capaz de desfazer a ruguinha entre os olhos do rapaz – O JJ acabou de se despedir de mim. E ele me devolveu o arquivo roubado pelo Lenny com um monte de alterações tão toscas que quase me fizeram chorar de desespero. Sorte que a Minerva é foda e eu só precisei de poucos minutos para corrigir tudo.

Como de costume, Dexter contraiu o rosto num semblante confuso ao não conseguir acompanhar o raciocínio da menina. E Libby estava com tantas saudades dele que até aquela expressão de cãozinho perdido foi capaz de derretê-la ainda mais.

- Minerva! – a menina indicou o novo notebook em seus braços como se fosse uma resposta óbvia – Foi quem substituiu o Dumbledore em Hogwarts depois que ele morreu. E nem venha dizer que ela não era tão boa ou poderosa quanto o Dumbie! Foi ela que liderou a batalha final em Hogwarts!

Nas últimas semanas, Dexter tinha paralisado a própria vida para se dedicar a ajudar a ex-namorada. Então agora Liberty sentia que era a hora de retribuir todo o esforço feito pelo rapaz e ajudá-lo a superar os seus próprios problemas. Contrariando o seu cronograma e traindo a sua personalidade certinha e exemplar, Libby surpreendeu o rapaz com aquela proposta.

- Vamos fugir daqui hoje? Podemos entrar no seu carro, dar uma volta, procurar algo mais legal pra fazer. E no caminho você me conta o que está acontecendo...

Dessa vez Dexter tinha entendido o que a garota estava dizendo, mas ainda assim o rapaz parecia incapaz de acreditar que Liberty Bloomfield realmente estava sugerindo que eles matassem aula pra passarem o dia juntos. E diante do olhar embasbacado de descrença dele, Libby rolou os olhos e soou mais brava.

- Isso é muito injusto, sabia? Todo mundo aqui já matou aula alguma vez na vida. Por que quando é comigo as pessoas reagem como se fosse o fim do mundo!? Eu não tenho o direito de me divertir um pouquinho?
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Mensagem por Emily Sinclair Qui maio 09, 2024 12:47 pm

Era a saudade, a excitação, o amor, tudo temperado com a bagunça que estava o coração e a mente de Emily Sinclair. E o resultado tinha sido aquela explosão intensa e desenfreada que envolveu Emy e Hunter durante aquela madrugada. A química que existia entre os dois estava presente em todas as fases daquele relacionamento, mas tudo parecia ter ficado ainda maior e melhor naquela madrugada.

Mas se fosse só a saudade, se fosse só o desejo que tivesse levado Emily até o Pat's naquela noite, a menina se daria por satisfeita, recolocaria suas roupas e iria embora. Mas muito mais do que isso, o amor que Emy sentia por Hunter insistia em sobreviver, mesmo com as mentiras, manipulações, decepções e toda a confusão que agora a acompanhava em tempo integral.

Ao invés de dar a noite por encerrada e de se invadir de culpa no instante em que se deu por satisfeita, Emily ainda não estava disposta a ir embora. Sem nem imaginar tudo o que se passava dentro da cabeça de Timmons, as expectativas e principalmente a conclusão que ele tinha chegado sobre o que estava acontecendo ali, Emy ainda se deixava levar apenas pelas emoções, sem pensar nas consequências dos seus atos e das suas escolhas.

Não era o mesmo conforto que a cama que Hunter tinha deixado na casa dos pais ou a que Emily tinha abandonado no seu próprio quarto naquela noite, mas o colchão que ficava em contato direto com o chão em um canto do quartinho definitivamente não foi um problema quando o casalzinho migrou para ele. De maneira inconsciente, ou talvez até premeditada, na noite anterior Chad tinha assumido posições em que ele predominava sobre Emy, como uma forma de tentar mostrar para ela que não havia nenhuma limitação física que o impedisse de satisfazê-la. O joelho machucado de Timmons até poderia impedir que os dois explorassem incansavelmente todas as posições, mas nunca tinha sido um problema de verdade, e estava longe de ser um obstáculo naquela noite.

Com as costas de Timmons apoiada contra o colchão, Emily deslizou por cima do colo dele. E daquela vez, depois de já terem vivido a primeira onda de alívio, eles não tiveram pressa em continuar se amando. Era impressionante que, mesmo com toda a química e o quão maravilhoso fosse, tudo conseguia ficar melhor quando os dois conseguiam se olhar com mais carinho e ternura. Os braços de Hunter envolviam o corpo de Emy e era a menina quem ditava o ritmo mais lento, mas o rapaz trazia muito mais sentimento para o momento enquanto segurava os fios ruivos que caíam sobre o rosto dela para que os dois se encarassem fixamente.

Quando os dois se deram mais uma vez por satisfeitos, o corpo de Emy deslizou para o lado e ela se aninhou ao peito de Hunter, como eles já tinham feito tantas vezes. Sentindo o cansaço acumulado de todo o dia e o sono que a madrugada trazia, o golpe final foi gastar as suas últimas reservas de energia se entregando a Timmons. Sinclair já se sentia anestesiada, mole e sonolenta enquanto sua respiração aos poucos reencontrava o ritmo mais natural. E Emily já estava quase completamente adormecida quando nem percebeu aquelas palavras saindo pela sua boca.

- Eu amo você, Tim.

***

Sem cortinas na janela, os primeiros raios de sol logo invadiram o quartinho que Hunter vivia. Ainda era cedo, e como os dois só tinham dormido poucas horas daquela madrugada, Sinclair ainda demorou um pouco para começar a se incomodar com a claridade, mas quando ela finalmente ergueu as pálpebras, sua mente sonolenta precisou começar a trabalhar para lembrar de onde estava e o que estava fazendo ali.

Com uma ruguinha entre os olhos, Emily girou o pescoço alguns centímetros, tentando identificar aquele ambiente tão diferente do seu quarto. A parede clara, a ausência de móveis, o cômodo impessoal. E antes que ela começasse a lembrar o que estava acontecendo, o peso de um braço repousado sobre a sua cintura foi a segunda pista. Emy nem precisava se virar para reconhecer Hunter, que ainda adormecido, a abraçava por trás em um gesto carinhoso e protetor.

Não era a primeira vez que Sinclair acordava nos braços de Timmons, e normalmente os dois só precisavam de alguns minutos para vencer a preguiça e voltarem a se render nas carícias mais íntimas. Mas ao invés de derretida, apaixonada ou até algum sinal de excitação, a onda de culpa finalmente veio. Sem o véu da madrugada, com a luz do sol lá fora, os problemas pareciam estar novamente expostos, como se agora Emy não conseguisse mais fugir deles.

A noite tinha sido maravilhosa, incrível e excitante. Mas no instante em que a intensidade da saudade e do desejo diminuíram, a balança da razão voltou a pesar. Era impossível para Emily não se sentir envergonhada com o que tinha acontecido ali. Ela não era o tipo de garota que se envolvia com dois rapazes, que dormia com duas pessoas diferentes em um curto período do tempo. E Emy definitivamente não era o tipo de garota que traía o próprio namorado. Mesmo que ela e Chad não tivessem usado especificamente essa palavra para se referir ao que eles teriam, era óbvio que Clifford merecia ao menos um pouco de respeito.

Mas seria mentira dizer que o único problema era a culpa e a vergonha por causa de Chad. E também não era só a mágoa e as cicatrizes que Hunter tinha deixado com as mentiras. Emily tinha falado a verdade ao dizer que estava prestes a enlouquecer se não tivesse Timmons, e era essa intensidade que voltava a lhe assustar. Porque com ele, Emy era incapaz de pensar com clareza. A tatuagem, as brigas com a mãe para defendê-lo, a forma com que enfrentava quem quer que fosse para continuar ao lado de Hunter. Emily ficava simplesmente irreconhecível por causa daquela paixão.

Tudo vinha acontecendo muito rápido. A aproximação com Hunter, aquele amor avassalador, o relacionamento intenso, o término ainda mais dramático, voltar para os braços de Chad e agora aquela recaída. Emily não vinha conseguindo pensar com clareza, e enquanto ela não conseguisse colocar os seus pensamentos e seu coração em ordem, ela continuaria tomando decisões impulsivas e equivocadas.

No começo, Emy foi muito cuidadosa quando segurou o pulso de Hunter e tentou se livrar daquele abraço. Como o colchão ficava no chão, seus movimentos também não atrapalharam o sono do rapaz enquanto ela deslizava para fora. Emy conseguiu alcançar algumas das suas roupas e conseguiu recolocar o vestidinho vermelho, mesmo sem alcançar o zíper nas costas. Os cabelos ruivos desalinhados, a maquiagem um pouco borrada e tentando encontrar suas roupas e as sandálias que tinham sido jogadas para todos os lados dava a imagem perfeita de alguém que tentava sair furtivamente depois de uma transa casual.

Talvez Emily tivesse mesmo coragem de simplesmente ir embora se os movimentos dela pelo cômodo finalmente não tivessem chamado a atenção de Hunter. Com um semblante sonolento e um sorriso preguiçoso, Timmons não pareceu notar de imediato que Sinclair estava praticamente fugindo dali, e Emy ainda tentou disfarçar quando se virou de costas, com a desculpa de pegar a sandália sob a mesa.

- Desculpe, eu te acordei?

Emily enfiou uma das sandálias no pé e ainda evitava o contato visual com Hunter quando foi buscar o casaco largado no meio do quarto. E como naquela posição ela acabava ficando mais perto do colchão, Timmons só precisou esticar um dos braços para puxá-la mais para perto.

- Eu preciso ir, Hunter. Já amanheceu, vão acabar notando a minha ausência em casa.

Liberty Bloomfield era observadora e inteligente demais, além de ser muito metódica. Ela só precisaria somar dois mais dois para perceber que a prima não tinha passado a noite em casa. A maior preocupação de Emy, obviamente, era a reação de Hilary se desconfiasse onde a filha tinha dormido naquela madrugada, e principalmente na companhia de quem. Mas as palavras de Sinclair também poderiam passar a equivocada impressão de que ela estava preocupada com a desconfiança de Clifford.

- Hunter, para. Espera.

Diferente da noite anterior, que Emily se entregava ao menor toque ou beijo, que se derretia sob o olhar e as juras de amor de Hunter, o primeiro instinto da menina foi recuar quando ele tentou abraçá-la. E Emy deixou ainda mais claro que estava se esquivando dele quando voltou a se colocar de pé, dessa vez até um pouco irritada.

- O que você está fazendo? Nós não podemos continuar com isso. Aliás, será que podemos, por favor, nem falar sobre o que aconteceu aqui? Isso foi um erro, Hunter, eu não deveria ter vindo aqui, não podia ter deixado as coisas irem tão longe. Eu acho que não estava brincando quando disse que estava mesmo perdendo a cabeça, porque eu não estava pensando quando decidi vir até aqui.
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Mensagem por Hunter Timmons Sex maio 10, 2024 8:34 pm

Não era a primeira vez que Hunter e Emily se entregavam ao desejo, viviam momentos apaixonados e depois adormeciam nos braços um do outro. Mas o que fazia com que aquela madrugada fosse diferente e mais especial do que qualquer outra noite era a saudade. E, no caso de Timmons, a certeza de que aquilo era uma reconciliação também contribuiu bastante para intensificar ainda mais os seus sentimentos e as reações do seu corpo.

Ao se aninhar junto ao corpo de Emily, Hunter se sentia leve, feliz e anestesiado pelo prazer. Somado a isso, Timmons também experimentava um profundo alívio por pensar que a crise com Sinclair tinha chegado ao fim e que agora os dois estavam juntos novamente. Mesmo sem uma conversa mais madura que esclarecesse a situação e colocasse um fim nos problemas do casal, Hunter acreditava que aquilo era uma reconciliação simplesmente porque o comportamento de Emily não deixava muitas brechas para outro tipo de interpretação.

Os beijos intensos, os toques ansiosos, o brilho nos olhos castanhos e a declaração de amor. Era evidente que o corpo de Sinclair estava em chamas naquela madrugada, mas em nenhum momento Hunter imaginou que pudesse ser só isso que a ex-namorada queria dele. Emily não era o tipo de garota que se aventurava em transas casuais e muito menos que dizia um "eu te amo" da boca para fora. Portanto, quando se entregou ao sono depois de fazer amor com a garota, Hunter tinha plena certeza de que Emily tinha perdoado os erros dele e dado mais uma chance para o amor dos dois.

Justamente por ter aquela certeza tão bem consolidada dentro dele, Timmons estranhou a movimentação e a postura tensa da garota na manhã seguinte. Ainda sonolento e embolado nos lençóis, Hunter se virou na direção dela o e coçou os olhos enquanto tentava terminar de acordar e entender o que estava acontecendo ali.

Era fácil perceber que Emily estava se vestindo às pressas e que ela pretendia sair logo do quarto, sem prolongar as carícias como era um antigo costume do casalzinho. Mas nem mesmo aquela cena acendeu um alerta imediato na cabeça de Timmons. Inicialmente tudo o que Hunter imaginou era que Sinclair só estava com pressa de voltar para casa porque seria constrangedor se deparar com algum funcionário do Pat's chegando para o trabalho naquela manhã. E é claro que a garota também tinha motivos para querer estar de volta em seu quarto antes que a mãe percebesse que ela tinha dormido fora de casa.

Por ter tanta certeza de que o problema não era com ele, Hunter exibia um sorriso relaxado nos lábios quando puxou a menina para tentar arrancar mais alguns beijos e carícias antes daquela fuga. Mas foi a postura arredia, a esquiva e a entonação mais dura de Emily que finalmente fizeram Timmons notar que havia algo muito errado ali. E que, ao contrário do que Hunter imaginava, o problema de Sinclair continuava sendo ele.

Deitado no colchão e ainda com um ar sonolento, Hunter ergueu a cabeça para conseguir acompanhar os passos dados por Emily para longe dele. E ele parecia sinceramente confuso com a reação inesperada que Sinclair estava tendo depois de uma noite tão intensa e apaixonada.

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- O que foi, ruivinha...? – ainda sem entender (ou sem querer entender) o que estava acontecendo com a garota, Hunter franziu as sobrancelhas e assumiu um ar mais sério ao encará-la – Por que não vamos falar sobre isso...? Como assim, "foi um erro"?

Inconscientemente Hunter já tinha entendido o que Sinclair queria dizer e o que aquela fuga significava. Mas o coração do rapaz ainda queria desesperadamente estar errado e encontrar qualquer outra explicação para o comportamento de Emily naquela manhã. Só que a expressão mais dura e arrependida no rostinho da garota obrigou Timmons a encarar a realidade: não era o fim da crise entre eles, aquilo não tinha sido uma reconciliação, os dois não eram novamente um casal e Emily não tinha perdoado os erros do ex-namorado.

Uma onda de pânico se espalhou por Hunter, bagunçando os pensamentos do rapaz. A respiração dele se tornou mais pesada e Timmons terminou de acordar com um pulo para fora do colchão. Para não se sentir tão exposto, o rapaz puxou o lençol e o manteve preso ao redor de sua cintura enquanto os olhos cor de avelã deslizavam pelo rosto de Emily com uma expressão aflita e atormentada.

- Não! Você não pode fazer isso, Emily! Não depois de tudo o que aconteceu esta noite! Nós temos que conversar! Foi você que quis vir até aqui! Foi você que disse que...

O discurso de Timmons morreu sem uma conclusão porque, só naquele momento, Hunter se deu conta de que a garota nunca havia falado nada sobre uma possível reconciliação. Foi o rapaz que, ansioso e iludido, acabou interpretando daquela maneira as falas da ex-namorada. Só agora que recapitulava toda a conversa foi que Hunter percebeu que Emily dissera que estava com saudades, que ele a deixava louca e que ela estava perdendo a cabeça por causa dele. Em nenhum momento Sinclair dissera que o queria de volta ou que eles deveriam retomar o relacionamento.

O silêncio de Hunter se prolongou por vários segundos porque um nó potente na garganta dele impediria que a sua voz saísse. Toda a felicidade e o alívio que ele vinha sentindo nas últimas horas se partiram como um vidro sendo espatifado por uma pancada violenta. E a voz do rapaz soou frágil e engasgada quando ele segurou o lençol com apenas uma das mãos e usou a mão livre para apontar o colchão no qual os dois tinham se amado e dormido juntos nas últimas horas.

- O que isso significou pra você, exatamente? Por que você veio atrás de mim essa madrugada, Emily? Por que você me tocou, me beijou, disse que me amava? Mas que merda foi essa, caralho!? Você me fez acreditar que estava tudo bem entre a gente, porra! Que nós estávamos juntos de novo! Você deixou que eu acreditasse nisso só pra ferrar comigo???

Emily tinha acabado de dizer que ela não estava pensando com clareza na noite passada, portanto era óbvio que a garota não havia arquitetado um plano de vingança e nem nada parecido. Mas, ironicamente, foi assim que Timmons se sentiu. Era como se Sinclair estivesse se vingando por ter sido enganada, usada e iludida por ele. Agora era ela que fazia com que Hunter experimentasse exatamente aqueles mesmos sentimentos. Naquela madrugada, o rapaz tinha se entregado por inteiro para uma garota que não parecia estar tão envolvida quanto ele.

Um riso amargo e sem emoção ecoou pelo quarto minúsculo. A cabeça de Hunter se sacudiu numa negativa e ele deslizou uma das mãos pelos cabelos escuros, num gesto nervoso. Agora que Timmons experimentava na própria pele a terrível sensação de ter sido usado (fisicamente e emocionalmente), o rapaz teria uma pequena dimensão de como Sinclair se sentiu ao descobrir que o namoro dos dois tinha nascido em meio a um plano de vingança.

- Então é isso!? Você só queria transar? O seu namoradinho inseguro não consegue te satisfazer, então você achou que poderia vir pra minha cama, dar uma trepada de verdade e depois retornar pra sua vidinha perfeita na qual eu não me encaixo?

A reação irritada e ofendida de Hunter era a maior prova de que o plano de vingança tinha ficado no passado. Porque, se ele ainda estivesse travando aquela guerrinha com Chad, seria uma grande vitória para Timmons ter dormido novamente com Emily. Mas naquele momento tudo o que Hunter sentia era o gosto amargo de uma grande derrota.

Algumas pessoas poderiam dizer que Hunter estava sendo hipócrita por reclamar do comportamento de Emily quando ele próprio já tinha vivido tantas aventuras e transas casuais. Mas a grande diferença é que Timmons nunca havia iludido nenhuma garota, feito promessas ou juras de amor. Ele nunca tinha arrastado para a cama nenhuma menina que estivesse profundamente apaixonada ou iludida quanto ao futuro da relação.

- Isso só aconteceu porque eu achei que estávamos na mesma sintonia. – Hunter novamente apontou para o colchão ao pronunciar “isso”, se referindo aos momentos apaixonados da última madrugada – Porque eu ainda te amava, porque eu queria você de volta e eu achei que você estivesse pronta pra me perdoar! Sou eu que não teria deixado as coisas irem tão longe se soubesse que você só estava agindo como uma cadela no cio que não consegue se controlar quando está com tesão! Pra mim não era só sexo, Emily, e eu deixei isso bem claro o tempo inteiro! Então se você deixou rolar mesmo vendo que não estávamos na mesma sintonia, você é ainda mais filha da puta do que você me acusa de ser! Porque eu posso até ter me aproveitado da nossa situação pra me vingar do Clifford, mas eu NUNCA menti sobre os meus sentimentos ou sobre o quanto eu queria um futuro com você! Eu nunca olhei na sua cara e disse que te amava só porque estava excitado e queria te comer!

Como um animal ferido, Hunter bufava depois daquele desabafo acalorado. E ele também sentia o corpo trêmulo quando marchou pelo cômodo, destrancou a porta e fez um sinal para fora, expulsando a garota do quarto.

- Se você não consegue se decidir ou dar um basta nesse triângulo amoroso doentio, eu vou fazer isso por você. Volte pro Clifford, porque a partir de agora ele é a sua ÚNICA opção. Eu vou te arrancar do meu coração e dos meus pensamentos, nem que seja a última coisa que eu faça nesta merda de vida! E se a sua única preocupação é o seu namoradinho descobrir que você dormiu aqui essa noite, fique tranquila. Eu não tenho nenhum interesse em sair por aí espalhando que você me iludiu e me fez de otário!
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Mensagem por Dexter Thompson Sáb maio 11, 2024 2:38 pm

Havia uma agitação que incomodava dentro do peito de Dexter. Uma espécie de ansiedade e angústia lhe corroendo, alimentadas pelas preocupações que insistiam em martelar nos seus pensamentos. Não importava o quanto ele se esforçasse, qualquer caminho que tentasse cogitar ainda não parecia ser a solução para os seus problemas. E Dex se via completamente perdido, desorientado e infeliz.

Sem o tempo que o futebol lhe consumia, talvez agora Thompson conseguisse se dedicar mais aos estudos e melhorar suas notas, mas nem todo o esforço do mundo conseguiria apagar seu histórico mediano e até um pouco medíocre. Além de não conseguir encontrar uma solução que pudesse lhe dar qualquer chance e ingressar em uma faculdade sem o esporte, Dexter agora também tinha que lidar com o castigo imposto pelo pai.

De uma forma parecida com a que o Sr. Timmons tinha feito com Hunter, Justin também estava pressionando o filho para que ele tomasse o caminho que mais lhe parecia correto. A grande diferença era que Dexter não era explosivo e impulsivo como o amigo. A sua tendência a sempre evitar conflitos e até se anular pela felicidade alheia impediam que o rapaz surtasse e externasse o que se passava dentro dele.

Não era que Dexter odiasse o futebol e tivesse sido forçado a participar do time durante toda a sua vida. Dex era bom e tinha momentos muito divertidos em campo ou com os colegas, mas a pressão e a imposição do pai tinham transformado tudo em uma situação insuportável e sufocante. Ele não queria que fosse o futebol que o definisse, não era aquilo que o fazia genuinamente feliz. O problema era que Thompson ainda não tinha descoberto o que realmente queria para si.

A última medida do Sr. Thompson ao cortar todo o dinheiro que fornecia ao filho não era exatamente o fim do mundo. Dexter ainda teria um teto, roupas limpas, a mensalidade da escola paga e comida no seu prato. Mas além de se limitar em todo o restante, Dex ainda tinha uma gorda dívida a ser paga com Jeffrey Wooton Junior. Pelo que conhecia do novo amigo, era óbvio que Dexter não esperava ser cobrado de forma humilhante ou desagradável, mas o presente de Liberty tinha sido uma escolha de Dexter e era uma questão digna honrar cada centavo investido. Mas por mais que tentasse encontrar uma solução, Dexter só conseguia se ver tendo que ceder aos desejos do pai e voltar para o futebol.

Eram aqueles pensamentos que atormentavam Thompson naquela manhã. A incerteza do seu futuro, a pressão do pai e o gosto amargo e indigno de uma dívida que ele precisava honrar. Pela primeira vez em muito tempo, Dexter não conseguia abafar seus próprios problemas com os dramas dos amigos ou as preocupações envolvendo Liberty. Aliás, pensar na ex-namorada só contribuía para que Dex se sentisse tão atormentado, porque todo aquele peso e todas aquelas incertezas só pareciam reforçar o quanto ele não era merecedor de uma garota como Bloomfield.

- Minerva? - Dexter arqueou uma das suas grossas sobrancelhas quando Liberty tomou a iniciativa daquela conversa e se esforçou para camuflar as preocupações que atormentavam sua mente. - Tá, eu admito, essa foi boa. Meio girl-power, mas totalmente válido.

Dexter fechou a porta do armário e endireitou a alça da mochila em um dos ombros quando foi surpreendido pela sugestão de Liberty. E dessa vez foi muito fácil esconder o semblante agitado e ansioso porque Dexter estava sinceramente surpreso e até um tanto escandalizado ao escutar que a sempre tão rigorosa Bloomfield estava disposta a faltar aulas. Mas ao invés de repreendê-la, Thompson não conseguiu evitar que um sorrisinho sacana brotasse nos seus lábios.

- Não é que você não tenha direito a se divertir, eu só não sabia que a gente tinha o mesmo conceito de diversão. Tem certeza que tem espaço no seu cronograma para matar aulas?

Não tinham sido poucas as vezes que Bloomfield precisou replanejar todo o seu cronograma e apertar os horários de estudos porque o ex-namorado ou a prima tinham lhe arrastado para algum lugar não planejado. Uma festinha, uma saída até o Pat's, uma viagem de última hora. Mas naquele dia, era Liberty quem tomava a iniciativa de mudar sua agenda e fazer algo inédito. E até um pouco aventureiro.

Os olhos castanhos estudaram a menina com expectativa por alguns minutos enquanto ele avaliava a situação. Liberty tinha feito aquele convite e sutilmente sugerido que Dexter conversasse sobre o que o chateava. E Dex nem tinha precisado dizer que estava preocupado ou angustiado para que Bloomfield percebesse que ele precisava de um ombro e uma companhia para conversar.

Por dentro, mesmo que existisse um pouco de vergonha em contar para ela tudo que o atormentava, Thompson não conseguiu evitar que seu ego fosse afagado. Depois de ter se sentido rejeitado e negligenciado, de ter encontrado apenas em Debby alguém com a escuta aberta, era delicioso ver que Liberty ainda se preocupava e se interessava por ele. Mesmo que os dois ainda tivessem um longo caminho para trilhar, aquilo era um prêmio gigantesco e irrecusável.

- Tá legal, vamos sumir daqui. - Ele se rendeu, dando um passo para frente para que seu braço pudesse deslizar por cima dos ombros de Libby em um meio abraço enquanto os dois andavam pelo corredor até a saída. - Mas só para deixarmos claro aqui, essa sua amizade com o Tim está começando a ficar perigosa. Eu nunca imaginei que um dia fosse te ver matando aula por vontade própria!

***

Com as temperaturas mais amenas mesmo durante o dia, Dexter e Liberty não viram nenhuma necessidade em ligar o ar-condicionado do carro quando começaram a passear por Colchester. Ainda não havia chegado o rigoroso frio de dezembro, então o aquecedor também tinha sido dispensado. Ao invés disso, os dois tinham aberto as janelas, deixando o ar puro da pequena cidade entrar com um vento fresco enquanto a paisagem bonita passava ao redor deles.

Na central de mídia, Dex tinha deixado a sua playlist pop tocando, e como eles tinham se afastado da parte central de Colchester, ninguém testemunhava como os dois cantavam com gritos entusiasmados as músicas agitadas e populares, fazendo pequenas performances e duetos com uma liberdade típica de duas pessoas que se conheciam e tinham total liberdade, sem sombras de constrangimentos.

Por algumas horas, Dexter até se esqueceu dos problemas enquanto se divertia na companhia de Libby. E dirigindo sem um destino certo, os dois acabaram se vendo em Burlington, onde Thompson parou para comprar o almoço antes de voltarem para o carro. E o veículo estava estacionado em uma zona portuária de Burlington, com o cheiro de fritura de hambúrgueres e batatas, quando Dex desligou o motor e começou a petiscar o almoço. Com a música ainda ecoando, mas em um volume mais baixo, a voz do rapaz chegava fácil aos ouvidos de Liberty.

- Estou feliz de ver que as coisas estão fluindo diferente com o JJ. E eu não quero soar otimista e nem precipitado, mas acho que as coisas vão ser bem melhores agora, Libs. Sei que não é a família completa e perfeita que você sonhava e merecia, mas quer saber um segredo? - Ele deu de ombros e acabou soando mais infeliz do que pretendia. - Nenhuma família é perfeita.

O olhar atento de Liberty, o semblante curioso e interessado e principalmente a forma carinhosa com que ela perguntou o que estava acontecendo terminou de desarmar Dexter. Com um suspiro, ele empurrou as batatinhas de volta para o pacote e deslizou o olhar para o horizonte, se prendendo em alguns barcos estacionados na água calma ao redor do porto.

- Eu saí do futebol e o meu pai ainda não aceita. Diz que eu estou estragando a minha única chance de ir para a faculdade, que eu sou burro demais para conseguir de outra maneira. E quer saber? Ele tem toda razão. - Dexter soltou um longo e derrotado suspiro enquanto apoiava a cabeça no encosto do banco de couro. - Sei lá... Eu sei que Princeton é seu sonho, mas talvez faculdade não seja para todo mundo, não é? Eu ainda não sei o que eu quero fazer, mas estou cansado de fazer o que todos esperam de mim o tempo inteiro.
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Mensagem por Liberty Bloomfield Sáb maio 11, 2024 7:45 pm

Qualquer outra garota no lugar de Liberty tentaria fazer com que Dexter voltasse atrás em sua decisão sobre abandonar o futebol. Thompson podia ter várias qualidades, mas era a posição dele no time e o papel de atleta que mais alimentavam a popularidade do rapaz na MMU. A própria Debby tinha repetido um discurso muito parecido com o do Sr. Thompson e insinuado que aquela era a única chance que um aluno mediano como Dex tinha para se destacar e ser aceito por uma universidade. Mas não foi naquela mesma direção que Bloomfield seguiu.

Para Libby não fazia diferença se Dexter era um atleta popular, o capitão do time ou se o rapaz tinha um tanquinho perfeito. O que realmente fez com que a novata se derretesse por ele era o que estava por trás da aparência e da popularidade do rapaz. Liberty se encantou pela alma de Thompson, pela sua generosidade, pela gentileza com a qual ele tratava todos ao seu redor, pela amizade fiel que o rapaz dedicava aos colegas e pela forma como Dex sempre se esforçava para que todos ao seu lado estivessem felizes. Mas só agora a menina se dava conta de que Thompson parecia estar se descuidando da sua própria felicidade.

- Eu concordo. – Liberty fez uma pausa para tomar um golinho do suco antes de completar com naturalidade – Talvez a faculdade não seja mesmo o melhor caminho pra você...

Era estranho escutar aquilo de uma garota que tinha colocado o futuro acadêmico no topo das suas prioridades. Uma vaga em Princeton era o maior sonho de Bloomfield desde a infância, o principal plano que a menina tinha traçado para o seu futuro. E Liberty de fato achava que aquilo era MUITO importante. Para ela.

Ao contrário do que poderia parecer, Libby não se sentia superior às outras pessoas só porque possuía uma inteligência tão acima da média. Bloomfield era capaz de enxergar as qualidades das pessoas ao seu redor e de admirar diferentes dons, talentos e habilidades. E a garota tinha plena consciência de que nem todos precisavam ter um diploma de uma instituição acadêmica para serem profissionais respeitados e para construírem carreiras de sucesso.

Antes que Dexter pudesse concluir que a ex-namorada estava descartando uma carreira acadêmica simplesmente porque não achava que ele era capaz de ter um diploma ou de construir um futuro brilhante, Libby completou a sua linha de raciocínio.

- Mark Zuckerberg. Lionel Messi. John Rockefeller. Gisele Bündchen. Tom Cruise. Rihanna. E, acredite ou não, até o Bill Gates! Sabe o que todos eles tem em comum? Eles estão no topo das suas respectivas áreas profissionais! E sabe outra coisa que eles tem em comum? – Libby enfiou uma batatinha na boca antes de completar com as bochechas estufadas – Nenhum deles tem um diploma universitário.

Ao notar para onde o discurso de Liberty estava caminhando, Dexter se remexeu no banco e focou toda a sua atenção na garota. Justin Thompson provavelmente diria que Libby estava sendo irresponsável e uma péssima influência por enfiar aquelas ideias na cabeça do rapaz. Mas a grande verdade é que Liberty parecia ser a única pessoa ali preocupada com a felicidade de Dexter e com o que ELE realmente queria para o seu próprio futuro.

Diferente do resto do mundo, Libby sempre enxergou que o futebol não tinha sido uma escolha feita por Dexter. O Sr. Thompson praticamente impôs a sua vontade sem se preocupar como o filho se sentia com relação a tudo aquilo. E todos os amigos e colegas de Dexter começaram a enxergar nele apenas o estereótipo de um atleta popular e que não teria um futuro sem o esporte. Embora tivesse chegado à cidade há poucos meses, Liberty era a única que olhava para Dex e conseguia enxergar o que realmente havia por trás da máscara que tinha sido praticamente amarrada na frente da cara dele.

- Não estou dizendo que estudar não é importante. Eu imagino que o Tom Cruise tenha feito muitos cursos de atuação para se aperfeiçoar. O Messi é disciplinado e treina duro desde que era um garotinho. E o Bill Gates coooom certeza ficou com a bunda amassada depois de tantas horas estudando e trabalhando para chegar até onde ele chegou. O meu argumento aqui é: um diploma de Princeton não teria feito diferença na vida de nenhum deles porque todos eles nasceram com um dom. E quando a gente faz algo que ama, é muito mais fácil se dedicar, se aperfeiçoar e se destacar. Eu acho que esse pode ser o seu futuro, Dex. O principal você já tem. Você tem um dom, algo que você ama fazer!

Aquilo era tão óbvio para Liberty que a garota ficou chocada e boquiaberta ao ver um semblante de confusão surgindo no rosto de Dexter. E como o rapaz não parecia fazer ideia do que Libby estava falando, a menina teve que ser um pouco mais específica na sua argumentação.

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- Deeeex... – Liberty abriu um sorriso mais doce e sacudiu de leve a cabeça – Como você pode não saber do que eu estou falando!? Tem uma coisa em que você é MUITO bom! Algo que você adora fazer! É sério que você nunca nem cogitou um futuro na gastronomia?

Não era por acaso que, em todas as festinhas organizadas por Sinclair, a garota deixava Thompson responsável pelos lanches. O bolo de chocolate com menta feito pelo rapaz para o aniversário de Liberty se passaria facilmente pelo trabalho de um confeiteiro de verdade. Thompson adorava ler sobre restaurantes novos, sobre receitas premiadas e conhecia o trabalho de vários chefs famosos.

Era evidente que o rapaz gostava de cozinhar e aquele era um dom tão natural que Dexter nunca havia sequer pensado na possibilidade de ganhar a vida transformando aquilo numa profissão. Foi preciso que Liberty abrisse os olhos de Thompson para aquele caminho.

- Tem muitos cursos sérios de gastronomia, acho que o seu primeiro passo deveria ser se matricular em um deles. E é claro que você teria que começar a sua carreira na cozinha de algum restaurante, mas eu tenho certeza que você tem potencial pra crescer e se tornar um chef renomado num futuro bem próximo! Como você nunca pensou nisso antes, Dex? – Liberty fez uma piadinha para suavizar o clima – A sua habilidade na cozinha foi um dos motivos que me fizeram me apaixonar por você, sabia? Além de ser muito sexy ver um cara que sabe cozinhar, eu gosto de planejar cada passo do meu futuro, lembra? E, como eu não sei nem fritar um ovo, eu preciso me casar com um cara que não vai deixar os nossos filhos morrerem de fome!

Era para ser só uma brincadeira com o intuito de melhorar o humor abalado do rapaz e fazer Dexter esquecer o drama que ele vinha vivendo na casa dos Thompson. Mas só depois de ouvir a própria voz ecoando dentro do carro, Liberty se deu conta de que não deveria estar falando sobre casamento e filhos com um ex-namorado. Qualquer rapaz fugiria sem olhar para trás ao saber que uma namoradinha do colégio já tinha pensado tão longe sobre o futuro dos dois. Mas Dexter novamente mostrou o quanto era diferente dos outros caras e o quanto ele estava apaixonado por Libby quando aquela declaração não o afugentou.

E, inconscientemente, aquele deslize de Liberty também denunciou que a garota não havia descartado um futuro ao lado dele. Mesmo com as dificuldades que os dois vinham enfrentando nas últimas semanas e com toda a insegurança que a garota sentia, o coração de Libby ainda pertencia a Dexter.

- Promete que vai pensar sobre isso? – Liberty se apressou em completar antes que Dexter imaginasse que ela ainda estava falando sobre casamento e filhos – Sobre a gastronomia! Se você nunca cogitou essa possibilidade, eu acho que você deveria pensar se isso é algo que te faria feliz. Porque talento eu te garanto que você tem, só resta saber se você quer seguir por esse caminho, Dex. Porque essa escolha é só sua.

***

- É, eu sei. Isso é um desastre...

As palavras saíram pela boca de Liberty, mas a garota parecia estar verbalizando exatamente o que se passava pela cabeça de Emily naquele momento. As duas primas tinham se juntado para arrumarem juntas as malas para a Tailândia e, só depois de abrir as portas do seu closet, Libby percebeu que não tinha muitas peças adequadas para uma viagem para a praia.

Os poucos vestidinhos de Libby eram comportados demais, com tecidos mais pesados ou mangas compridas. E a única roupa de banho que Liberty tinha em suas gavetas era um antigo maiô da época em que ela fazia natação no colégio de Seattle. Preto, sem decotes e com a parte de baixo enorme que escondia praticamente todo o quadril dela.

Como no dia seguinte as duas meninas já teriam que viajar cedo para Nova York – onde elas encontrariam JJ e o jatinho que voaria para a Tailândia – não havia tempo hábil para que Sinclair arrastasse a prima para um dia de compras. Por sorte, Hilary era a dona de uma boutique e emprestou a chave da loja para que, já tarde da noite, Emily ajudasse Libby a escolher algumas peças mais adequadas para a viagem.

Mesmo que aqueles modelos mais decotados e coloridos estivessem bem fora da zona de conforto de Liberty, a garota conseguiu escolher alguns vestidos, dois shortinhos e um macaquinho disponíveis no estoque da loja. Mas Bloomfield travou quando Emily colocou diante dela algumas opções de trajes de banho.

Obviamente não havia nenhum modelo escandaloso ou indecente, mas ainda assim era algo que Libby nunca tinha usado, muito menos na frente de um grupo de amigos (e um ex-namorado). E a insegurança que já vinha corroendo a garota nas últimas semanas cresceu ainda mais enquanto ela franzia o nariz para os biquínis.

- Isso é o tipo de coisa que só fica bem numa garota como você, Emy... – Libby pegou uma calcinha vermelha mais cavada – Se eu colocar essa coisa, acho que nem tenho coragem de sair do quarto do hotel. Vou ficar super desconfortável! Aliás, eu não pretendo ficar muito tempo no sol. Vou levar o notebook porque eu não posso comprometer ainda mais o meu cronograma!

Não era uma novidade ouvir que Liberty pretendia seguir o cronograma e substituir um dia de diversão pelos estudos. Mas, naquele momento, um bom observador perceberia que Bloomfield estava usando o cronograma apenas como uma desculpa para fugir do verdadeiro problema.

Quando JJ perguntou qual era a complicação que impedia que Dexter e Libby ficassem juntos novamente, a garota não teve coragem de falar sobre algo tão íntimo com o irmão. Embora Liberty amasse a mãe e enxergasse nela uma boa amiga e confidente, também era difícil fazer aquele desabafo para alguém que estava atrás de uma tela e tão distante dela. Por isso, Bloomfield vinha guardando aquela insegurança apenas para si mesma.

Naquela noite, porém, quando Emily exigiu saber o que estava acontecendo, Libby não conseguiu mais se segurar. E a maior prova do quanto Liberty confiava em Sinclair veio quando Emily foi a primeira pessoa a ouvir dela aquele desabafo dolorido.

- Eu não sou bonita. Não como você, a Pamela ou a Debby... E uma roupa sexy e ousada não vai mudar isso, Emy, só vai fazer com que eu me sinta desconfortável e me veja como uma fraude. – Liberty curvou os lábios num biquinho, cruzou os braços numa postura defensiva e abaixou o olhar ao chegar à parte mais delicada daquela confissão – Eu costumava lidar bem com isso e não me importar tanto com a opinião das outras pessoas. Mas na noite de Halloween eu percebi que a opinião de UMA pessoa importa. E como eu posso acreditar que o Dex vai ficar satisfeito comigo depois de já ter tido uma garota como a Debby?

As lembranças da noite de Halloween já não provocavam em Libby tanto asco ou mágoa. Depois de ter se reaproximado de Dexter e de ter tido tantas provas que o rapaz a amava, Liberty já não tinha mais motivos para duvidar dos sentimentos dele. Mas nada parecia ser capaz de desfazer a insegurança de Libby.

- Eu sei que ele me ama. Mas eu queria ser o suficiente para satisfazer todas as necessidades dele – Bloomfield se adiantou antes que Emily pudesse usar aquele argumento – Eu não queria ser só a namoradinha nerd, Emily! Eu não quero só olhares doces e apaixonados, eu queria que ele olhasse pra mim com desejo. Eu queria provocar nele o mesmo instinto maluco que fez com que o Dexter não resistisse e concordasse em transar com a Debby no meio de um estacionamento lotado!

Thompson não sabia mais o que fazer para reconquistar a ex-namorada e para arrancar aquelas inseguranças de dentro dela. Mas o principal erro que Dexter estava cometendo era agir apenas como um rapaz gentil e apaixonado demonstrando o seu amor pela garota. Libby já não tinha dúvidas sobre aquele amor, o que a garota precisava era se sentir segura quanto ao fato dela ser desejada e da sua capacidade de saciar um rapaz experiente como Dex.

Emily provavelmente teria mais facilidade para entender qual era o problema de Liberty, até porque ela vivia algo semelhante naquele momento. Chad era o típico namoradinho perfeito que não cansava de demonstrar o seu afeto pela garota. E Emily podia até gostar dele e reconhecer que Clifford seria a escolha mais sábia para a sua vida. Mas Sinclair sabia melhor do que ninguém como o amor se tornava muito mais poderoso quando se misturava à paixão e ao desejo que ela sentia por Hunter.

- Não foi ruim quando o Dex e eu dormimos juntos. Mas eu estava muito tensa, eu definitivamente não fui tão bem quanto a Debby! E ele passou boa parte do tempo preocupado comigo e perguntando se estava tudo bem. Enfim. Eu não acho que ele tenha gostado tanto daquela noite quanto ele parecia estar curtindo aquela transa nojenta do Halloween.

Só depois de fazer aquele longo desabafo, Liberty soltou o ar acumulado em seus pulmões e voltou sua atenção para a prima. Como era evidente que Emily também estava enfrentando sérios problemas em sua vida pessoal, Bloomfield não se esquivou de uma inversão dos papéis e se mostrou disposta a ser uma ouvinte e uma confidente para Emily também.

- Você tem tudo isso com o Tim, Emily. Sim, eu sei que ele está longe de ser perfeito. Muuuuuito longe disso. Mas será que vale a pena continuar mantendo essa distância entre vocês? Acho que o seu lance fracassado com o Chad só serviu pra deixar ainda mais claro o que o seu coração realmente quer, Emy. Você está sofrendo, o Tim está sofrendo, vocês sentem falta um do outro e estão se machucando ainda mais com essa montanha-russa de brigas, acusações e recaídas! E é óbvio demais que vocês dois ainda se amam. Não seria muito mais fácil conversar com ele e tentar acertar as coisas?
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Mensagem por Emily Sinclair Dom maio 12, 2024 10:35 am

Sair na surdina, sem que Hunter nem notasse a sua fuga e só despertasse quando já estivesse sozinho não era exatamente a maneira mais respeitosa de encerrar aquela noite intensa e apaixonada. Mas definitivamente era a mais fácil, porque assim Emily não teria que lidar com a vergonha, o constrangimento e principalmente: aquela conversa.

Os cabelos ruivos estavam um pouco desalinhados, o vestido vermelho amarrotado e Emy ainda carregava as sandálias nas mãos. Mas o que deixava mais evidente o quanto ela estava envergonhada era seu olhar. A confusão e a guerra declarada entre seu coração e a sua mente tinha conseguido ficar abafada por muitas horas enquanto ela se entregava ao desejo e a saudade por Timmons, só que agora, sob a luz do sol, no começo de um novo dia, Sinclair era obrigada a encarar tudo de frente.

Se Emily tivesse conseguido raciocinar um instante sequer, aquela noite não tinha acontecido. Pelo menos, não da maneira que tinha se desenrolado. Porque além de saber que era o pior momento do mundo, que ela ainda estava com Chad e que a sua situação com Hunter precisava muito mais de uma conversa do que uma transa, Emily conhecia o rapaz bem demais. E era óbvio que, no instante em que se encontrasse contrariado e frustrado, Timmons atacaria.

Hunter já deveria ter vivido aquela cena por mais vezes do que poderia se lembrar, mas ele sempre tinha ocupado o papel do cara que se levantava e se vestia para ir embora, deixando uma garota nua na cama. Só que era óbvio que aquilo não tinha sido apenas uma transa casual e divertida. Com o histórico dos dois, com o amor que ainda existia (e Timmons tinha deixado claro que ainda a amava, repetidas vezes por toda a madrugada), aquilo não tinha como ser apenas uma noite qualquer. E isso só pesava ainda mais nos ombros de Emily.

Que Hunter atacava, não media as palavras e deixava a raiva se apoderar dele em uma explosão com muita facilidade não era nenhuma novidade para alguém que já tinha estado ao lado dele. A briga com Chad que tinha terminado com a destruição de um armário do vestiário, o conflito que tinha feito Hunter acertar uma bandeja de sanduíches e esbravejar com a namorada como se Emily tivesse cometido um crime. Em todas as vezes, Sinclair sabia exatamente o segredo de administrar a situação e acalmar a fera. Era como se ela tivesse o poder mágico de domar Timmons. Mas naquela manhã, mesmo ciente de todas as técnicas, Emy foi incapaz de pensar ou agir com estratégia. Além de confusa, com um turbilhão de emoções que também não estava conseguindo administrar ou gerir, Hunter estava conseguindo deixar tudo pior ao agredi-la com palavras. Porque era isso que Hunter fazia: quando ele estava ferido, ele queria ferir.

- Uma cadela no cio? - Emily abriu um sorriso amargo e balançou a cabeça como se estivesse concordando com alguma coisa. - Uau. Você e o Chad são mesmo farinha do mesmo saco, não é?

Ao flagrar a ex-namorada nos braços de um dos seus melhores amigos, Chad também tinha se referido a Emily com as mesmas palavras ofensivas. Na época, Emy estava tão envergonhada e assustada que não tinha recebido o mesmo impacto. Naquela manhã, entretanto, mesmo com tudo o que acontecia dentro do seu coração e na sua cabeça, a maneira com que Hunter a ofendeu foi como empurrar mais um pouco a faca já cravada no seu punhal. Era como se o destino estivesse lhe dando a chance de enxergar algo que estava escancarado há muito tempo: os dois até podiam ser loucos um pelo outro, mas Timmons nunca seria o cara ideal para estar ao seu lado.

Havia tanta coisa para ser dita que Emily poderia ficar ali o dia inteiro. Ela tinha como argumentar que nunca tinha mentido sobre amá-lo, que aquela noite não tinha acontecido só porque ela estava excitada, que era a saudade sufocante e o desejo de ter Hunter de volta os maiores motivadores para que ela tivesse ido até ali, mas que agora Sinclair precisava de um tempo para organizar os pensamentos e principalmente as emoções antes de fazer qualquer coisa. Porque era por causa daquele caos entre sua cabeça e o seu coração que as coisas estavam dando tão errado. Mas no final, Emy não disse nada.

Cansada, Emily sabia que tentar argumentar só faria com que ela e Hunter mergulhassem em uma briga acalorada e inútil. Não seria com gritos ou justificativas que os dois conseguiriam resolver o imenso problema onde tinham ido parar. E mesmo sabendo que tinha errado e que toda a responsabilidade daquela noite estava nas suas mãos, Sinclair também se sentia muito machucada e magoada por Hunter. Mais uma vez.

Sem dizer mais nenhuma palavra, Emily ainda estava descalça quando saiu do quarto. Mas sua caminhada se interrompeu no corredor e ela se virou para a porta que Hunter sustentava aberta, o encarando com um olhar sério.

- Não é o “triângulo amoroso” que é doentio, Hunter. Essa história toda sempre foi doentia. E quem foi que começou com esse inferno todo? - Emily arqueou as sobrancelhas e gesticulou com a mão que carregava as sandálias. - Se existiu um triângulo amoroso e se ele era doentio, todos nós podemos agradecer a você, não é?

Era o pior momento para fazer mais acusações. Timmons já estava se sentindo machucado, atacando de volta como uma fera. Mas por mais que admitisse a sua parcela de culpa naquela noite, Emy não estava disposta a ficar calada e sair como a vilã de uma história que só tinha existido por causa do plano de vingança dele.

Não foi nenhuma surpresa assistir a porta batendo com violência na sua cara. E sozinha no corredor, Emily se sentiu ainda mais cansada de todo aquele drama, ainda mais ansiosa para que tudo aquilo tivesse um fim, porque ela sentia que acabaria mesmo enlouquecendo com a dor dentro do seu peito e a guerra da sua mente.

***

Depois de não ter dormido mais do que algumas poucas horas, e ainda mais afetada com a discussão daquela manhã, tudo o que Emily precisava era de um banho quente e se afundar sozinha na própria cama. Então ela nem conseguiu disfarçar a irritação ao pisar no próprio quarto e encontrar Chad Clifford sentado na beirada da cama. A perna do rapaz balançava agitada, mas no instante em que ele deslizou o olhar pela garota, seu semblante se tornou ainda mais pesado e furioso.

- O que você está fazendo aqui?

Ao invés de satisfações ou desculpas, Emily soou irritada enquanto tirava as sandálias e as jogava na direção da porta do closet. Como já tinha amanhecido, era possível escutar alguns barulhos vindo do quarto de Liberty ou de Hilary preparando o café da manhã na cozinha, então era fácil deduzir que Clifford não estava ali clandestinamente.

- Sua mãe me deixou subir. Onde você estava?

Chad já sabia aquela resposta. Usando um vestido curto e amarrotado, com os cabelos bagunçados e com a cama de Emily perfeitamente esticada, era óbvio que a menina não tinha dormido em casa. E o celular abandonado na mesinha de cabeceira, ainda desligado, provava que ela sequer tinha cogitado avisar alguém onde estaria. O que Clifford realmente queria ver era se Emily teria coragem de mentir.

- Você sabe onde eu estava. - Ela se limitou a responder só porque falar o nome de Hunter era como cravar um novo punhal no próprio peito.

- Com ele, não é? - Chad abriu um sorriso gelado e se colocou de pé. - Puta que pariu, Emily! E você ainda consegue me encarar assim, com a maior tranquilidade? Caralho, no que você estava pensando? Eu achei que nós dois estávamos tentando superar isso!

- Eu não estava pensando. É que eu sou uma cadela no cio que não sei me controlar, esqueceu?

Chad provavelmente se lembrava da infeliz escolha de palavras que tinha usado contra Emy ao encontrá-la com Timmons na quadra de basquete, mas algo na entonação e no ar infeliz dela enquanto andava pelo quarto passavam a impressão de que não era uma alfinetada exclusiva a ele. E ao perceber aquilo, a ira de Clifford hesitou por alguns instantes.

- Ele te sacaneou outra vez, não é? - Chad nem tentou disfarçar o sorriso quando Emily não discordou. - Bem-feito! Quantas vezes você vai precisar cair no mesmo erro para entender que aquele filho da puta não presta, Emily? Como você pôde ter coragem de mentir para mim, de me ignorar a noite inteira para ir dormir com um cara que tá pouco se fodendo?

- Chad, eu quero ficar sozinha.

- Não, agora é a minha vez de falar!!! Você acha que eu vou mesmo continuar aturando isso??? Que vou continuar bancando o otário, me arrastando aos seus pés enquanto você sai durante a madrugada para trepar com outro cara??? Me conta, Emily, ele te puxou pelos cabelos e te tratou como uma égua? Porque deve ser isso que você gosta, não é?

Em um gesto afobado, Chad apontou na direção da tatuagem que marcava a pele de Emily. E mesmo coberta pelo vestido, aquilo ainda parecia ser um imenso problema. E assim como Hunter tinha seus motivos para ter acordado tão decepcionado e agressivo, Clifford também estava coberto de razão depois de ter sido enganado e traído pela namorada. Emy estava muito longe de ser uma pobre vítima naquela história, mas ela também estava farta de ser tão ofendida o tempo inteiro.

Graças aos seus reflexos rápidos do basquete, Chad conseguiu dar um pulo e recuar a tempo quando Emily agarrou a primeira coisa que sua mão alcançou e a arremessou na direção da cabeça dele. Por sorte, o porta-retratos que trazia a fotografia de Emily com a mãe atingiu a parede e se espatifou sem causar nenhum arranhão no rapaz, mas Clifford ainda estava com os olhos arregalados quando se virou para ela.

- ESSA HISTÓRIA ACABOU! JÁ CHEGA! EU NÃO QUERO MAIS OLHAR PARA VOCÊ OU PARA O TIMMONS! EU CANSEI DESSE INFERNO, CANSEI DE FICAR ENTRE VOCÊS DOIS! EU NÃO SOU UM PRÊMIO PARA VOCÊS FICAREM DISPUTANDO, NEM SOU UM INSETO PARA VOCÊS PISAREM! EU ME SINTO COMO UM BRINQUEDO QUEBRADO NO MEIO DE DUAS CRIANÇAS MIMADAS QUE NÃO SABEM LIDAR COM SUAS FRUSTRAÇÕES!

Chad e Emily já tinham discutido na manhã anterior, depois que o rapaz descobriu que teria um jantar para Liberty em que ele não estaria convidado. E no final Clifford tinha todos os motivos do mundo para se sentir inseguro e desconfiado, já que Emy tinha terminado a noite nos braços de outro cara. Mas daquela vez era Emy quem não poupava os gritos, que muito provavelmente chegavam até a cozinha onde Hilary estava.

- Eu sinto muito, Chad! Eu sinto muito MESMO, porque você não merecia essa merda toda! Não foi um erro assumir o cargo de capitão do time e o Timmons foi um filho da puta com essa vingança toda! Você não merecia que ele fizesse isso, e não merecia que eu te tratasse assim, mas eu estou farta de vocês dois dizendo que me amam, mas me atacando ao menor sinal de frustração!

- Menor sinal de frustração? Você transou com outro cara, Emily! O nome disso é outra coisa!

As mãos de Emily tremiam e ela estava chegando ao seu limite quando tentou segurar o choro. Depois de esfregar os olhos e se livrar daquelas lágrimas antes que elas escorressem pelo rosto, Sinclair soou rouca e derrotada.

- Isso não vai dar certo. Com nenhum de nós três. Eu estou machucada, Chad, e eu estou machucando todo mundo ao meu redor. Então já chega! Isso acaba hoje! Eu quero ficar sozinha.

- Emily? - Sem nem bater na porta, Hilary entrou com um olhar atento e protetor. - O que está acontecendo aqui?

- Nada. O Chad já está de saída.

***

- Aaahn, como é que é? E quem foi disse que a Pamela é bonita?

Emily soou implicante, mas com um clima leve e divertido enquanto separava algumas opções de roupas para a prima. Por dentro, Sinclair ainda se sentia infeliz e incompleta depois de todo o drama vivido entre Chad Clifford e Hunter Timmons, mas ela tinha decidido que não ficaria no quarto se lamentando, e se existia alguém capaz de fazer com que ela se distraísse se sentisse um pouquinho normal, era Liberty Bloomfield.

Como uma boa ouvinte e amiga, Emily abandonou os tecidos coloridos por um instante para escutar o desabafo de Libby. Não havia impaciência, deboche e nem julgamento ao escutar o quanto a prima se sentia insegura ou com a autoestima abalada. E foi com o mesmo ar compreensivo que Emy cruzou os braços carregando alguns dos biquínis selecionados.

- Eu conheço o Dex a minha vida inteira, Libby. E eu também conheço a Debby praticamente pelo mesmo tempo. Não vou mentir, não foram poucas as vezes em que vi os dois juntos em alguma festinha ou se divertindo por aqui. Mas eu também já vi você e o Dex juntos e eu posso afirmar com toda convicção de que nunca vi o brilho no olhar dele com a Debby. Aliás, com garota nenhuma, exceto você.

Liberty tinha deixado claro que o problema não eram os sentimentos de Thompson, que ela acreditava naquele amor e no carinho que existia entre os dois. Libby sabia que era especial para Dexter. Ela só queria “o pacote completo”, e ainda sentia que faltava a parte da química, da explosão, de uma transa insana e memorável.

- Você tem razão. Não é uma roupa decotada que vai te transformar em uma garota sexy. Quer saber qual é o segredo? - Emy jogou os cabelos ruivos para trás antes de completar. - Confiança! Se você não confiar em você, se não for capaz de olhar no espelho e dizer “puta merda, hein? Que gostosa!”, vai ser muito mais difícil as outras pessoas te enxergarem assim.

Dexter já tinha dito incansáveis vezes que ele achava Liberty linda, que ficava afetado por ela, que era apaixonado pelas suas curvas, pelo quadril, pelos lábios, em cada mínimo detalhe. Mas a autoestima de Libby estava tão abalada que ela não conseguia acreditar em nada daquilo. E Emy estava dizendo algo que fazia todo o sentido do mundo. Se ela não fosse capaz de amar a si mesma, não importava o quanto de amor recebesse ao redor, nunca seria o bastante.

- Uma noite. Uma única transa, que também era a sua vez, e é esse o parâmetro que você tem para se comparar com outra agora? É claaaro que o Dex seria mais compreensivo, gentil e delicado, Libby. Era a sua primeira vez! Vocês dois nem tiveram chance de chegar na parte boa de verdade!

O sorrisinho de Emy se tornou mais sacana enquanto ela avaliava a arara de biquínis ao seu lado. Depois de dedilhar por alguns cabides, ela puxou um conjunto branco e o balançou diante do rostinho da prima. As peças não eram tão minúsculas, mas realçariam muito bem as curvas do quadril que Dexter sempre elogiava e destacaria os seios de Bloomfield. Além do conjunto, uma saia rendada e um pouco transparente servia como uma saída de praia que camuflaria um pouco o corpo dela, ainda trazendo um ar bastante bonito.

- É perfeitamente possível ser sexy sem decotes exagerados. Nós queremos que você fique gostosona, não vulgar! Tente esse aqui. Eu aposto que vai deixar o Dex maluquinho. Mais do que ele já é.

Enquanto Libby avaliava a seleção da prima, Emily voltou a avaliar as opções, cogitando uma escolha para si, sem muita animação. O desejo de Sinclair era nem embarcar naquela viagem, de continuar evitando ao máximo qualquer contato com Hunter, mas ela sabia que não poderia abandonar a prima enquanto Liberty enfrentava uma crise pessoal.

- Quer um conselho, Libby? Esquece a Debby, porque nem o Dex pensa mais nela. Se eu fosse você, eu aproveitaria uma das praias paradisíacas da Tailândia, tomaria um drink delicioso e depois transaria na areia quentinha da praia, com a água do mar nos meus pés! Eu duvido que a Debby já tenha vivido uma transa dessas.

A visão descrita por Emily era mesmo tentadora e a menina quase podia enxergar a cabecinha de Libby trabalhando, projetando a pele quente de Dexter, bronzeada pelo sol, os músculos se remexendo enquanto se movimentava sobre ela. E ao ver como Bloomfield estava se perdendo naqueles pensamentos, Sinclair ficou mais séria.

- A primeira vez de vocês pode ter sido fofa e especial. Mas você também não tem o direito de julgar o Dex ou comparar o que vocês dois tiveram se não der mais uma chance. Se eu fosse você, eu agarraria essa chance com as duas mãos. Com a boca. Com as pernas. Com tudinhoooo que tem direito.

A gargalhada de Emy ecoou ao ver o rostinho de Libby corando, mas o clima se transformou quando o nome de Hunter foi trazido para dentro da boutique. Os cabides foram devolvidos para a arara e Emily não escondeu o quanto ainda ficava incomodada com aquele assunto. Mas diferente de dias atrás, quando Sinclair parecia completamente atordoada e perdida, ela mostrou que vinha refletindo bastante sobre o assunto e tentando colocar a cabeça no lugar.

- O meu lance com o Chad foi um erro. Foi um ato desesperado de tentar esquecer o Hunter, então eu sei o que o meu coração quer, Libby. Eu amo aquele infeliz. Eu não sei como ele conseguiu isso, mas eu amo e quanto mais eu penso, mais tenho certeza de que não vou conseguir deixar de amá-lo algum dia. Mas o Hunter tem um efeito poderoso demais sob mim... Eu não consigo pensar quando ele está por perto. Aliás, só o que eu penso é no quanto quero ficar com ele!

Com um suspiro e alguns segundos de hesitação, Emily acabou puxando a barra da camisa e a levantando, com o cuidado de manter o seio coberto e expondo apenas a tatuagem que marcava a sua pele. Com exceção de Clifford e Timmons, mais ninguém tinha visto aquele H gravado em seu corpo, e como Libby era uma garota muito certinha e racional, Emy já esperava por aquele semblante chocado.

- Eu fiz isso horas depois de ter escutado o Hunter dizer que me amava pela primeira vez, naquele final de semana da Comic Con. Esse é o efeito que ele tem sobre mim. Tudo é intenso, desenfreado. Só que na mesma proporção em que estar com ele é maravilhoso, basta que o Hunter se sinta frustrado ou contrariado para ele atacar. Como eu posso ficar com alguém assim? Alguém que me leva do céu ao inferno com a mesma facilidade?

Os dedinhos de Emy puxaram o tecido da blusa para baixo e ela estava novamente coberta quando deu de ombros.

- Eu amo o Hunter. Mas nós dois não fazemos bem um para o outro. E depois de tudo o que aconteceu, eu preciso de um tempo sozinha, sem todo esse drama.
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Mensagem por Hunter Timmons Dom maio 12, 2024 12:43 pm

- Huuum... tããão sério...

A voz doce de Eileen soou numa entonação provocante enquanto ela deslizava os olhos pelo rapaz diante dela. E Hunter Timmons de fato parecia muito sério com a câmera nas mãos, revendo na tela as últimas fotos capturadas e decidindo quais mudanças deveriam ser feitas nos ângulos ou na luminosidade para que as imagens ficassem ainda melhores.

Conforme o combinado, Hunter tinha se encontrado com Eileen naquela manhã para tirar algumas fotos para o portfólio da garota. Trabalhando como atriz e modelo, Parker precisava mesmo manter as fotos atualizadas para conseguir bons trabalhos no meio artístico. Geralmente era necessário contratar um fotógrafo profissional e experiente para fazer aquele tipo de trabalho, mas era evidente que Hunter estava encarando aquela oportunidade com seriedade. E as aulas do curso de fotografia pareciam estar sendo muito proveitosas, já que as fotos tiradas pelo rapaz naquele dia se passariam facilmente pelo trabalho de um profissional bastante capacitado.

Foi Timmons que teve a ideia de usar o clube da cidade como plano de fundo para aquele ensaio. Era um lugar prático e de fácil acesso, mas o que realmente tornava a escolha inteligente era o fato de ter diferentes cenários disponíveis no mesmo lugar. Eileen já tinha tirado várias fotos no jardim bem cuidado do clube, depois a garota repetiu algumas poses na quadra de tênis, no salão de festas e na beirada da piscina. Por fim, Parker colocou um roupão branco fofinho e Hunter decidiu finalizar o ensaio no estúdio de massagem.

Diante de um papel de parede com cores clarinhas e estampa floral, Eileen abaixou as mangas do roupão e sacudiu os cabelos antes de soltar uma risada.

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- E agora, Sr. Grande Artista!? O que você quer que eu faça? Você não me deixou fazer o meu olhar sexy em nenhuma foto, bebê...

- Confie em mim. A não ser que você queira um papel num filme pornô, é melhor não incluir o seu olhar sexy no portfólio. – Hunter fez uma pausa para ajustar melhor o ring light – E relaxe o rosto. Não pode rir, vou ter mais trabalho pra editar as fotos se você sair com linhas de expressão.

- Tá, desculpe. – Eileen deu alguns tapinhas no rosto, respirou fundo e relaxou o semblante para a câmera enquanto vários flashes eram disparados em sua direção.

Naquela manhã, Hunter tinha chegado muito perto de desmarcar o seu compromisso com Parker. Seria difícil para o rapaz se concentrar em qualquer coisa depois da noite intensa com Emily e, principalmente, após uma nova discussão com a ex-namorada na manhã seguinte. Chateado, infeliz, se sentindo usado e com a certeza de que não havia mais nenhuma salvação para o romance com Sinclair, tudo o que Timmons queria era se isolar do resto do mundo e se afundar na melancolia.

Mas agora Hunter se sentia grato por ter sido profissional e por ter levado adiante o compromisso com a amiga. O coração dele continuava despedaçado e comprimido dentro do peito, mas o trabalho ao menos tinha conseguido tirar Emily dos pensamentos do rapaz. Mesmo que a câmera nas mãos dele tivesse sido um presente da ex-namorada, enquanto estava tirando as fotos Timmons conseguiu se esquecer de Sinclair e de toda a dor que ela tinha lhe causado.

Várias horas se passaram até que Hunter finalmente ficasse satisfeito com o trabalho. Como a maior parte dos artistas, Timmons foi profissional e bastante perfeccionista com o trabalho daquele dia. E como Eileen já era uma garota naturalmente bonita, a dedicação do fotógrafo bastou para que as fotos ficassem maravilhosas. A própria Parker pareceu surpresa enquanto via as imagens passando pela tela da câmera digital do rapaz.

- Confesso que eu estava um pouco insegura e já tinha até pegado o número de um fotógrafo famoso de Burlington. Mas isso aqui ficou perfeito, bebê! Você realmente leva jeito pra coisa!

- Eu ainda vou editar as imagens, aprimorar as luzes, colocar alguns filtros e corrigir algumas poucas imperfeições. Mas consigo te entregar tudo pronto em dois dias.

- Ótimo, o meu teste é só daqui a duas semanas. Eu já vou te pagar, peraí...

Com os pés descalços, Eileen caminhou até uma das macas onde ela havia deixado a bolsa e voltou para perto de Hunter com o celular nas mãos. Em poucos minutos, a garota acessou o aplicativo do banco e fez uma transferência para a conta de Timmons, acertando o valor total do ensaio.

E só depois de pagar pelo serviço prestado pelo rapaz, Eileen teve uma atitude mais ousada. A mãozinha que segurava o roupão soltou o tecido e deixou que a peça caísse até os pés dela. Até então Hunter pensava que Parker estava usando um biquíni por baixo do roupão, portanto a surpresa dele foi grande ao ver que Eileen estava completamente nua.

- Você já cumpriu a sua parte no acordo e fez o trabalho para o qual foi contratado. E eu já te paguei por isso, então é o fim da nossa parceria, bebê. A partir de agora não somos mais fotógrafo e modelo, então que tal deixar de lado essa postura tão certinha e profissional, Tim? Eu te conheço, você não é assim...

Não era só o profissionalismo que impedia que Hunter cedesse às provocações que ele vinha escutando nas últimas horas. Com o coração ferido e ainda clamando por Emily, o rapaz duvidava muito que seria capaz de se envolver com outra pessoa tão rápido. Mas foi um detalhe no discurso de Parker que atingiu Hunter em cheio.

“Você não é assim”. Timmons realmente não era o tipo de cara que se fechava dentro da própria tristeza ou que se calava ao ser humilhado, rejeitado e menosprezado. Na última madrugada, Emily havia esmagado o pouco que restava das esperanças no coração de Hunter e agora ele não conseguia evitar a dor e a mágoa que se apoderavam dele.

Mas isso não significava que Timmons pretendia mostrar ao resto do mundo que ele estava derrotado e infeliz. Pouco importava se era assim que Hunter se sentia por dentro, por fora ele ainda queria ser o cara forte que não dava o braço a torcer e que batia de volta sempre que a vida lhe acertava alguma pancada violenta.

E Eileen Parker parecia a melhor maneira de dar a volta por cima naquela situação. A atual rainha da MMU tinha dispensado e rejeitado Timmons, mas ele ainda podia sair vitorioso se a primeira (e mais temida) rainha de Colchester estivesse ao seu lado.

- Finalmeeeente! – Eileen abriu um sorriso satisfeito depois que Hunter deixou a câmera de lado e afundou as duas mãos na cinturinha dela, puxando-a com firmeza – Este sim é o Tim que eu conheço! Eu sabia que você ainda estava escondido aí dentro, bebê. E você não vai se arrepender disso, nós vamos nos divertir MUITO!

***

O novo advogado de Hunter parecia ser mesmo muito habilidoso e competente, porque poucos dias tinham se passado desde que JJ Wooton passou aquele contato para o rapaz e já era possível ver bons resultados. Um adiamento no processo, novas testemunhas, a retirada de várias acusações e, por fim, a anulação da ordem para que Timmons não saísse do estado de Vermont. Ainda faltava trilhar um longo caminho até que o rapaz fosse totalmente inocentado, mas com aquelas mudanças Hunter poderia voltar a ter uma rotina mais normal.

E uma viagem com os amigos era tudo o que Hunter precisava para comemorar a sua nova liberdade. O fato de Emily Sinclair também fazer parte do grupinho de convidados era um detalhe que ameaçava a felicidade de Timmons, mas o rapaz já tinha decidido o que fazer para que a presença da ex-namorada não o abalasse tanto.

Tudo levava a crer que seria uma viagem de casais. JJ levaria a namorada e, mesmo que Liberty e Dexter estivessem oficialmente separados, era uma questão de tempo até que o casalzinho se acertasse. Hunter também tinha absoluta certeza de que Chad Clifford se juntaria a eles, principalmente porque ele era inseguro e ciumento demais para permitir que Emily embarcasse numa viagem sem ele e tão perto do ex-namorado. Timmons se sentiria péssimo se fosse a única sobra no meio de um grupinho de casais, mas por sorte agora ele também tinha alguém para incluir naquela aventura.

- Tem certeza de que o tal Wooton não vai se incomodar com uma penetra na viagem? – Eileen perguntou enquanto puxava a sua mala de rodinhas pelo piso do pequeno aeroporto particular de onde o jatinho decolaria.

- Você ouviu o que eu disse? O pai dele é o manda-chuva da Microsoft. O avião é deles! O resort é de um amigo deles. O JJ é dono da porra toda e tá bancando a viagem pra geral, gatinha. Mais um ou menos um não vai fazer a menor diferença pra ele.

- Está bem. Se você diz, quem sou eu pra recusar uma viagem de graça pra Tailândia!? – Eileen mordeu o lábio inferior e, na escada rolante, ela teve que se colocar na pontinha dos pés para conseguir alcançar o ouvido do rapaz bem mais alto do que ela – Podemos aproveitar o clima do local pra eu te mostrar a massagem tailandesa que eu sei fazer. Você vai gozar tão forte que vão ter que chamar os bombeiros pra me tirarem do teto do quarto.

A declaração tão direta e indecente de Parker poderia deixar qualquer um escandalizado, mas a reação de Hunter foi uma gargalhada gostosa. Sem a menor sombra de dúvida, uma garota maluca, ousada, desbocada e aventureira como Eileen era tudo o que Timmons precisava para esquecer o seu romance fracassado com Sinclair.

- Eles estão no portão cinco. Faltam dez minutos para o embarque! – Hunter conferiu a mensagem que Libby tinha acabado de enviar para o celular dele – É logo ali na frente, vamos!

- Eu realmente preciso ir ao banheiro antes de embarcamos, bebê. – Eileen apontou para a plaquinha de um sanitário próximo – Leva a minha mala e eu te encontro lá em cinco minutos, ok?

De fato todos já estavam reunidos ao redor do portão e Hunter era o último a chegar. Timmons estranhou não ver Clifford ao lado de Emily, mas o atual namorado da garota ainda poderia estar no banheiro ou na fila da lanchonete. Como não fazia ideia de que Sinclair tinha terminado tudo com Chad, Hunter nem cogitava a possibilidade da ruiva estar embarcando sozinha naquele dia.

A princípio não parecia haver nada estranho em Timmons estar puxando uma mala de rodinhas e carregando uma mochila nas costas. Não era comum que rapazes viajassem com tanta bagagem, mas ainda assim podia ser apenas as coisas dele que não couberam em uma mochila simples. Só que o fato da mala ser cor de rosa e ter um pompom colorido amarrado na alça chamou a atenção e intrigou os demais convidados daquela viagem.

- Ahn... a sua mala é rosa? – JJ foi o primeiro a ter coragem de fazer aquela pergunta depois dos cumprimentos iniciais – Nada contra, eu sou do time da paz e da tolerância. Mas é que você passou a impressão de ser beeeem machão quando ameaçou me espancar naquele outro dia.

- A mala não é minha. Aliás, espero que não se importe por eu ter trazido uma convidada, Wooton. Ela é bem pequenininha e não ocupa tanto espaço assim. – um sorriso sacana surgiu nos lábios do rapaz – Ela pode ir sentada no meu colo no avião e com certeza vai dividir a cama comigo no resort, então acho que não tem problema, né?

- Tá falando sério, Tim? – Liberty parecia sinceramente irritada com o amigo quando cruzou os braços para repreendê-lo – Você convidou a Pamela pra vir com a gente!?

- Pamela...? – Hunter demorou dois segundos até se lembrar da antiga ficante – Ah, nãããão! Não é a Penny! Por que eu ficaria com a Penny se posso ter a rainha de Colchester?

Não foi só Liberty que franziu as sobrancelhas e se virou na direção de Emily. Dexter e Martínez também pareceram confusos porque tudo levava a crer que Timmons estava se referindo a Sinclair. Propositalmente, Hunter abriu um sorrisinho sacana e deixou que aquele mal entendido durasse mais alguns segundos antes de se explicar.

- Hoje você vai conhecer a primeira e “verdadeira” rainha de Colchester, novata.

A “rainha de Colchester” já dava uma poderosa dica sobre quem Hunter estava falando. Mas Eileen Parker já tinha sumido no mundo há tanto tempo que os antigos colegas nem pareciam mais se lembrar da existência dela. Por isso a surpresa foi enorme e indisfarçável quando uma mocinha loira se juntou ao grupo, se agarrou a um dos braços de Timmons e tomou a palavra sem nenhum constrangimento.

- Oiiii! Surpreeeeesa! Tô de volta, seus filhos da puta!

- VALHA-ME CRUZ! VIRGEM SANTÍSSIMA! – com os olhos arregalados, Martínez deu um pulo para trás e puxou de dentro da camiseta uma correntinha com um pingente de crucifixo – ALGUÉM ABRIU AS PORTAS DO INFERNO!

A reação de Mike parecia totalmente desproporcional à imagem da garota baixinha, magrinha e com traços delicados. Como Liberty, JJ e Rachel não conheciam Eileen (e nem a péssima fama da garota), os três ficaram completamente confusos não só com o desespero de Martínez, mas também com as reações tensas de Dexter e Emily.

- Ahn... quem é você? – depois de meses vivendo em Colchester, Libby já conhecia praticamente todos os moradores, mas aquele rosto nunca tinha entrado no campo de visão da novata antes.

- Oi! Eu sou a Eileen. E você deve ser a Libby, né? O Huntie me falou muuuuito bem de você. Eu não costumo gostar muito de nerds... – Parker lançou um olhar ameaçador para Martínez que fez o rapaz recuar mais um passo – Mas, se o Huntie diz que você é legal, eu vou abrir uma exceção pra você. Afinal nós dois somos muito parecidos, não é, bebê?

Ninguém poderia questionar aquela última afirmação. Não parecia haver em todo o mundo nenhuma outra garota tão parecida com Hunter Timmons quanto Eileen Parker. Os dois eram impulsivos, irresponsáveis, explosivos e não lidavam muito bem com as suas frustrações. Eileen era ousada, aventureira, vingativa, malvadinha e inconsequente. Era o tipo de garota que certamente aceitaria e lidaria bem com os piores defeitos de Hunter.

- De onde vocês se conhecem? Você não é de Colchester, é?

- Eu sou! Eu estudava na MMU, saí de lá tem uns dois anos!

- “Saí de lá???” – Mike reuniu coragem para se meter naquela conversa e alertar Libby sobre quem realmente era Eileen Parker – Ela foi expulsa depois de tentar MATAR uma colega no vestiário das meninas!

- Isso é uma puta de uma injustiça, Martinerd! Eu não queria matar aquela vadia gorda! Eu só queria deixá-la permanentemente cega, aleijada e careca. Como capitã da torcida, eu não podia aceitar que uma bostinha como aquela questionasse a minha autoridade de rainha! A Sinclair estava lá quando tudo aconteceu, ela sabe que eu tive os meus motivos. Você vai ficar do meu lado, não vai, Chucky?

Emily Sinclair não ouvia aquele apelido pejorativo há dois anos, já que Eileen Parker era a única pessoa que a chamava assim, zombando dos cabelos ruivos alaranjados. E se só o retorno de Eileen já não fosse o suficiente para abalar todos os presentes, Sinclair teria um motivo a mais para se incomodar com a companhia da antiga colega. Foi sem nenhum pudor ou cerimônia que Hunter desceu uma das mãos pelas costas da menina até acertar um tapinha atrevido no quadril de Eileen.

- Xiu, quieta! Comporte-se, gatinha! Tudo o que você falar pode ser usado contra você, lembra? Nós dois temos processos judiciais em aberto, então vamos tentar evitar mais problemas com a justiça. – Timmons completou, agora se dirigindo aos outros convidados da viagem – Relaxem. A Eileen só é um pouco maluquinha...

- Completamente psicopata... – Martínez corrigiu baixinho enquanto Timmons falava, mas foi alto o bastante para que todos ouvissem.

- ...mas eu tenho tudo sob controle aqui, ok? Não vamos causar problemas.

Qualquer pessoa que olhasse para Hunter naquele momento diria que o rapaz estava se divertindo bastante com a companhia de Parker. Os dois tinham uma boa sintonia e não viam problemas em demonstrar publicamente a intimidade que já existia entre eles. Eileen podia ter uma coleção de defeitos, mas ninguém poderia questionar o quanto a garota era linda, sexy, ousada e divertida. Ela parecia ser perfeita para Timmons e era como se o rapaz já tivesse superado totalmente o romance fracassado com Emily.

Contudo, o que ninguém parecia enxergar era o quanto Hunter precisava se esforçar para encenar uma felicidade que não vinha de dentro dele. Orgulhoso e vingativo, Timmons definitivamente não queria sair daquela história como o pobre coitado que foi rejeitado pela garota que amava e que agora precisava assisti-la se derretendo nos braços do seu pior inimigo. Ao invés disso, agora Hunter estava se desdobrando para parecer um cara que tinha dado a volta por cima, surgindo com uma garota ainda melhor do que a ex-namorada que o dispensara.

- Éééé! Deixem de frescura! – Eileen abanou uma mãozinha no ar como se não estivesse dizendo nada demais – Todo mundo aqui só quer passear, se divertir e transar loucamente na Tailândia! Aliás, o Huntie e eu estamos abertos à ideia de um ménage ou troca-troca de casais, não é, bebê?

Dessa vez até o próprio Timmons pareceu surpreso e um tanto chocado com as palavras da garota. E pelos semblantes atônitos de Rachel e Liberty, nenhuma das duas meninas tinha gostado nem um pouco da ideia sobre o “troca-troca” de casais. Foi hilário quando a namorada de JJ estreitou os olhos e encarou o rapaz como se o desafiasse a responder à proposta de Eileen. Mas, no caso de Libby, ela não tinha muitos motivos para se sentir enciumada, já que Dexter parecia quase tão amedrontado com Parker quanto Martínez.

- Não? Sério? Ninguém? Aff, vocês são bem caretas, né? Mas não se preocupe, bebê. Eu vou encontrar uma tailandesa beeem gostosa pra se divertir com a gente. Afinal é como dizem, né? Em viagens é sempre interessante provar o tempero local!

- Já está na hora! – JJ se apressou em mudar o foco da conversa enquanto ainda era fuzilado por um olhar nada satisfeito da namorada – Vamos embarcar?

- É só a gente...?

Timmons pareceu confuso quando olhou para os lados, como se esperasse ver mais alguém se juntando ao grupo. O nome de Chad não foi citado, mas quando JJ respondeu que o grupo já estava completo, Hunter inconscientemente dirigiu o olhar na direção da ex-namorada. Ao convidar Eileen para aquela viagem, Timmons só queria evitar o constrangimento de estar sozinho em meio a vários casaizinhos apaixonados. Mas numa grande reviravolta do destino, agora era Sinclair que ficaria naquela situação delicada.
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Mensagem por Dexter Thompson Dom maio 12, 2024 11:16 pm

Dexter Thompson tinha um olhar bastante transparente e normalmente era muito fácil ler no seu semblante o que ele sentia ou no que estava pensando. Era involuntário e suas caras e bocas não eram exageradas de maneira proposital. Quando Dex tombava a cabeça para o lado como um cãozinho perdido, ele estava apenas refletindo o grande ponto de interrogação que flutuava na sua testa. E naquele dia, Libby também entenderia exatamente o que o rapaz queria dizer, mesmo que ele nem tivesse emitido som algum.

Primeiro foi um sorrisinho leve e despreocupado, como se Dex tivesse acabado de escutar uma piada. Logo em seguida, Thompson estreitou os olhos com um ar desconfiado ao ver que Liberty não estava rindo. Então ele prontamente começou a negar com um movimento da cabeça, se preparando para fazer uma extensa lista dos motivos para mostrar o quanto a sugestão dela soava ridícula.

Gastronomia? Como Dexter poderia cogitar uma carreira na gastronomia? Certo, ele acertava nos temperos, era criativo, curioso e interessado. Mas tudo aquilo sempre tinha sido um lazer, um momento de escape para fugir de uma rotina rigorosa e estressante imposta pelo pai. Mas Dex jamais tinha cogitado levar aquilo a sério, e era isso que ele iria dizer para Libby quando, com a boca ainda aberta, sua mente começou a trabalhar com aquela hipótese.

O indicador de Dexter chegou a se erguer no ar, mas ele nem se lembrou de fechar a boca enquanto uma ruguinha surgia entre suas sobrancelhas e seu olhar ficava perdido enquanto a mente trabalhava. E Libby também notaria o momento em que aquela ideia começou a se tornar mais séria dentro da cabeça dele quando Thompson soltou um “hmmm”, baixou a mão e fechou a boca.

- Gastronomia, é? - Ele enfiou uma batatinha na boca enquanto sustentava aquele ar reflexivo, e só retomou a palavra depois de terminar de mastigar e engolir. - Tá, acho que você acabou de desbloquear uma parte do meu cérebro que eu nem sabia que estava aqui. Mas eu prometo que vou pensar no assunto.

Quando saiu de casa naquela manhã, Dexter se sentia infeliz, agitado e pressionado, completamente perdido. A companhia de Liberty não tinha feito só o rapaz se distrair, mas funcionado como uma luz intensa no final do túnel. E mesmo que ainda estivesse inseguro com a sugestão dela, Dex estava disposto a pensar mais naquele assunto e no quanto ele realmente podia levar aquela ideia a sério.

Era gostoso poder voltar a passar um tempo ao lado de Liberty. Durante o namoro, os dois eram inseparáveis, mesmo com o cronograma apertado e rigoroso que ela mantinha. Não importava onde estivessem, quando as brechas das agendas resultavam em encontros, qualquer corredor da MMU ou esquina de Colchester podia parar para testemunhar os beijos apaixonados e os olhares derretidos. Desde a separação, Dex vinha sentindo uma saudade sufocante de estar ao lado dela, de sentir o perfume de Libby, de escutar a voz dela e escutar sua risada. E poder ter uma pequena amostra do passado era como uma injeção de ânimo.

- Dulce e Leon.

Aqueles nomes aleatórios no interior do carro não se encaixava em contexto algum, então claro que Liberty ficou completamente perdida e até um pouco preocupada com a possibilidade de Thompson estar tendo um derrame. Sem pressa alguma, Dex voltou a enfiar algumas batatinhas na boca e mastigou calmamente até poder engolir novamente e só então se explicar.

- Os nomes dos nossos filhos. Eu quero pelo menos dois. Sei que a sua agenda vai ser mega tumultuada quando for presidente de alguma big tech da vida, mas acho que terei horários mais flexíveis se for administrar meu próprio restaurante.

Libby tinha se arrependido de fazer aquela piadinha no instante em que deixou ela escapar da boca. Mesmo que Dexter não tivesse saído correndo, era óbvio que era um tema sensível, principalmente para ser dito a um ex-namorado. Mas o brilho no olhar de Thompson provava que, muito diferente de chateado ou incomodado, ele tinha ficado encantado com a fantasia de Bloomfield. Ao contrário da sugestão de gastronomia, a mente dele não teve nenhuma dificuldade de lidar com aquele cenário onde ele e Liberty formavam uma família.

Não houve nenhuma investida inconveniente ou insistente, mas quando Dex apoiou a cabeça no banco e deixou seu sorriso derretido acompanhar aquele brilho intenso no olhar, mostrava o quanto ele se deliciava com a ideia daquele futuro. O único limite que ele ultrapassou foi quando sua mão deslizou para o lado e procurou os dedinhos de Libby até poder entrelaçá-los.

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- Bom, eu não sou tão exigente e podemos discutir as opções caso você não goste desses nomes. Mas eu mantenho a minha palavra: pelo menos dois filhos, é o que nós dois vamos ter.

***

- Nada ainda? - JJ perguntou de braços cruzados e um semblante analítico. - Hmmm. Interessante. Eu achei que vocês, atletas, fossem mais ágeis nessa questão. Mas você deve ser uma exceção. Sério, Dex? Nenhuma tentativazinha?

A boca de Dexter se abriu e fechou até ele perceber que JJ estava implicando com ele, e só então fechou o semblante com um ar irritado. Apesar do humor afetado, Dex foi cuidadoso ao manter a voz sussurrada para que aquela conversa não chegasse aos demais jovens que aguardavam no portão de embarque.

- Eu beijei a Libby na noite do aniversário dela e foi um desastre. Ela ainda não esqueceu o que rolou no Halloween e eu não quero pressioná-la, JJ!

- Tá, mas qual é o seu plano, exatamente? Eu já entendi que você não vai desistir dela, mas acha que só joguinhos infantis e com um gráfico ruim vai ser suficiente?

- Heeeey, você disse que tinha ficado legal! - Por um instante, Dexter deixou sua voz soar mais estridente e alguns olhares voltaram na sua direção, o obrigando a voltar a sussurrar irritado. - Você disse que o meu jogo tinha sido uma boa ideia!

- Eu só estava tentando ser legal, achei que você ia recompensar o desastre com alguma coisa mais interessante.

- Ele tem razão, sabia?

Dexter quase deu um pulo ao escutar uma voz feminina soando atrás de si, e a imagem de Emily Sinclair fez com que um rubor cobrisse suas bochechas ao perceber que a prima de Liberty tinha escutado aquela conversa.

- Qual é o problema de vocês??? A Liberty não é como a maioria das garotas, eu preciso fazer a coisa certa!

- Ai ai, Dexie... O seu QI deve ser tão baixo quanto a sua taxa percentual de gordura, né? - Emily soltou um suspiro, mas antes que o amigo explodisse, se apressou a argumentar. - Eu concordo que a Libby não é como a maioria das garotas. Ela é especial e merece o melhor. Mas isso não significa que ela não queira coisas que a maioria de nós também quer.

Até mesmo JJ pareceu mais curioso ao escutar uma garota prestes a descrever o que parecia ser um grande segredo feminino. Por alguns segundos, Emy apenas encarou os dois como se ela já tivesse dado a resposta, mas quando nem o atleta e nem o nerd foram capazes de chegar sozinhos na conclusão mais óbvia, a ruiva bufou e rolou os olhos com impaciência.

- Nós queremos um cara romântico que ande de mãos dadas ao entardecer, que repare quando cortamos o cabelo, que se lembre das datas especiais e nos trate como uma princesa. E sabe o que mais queremos? - Ela fez apenas uma pausa e não foi nada sutil naquele ponto final. - A gente quer ser muito, mas MUITO bem comida na cama.

Foi hilário assistir Jeffrey Junior e Dexter ruborizando até a raiz dos cabelos. E como se estivesse se deliciando com aquela reação, Emily abriu um sorriso largo e satisfeito de quem tinha concluído uma importante missão. A conversa paralela ao restante do grupo só foi interrompida com a chegada de Hunter Timmons. E um pequeno caos se instalou no instante em que a última pessoa se juntou a eles.

Dexter nem se lembrava mais da última vez que tinha visto Eileen Parker. Aquele era um nome que tinha sido varrido para longe da sua mente, alguém que ele tinha certeza que jamais voltaria a ver. E a verdade era que Dex preferia ter continuado daquela maneira. Diferente de Martínez, Thompson não demonstrou tanto medo diante da figura a antiga “rainha”, mas o olhar apreensivo do rapaz já dava uma boa pista que ele era minimamente sensato por saber que era preciso vigiar e ter cautela com Eileen.

Desde que Chad Clifford tinha revelado todo o plano de Hunter para todos, Dex tinha se sentido aborrecido e decepcionado com o amigo. Os dois já tinham superado aquela fase difícil e Thompson se mostrou fiel a aquela amizade mesmo diante de todos os erros de Timmons. Mas isso não significava que Dex continuaria passando a mão na cabeça de Hunter a cada novo erro. E a maneira dura que o rapaz procurou pelo olhar do atendente do Pat's mostrava que Dexter não tinha gostado daquela novidade.

- Como vai, Eileen? Por onde você esteve todo esse tempo?

- Dex-lícia? - Eileen abriu um sorrisinho malicioso e não disfarçou o olhar que passou de Dexter da cabeça aos pés. - Uau, você está maior do que eu me lembrava! Não estão fazendo nenhum antidoping nos jogos, né? Porque isso tudo aí... sem chance de ser puro! Alguma coisa divertida que você possa dividir comigo?

Um suspiro escapou pelos lábios de Dexter e ele agradeceu intimamente quando JJ insistiu que todos embarcassem. Enfileirados para ocuparem seus lugares no jatinho, Dex estava logo atrás de Liberty quando apoiou uma das mãos no ombro dela e sussurrou próximo ao ouvido da menina.

- Algo me diz que vai ser uma viagem daqueeelas!

Mesmo no conforto de um jatinho particular e luxuoso, o grupinho estava exausto quando mais vinte horas depois chegaram ao destino final. O dia já tinha amanhecido, não havia uma única nuvem no céu e a temperatura mais elevada era um convite para as águas cristalinas do mar ou das infinitas piscinas ao redor do resort.

O cenário todo parecia ter saído de um filme. A ilha onde ficava o resort tinha a areia banca e fina que afundava a cada passo. A água era transparente e em alguns pontos era possível acompanhar as tartarugas nadarem. Construído no interior de uma grande e densa vegetação, a arquitetura e a estrutura do resort eram de primeira linha. Decks de madeira ligavam as piscinas e diversas áreas comuns com um paisagismo rico e luxuoso, com pedras naturais, iluminação estratégica e algumas quedas d'água.

Ao invés de quartos agrupados em andares e corredores, os convidados de JJ seriam hospedados em pequenas vilas privativas, com grandes e sofisticados bangalôs com vista para o mar e uma jacuzzi particular, além do atendimento exclusivo de mordomos. Todo o resort contava com bares e restaurantes instalados em diferentes pontos, além de serviços de mergulho e surfe ou até massagens.

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- Puta merda, isso é... - Martínez não foi capaz de terminar a frase assim que desceu do barco que trouxe o pequeno grupo até o resort. - Insano!

- Acho que você quis dizer irado! - Dexter também não conseguia desviar o olhar da paisagem diante deles. Além da estrutura sofisticada e de alto luxo do resort, a visão da natureza também era algo de tirar o fôlego. E Dex mal podia esperar para dar o seu primeiro mergulho. - Eu retiro o que disse, Colchester é mesmo o fim do mundo! Vocês nunca mais vão me ver voltar para casa, porque eu vou morar aqui!

Apesar de um pouco embasbacado, Dex não demorou a notar a movimentação do restante dos amigos ao desembarcar. E ele logo se apressou em buscar a mala de Liberty para ajudar a menina, só que Thompson não precisou nem dar dois passos e logo surgiu um funcionário para carregar a bagagem de todos.

- Libby... - Dex sussurrou próximo a ela quando o grupo começou a caminhar para a parte central do resort, onde fariam o check-in. - Só por curiosidade, você tem noção de quanto ganha um chef gastronômico? Porque eu desconfio que nunca vou conseguir bancar uma coisinha dessas aqui.
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Mensagem por Emily Sinclair Seg maio 13, 2024 12:17 am

- Pare de me olhar assim.

A voz de Emy soou baixinha e sonolenta e era difícil acreditar que ela sabia que estava sendo observada, já que seus olhos estavam fechados por um longo período. Com fones de ouvidos enfiados nas orelhas e devidamente acomodada em uma das confortáveis poltronas ao lado de uma das janelas, Emily parecia ser apenas mais um dos passageiros que tentava dormir e descansar durante as longas horas que passariam dentro daquele avião.

Apesar de parecer estar envolvida em um cochilo, Emily encontrou mesmo um grande par de olhos escuros a observando de perto e em silêncio. Mas ao invés de irritada, ela rolou as íris e soou paciente diante da evidente preocupação de Liberty.

- É sério, Libby! Eu estou bem! Relaxa, tá? Puta merda, nós estamos indo para a Tailândia! Eu só quero pensar em tomar uns bons drinks, descansar na sombra e não me preocupar em nada. Você deveria fazer o mesmo.

Como era óbvio que Bloomfield não abandonaria aquele assunto, Emily puxou os fones de ouvido e se inclinou um pouco para frente, para que aquela conversa não alcançasse os demais jovens que os acompanhavam naquela viagem. Ela estava com um ar mais sério, mas se esforçava para soar firme e confiante, mesmo que por dentro estivesse se sentindo completamente despedaçada.

- O Hunter e eu já terminamos há semanas, Libby. Ele pode sair com quem bem entender. Se a sua única preocupação é comigo, eu te garanto que estou bem. Eu disse que queria ficar sozinha, não disse? Eu estou ótima! O que realmente deveria estar te preocupando é QUEM ele trouxe com a gente.

O olhar de Emily deslizou pelo espaço ao redor, e mesmo com as luzes mais fracas durante a noite, não foi difícil encontrar os lugares onde Hunter e Eileen dormiam lado a lado, com a cabeça da garota apoiada contra o peito dele. Aquela cena por si só já foi o suficiente para abalar a armadura que Sinclair tentava sustentar e por um instante seu olhar mostrou o quanto ela ficava arrasada em ver Timmons com outra garota. Mas um instante depois, ela já tinha conseguido reassumir uma postura racional.

- A Parker foi a minha capitã na torcida. Ela não é só perigosa, Libby... Aquela garota é completamente desequilibrada! Ela é impulsiva, explosiva e não sabe nadinha lidar com as frustrações. - Emy pausou o seu discurso e não conseguiu conter um sorrisinho sarcástico. - Ah, olha só! Ela é perfeita para o Hunter! Mas é sério, Libby... O Michael não exagerou, ela quase matou uma pessoa só porque a coitadinha sugeriu mudar os passos de uma coreografia. Se eu fosse você, manteria a porta do seu quarto bem trancada durante a noite. E com uma faca sob o travesseiro, só por via das dúvidas!

É claro que havia uma boa dose de ciúmes e infelicidade por assistir Hunter com outra garota, mas as palavras de Emily só soavam daquela maneira tão dura e exagerada porque ela conhecia Parker muito bem. No passado, Sinclair até já tinha se sentido intimidada e diminuída pela antiga capitã, mas a confiança que ela tinha conquistado nos últimos tempos davam a força necessária para não agir como uma menininha assustada e chorona.

- Eu só não quero mais ouvir você dizendo que nós dois só precisamos conversar, tá legal? - Emily já não soava como uma armadura, mas deixou que um pouco da mágoa escapasse na sua entonação. - Sério, Libby, você surtou com o que rolou na noite de Halloween e eu não te culpo por isso. Mas pelo menos o Dex não fez nada daquilo de propósito para te atingir. O Hunter sabia que eu estaria aqui hoje, e ele não só escolheu vir acompanhado com outra garota, como ainda ficou jogando aquela piadinha sobre a “verdadeira rainha”. Mas claro que eu nem estou surpresa, é isso que o Hunter faz. Ele não se importa com ninguém. E nem posso dizer que esperava que ele tivesse um pouco mais de bom gosto... A Pamela, a Eileen...? Obviamente eu fui a única exceção de bom gosto na vidinha dele. Aaah, não, espera! - Emy voltou a abrir um sorriso sarcástico, dessa vez carregado com uma pontada de dor. - Eu fui só uma vingança, né? Então não conta, o padrão dele é mesmo bem baixo.

***

- Vocês ficariam espantadas com as taxas de câncer de pele, sério. O sol é praticamente uma bomba flutuando sobre as nossas cabeças! Uma sentença de morte!

- Vocês, nerds, tem um jeitinho bem peculiar de puxar assunto, né? - Emily estreitou os olhos, mas soou bem humorada diante do comentário de Martínez. - A primeira vez que a Libby saiu com a gente, ela veio com uma conversa sobre câncer também. Foi animador! Eu nunca mais vi a Debby e a Pamela beberem Coca-Cola outra vez!

O som das ondas próximas era extremamente relaxante. Apesar do calor, o grupinho de amigos tinha se instalado sob uma sombra, espalhados em espreguiçadeiras ou em toalhas na areia branca e fofa. Mesmo depois de terem enfrentado tantas horas de avião, foi praticamente unânime a decisão de aproveitar o restante do dia antes de irem jantar. Emily só tivera o trabalho de deixar suas coisas em uma das vilas onde ficaria hospedada, colocar o biquíni e se juntar ao grupinho na praia.

Na mesinha ao lado, os copinhos coloridos de drinks já estavam pela metade. Apesar dos avisos alarmantes de Martínez, Dexter estava sentado diretamente na areia, com o calção de banho molhado e deixando que a água que molhava seu corpo secasse sob o sol forte, com o abdome perfeito completamente exposto e brilhando sob a claridade.

Emily não tinha precisado sofrer com as recomendações de Martínez ou suas estatísticas assustadoras. Sua pele clarinha costumava ser bem sensível ao sol e ela sabia que as manchinhas discretas dos seus ombros ficariam gritantes se acabasse se bronzeando demais, então Sinclair tinha caprichado no protetor solar com um alto fator de proteção antes de se juntar aos amigos.

- Eu me lembro disso! - Dex abriu um sorriso, fechando um dos olhos com uma careta por causa do sol quando se virou para encarar Bloomfield. - Não entendi o climão que ficou, sua informação foi muito útil!

JJ e Rachel ainda faziam um pedido de drinks e petiscos em um quiosque próximo antes de se juntar a eles, mas para alívio de Emily, não havia nenhum sinal de Hunter ou Eileen por perto, o que permitia que o clima ficasse leve e agradável. Pelo menos até Martínez trazer o nome da antiga colega para a conversa.

- Sabem o que é pior do que câncer de pele? A Parker! De onde ela surgiu, afinal? Alguém se trancou no banheiro escuro e repetiu o nome dela três vezes? É assim que os demônios aparecem, sabiam?

- É verdade. - Dexter concordou com um movimento da cabeça. - Minha abuela dizia a mesma coisa! Dizer esses nomes ruins atraem coisas ruins!

- Não exagerem. - Emily rolou os olhos, se reclinando melhor na espreguiçadeira. - A Eileen pode ser dodói da cabeça, mas não é o capeta. E se estão mesmo tão curiosos sobre ela, é só conversar com o Hunter. É óbvio que ele está bem atualizado sobre a vidinha dela. Sabem o que realmente se atraem? Os semelhantes! Os dois são casos perdidos, é óbvio que se atraem.

- Então você não está com ciúmes? - Dexter estreitou os olhos ao tentar ler a amiga. - Está mesmo de boa com tudo isso?

- Se o Hunter está feliz com aquela coisinha, que seja. Nem tudo é sobre mim, Dexie.

Era para Emily soar apenas como uma garota confiante e despreocupada. Mas no instante em que aquelas palavras saíram da sua boca, sua mente deu um estalo e a arrastou de volta para a noite de Halloween, logo depois que Timmons tinha conseguido ligar o gerador, trazendo a energia elétrica de volta ao local. Foi naquele dia que Emy viu a tatuagem do rapaz pela primeira vez, e ao questioná-lo sobre o significado daquilo, a resposta de Hunter foi que “nem tudo era sobre ela”. E com um soco no estômago, Emy começou a se questionar se aquele “E” fosse sobre outra garota.

- Jura? - Dex tombou a cabeça para o lado, soando surpreso. E conhecendo muito bem o ex-namorado, Liberty já conseguia ver as engrenagens rodando dentro da cabeça dele. Ou pior, prever a conclusão que Thompson teria, aceitando ao pé da letra as palavras da amiga, incapaz de enxergar o que estava bem diante dele. - Puxa, que maduro da sua parte, Emy! É que você é meio mázinha ás vezes, achei que poderia querer rolar uma vingança e tal.

- Por que eu faria isso? O Hunter e eu já terminamos há semanas.

- Ufa! Achei que a gente ia ter que lidar com drama o resto da viagem toda. - Dex pareceu sinceramente aliviado, e foi com a mesma espontaneidade que ele concluiu. - Com todo o histórico do Tim e da Eileen, achei que pudesse rolar um estresse, mas você está mesmo superando essa merda toda, né? Bom para você!

Em um gesto semelhante ao de Thompson, Martínez tombou a cabeça com um ar confuso e perdido. Liberty, por outro lado, começou a abanar na direção de Dexter, em um pedido desesperado que ele pensasse bem antes de abrir a boca. E Emy estreitou os olhos como uma felina antes de perguntar.

- Que histórico?

- Do lance da lista. - Dex deu de ombros, sem perceber os movimentos de Liberty para calá-lo. - Você meio que surtou porque o Tim tinha escolhido a Pam e não você. A Eileen era a número um da lista do Tim. - Um sorriso divertido brotou quando Dexter pareceu se recordar de um episódio engraçado. - Sério, ele ameaçou eu e o Cliff de coisas muito nojentas para conseguir ficar com o nome dela na lista.

Emily nunca tinha sido uma opção da lista de Hunter. Chad tinha insistido em conseguir ficar com a ruiva da torcida e tinha se esforçado para conquistá-la. Mas aparentemente, o único esforço de Timmons envolvia o desejo de ficar com Eileen Parker. Todo aquele trabalho, a tatuagem e a maneira que os dois combinavam passavam cada vez mais a certeza de que Hunter já tinha superado a história dos dois, e que no final Emy não tinha mesmo sido tão importante assim.

Enquanto Sinclair murchava, envolvida em seus pensamentos, ela não notou o casalzinho animado que se aproximava do grupo. E só então Dexter percebeu os movimentos que Liberty fazia, mas o rapaz acabou tendo uma interpretação completamente equivocada, achando que a ex-namorada estava novamente irritada por causa daquele assunto de lista.

- Mas é claro que essas listas nunca significaram nadinha!!! - Ele se apressou em corrigir. - Uma besteira, perda de tempo! Já viramos esse capítulo, não precisamos voltar a falar disso, né?
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Mensagem por Liberty Bloomfield Seg maio 13, 2024 2:44 pm

Doses de confiança não eram vendidas no mercado ou nas farmácias, tampouco Liberty poderia encomendar um saquinho pela internet. Se aquela era a única maneira de superar as dificuldades que tinham nascido entre ela e Dexter, Libby estava de mãos atadas porque não parecia haver nenhuma fórmula mágica que fizesse brotar dentro da garota a confiança que ela precisava para se libertar da sua insegurança.
 
Contudo, a conversa com Emily ajudou Liberty a enxergar a situação com uma nova perspectiva. Até então, Bloomfield estava focada apenas nas preferências de Dexter ou em se comparar com Debby. Mas Sinclair foi capaz de semear uma sementinha poderosa dentro da cabeça da prima ao dizer que Liberty deveria ser a primeira pessoa a gostar de si mesma, a se achar bonita. E provavelmente aquele era o maior erro que Libby vinha cometendo desde o flagrante da noite de Halloween.
 
Os fantasmas que a assombravam tinham se fortalecido porque Liberty estava se concentrando nos pensamentos errados. Ao invés de se focar no quanto Debby era linda, sexy, experiente e ousada, Bloomfield deveria ter tentado enxergar em si mesma as qualidades que fizeram Dexter escolher ficar com ela ao invés de continuar se divertindo com uma líder de torcida.
 
A conversa com Emily também conseguiu tirar dos ombros de Libby o peso por ter tido uma “performance” aparentemente inferior a de Debby. Diferente da loira, Liberty tivera uma única experiência mais íntima com um rapaz em toda a sua vida. Quando Sinclair comentou que a prima nem havia chegado na parte boa de verdade, a cabecinha de Libby fez uma comparação totalmente fora de contexto, mas que fazia algum sentido: na primeira vez que se arriscou no ramo da programação, Liberty só conseguiu montar uma interface péssima e cheia de bugs. Mas com o passar do tempo, com tentativas e erros, ela se tornou muito mais experiente e habilidosa ao ponto de criar um software bom o bastante para ser patenteado e vendido para uma grande empresa. Então talvez Libby só precisasse de mais tempo (e mais prática) para superar as expectativas também naquela área em que Debby parecia ser tão melhor do que ela.
 
É claro que Bloomfield não começou a exalar confiança depois daquela simples conversa com a prima, mas era fácil notar que algo havia mudado. E uma das mudanças foi o tempo que Liberty gastou para se arrumar para a viagem. Normalmente a garota só precisava de cinco minutos para se vestir, pentear os cabelos e passar um gloss nos lábios, mas naquela manhã foi Emily que teve que esperar até que a prima estivesse pronta para sair de casa.
 
Exatamente como Libby havia dito para a prima, ela se sentiria uma grande fraude e ficaria desconfortável usando roupas mais provocantes e que não tinham nada a ver com o estilo pessoal dela. Mas, naquele dia, Bloomfield parecia ter alcançado um equilíbrio muito interessante. A calça jeans não era escandalosamente apertada, mas era justa o bastante para revelar os contornos das pernas e do quadril de Libby. E era notável que o cross country estava fazendo muito bem para os músculos bem torneados da garota. As sapatilhas baixas era uma escolha confortável para alguém que pretendia passar as próximas horas num avião. Mas era a peça de cima que dava um ar mais moderno e ousado para Liberty. Era a primeira vez que Libby usava um cropped e, depois de se acostumar com a sensação da barriguinha mais exposta, a garota aprovou a imagem que o espelho lhe mostrava.
 
Além das roupas, Liberty tinha perdido um pouco mais de tempo com uma maquiagem leve e escovando os fios castanhos. E o perfume suave que a menina costumava usar também parecia um pouco mais forte naquele dia. Com pequenas mudanças e sem comprometer o próprio estilo mais discreto, Libby tinha conseguido se sentir mais bonita sem sair tanto da sua zona de conforto.
 
E a maior prova de que Bloomfield estava se sentindo bem consigo mesma veio quando ela não se sentiu tão intimidada com a chegada da penetra. Eileen Parker parecia ser uma versão ainda pior de Debby: linda, louca, sexy, liberal. E loira, como costumava ser a preferência de Thompson. Mas ao invés de surtar e entrar numa nova espiral de insegurança, Liberty parecia muito mais preocupada com o quanto a chegada de Eileen poderia abalar ainda mais o humor de Sinclair. Porque, afinal de contas, era no pescoço de Hunter Timmons que Parker estava pendurada.
 
- Eu vou matar o Tim. – Libby resmungou enquanto ela e Dexter caminhavam lado a lado para fazer o check-in no resort – Como que ele me aparece aqui com essa piranha!? Sabendo que a Emy também viria na viagem! E por que vocês tem tanto medo dela? Ela é quase do meu tamanho, não pode ser tão perigosa assim!
 
- Ela é perigosa! Muito! Uma psicopata! – foi Martínez que, um passo à frente do casalzinho, se virou para trás com os olhos arregalados – Eu tô falando sério, Libby. Durma com as portas trancadas!

O comportamento quase histérico de Mike provocou um rolar de olhos em Bloomfield, mas a piadinha de Dexter foi capaz de mudar o foco da garota. Os olhos castanhos deslizaram ao redor, admirando a vista paradisíaca do resort, e Libby soou mais leve quando se inclinou para sussurrar aquela resposta divertida no ouvido do ex-namorado.

- Você não precisa ganhar tão bem, Dex…

Tudo levava a crer que Liberty completaria aquela declaração de forma prepotente e diria que ela seria rica se continuasse se destacando no mundo da tecnologia. Mas, ao invés disso, a resposta da menina foi muito mais leve e bem humorada.

- A gente só precisa conservar a amizade com o JJ. Aliás, o que acha de já o convidarmos para ser padrinho da Dulce? Ou do Leon?

A gargalhada de Dexter ecoou longe e obrigou Liberty a acertar um tapinha no braço dele para que o rapaz fosse mais discreto. E embora aquilo fosse uma piada, o fato de Libby ter memorizado os nomes que Dex escolhera para os futuros filhos do casal parecia ser mais um poderoso sinal de que a garota ainda conseguia visualizar um futuro para os dois.

Como oficialmente Liberty e Dexter continuavam separados, os dois foram colocados em quartos diferentes. Inicialmente Thompson teria que dividir um dos bangalôs com Timmons, mas depois que Hunter apareceu para viajar com uma companhia inesperada, a divisão precisou ser refeita. Todos foram colocados em ilhas vizinhas, com dois hóspedes em cada bangalô. JJ e Rachel, Hunter e Eileen, Emily e Liberty e Dexter e Martínez.

Para Libby não seria nenhum problema dividir o espaço com a prima, até porque as duas já moravam juntas e estavam acostumadas com a rotina uma da outra. E o interior do bangalô era extremamente espaçoso e luxuoso. Havia dois quartos separados, com um banheiro privativo em cada um. A cama era enorme e confortável e a decoração mais rústica tornava tudo ainda mais bonito e natural. A parede em frente à cama era toda ocupada por uma porta de vidro, que proporcionava uma vista maravilhosa do mar calmo e profundamente azul.

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Basicamente a única coisa que Emily e Liberty teriam que dividir era a jacuzzi que ficava anexada à varanda do bangalô. Também num local com uma vista privilegiada do oceano, a jacuzzi ficava ao lado de uma escadinha que permitia que os hóspedes descessem para um banho de mar.

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Em nenhum momento Liberty se sentiu desconfortável ou incomodada por pensar que ela tinha tanto direito de desfrutar daquela vida luxuosa quanto JJ. O dinheiro dos Wooton nunca tinha sido uma prioridade para Libby. O que ela realmente queria do pai era a atenção e o afeto que JJ estava oferecendo a ela agora.

Assim como acontecera na casa das Sinclair, Emily conseguiu se trocar e ficou pronta para sair antes de Liberty. Depois de bater na porta do quarto da prima, Sinclair ouviu que ela poderia ir na frente porque Libby ainda precisava de mais alguns minutos para terminar de se arrumar. Mas a verdade por trás do atraso da garota é que Bloomfield estava planejando uma pequena ousadia.

Como nunca havia feito nada parecido antes, Liberty sentia o coração acelerado dentro do peito e a ansiedade a consumindo por dentro. Mas Libby não se deixou dominar pela covardia e foi adiante com o plano. Com o celular nas mãos, Liberty respirou fundo antes de abrir uma aba de conversa com o ex-namorado.

“Dex? Tá por aí?”

A resposta positiva do rapaz foi quase imediata, num sinal de que ele estava com o celular nas mãos.

“Estou indecisa. O que você acha?”

Como alguns segundos se passaram sem chegar mais nenhuma mensagem de Libby no celular de Dex, o rapaz chegou a enviar uma interrogação para a menina. Na tela do celular de Bloomfield, duas fotos já tinham sido anexadas à mensagem e só faltava a coragem da garota em clicar no “enviar”. E antes que Thompson enviasse uma segunda interrogação, Libby respirou fundo e reuniu coragem para despachar as duas fotos para o celular do ex-namorado.

Não eram fotos vulgares ou francamente explícitas. Mas ainda assim era uma imagem mais íntima que nenhuma garota enviaria para um rapaz qualquer. Na primeira foto, Libby usava um maiô cor de rosa que definitivamente não era tão sem graça e comportado como o traje de banho que ela trouxera de Seattle. O decote realçava as curvas dos seios dela e a parte inferior era mais cavada, com as costas nuas. Na segunda foto, Libby usava um biquíni branco que, embora não fosse um modelo pequeno ou escandaloso, revelava um pouco mais de pele. Nas duas imagens, Liberty tinha se fotografado em frente ao grande espelho do quarto para que Dex tivesse uma visão bem privilegiada tanto de frente quanto de costas.

A ansiedade de Libby cresceu ainda mais no tempo que Thompson levou para se decidir. Era impossível não alimentar a insegurança ou se deixar levar pelo medo de ter soado boba ou infantil com aquela provocação, já que era meio óbvio pensar que aquela não seria a primeira (e nem a mais ousada) foto íntima que Dex recebia de uma garota. Mas antes que os velhos fantasmas da insegurança dominassem novamente a cabecinha de Liberty, uma resposta extremamente positiva de Thompson chegou ao celular da menina e arrancou um enorme sorriso dela.

***

Dexter já sabia com quais trajes a ex-namorada iria aparecer na área externa do resort (até porque o rapaz tinha feito pessoalmente aquela escolha). Mas nem isso evitou que o olhar admirado de Thompson percorresse o corpo de Libby da cabeça aos pés quando ele viu “ao vivo” a imagem que já tinha sido enviada para o celular dele.

Para surpresa de todos que conheciam bem a obsessão de Liberty pelos estudos, naquela tarde a menina não carregava o notebook e nem nenhum livro nas mãos. E Bloomfield parecia bem mais leve e disposta apenas a curtir aquele momento com os amigos quando se deitou numa das espreguiçadeiras e embarcou na conversa do grupo.

Tudo estava indo bem até que Eileen Parker se tornou o assunto principal da rodinha. Diferente de Dexter, Libby não acreditou nem por um segundo que Emily estava tranquila em ver Hunter acompanhado por outra garota. Era óbvio que Sinclair estava fingindo uma maturidade e uma indiferença que ela não sentia. E isso ficou ainda mais claro quando Dex deixou escapar que Eileen Parker tinha sido a primeira garota a ser escolhida para a lista de Timmons.

Como era evidente que Thompson não estava entendendo os gestos desesperados que a ex-namorada fazia para que ele parasse de falar naquele assunto delicado, Libby não viu muita alternativa senão saltar para fora da espreguiçadeira e puxar Dexter pela mão.

- Vem! Eu quero entrar na água, vem comigo! Agora, Dex!

O tom de urgência da menina fez surgir um sorrisinho sacana e presunçoso nos lábios de Thompson, porque ele achou que todo aquele desespero fosse apenas o desejo da ex-namorada de ficar a sós com ele. Só depois que os dois já estavam com as ondas suaves se chocando acima da cintura deles foi que Libby acertou um tapinha no peitoral bem definido do rapaz.

- Qual é o seu problema, Dexter Thompson??? Nós precisamos melhorar MUITO a nossa comunicação não verbal! Quando eu fizer isso… - Libby repetiu o gesto da mãozinha se sacudindo freneticamente na frente da garganta - …significa um “cala já a boca porque você está falando demais, criatura!” Você tem noção do que acabou de fazer???

O olhar perdido de Dexter respondeu por ele e obrigou Libby a soltar um suspiro. Não dava para ficar furiosa com Thompson por muito tempo porque era evidente que ele não fazia nada daquilo por mal.

- Você acabou de dizer pra Emily que o cara por quem ela é perdidamente apaixonada não fez questão de colocar o nome dela na lista, mas que ele brigou pra que a piranha psicopata estivesse no topo das prioridades dele! E não! A Emy não superou essa merda! Você não consegue mesmo enxergar quando uma garota ainda está apaixonada, né?

Aquela última alfinetada se referia ao relacionamento dos dois, quando Dexter concluiu sozinho que Liberty não o amava mais e já tinha superado o término do namoro. Já sem a mesma irritação, Libby soltou um novo suspiro. Como Bloomfield era mais leve, uma onda mais forte que passou pelos dois obrigou a menina a apoiar as mãozinhas nos ombros de Dexter para não ser arrastada para longe dele.

- Eu vou te dar uma dica valiosa que vai evitar que você cometa mais erros por causa dessa maldita lista. - Libby fez uma pausa exagerada só para soar ainda mais dramática - É só você não falar mais da lista, Dexter. Tipo, NUNCA mais, com NINGUÉM! Não tem como esse assunto idiota vir à tona sem causar danos colaterais, então paaaaaare de falar nisso, cariño!

Contagiada pelo clima mais leve que vinha surgindo entre os dois, o apelido carinhoso do passado acabou escapando inconscientemente pelos lábios de Libby. Mas ao invés de constrangida ou arrependida por aquele deslize, o semblante de Bloomfield acabou se tornando mais doce enquanto ela e Dex se encaravam.

- Eu tinha que te tirar de lá antes que você falasse mais merda e magoasse a Emy ainda mais! Mas, já que estamos aqui agora… - os olhos de Libby deslizaram pela água cristalina que cercava os dois naquele momento - …eu acho que é uma boa oportunidade para fazermos uma nova tentativa.

No aniversário de Liberty, o beijo do casal foi interrompido porque a menina se sentiu desconfortável e angustiada com os próprios pensamentos e lembranças. Naquela tarde, porém, Libby parecia muito mais convicta de que dessa vez tudo daria certo quando partiu dela a iniciativa de se inclinar na direção dos lábios de Dexter.
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Mensagem por Hunter Timmons Seg maio 13, 2024 9:49 pm

- Vamos, bebê...? – uma longa pausa foi feita sem que Eileen recebesse nenhuma resposta – Huntie!? Eu já estou pronta, podemos ir.

No bangalô, sentado na beirada da cama e já usando apenas um calção de banho, Timmons não pareceu ouvir os chamados da garota. E ele sequer se mexeu, mantendo o olhar fixo na porta de vidro que possibilitava uma visão privilegiada do mar tailandês. Mas, ao contrário do que seria de se esperar, Hunter não tinha se desconectado da realidade porque estava admirando a paisagem. A verdade era que os pensamentos dele estavam muito distantes dali.

Convidar Parker para acompanhá-lo na viagem tinha parecido uma excelente ideia porque Hunter tinha certeza de que ele ficaria deslocado e acabaria sobrando em meio a tantos casaizinhos. E é claro que também existia dentro de Timmons um grande orgulho que não permitiu que o rapaz assumisse aquele papel de solitário e rejeitado diante de uma ex-namorada que já estaria nos braços de outro cara. Mas a ausência de Chad Clifford acabou bagunçando todo o planejamento de Hunter e invertendo totalmente os papéis.

O plano inicial de Timmons era apenas tentar salvar o pouco que restava da sua dignidade e do seu ego ferido após a última discussão com Sinclair. Eileen era apenas uma forma de Hunter mostrar a todos (ou fingir) que ele não estava arrasado, que ele não pretendia continuar chorando pelos cantos e nem via problemas em enfrentar Emily e Chad. A intenção de Hunter nunca foi humilhar a ex-namorada ou empurrar para Sinclar o triste papel de alguém que acabava sobrando numa viagem de casais.

Contudo, mesmo que indiretamente, Timmons acabou sendo o responsável pela situação delicada da ex-namorada. Com três casais formados, era inevitável que Sinclair acabasse se sentindo deslocada em algum momento. Só restaria para Emily a companhia de Michael Martínez, e os dois não eram muito próximos e nem tinham muitas coisas em comum. Orgulhosa, Emily também tentava passar a falsa impressão de que não estava abalada com aquele cenário desfavorável, mas Hunter agora estava se sentindo culpado por ter colocado a menina naquela situação.

Além da culpa, a mente de Timmons também estava sendo corroída pela dúvida. Porque não fazia o menor sentido que Chad não estivesse ali. Se os dois realmente estavam juntos, tudo o que Emily precisaria fazer era incluir o namorado na lista de convidados e era evidente que JJ não se importaria em acrescentar mais um nome naquela viagem exclusiva. Ciumento, possessivo e inseguro, também era difícil acreditar que Clifford concordaria em ficar de fora daquela aventura e em deixar Emily tão próxima do ex-namorado.

A única explicação que fazia algum sentido era que Chad e Emily não estavam mais juntos. E isso era algo que só fazia com que Hunter se sentisse ainda mais culpado por estar ali com Eileen. Não que Timmons já tivesse deixado as mágoas de lado ou que ainda tivesse qualquer esperança de uma reconciliação com Emily. Mas Hunter ainda a amava demais para se sentir feliz humilhando ou pisando numa garota que continuava sendo o único amor da vida dele.

Eram aqueles pensamentos e sentimentos confusos que se chocavam na mente do rapaz quando Eileen precisou se enfiar na frente dele e usar uma entonação mais firme para trazer Hunter de volta ao mundo real.

- TIM! Tá noiado!? Porque se você usou alguma coisa e não me ofereceu, eu vou ficar puta de raiva!

- O que foooi? – depois de piscar algumas vezes, Hunter finalmente percebeu a presença da sua acompanhante – Já tá pronta? Podemos ir?

Um biquíni minúsculo e rosa choque era a única coisa que cobria o corpo de Parker naquele momento. E a garota também não viu a menor necessidade de usar uma toalha ou uma saída de praia no caminho das vilas até a faixa de areia onde o grupinho de Colchester já tinha se instalado. Como não usava sequer um chinelo, Eileen sentiu a areia quente machucando os seus pezinhos e foi por isso que, sem nenhuma cerimônia, a garota saltou nas costas de Timmons, abraçou os ombros dele e enlaçou o tronco do rapaz com as pernas para que Hunter a levasse carregada naqueles últimos metros.

Liberty e Dexter tinham acabado de ir para a água quando o último casalzinho se juntou ao grupo. E como Rachel e JJ continuavam no quiosque, um silêncio constrangedor surgiu entre Hunter, Eileen, Martínez e Emily. E é claro que Parker foi a primeira a se atrever a abrir a boca.

- As coisas mudaram mesmo na minha ausência, né? – Eileen escorregou lentamente pelas costas de Hunter até conseguir colocar os pezinhos de volta no chão – Desde quando o Dex-lícia pega nerds?

- A pergunta deveria ser o que a Libby viu nele... – Mike foi o primeiro a defender a amiga – Ela é fantástica.

- Dá um tempo, Eileen. Eu já te disse que a novata é muito legal.

Quando até Hunter partiu em defesa de Bloomfield, Eileen percebeu que não teria muito ibope para falar mal da novata nerd. Os olhos azuis rolaram e, sem nenhuma cerimônia, Parker se inclinou para pegar o vidro de protetor solar na mesinha ao lado de Martínez.

- Você me empresta, Martinerd? O Huntie me chamou para viajar meio em cima da hora e não tive tempo de me preparar. – o vidro foi empurrado para as mãos de Timmons – Quer ter essa honra, bebê?

Sentada numa das espreguiçadeiras, Eileen afastou os cabelos de lado para que o rapaz tivesse acesso às suas costas. Foi evitando olhar na direção de Sinclair que Timmons se posicionou atrás da loira e começou a deslizar as mãos para espalhar o protetor solar na pele macia dela. E os dois ainda estavam no meio daquele processo quando Martínez reuniu coragem para quebrar o silêncio mais uma vez.

- Eu posso perguntar de onde você saiu, Parker? Como você conseguiu abafar essa fofoca? Era para todo mundo em Colchester estar comentando sobre a sua volta!

- Eu não voltei pra Colchester. Estou morando num flat em Burlington. Eu só fui a Colchester duas vezes nos últimos meses. E nas duas vezes foi pra ver o Huntie. – Eileen virou o rosto de lado para lançar um sorrisinho para Timmons – Vejo que guardou bem o meu segredo, hm?

- Vocês estão juntos há quanto tempo?

- Algumas semanas.

“Semanas”. Eileen não estava mentindo porque duas semanas exigia que o termo fosse usado no plural, mas a resposta vaga da garota poderia passar a impressão de que o lance entre ela e Hunter já estava rolando há muito mais tempo. E como a última recaída entre Emily e Timmons também acontecera há cerca de duas semanas, ninguém julgaria Sinclair por cogitar a possibilidade do ex-namorado já estar com Parker naquela época. E quando Hunter não corrigiu a menina, ele indiretamente reforçou aquele mal entendido.

- Na verdade fui eu que pedi pro Huntie não comentar nada com ninguém. As fofocas correm rápido demais por Colchester e eu não queria curiosos espiando o meu ensaio.

- Que ensaio?

- O meu ensaio fotográfico! Estou trabalhando como atriz e modelo e eu contratei o Huntie pra atualizar o meu portfólio. As fotos ficaram maravilhosas! Agora eu tenho muito mais chances de conseguir o papel num teste que vou fazer semana que vem. – Eileen novamente se virou para olhar o rapaz sentado atrás dela – E se eu me mudar pra Los Angeles, você vai junto comigo, não vai, bebê? Imagine quantas oportunidades você não vai ter para trabalhar como fotógrafo em Los Angeles! Seria o fim dessa sua vidinha de merda. Eu te disse que as coisas iam melhorar, não disse?

Era inegável que em uma cidade como Los Angeles surgiriam muito mais oportunidades de trabalho para Hunter. Assim como Eileen, muitos jovens arriscavam tudo para tentar uma carreira no meio artístico e Timmons poderia ganhar um bom dinheiro com fotos para portfólios e publicidades. Mas ficou bem claro que ele não pretendia se jogar de cabeça naquela oportunidade quando Hunter se remexeu de forma desconfortável sobre a espreguiçadeira.

- Eu não posso simplesmente me mudar pra Los Angeles de um dia pro outro, Eileen.

- Por que não? O que te prende em Colchester? O emprego de merda no Pat’s? Aquele quartinho xexelento? A família que não te apoia em nada? Ou uma ex-namorada que te chutou e te trocou por outro cara?

O clima que já estava pesado ficou ainda mais sufocante com aquela última alfinetada. E foi com um sorrisinho maldoso nos lábios que Eileen se virou na direção de Sinclair e praticamente obrigou a ruiva a se envolver naquela conversa delicada.

- Por falar nisso, onde está o Cliff, Chuck!? Eu jurava que ele estaria aqui, implicando com o tamanho do seu biquíni, controlando a sua ingestão de álcool e te vigiando de perto pra você não abrir as pernas pro Tim de novo. Aliás, onde você estava com a cabeça quando achou que viveria um romance com Hunter Timmons? Você não serve pro Huntie, fofinha. Você é careta, sem sal e princesinha demais pra aguentar o rojão de um cara tão intenso. Você realmente combina muito mais com um cara tedioso como o Clifford.
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Mensagem por Dexter Thompson Ter maio 14, 2024 4:08 pm

- Aieee! Mas foi ela que disse...! Como eu ia adivinhar?

Dexter soou sinceramente ofendido quando Liberty esbravejou com o seu erro. Por mais que estivesse acostumado a cometer erros bobos e não tinha problema algum em reconhecer quando não tinha feito algo legal, Thompson achava de verdade que estava levando uma bronca injustamente. Afinal, como ele podia adivinhar que Emily Sinclair estava dizendo uma coisa enquanto sentia o oposto?

- Vocês, mulheres, são complicadas demais! Quando a gente quer dizer “A”, a gente diz “A”, e não “Bazinga!” e simplesmente espera que a outra pessoa adivinhe!

Apesar do semblante irritado com aquela bronca desnecessária, Dexter logo soltou um suspiro e lançou um olhar breve na direção da faixa de areia. Como ele e Liberty tinham se afastado vários metros no mar raso, a água já cobria metade do peito de Thompson e claro que era impossível escutar ou acompanhar o que acontecia com o restante do grupo, mas não foi nada difícil se concentrar apenas na garota em seus braços.

- É difícil para caramba acompanhar essa novela, Libby! Juro, isso me dá dor de cabeça!

Com uma personalidade quase paternal diante dos problemas dos amigos, sempre pronto para escutar, ajudar e aconselhar, Dexter se preocupava de verdade desde o começo de todo o drama envolvendo Chad, Emily e Dexter. A briga de dois melhores amigos, as mentiras de Timmons, as idas e voltas de Cliff com a antiga namorada e a situação de Sinclair no meio de tudo aquilo. Para alguém como Dex, era impossível ser indiferente ou conter aquela vontade de tentar ajudar e resolver problemas que nem eram deles.

Então não era por falta de empatia ou consideração que o foco dele mudou tão rápido assim que escutou o antigo apelido carinhoso saindo da boca de Liberty. Mas o principal motivo para Dexter sair de Colchester e acompanhar Wooton naquele feriado de ação de graças era a chance de se reaproximar de Libby. Por mais que a menina já tivesse começado a dar sinais claros e bastante óbvios de que ainda existia uma chance para o futuro dos dois, Dex sabia que ainda precisava trabalhar e se esforçar para recuperar a confiança dela, então toda a sua concentração precisava estar voltada para Bloomfield.

O apelido carinhoso por si só já teve o poder de desligar a mente de Dexter para o que acontecia na areia da praia, mas foi o olhar e a aproximação de Libby que fizeram com que o seu corpo também se conectassem a ela. Como se Bloomfield tivesse o poder de virar uma chavinha, Dex imediatamente começou a sentir um calor brotando dentro de si e se espalhando para suas extremidades. E a maneira com que seu olhar deslizou pelo rostinho e pelo corpo de Liberty já provavam o quanto ele estava entregue ao momento.

A água do mar era cristalina, as ondas eram calmas e a temperatura perfeita, sem estar quente ou fria demais. Eles estavam em um verdadeiro paraíso, mas o olhar de Dexter se derretia apenas para a garota a sua frente. E como a água ao redor deles era transparente, não era nada difícil acompanhar as curvas que o biquíni de Liberty não escondia, ou o instante em que os corpos se colaram enquanto a menina se pendurava no seu pescoço.

A respiração de Dexter imediatamente ficou mais pesada enquanto ele acompanhava com o olhar a barriguinha reta de Libby se juntando ao seu abdome definido. Nem mesmo a água conseguia diminuir o impacto das peles em contato direto e Dex só conseguiu erguer um pouco o olhar para o rostinho de Liberty antes que ela se inclinasse na sua direção. Sem qualquer esforço, o olhar já pesado de Thompson terminou de se fechar enquanto as suas mãos afundavam na cintura dela, ajudando a menina a se equilibrar pendurada no seu corpo.

Ninguém poderia julgar Dexter por estar apreensivo ou inseguro depois do que tinha acontecido no aniversário de Liberty. Não tinha sido uma completa rejeição, mas a maneira tensa com que Bloomfield correspondeu ao beijo naquela noite mostrava que ela não conseguia mais se conectar com ele da mesma maneira que antes, então ainda existia uma pontada de receio quando os lábios de Thompson começaram a se mover.

O conselho de Emily tinha sido claro e transparente, mas era o tipo de coisa que não dava para simplesmente atuar ou forçar. O clima precisava ser algo que brotava naturalmente, assim como o desejo e a excitação. Então Dex nem se lembrava das palavras da amiga, o que significava que o verdadeiro efeito para o que acontecia dentro do mar era simplesmente o desejo e a química que os dois sempre tiveram, mas que tinha ficado adormecida e afetada pelos problemas.

Os lábios e a língua de Dexter começaram a se mover de forma um pouco mecânica, mas poucos segundos foram suficientes para que o rapaz se esquecesse de tudo para se concentrar apenas em Liberty e em como ele a amava. Quando Dex fez uma pausa apenas para encontrar um novo encaixe das bocas, ele já começou a ditar aquele beijo em um ritmo mais acelerado. O contato do corpo de Liberty direto com o seu era algo impossível de ignorar, e ao invés da delicadeza de sempre, das preocupações sobre o que ela pensaria ou como reagiria, foi o instinto de Dex que falou mais alto.

Sem precisar de qualquer esforço por estar dentro da água, Libby ergueu as pernas e rodeou o tronco do rapaz sem interromper o beijo. E Dexter se aproveitou do fato de não precisar sustentar o peso dela para deixar suas mãos deslizando sobre as curvas, sentindo os dedos escorregarem com ainda mais facilidade por causa da água. O gosto salgado do mar que se misturava ao sabor já familiar da boca de Liberty trazia um tempero ainda mais interessante, e junto com a paisagem paradisíaca, tudo contribuía para que o resto do mundo desaparecesse.

Por dentro da água, uma das mãos de Dexter subiu pela lateral do corpo de Liberty até segurar um dos seios dela. E Dex abriu os olhos apenas por um instante para ter certeza que, apesar do grupinho ocupar a faixa de areia, ninguém olhasse naquela direção. Depois de colocar Bloomfield estrategicamente de costas para a praia, ele puxou a cortina do biquíni de lado e deixou seu polegar brincar com o mamilo enquanto mordiscava o lábio inferior de Libby em uma provocação divertida e sexy.

- Eu já falei o quanto você ficou gostosa para caramba com esse biquíni? - Ele sussurrou junto ao ouvido dela enquanto voltava a esconder o seio da menina para não deixá-la tão exposta. - Eu não sei de onde você tirou a ideia de brincar assim comigo, señorita, mas eu vou sonhar com aquela foto por muuuuito tempo. E te garanto que não vai ser nenhum sonho puro ou inocente.

Com as leves ondas passando pelos ombros dos dois e com Liberty agarrada ao seu pescoço, Dexter retomou o beijo com um movimento ritmado. Ele não precisava acelerar e nem parecer afobado para demonstrar o quanto estava excitado ou colocando toda a sua intensidade no momento. Não era pelo ritmo, mas pela maneira com que ele conduzia os toques que Thompson conseguia alimentar o desejo dos dois.

Depois de deixar o tronco dela devidamente coberto, as mãos de Dexter deslizaram pelas costas da menina. Enquanto uma das mãos subia até se encaixar na nuca, por baixo dos cabelos molhados, a outra desceu até o quadril. E Liberty sentiria o exato momento em que a óbvia excitação dentro do calção de Dexter se tornou ainda maior enquanto ele enfiava a mão por dentro do biquíni dela e deixava seus dedos pressionarem o bumbum dela com força e desejo, o suficiente para afundar na carne e pressionar o corpo da garota ainda mais contra o seu.

- Você não faz ideia do quanto eu estava com saudades disso. De você. Eu preciso tanto de você, Libby... Tanto!

As pontinhas das unhas de Liberty arranhando sua nuca ou seu ombro fizeram Dex soltar um gemidinho manhoso, mas o rapaz arfou mais alto quando a menina deslizou uma das mãos pelo seu peito e foi direto até o calção. Mesmo que Bloomfield não tivesse se atrevido a tocar por dentro da roupa, os dedinhos dela tocaram exatamente a região mais sensível de Thompson naquele momento.

Libby não era uma garota como Debby, não gostava de se expor e definitivamente não arriscaria a própria reputação em uma brincadeirinha nada inocente diante de outras pessoas. Mas além de estarem longe demais para que as pessoas notassem detalhes, que fossem capazes de enxergar apenas um casalzinho trocando beijos apaixonados, era óbvio que Bloomfield também estava sufocada pela saudade e com a razão afetada pelo desejo.

- Vem comigo.

Dexter lançou apenas um rápido olhar na direção da areia, e para evitar que os amigos pudessem atrapalhar aquele momento, ele conduziu Liberty pela diagonal, até que eles conseguissem voltar para a área do resort sem serem notados ou passarem pelo restante do grupo. Pela primeira vez desde que tinha chegado na Tailândia, Dexter praguejou diante da imensidão do resort, e foi ainda mais complicado conseguir nadar pelas áreas comuns e não ser notado quando o seu calção molhado não escondia o tamanho da sua excitação, mas por sorte os dois conseguiram chegar até a vila que Bloomfield dividia com a prima sem cruzarem nem mesmo com algum funcionário.

Com as bocas se procurando a todo momento, Dexter e Liberty deixaram um rastro de água por onde passavam, com as roupas de banho pingando por todo o caminho. E no instante em que a porta foi fechada, Libby começou a tropeçar na direção da cama, mas foi Thompson quem interrompeu seus passos, abrindo um sorriso travesso.

- Não. Eu quero te mostrar uma coisa primeiro.

Os dois estavam excitados, morrendo de saudades e ansiosos para se unirem de uma vez por todas, então não fazia sentido que Thompson quisesse interromper as carícias para mostrar alguma coisa, principalmente se os dois estavam dentro do quarto da menina. Mas Thompson sustentou aquele sorriso sacana e o olhar brilhando de desejo quando puxou a menina pela mão.

Como as vilas eram todas com a mesma estrutura, Dexter já sabia o que esperar do quarto ocupado por Bloomfield. As portas que davam a vista para o mar estavam escancaradas, mas eles ainda tinham total privacidade, então não precisavam se preocupar em fechá-las. E Dex levou a menina até um grande espelho de corpo com moldura de madeira que ficava próximo a entrada do banheiro.

Com Liberty parada na sua frente, Dexter colocou a menina estrategicamente bem no centro do reflexo, onde era possível que os dois se encarassem pelo espelho. Com as mãos apoiadas na cintura dela, Dex apenas se inclinou o suficiente para que seus lábios roçassem no ouvidinho dela.

- Eu quero que você veja o que eu vejo, Libby. Eu quero que você veja o quanto você é linda e gostosa. E principalmente o quanto você me deixa maluco.

Se aproveitando da posição em que estava, Dexter se inclinou mais alguns centímetros para começar a distribuir beijos lentos e úmidos pelo pescoço e nuca de Liberty enquanto suas mãos alcançavam as tiras do biquíni que ele tinha ajudado a escolher. Seu sorrisinho se tornou ainda mais malicioso ao pensar que ele teria o prazer de retirar aquela peça que ele tinha aconselhado Libby a usar. E no instante em que a parte de cima do biquíni caiu, Bloomfield rapidamente ergueu os braços para tentar se esconder.

- Não. - Dexter não soou ríspido, mas foi firme e até um pouquinho autoritário enquanto a encarava com um desejo enlouquecedor pelo espelho. - Você não pode se esconder, você é perfeita demais para isso.

As mãos e a boca de Dexter continuaram fazendo todo o trabalho de explorar o corpo de Liberty. Vez ou outra ele se arriscava para olhar na direção do espelho, para avaliar como ela estava reagindo. E diferente da menina, Thompson não teve nem um segundo de hesitação antes de se livrar do calção e ficar completamente nu diante do espelho. Sem interromper os beijos que passeavam pelo pescoço dela ou quando Libby tombou a cabeça para trás para que eles se beijassem na boca, a mão de Dex desceu pela barriguinha reta até se enfiar por dentro da calcinha do biquíni. E dessa vez ele fez questão de olhar para o espelho para assistir Liberty se contorcendo de prazer até chegar ao ápice enquanto ele sussurrava que a amava.

A menina ainda estava ofegante e com as pernas bambas em seus braços, mas Dexter ainda estava ansioso e sedento por mais quando mais uma vez tomou as rédeas da situação e ditou onde eles deveriam ir.

- Eu nunca fiz isso no mar, sabia?

Quando Liberty tomou a iniciativa de um beijo, os dois não estavam sozinhos. Por mais distantes dos olhares curiosos e protegidos pela água, ainda era possível notar outras pessoas presentes. Mas depois de descerem a escadinha ao lado da jacuzzi, Dexter e Libby teriam total privacidade, ainda aproveitando a água morna e cristalina do mar tailandês.

Depois de descer todos os degraus, Dex trouxe Liberty para si e eles contornaram a estrutura da escada até que as costas dela estivessem pressionadas contra a madeira usada para o corrimão. Como Thompson já tinha se livrado do cação e a única peça que Bloomfield usava ainda era a calcinha, ele não teve nenhuma dificuldade em se livrar daquele obstáculo. A menina se pendurou no seu pescoço e as mãos de Dex se agarraram nas ripas de madeira ao lado da cabeça dela. E apesar de toda a excitação, ele ainda soou completamente derretido com aquela declaração.

- Eu te amo, Liberty. Na minha vida só existe você, só você.

Dex soltou uma das mãos apenas para segurar o rostinho de Liberty, com o polegar apoiado no queixo dela para que os dois se encarassem de muito perto enquanto os corpos se uniam. Apesar de atento a qualquer sinal de desconforto dela, o semblante inebriado de Thompson não escondia o quão excitado, satisfeito e apaixonado ele estava naquele momento.
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Mensagem por Emily Sinclair Ter maio 14, 2024 4:10 pm

Desde o instante em que Hunter surgiu no portão de embarque acompanhado de Eileen, Emily já sabia que aqueles dias de folga não seriam tranquilos, relaxantes ou prazerosos. A única esperança de Sinclair era contar com a imensidão do resort para não precisar passar tanto tempo ao lado do ex-namorado e da antiga capitã, mas claro que seria impossível evitar aquele contato durante todo o tempo.

A proximidade de Timmons sempre causava um turbilhão de emoções dentro de Emy e era preciso fazer um esforço sobrenatural para se fingir indiferente. No coração dela, entretanto, Emily se sentia sufocada, ansiosa e agitada, tudo misturado a uma dor, com decepção e ciúmes. Como se já não fosse coisa demais para Sinclair administrar, Eileen também vinha para trazer sua própria dose de emoção, despertando em Emy algo como raiva e uma certa impulsividade semelhante com a que Hunter costumava ter nos seus rompantes explosivos.

Quando o casalzinho se juntou a eles na faixa de areia, Emily nem se deu ao trabalho de virar o rosto para encarar os dois. Assim como Eileen, Sinclair optou por um biquíni pequeno demais, que não escondia muita pele e ainda realçava as curvas dos seios e quadril. Diferente do modelo mais largo que Emy tinha usado na festa da piscina, eram apenas duas tiras finas que contornavam seu quadril e o tecido vermelho ainda atraía mais atenção. Mesmo que estivesse sentada em uma espreguiçadeira na areia da praia, Emy não tinha se descuidado da maquiagem ou de alguns acessórios discretos. Um chapéu de sol protegia os fios ruivos e os óculos de sol ajudavam a menina a manter um semblante indiferente.

Com o olhar preso no horizonte e sentada de maneira confortável, Emy passava a impressão de que estava apenas admirando a bela paisagem, sem se abalar ou nem se interessar pela conversa que acontecia bem ao seu lado. Um bom observador notaria como a respiração dela ficou um pouco mais pesada quando Timmons passou a espalhar o protetor solar pelo corpo de Eileen, mas Sinclair teria sido perfeitamente capaz de passar ilesa se o assunto não tivesse se tornado tão diretamente voltado para ela.

Os ombros de Emy já ficaram tensos no instante em que Eileen mencionou se Hunter tinha uma ex-namorada o prendendo em Colchester. Foi possível notar uma ruguinha surgindo por trás dos óculos escuros, mas Emily conseguiu conter a vontade de se virar e encarar Timmons de maneira inquisidora. No tempo em que Parker tinha frequentado a MMU, Hunter nunca tinha aparecido com namoradinha alguma. Aquele não era o perfil do rapaz, sempre focado no basquete ou na versão mais rebelde que Hunter assumiu depois do acidente, então a única conclusão mais óbvia era que ele tinha compartilhado com a sua nova acompanhante a história dos dois.

E qualquer dúvida que Emily ainda poderia ter foi sanada quando Eileen deixou claro que sabia do triângulo amoroso formado por ela, Hunter e Chad. Dessa vez, o olhar de Emily procurou imediatamente por Hunter, mas as lentes escuras do óculos camuflava um pouco a raiva e a decepção fervilhando nas íris castanhas. O estômago de Emily chegou a embrulhar enquanto sua mente criava sozinha a cena de Timmons e Parker deitados no quartinho dos fundos do Pat's, ainda ofegantes depois de terem transados, enquanto o rapaz contava com um ar convencido e debochado como tinha se vingado de Clifford e iludido a coitada da Sinclair.

A grande sorte de Emily foi que os óculos era grande o bastante para ajudar a esconder o que o seu olhar entregava de bandeja, mas a pausa longa demais que ela precisou para digerir aquele soco já foi um sinal de que a menina ainda estava abalada. O sangue de Emily fervia, mas ela conseguiu resgatar um fio de controle ao colocar um sorriso nos lábios pintados e soar como se estivesse apenas implicando com uma velha amiga.

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- Eileeeen, cuidado! - Emily puxou os óculos para fora do rosto antes de completar. - Falando assim, pode até passar a impressão de que está com ciúmes! E ninguém aqui quer uma psicopata ainda mais surtada por se sentir insegura, não é?

- Insegura, eu? - O sorriso de Eileen nem se abalou, mas foi possível notar algumas faíscas nos olhos claros. - Chuck, você realmente se esqueceu de quem sou eu? Você pode até ter tentado, mas não consegue nem chegar nas sombras de uma verdadeira rainha.

- Ceeeeerto, claro. Errado foi o psiquiatra que deu alta.

Emily rolou os olhos, ainda sustentando a entonação debochada enquanto se colocava de pé. Não que ela tivesse medo de Eileen, mas como estava cada vez mais difícil conter aquela adrenalina pulsando nas suas veias, Emily sabia que não conseguiria soar tão indiferente ou superior por muito tempo, então o melhor era se afastar do casalzinho.

- Por que ficou tão arisca de repente, Chuck? Foi só um comentário sincero, um conselho de amiga. Se ninguém tem coragem de te dizer o óbvio, então eu digo. Fazer cerimônias nunca foi o meu forte mesmo.

- Tá legal, conselho anotado, Ana Bolena.

A risadinha nasalada que Michael tentou abafar não passou desapercebida, em um sinal claro de que o rapaz tinha entendido a provocação com o apelido. Conhecida como uma rainha um tanto desequilibrada e promíscua, Emily estava comparando a “rainha” de Colchester com uma figura histórica. Mas o que realmente irritou Eileen foi não conseguir entender o contexto daquela escolha.

Quando Eileen se colocou de pé, não havia nada separando as duas meninas. Parker era baixinha e pequena, e embora Emily também fosse magrinha, ainda conseguia ter alguns centímetros de vantagem sobre a loirinha. Os cabelos ruivos, a postura confiante com as mãos na cintura e o olhar desafiante de Sinclair mostrava que ela não iria se intimidar nem mesmo diante do olhar perigoso de Eileen, mas ao invés de atacar ou avançar na direção da sua oponente, a garota deslizou o olhar até encontrar a sua vantagem.

- Puta meeeeeerda, o que é isso?

Emy só não conseguiu recuar um passo e se esquivar daquele toque porque a espreguiçadeira tinha ficado bem atrás das suas pernas, mas com um único movimento ela afastou os dedos de Eileen da sua tatuagem. Sem os óculos para ajudar a disfarçar, foi mais fácil notar o quanto Sinclair ficou constrangida com aquele “ponto fraco”, e claro que Parker agarrou com as duas mãos a chance de provocar a ruiva mais um pouco.

- Caralho, hein bebê? Você fodeu mesmo com a cabecinha dessa coitada! Mas que merda, Chuck! Eu já sabia que você era burra, mas não tão inocente. Ou ridícula! Em que planeta você estava para achar que isso daria certo? Você deveria estar pendurada no pescoço do Cliff, é muito mais fácil um cara inseguro e broxante se contentar com uma garotinha como você.

- Qual é o seu problema, Parker? - Emily ignorou quando Hunter surgiu no meio das duas, pronto para separar uma briga física. - Se isso tudo não é a sua psicopatia falando com medinho e insegurança, eu não sei o que mais pode ser! Mas adivinha só: você pode ficar com o Timmons todinho para você!

- Ué, mas em algum momento isso entrou em discussão? - Eileen soltou uma risadinha seca. - Ooooh, você achou mesmo que ainda tinha alguma chance, pobrezinha?

- Em uma coisa nós duas concordamos. - Emily deu um passo para frente e Eileen fez o mesmo, e as duas estavam próximas demais, com menos de um palmo de distância. - É você quem combina muito mais com um cara como o Timmons. Aliás, vocês dois são perfeitos um para o outro! Dois perdedores, fodidos e problemáticos!

- E ainda vai ser a perdedora, fodida e problemática que vai gozar beeeeem gostoso essa noite.

Ignorando a tensão de Michael e os protestos de Hunter, Emily e Eileen só eram capazes de enxergar a sua frente. E mesmo que Timmons estivesse preparado para intervir, as mãozinhas de Sinclair foram ágeis o bastante para se agarrarem nos cabelos de Parker, puxando os fios com força ao ponto de sentir alguns deles se arrebentando nos nós dos dedos.

Emily Sinclair tinha testemunhado o dia em que Eileen atacou uma das colegas de time, e enquanto Parker tinha sido levada para longe de Colchester, Emy continuou na cidade e acompanhou o lento e difícil tratamento de recuperação da vítima. Toda a cidade, até mesmo os rapazes como Michael e Dexter, pareciam temer Eileen. Descontrolada, impulsiva, violenta, obviamente com traços psicológicos alarmantes. Mas nada daquilo foi suficiente para impedir a fúria, o ciúme e a explosão vindo de dentro de Emily quando ela atacou a outra garota.

O chapéu que cobria a cabeça de Emy também voou para longe e seus óculos logo se perderam na areia da praia enquanto ela sentia seus próprios cabelos sendo puxados ou as unhas de Eileen afundando na sua pele, mas Sinclair mostrou que não era uma florzinha delicada ao revidar com a mesma intensidade nos tapas e socos enquanto as duas rolavam pela areia da praia.
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Mensagem por Liberty Bloomfield Ter maio 14, 2024 9:12 pm

Exatamente como Liberty dissera, aquilo seria uma “tentativa”. Por mais que amasse Dexter e que estivesse se sentindo menos insegura nos últimos dias, Libby não conseguiria prever como o seu corpo reagiria aos toques do rapaz. Bloomfield não podia garantir nem para si mesma que as lembranças ruins não viriam à tona ou que os antigos fantasmas não surgiriam novamente para estragar o momento.

Mas, mesmo sem garantias, Liberty sabia que precisava tentar. Porque o outro caminho disponível seria desistir de Thompson, e isso era algo que a menina não queria fazer. Os dois se amavam e precisavam superar juntos aqueles obstáculos.

Embora a iniciativa do beijo tivesse partido de Libby, a garota também estava um pouco tensa quando seus lábios se encaixaram aos de Dexter. Mesmo que Liberty estivesse se esforçando para blindar os pensamentos negativos, parte dela ainda temia por um novo fracasso. Mas, para surpresa e alívio de Libby, dessa vez a mente dela não boicotou aquela experiência.

O clima mais quente da Tailândia, aquele cenário paradisíaco, o fato dos dois estarem tão longe de Colchester, a postura menos insegura de Liberty e os conselhos que Dexter recebeu de Emily. Um conjunto de diferentes fatores se somaram para que, naquela tarde, nada atrapalhasse a reaproximação do casalzinho.

Dessa vez nenhum pensamento ruim foi capaz de abafar o calor delicioso que se espalhou pelo corpo da menina quando o beijo de Dexter se tornou mais intenso e exigente. Liberty o amava e ela não podia reclamar do quanto Thompson era gentil, apaixonado e protetor quando os dois estavam juntos. Mas Libby também tinha que admitir que gostava muito daquela versão mais ousada do rapaz.

Os toques mais íntimos de Dexter fizeram com que Liberty inconscientemente prendesse o ar dentro dos pulmões. Um arrepio mais intenso denunciou que o corpo de Bloomfield tinha aprovado aquelas carícias, mas ainda assim os olhos castanhos estavam um pouco arregalados quando deslizaram ao redor dos dois, se certificando que ninguém estava assistindo aquela ceninha tão íntima. Era especialmente constrangedor para Libby pensar que o irmão mais velho dela estava na faixa de areia, há poucos metros de distância do casalzinho.

O bom senso de Liberty ordenava que a menina colocasse um fim naquela pequena loucura. O lado mais racional de Bloomfield dizia que ela não deveria se expor tanto e nem permitir que a situação saísse de controle. Mas antes que Libby pudesse dar ouvidos à voz da razão, foram as palavras de Emily que ecoaram novamente dentro da cabeça dela. Sinclair estava certa em dizer que o segredo para o fim daquela insegurança era que a própria Liberty se sentisse bonita e atraente. E Libby nunca tinha se sentido tão sexy ou desejada quanto naquele momento, então parecia uma burrice deixar que a razão estragasse aquela experiência deliciosa.

A excitação de Dexter era muito mais óbvia, mas o rapaz também não teria dúvidas do quanto Liberty estava afetada pela maneira como o corpinho dela se contorcia ou se arrepiava com os toques dele, pelas unhas cravadas na nuca dele ou pela respiração dela mais pesada e ofegante a cada segundo. Para Libby já tinha sido uma grande ousadia enviar fotos mais reveladoras para o celular do ex-namorado, mas a menina não parou por aí. Ela também estava ultrapassando várias barreiras e se arriscando fora da sua zona de conforto quando se deixou levar pelo desejo e desceu uma das mãozinhas pelo abdome bem definido de Dex até alcançar o calção de banho do rapaz.

Em nenhum momento Bloomfield se opôs a seguir com Dexter até a vila onde as meninas estavam hospedadas. Com o corpo em chamas, Liberty já se sentia completamente pronta para a próxima etapa, mas Dexter a surpreendeu com mais um passo para fora da zona de conforto da garota.

Para uma garota insegura e que não se achava tão bonita ou atraente poderia ser uma tortura ter um momento íntimo à luz do dia e diante de um grande espelho. E Liberty de fato pareceu um pouco desconfortável ao ver o seu corpo mais exposto no reflexo. Só que Thompson conseguiu reverter totalmente aquela situação. Como Libby também conseguia enxergar no espelho o reflexo do rapaz posicionado atrás dela, a garota não teria dúvidas sobre o quanto Dexter estava afetado. E foi o desejo refletido nas íris do rapaz que fez com que Liberty relaxasse e se deixasse levar por mais aquela aventura.

Diferente da primeira vez dos dois, naquele dia Dexter não parecia tão tenso ou preocupado com a garota. Em nenhum momento Thompson se descuidou ou fez qualquer coisa que pudesse machucar Liberty ou deixá-la desconfortável, mas era evidente que a maior preocupação de Dex naquele dia era matar as saudades e saciar o desejo que os dois vinham acumulando depois daquelas semanas de separação.

A iniciativa de continuar com aquelas carícias no mar partiu de Dexter, e Liberty mais uma vez não ofereceu nenhuma resistência contra aquela ousadia. Diante do espelho, Libby já tinha alcançado o ápice com os toques do rapaz, mas a pele dela ainda fervilhava de desejo quando os corpos finalmente se uniram.

Não era a primeira vez de Libby, mas ela ainda era inexperiente e poderia se sentir desconfortável com investidas mais intensas. Mas definitivamente não foi dor ou desconforto que o semblante dela refletiu enquanto os dois se amavam. Dexter tinha conseguido deixar o corpo de Bloomfield em chamas com seus toques e beijos, então Liberty estava mais do que pronta no instante em que os corpos se encaixaram.

Thompson tinha acabado de dizer que nunca havia tido uma experiência como aquela no mar e uma parte de Libby gostava muito de pensar que o rapaz estava vivendo aquela aventura pela primeira vez ao lado dela. E a julgar pela maneira intensa como o corpo de Dexter estava reagindo, era óbvio demais o quanto ele estava deliciado e excitado naquele momento.

Em todo aquele tempo, Liberty tinha conseguido se concentrar apenas em Dexter e em si mesma. Mas, ironicamente, foi enquanto os dois estavam unidos de maneira mais íntima que as lembranças do Halloween encontraram uma brecha até a consciência da garota. Num flash, a mente de Libby se lembrou da ceninha lamentável que ela havia flagrado no estacionamento do Pat’s. Mas dessa vez aquela lembrança provocou uma reação muito diferente em Liberty.

Sempre que se comparava com Debby, Libby via a si mesma em uma posição de desvantagem. Bloomfield não se achava tão bonita, tão sexy e definitivamente não era tão ousada e experiente quanto a rival. Era esse sentimento ruim que alimentava a insegurança de Liberty e fazia a garota se fechar, recuar e boicotar qualquer tipo de reaproximação com o ex-namorado. Mas, pela primeira vez, a comparação feita por Bloomfield foi favorável a ela naquela tarde.

Na noite do Halloween, a memória de Liberty tinha guardado a imagem de como Dexter estava reagindo e se comportando durante a transa com Debby. E embora fosse óbvio que o corpo de Dex estivesse respondendo bem aos toques da loirinha, Thompson tinha passado a maior parte do tempo com a cabeça tombada para trás no banco do carro e com os olhos fechados com força. Era uma postura completamente diferente do rapaz que agora encarava Libby fixamente e com um brilho apaixonado no olhar enquanto os dois se amavam.

Até podia ser verdade que Debby era capaz de despertar o desejo do rapaz, mas com Liberty aquele mesmo desejo se misturava com paixão, amor, carinho e proteção. E qualquer resquício de insegurança que ainda existisse dentro de Libby evaporou pelos ares quando Dexter deixou escapar uma declaração de amor em meio a um momento tão intenso.

- Eu amo você. – a vozinha de Libby soou rouca e igualmente carregada de desejo ao retribuir àquela declaração – Eu estava com tanta saudade, cariño!

Se Bloomfield ainda tivesse alguma dúvida sobre o quanto Dexter estava envolvido pelo momento, isso ficou ainda mais claro quando o rapaz teve que comprimir os lábios na curva do pescoço dela para abafar um gemido no instante em que o corpo dele também sucumbiu ao prazer. As mãozinhas de Liberty se afundaram nos cachos escuros dos cabelos do rapaz e, numa sincronia perfeita, ela seguiu o mesmo caminho de Dexter até o paraíso.

***

Se a mente de Liberty não estivesse nadando em endorfinas naquele momento, a garota certamente teria estranhado o silêncio no interior da vila. Algumas horas se passaram desde que Libby e Dexter se enfiaram no bangalô da menina e o céu já estava escuro e salpicado de estrelas. Era estranho que Emily ainda não tivesse retornado para tomar um banho ou se trocar. Mas como eles estavam numa ilha paradisíaca e o resort oferecia vários serviços e atrações aos hóspedes, o mais óbvio era concluir que Sinclair deveria estar se divertindo em algum canto com os outros integrantes da viagem.

Depois de uma viagem tão longa e dos momentos intensos que ela havia vivido ao lado de Dexter, Liberty sentia o corpo anestesiado e sua consciência vacilando. A garota até tinha conseguido cochilar por alguns minutos, mas o sono acabou evaporando depois que Bloomfield abriu os olhos e se deparou com aquela imagem tentadora.

Com um lençol embolado na cintura, Thompson dormia pesadamente ao lado dela. Os traços bonitos do rosto dele e os cachos nos cabelos escuros até davam um ar mais juvenil e puro a Dexter, mas aquela imagem era totalmente desconstruída na medida em que os olhos de Liberty desciam pelo restante do corpo dele. Definitivamente não havia nada de inocente no peitoral forte, nos músculos bem definidos da barriga do rapaz ou nas entradinhas nas laterais do abdome que desciam até a pélvis do rapaz em formato de “V”.

Por muitos minutos, Libby apenas assistiu o sono tranquilo do ex-namorado, mas não demorou para que aquela visão tentadora reacendesse o desejo dela. A garota até hesitou por alguns segundos, mas mais uma vez Liberty decidiu jogar a insegurança para longe e se arriscar em mais uma tentativa.

Com o sono pesado, Dexter não acordou com o lençol sendo puxado de lado e deixando o corpo dele completamente exposto. O rapaz também não teve nenhuma reação enquanto Libby se posicionava por cima dele, com um joelho de cada lado do corpo de Dex. E o despertar dele não foi imediato nem mesmo depois que a menina se inclinou e iniciou uma carícia muito íntima.

Ao contrário do que poderia parecer, Liberty não estava em busca de nenhum tipo de comparação ou competição com Debby. Não era um teste, até porque Thompson tinha acabado de provar o quanto se sentia excitado por Bloomfield. Libby simplesmente ainda estava excitada e completamente inebriada por Dexter, ela só queria tocá-lo e viver mais aquela experiência inédita.

Liberty estaria mentindo descaradamente se dissesse que sabia exatamente o que fazer. Não era o tipo de coisa que se aprendia em livros ou em tutoriais pela internet. Mas, depois daquela segunda experiência deliciosa nos braços de Dexter, Bloomfield estava ainda mais convicta de que só a prática faria com que ela se sentisse mais confiante na própria performance.

E não foi difícil usar as reações de Dexter como um termômetro que mostrava quando ela estava fazendo a coisa certa. Mesmo dormindo, o rapaz começou a se remexer no colchão e a contrair o rosto num semblante de satisfação a cada vez que Libby o tocava com mais intensidade. A respiração de Thompson foi ficando mais pesada, a excitação dele se tornou óbvia e o rapaz deixou escapar um gemido enquanto a mente dele ainda pensava que aquele era apenas um dos melhores sonhos da sua vida.

Libby já estava se dedicando bastante para que o rapaz ficasse satisfeito, mas a garota se rendeu ainda mais ao momento quando, ainda dormindo, Dexter murmurou o nome dela. Qualquer rapaz adoraria acordar com aquele tipo de toque e com o corpo já tão estimulado, mas Thompson precisou de alguns segundos para se recuperar da surpresa e do choque depois que os olhos dele finalmente se abriram e ele entendeu o que estava acontecendo.

Embora estivesse totalmente focada no prazer do rapaz, Liberty sentiu o próprio corpo esquentando com as reações intensas de Dexter. Era delicioso se sentir sexy, desejada e no controle da situação. Ao invés de constrangida, tensa ou insegura, Libby teve uma facilidade imensa para levar o rapaz à loucura. E um sorrisinho convencido brincava nos lábios de Bloomfield depois que ela finalmente colocou um fim naquela aventura e encarou Dexter.

- Eu estava pensando... – a voz dela soou suave e casual, como se Libby não tivesse feito nada demais – Fui eu que terminei o nosso namoro, então acho que também sou eu que tenho que pedir pra você voltar pra mim, não é?

Aproveitando que Thompson ainda estava completamente anestesiado de prazer e sem reação, Libby arrastou o corpo um pouco mais para frente até estar sentada sobre a cintura do rapaz. E como nenhuma peça de roupa escondia o corpo da garota, Dexter teria uma visão bastante privilegiada naquele momento.

- Eu amo você e quero você de volta, cariño... – Libby se inclinou para terminar de sussurrar aquela provocação no ouvido do rapaz – Se você me perdoar pelo maior erro que eu já cometi na minha vida, eu prometo te recompensar. Vou ser a melhor namorada do mundo e vou te acordar assim mais vezes, hm?
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Mensagem por Hunter Timmons Ter maio 14, 2024 9:40 pm

De todas as informações que Eileen praticamente cuspiu na cara de Emily, a única que saiu da boca de Hunter foi o envolvimento dele com a ruiva. Não fazia sentido esconder aquilo de Parker até porque alguém poderia deixar escapar alguma coisa durante a viagem, então Timmons achou melhor comentar com a atual ficante que ele e Sinclair tinham acabado de sair de um relacionamento sério.

Em nenhum momento Hunter mencionou a vingança, o triângulo amoroso com Clifford, as recaídas e a aparente indecisão de Emily entre os dois ex-namorados. Se Eileen teve acesso a todas aquelas informações, era uma grande prova de que a garota havia mentido ao dizer que havia passado todo aquele tempo sem fazer contato com ninguém em Colchester. Era óbvio que alguém havia atualizado Parker sobre todas as crises e fofocas (inclusive as mentirosas) que cercavam o relacionamento de Emily e Hunter.

Ouvir tudo aquilo sair da boca de Eileen foi uma surpresa que deixou Timmons chocado e sem reação. E a maneira vulgar e ofensiva como Parker trouxe aquele assunto à tona só tornava a cena ainda mais constrangedora. Hunter obviamente pretendia ter uma conversa mais séria com Eileen quando os dois ficassem sozinhos, mas naquele momento o rapaz realmente pensou que a melhor saída era colocar logo um fim naquele assunto delicado e evitar que as duas garotas se aprofundassem ainda mais naquelas trocas de alfinetadas.

- Eileen. – com as sobrancelhas já franzidas por causa do sol, Timmons estava sério e tentando manter a calma quando deslizou os olhos da loira para a ruiva – Já chega. Você também, Emily.

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A repreensão de Hunter foi lindamente ignorada e a impressão do rapaz era que Emily e Eileen sequer tinham ouvido a voz dele de tão concentradas que elas estavam naquele duelo de palavras hostis. Enquanto elas trocavam ofensas, Hunter ainda tentou se colocar no meio das duas e evitar que aquela discussão se tornasse ainda mais acalorada.

Quando foi Sinclair que deu o primeiro passo para que o combate se tornasse mais físico, Hunter arregalou os olhos e encarou a ex-namorada como se estivesse berrando um “Você ficou louca!?”. Todos em Colchester conheciam a péssima fama de Eileen e sabiam que a garota não era tão frágil e indefesa quanto aparentava. Martínez estava francamente amedrontado com a proximidade de Parker e agora aquela reação de Hunter mostrava que até o ficante de Eileen tinha um certo receio dos rompantes violentos da garota.

E depois disso, tudo aconteceu tão rápido que Timmons nem saberia dizer quando as duas tinham deixado de lado as alfinetadas e os xingamentos para se atracarem nas areias da Tailândia.

Com dois rapazes fortes por perto, o mais óbvio era pensar que Hunter e Mike não teriam muita dificuldade para separar uma briga entre duas meninas. Mas, além de Martínez ter sido o primeiro a recuar vários passos para trás, Timmons se viu sozinho no meio de duas garotas que, embora fossem menores do que ele, estavam completamente descontroladas.

Em meio a gritos e ofensas, Emily e Eileen começaram literalmente a rolar pela areia da praia na medida em que a vantagem daquela briga se invertia. A garota que estava por cima acertava tapas, puxões de cabelos e socos na adversária até ser derrubada e precisar se defender dos mesmos golpes. E era impossível para Timmons separar as duas porque, sempre que ele tentava puxar uma das garotas, a outra se aproveitava da situação para atacar a rival imobilizada com ainda mais selvageria.

- MARTÍNEEEEEZ!!! – Hunter berrou completamente desesperado enquanto ele tentava puxar uma Eileen furiosa para trás, com Emily ainda pendurada nos cabelos da sua antiga capitã – ME AJUDA AQUI, POOOOORRA!!!

- QUEEEEE!? MAS NEM FODENDO!

Não dava para condenar Mike por aquela covardia. Hunter já estava ofegante, tinha levado socos dos dois lados e exibia profundos arranhões nos braços. Então Martínez tinha os seus motivos para não querer se enfiar no meio de duas meninas insanas e descontroladas.

Atraído pela gritaria, JJ se aproximou correndo do ponto onde a briga acontecia e, ao contrário de Martínez, Wooton teve coragem de interferir. Como Hunter já agarrava Eileen, JJ passou seus braços pelo tronco de Sinclair e começou a puxá-la para trás. Com Emily urrando e se debatendo, vários chutes e socos que seriam destinados a Eileen acabaram acertando Jeffrey. E como os dedinhos de Emily ainda estavam presos nos cabelos de Parker, um tufo de fios loiros saiu por entre os dedos da ruiva enquanto as duas eram separadas.

- MAS QUE MERDA É ESSA! CHEGA! – JJ puxou Emily ainda mais para trás e se colocou na frente da garota como uma barreira que evitaria que ela se atracasse novamente contra Parker – VOCÊS FICARAM LOUCAS!? NÓS ACABAMOS DE CHEGAR, PUTA MERDA!

- A Parker não ficou louca, ela É louca! – Mike apontou da loira para a ruiva – E a Sinclair deve ser ainda mais louca por se meter com ela!

O grupinho de fato tinha pisado no resort há poucas horas e era bizarro que já estivessem protagonizando um escândalo daquela dimensão. Ao lado de Martínez, a namorada de JJ assistia à cena com os olhos arregalados e a mão cobrindo a boca. Como uma típica nerd, Rachel provavelmente nunca tinha assistido tão de perto uma briga tão acalorada entre duas garotas e toda a conversa sobre a sanidade de Eileen soava ainda mais preocupante agora.

- CADÊ O DEXTER PRA NOS AJUDAR!? – JJ ainda parecia estar com dificuldade para conter a fúria de Sinclair – AAAAAH, QUE ÓTIMO! QUE MOMENTO PERFEITO ESSE FILHO DA PUTA ACHOU PRA SE ENTENDER COM A LIBBY! EU VOU MATAR O DEX!

Se Wooton já estava tendo dificuldades para segurar Sinclair, a situação de Hunter era ainda pior. Mesmo com os braços dele agarrando Eileen com força, a garota ainda urrava como um animal e se debatia para tentar escapar e avançar novamente contra Emily. O gerente do resort já tinha sido alertado sobre aquele barraco e acionou os seguranças. Mas, antes que chegassem os reforços, Parker mostrou porque era tão temida e porque ela merecia aquela fama tão ruim.

Um chute certeiro para trás acertou o meio das pernas de Timmons e fez o rapaz urrar de dor. As pernas dele fraquejaram na mesma hora, mas Hunter ainda tentou manter os braços firmes para conter a menina. Mas um leve afrouxar da força foi suficiente para que Eileen atacasse. Como não conseguiria vencer os músculos do rapaz, Parker se inclinou e cravou os dentes com força no braço de Hunter.

O primeiro sinal de que algo mais grave tinha acontecido veio no instante em que Hunter gritou de dor, abriu os braços e soltou Parker. Quando Eileen se virou na direção de JJ e Emily, o sangue do rapaz escorria pela boca dela e, como num filme de terror, a loirinha cuspiu de lado o que claramente era um pedaço do braço de Timmons.

- PUUUUUUUUUUUUUUUTA QUE O PARIU! – mesmo já distante da cena, Martínez deu mais um salto para trás – ELA É CANIBAAAAAL!

- COOOORRE, AMOOOOOR! – o grito desesperado de Rachel ecoou pela praia enquanto Eileen avançava na direção de JJ e Emily.

Sinclair não teve tempo de descobrir se JJ seria um cavalheiro e a ajudaria a se defender daquela maluca psicopata ou se ele fugiria sem olhar para trás, porque foi naquele segundo que os seguranças chegaram. O homem que agarrou Parker tinha quase dois metros de altura e até ele pareceu estar com dificuldade para arrastar a loirinha pela areia da praia.

O gerente parecia furioso com aquela baixaria quando se aproximou do grupinho, provavelmente com a intenção de expulsá-los do resort. Mas a atenção do homem se desviou em outra direção e ele pareceu muito mais preocupado com Hunter. Mesmo com Timmons usando a outra mão para tentar estancar o sangramento, várias gotinhas vermelhas escorreriam do braço dele e pingavam na areia da praia.

- Leve o rapaz pra enfermaria! Agora! – a ordem foi dada a um dos seguranças – E a garota também!

Embora Emily não tivesse um ferimento tão sério, as unhadas, arranhões e hematomas na pele dela também mereciam ser examinados. E Sinclair ainda estava sendo amparada por um dos seguranças na direção da enfermaria quando ouviu o gerente esbravejando com JJ.

- De onde você tirou essa gente, Wooton!? Eu só não te chuto pra fora daqui em respeito ao seu pai! Mas aquela loirinha psicopata não fica nem mais um dia neste resort!
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Mensagem por Dexter Thompson Qua maio 15, 2024 4:15 pm

Depois de ter passado a última noite durante um longo voo, por mais confortável que o jatinho dos Wooton fosse, era óbvio que o corpo de Dexter ainda precisava de um descanso de verdade. Ao invés de um cochilo, todos os jovens tinham decidido aproveitar ao máximo a estadia naquele resort luxuoso e por isso ninguém tinha cogitado trocar uma tarde na praia para ficar enfiado em um quarto. Exceto Libby e Dex. Só que não era o cansaço da viagem ou o fuso-horário que tinha feito os dois se desligarem do restante do mundo e adormecerem no meio da tarde, nos braços um do outro.

Era uma satisfação plena. Ao invés de cansaço, Dexter sentia seu corpo anestesiado. Sua mente não estava lenificada porque precisava dormir, mas completamente inebriada pela endorfina. Dex nem se lembrava da última vez que tinha conseguido mergulhar em um sono tão profundo, relaxante e delicioso, mas foi impossível manter os olhos abertos depois de gastar até a última gota de energia matando a saudade e saciando o seu desejo com Libby em seus braços.

No tempo em que Thompson e Bloomfield ficaram separados, Dexter não ficou completamente sozinho. Ele tinha se aventurado mais uma vez nos braços de Debby, então, muito diferente do que tinha acontecido com a líder de torcida, definitivamente não era a carência que tinha falado mais alto naquela tarde. Era a saudade, o amor e principalmente a imensa felicidade de poder ter Liberty novamente para si.

O medo de que Bloomfield pudesse ficar tensa, que os problemas voltassem para assombrar como um bicho-papão ainda deixaram Dex apreensivos no começo. Mas o óbvio desejo e a satisfação com que Liberty se entregou a ele fez com que qualquer medo desaparecesse, assim como o restante do planeta. E foi o amor e o instinto que guiou os dois a cada toque e cada beijo.

Quando deixou suas costas tombarem no confortável colchão e aninhou Libby em seu peito, já se sentindo sonolento e relaxado, Dexter se sentia como um vitorioso desbravador ou um visionário, porque ele tinha conquistado o maior tesouro existente, o verdadeiro Santo Graal, que estava bem diante dos olhos de todos e apenas ele foi capaz de enxergar. Porque era assim que ele enxergava Liberty: algo raro, perfeito e quase místico.

A inteligência de Bloomfield era inquestionável e visível para qualquer um. O problema era que a maioria das pessoas se deixava enganar por aquela primeira impressão da menina inteligente e arredia e não conseguia enxergar a grande joia que existia ali. Linda, com as curvas nos lugares certos, com os traços sutis e delicados do rosto, Libby era muito mais do que apenas uma mente brilhante. Mas Dex se apaixonou por cada pequeno detalhe dela, enxergando além da beleza ou da sua inteligência. Era a voz de Libby, a entonação da sua risada, a força que ela tinha, mesmo com todo o histórico dramático de vida, das dificuldades que ela enfrentava de frente, com ainda mais garra. Thompson a amava, a admirava e era perdidamente apaixonado por Bloomfield.

Como o sono que envolveu Dexter era pesado e revigorante, o rapaz achou que estava apenas mergulhado em um sono prazeroso, uma espécie de sequência do que ele e Libby tinham acabado de viver, quando seu corpo começou a dar novamente sinais de excitação. Não era raro que Thompson tivesse aquele tipo de sonho mais íntimo envolvendo Bloomfield, por isso o nome dela saiu de forma tão natural dos seus lábios. O que realmente surpreendeu Dex foi abrir os olhos e ver que a menina tinha mesmo assumido aquele papel mais ousado.

Não deveria ser exatamente uma surpresa. Libby até poderia ser mais inexperiente do que outras garotas que já tinham passado pelos braços de Thompson, mas ela tinha mostrado como conseguia se soltar, ser sensual e se entregar por completo ao prazer sob os toques dele. Mas Dex ainda estava se acostumando com aquela visão enquanto um sorrisinho sacana se formou nos seus lábios, acompanhado do olhar sonolento.

- Eu não acho que consiga acordar de outra forma depois dessa experiência, Libs. Vou desligar todos os meus despertadores hoje mesmo e essa será a sua missão. Você é inteligente, tenho certeza que vai pensar em uma estratégia de fazer isso acontecer.

Apesar da brincadeira, Dex ergueu as duas mãos, afundando seus dedos nos cabelos castanhos de Liberty enquanto a trazia mais para perto. Um beijo carinhoso foi depositado nos lábios dela, mas no instante em que a menina voltou a erguer o tronco, seu olhar deslizou lentamente pelas curvas expostas. Seu toque deslizou até a segurarem pelo quadril e Thompson não foi nada tímido enquanto encarava com desejo os seios, a barriguinha reta e a parte mais íntima em contato direto com a sua pele quente.

- Hmmm... Eu não sei não, señorita. Essa deveria ser a parte em que eu me faço de difícil e digo que vou pensar se quero te dar uma nova chance? Porque se for, eu recuso esse papel. - Dex deslizou suas mãos por mais alguns centímetros, dessa vez acariciando as coxas que Libby pressionava nas laterais do seu corpo. - Nós não precisamos disso, Libby. Aliás, eu achei que isso tudo já significasse que você é minha, então eu não tinha pretensão alguma de aceitar qualquer outra possibilidade. Você é minha. Mas eu só tenho uma pequena condição... Cheeeega de terminar comigo! Sério!

Aproveitando que suas mãos já estavam nas coxas dela, Dex só precisou encaixar seus dedos na parte inferior antes de dar um puxão, o que obrigou Liberty a tombar para trás. Em um movimento ágil, ele também se levantou, e enquanto ela caía de costas sobre o colchão, Dexter prontamente se colocou sobre a menina. Apesar da noite, as portas de vidro continuavam abertas e o barulho do mar, assim como a brisa suave, entravam e provocavam um clima romântico e delicioso.

Com a inversão das posições, a cabeça de Liberty ficou apoiada na direção dos pés da cama, consequentemente no mesmo sentido onde estavam as portas abertas com a visão do mar e do céu estrelado. Deitado sobre ela, Dex não tinha apenas a vista privilegiada de uma garota linda e nua sob o seu corpo, mas também do cenário perfeito e paradisíaco da ilha.

- Eu amo você demais, Libby. E eu prometo que vou estar ao seu lado todos os dias e me esforçar para ser tudo o que você precisa. Tudo o que você merece. - O brilho derretido se espalhou pelas íris castanhas de Thompson, mas a mão dele deslizando pelo corpo dela serviu como combustível para que o calor que Liberty já tinha despertado terminasse de explodir. - Eu quero ser para você o “pacote completo”, como você é comigo. Você tem tudo o que eu um dia poderia sonhar, señorita. Muito além do que eu poderia imaginar. E enquanto você me quiser, eu vou ser o melhor cara do mundo para você.

O beijo úmido estava carregado de carinho, mas a forma exigente com que as mãos de Dex voltaram a percorrer o corpo de Liberty já mostrava que os dois iriam repetir as cenas apaixonadas de antes. Com a luz do luar entrando pelas portas abertas, o lençol branco adquiria um tom um pouco prateado, que também se refletia sobre a pele exposta de Libby. E Dex tinha certeza que aquela sim era a visão do paraíso enquanto descia a sua trilha de beijos para se concentrar na parte mais sensível entre as coxas dela. E com Libby se contorcendo de prazer, Thompson teve a certeza de que era o homem mais sortudo do mundo.

***

- Eu estou faminto! O JJ disse que o restaurante daqui é maravilhoso, eu vou querer provar tudo! E eu vi na programação que vai ter música ao vivo na praia depois do jantar, o que me diz? Quer dançar um pouco?

O grupinho tinha chegado de viagem naquele mesmo dia, mas Dexter e Liberty tinham passado as últimas horas trancados no quarto, se amando ou descansando, então o rapaz sentia que tinha toda energia e disposição do mundo para aproveitar tudo o que o resort tinha a oferecer. E claro, o humor de Dex estava nas alturas por causa da felicidade que explodia dentro do peito dele.

Embora o casalzinho ainda não tivesse reunido coragem para enfrentar o mundo lá fora, eles ao menos tinham conseguido sair da cama. Depois de tomarem um banho juntos, o vapor da água quente ainda estava espalhada pelo banheiro e Dex usava apenas uma toalha amarrada na cintura, com os cabelos ainda pingando nos seus ombros largos enquanto assistia a namorada se arrumando.

- Eu seeeei, eu sei que dançar não é algo da sua zona de conforto. Mas você já sabe que eu sou o melhor dançarino de Vermont, então estará em boas mãos. Eu só quero mostrar para todo mundo, os tailandeses e os turistas, como nós somos o casal mais foda que eles já viram.

Mesmo com o espelho sobre a pia um pouco embaçado, Dexter parou atrás de Liberty e abraçou pela cintura enquanto a menina terminava de passar um hidratante nos braços. E aquela posição resgatou na memória dos dois a pequena travessura que Thompson tinha feito mais cedo, diante do espelho. Enquanto um rubor tomava conta das bochechas de Libby, ele abria um sorriso largo e satisfeito.

- Acho que eu não quero mais ir embora daqui. Nunca mais. Podemos? Por favoooor, Lib, diz que podemos ficar aqui para sempre!
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