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Mensagem por Hunter Timmons Sex Mar 29, 2024 10:53 am

Uma cidade como Nova York poderia ser intimidadora para alguém que nasceu e foi criado num lugar como Colchester. As ruas estavam sempre lotadas, as pessoas pareciam estar sempre apressadas e atrasadas, o trânsito era caótico. Além do ar não ser tão puro quanto no interior, o cenário de uma metrópole também sofria com a poluição visual repleta de letreiros luminosos, pichações nos muros e lixo nas ruas, isso sem mencionar a terrível poluição sonora com buzinas, sirenes e autofalantes. Um nova-iorquino até poderia já ter se acostumado com aquela rotina mais agitada, mas para Hunter Timmons aquele era um universo completamente diferente de tudo o que o rapaz conhecia.

Entretanto, quando Hunter pisou na calçada diante do prédio de Bobby Sinclair e se viu rodeado por todos aqueles novos cenários e estímulos, o rapaz não se sentiu desconfortável ou intimidado. Pelo contrário, um sorriso empolgado brotou nos lábios do rapaz e a sensação de Hunter era que tudo aquilo seria mais uma das tantas aventuras que ele gostava de experimentar.

Diferente de Dexter, Timmons nunca teve dúvidas de que o futuro dele estava fora de Colchester. A personalidade aventureira, a sede por adrenalina e o gosto por uma vida mais agitada não combinavam com o clima de uma cidadezinha do interior. Hunter gostava de desafios, de se destacar, de viver novas experiências, de conhecer novos lugares, de se maravilhar com tudo o que existia fora da sua zona de conforto. Mesmo que Hunter tenha descoberto há pouco tempo o seu gosto por fotografia, a personalidade livre e criativa dele sempre foi um sinal claro de que o rapaz tinha uma alma de artista.

O único filho dos Timmons odiava ter uma rotina previsível e era isso que ele teria com um futuro numa cidadezinha do interior. Justamente por isso, o plano de Hunter sempre foi deixar Colchester para trás. E o basquete parecia ser a melhor maneira de conseguir um passaporte para a nova vida que Hunter desejava.

Se não fosse pelo triste acidente que afastou Hunter Timmons das quadras e arruinou qualquer possibilidade de uma carreira como atleta, o rapaz provavelmente teria ido parar numa metrópole como Nova York. Vários dos principais times e dos principais jogos da NBA aconteciam em Nova York, também eram nas maiores cidades do país que ficavam os maiores e melhores centros de treinamentos. Se Hunter tivesse seguido adiante com o plano de ser um astro do basquete, o futuro dele provavelmente seria numa grande metrópole, cercado por luxo, por dinheiro e pela fama.

Para alguém que queria e planejava um futuro tão majestoso, parecia ser até um pouco frustrante trocar tudo aquilo pela vida mais simples de um artista. Mesmo se Timmons crescesse na profissão e se tornasse um fotógrafo premiado, ele jamais seria tão rico, tão famoso e tão badalado quanto um jogador de basquete da liga nacional. E foi justamente essa frustração que fez com que o rapaz passasse os últimos meses afundado em revolta, desesperança e melancolia. Porque, no fim das contas, não importava qual direção Hunter desse à própria vida, nada o levaria para um futuro tão glorioso quanto aquele que ele tinha perdido.

Por muito tempo, Timmons se afundou no pessimismo, se fechou dentro da própria tristeza e permitiu que todas as suas esperanças morressem. A mudança no comportamento do rapaz nada mais era que um grito de socorro de alguém que já não encontrava mais alegria ou objetivo na própria vida. Hunter estava condenado a passar o resto da vida frustrado, infeliz e se lamentando por ter perdido um grande sonho. Mas a chegada de Emily Sinclair fez com que uma grande reviravolta acontecesse na vida de Timmons.

Mais do que simplesmente uma nova paixão e uma nova carreira, Emily foi capaz de fazer com que Hunter reencontrasse um pouco de cor na sua vida tão cinza. Apaixonar-se de verdade por uma garota e ter aquele sentimento retribuído com a mesma intensidade foi uma virada de chave na vida de Timmons, foi o detalhe que mostrou ao rapaz que ele não precisava de um futuro glorioso no basquete para ser feliz, para se sentir especial. E naquela última noite, depois de ver Sinclair se entregar por inteiro nos braços dele, Hunter estava ainda mais convencido de que ele não precisava do esporte, da fama ou do dinheiro para se sentir o cara mais especial de todo o universo.

Mesmo depois de já ter saído da cama, tomado um banho, colocado roupas limpas e de ter parado numa cafeteria perto do metrô para comprar um café, Hunter ainda sentia o corpo anestesiado pelo prazer. A pele do rapaz continuava mais sensível nos pontos em que as unhas da namorada o arranharam com mais intensidade, o gosto de Emily ainda não havia desaparecido na boca dele e o perfume dos cabelos ruivos parecia ter se impregnado em Hunter. E eram aquelas lembranças tão vívidas da última noite que faziam Timmons sorrir sozinho como um bobo no caminho até o estúdio de fotografia.

Como se o destino quisesse testá-lo, Hunter se deparou com uma grande provocação assim que saiu do metrô na estação mais próxima ao estúdio. Em meio à grande poluição visual de dezenas de cartazes pregados nas paredes da estação, Timmons deu de cara com o anúncio de ingressos para um grande jogo da liga de basquete. Até alguns dias atrás, aquela imagem teria o poder de abalar totalmente as estruturas do rapaz e de afundá-lo novamente numa onda de infelicidade e revolta. Naquela manhã, porém, Hunter se sentia tão leve, tão feliz e tão satisfeito com os novos rumos que a sua vida estava tomando que ele simplesmente manteve um sorriso tranquilo nos lábios e continuou o seu caminho rumo ao curso de fotografia.

***

Logo nos primeiros minutos dentro do estúdio, Hunter percebeu que aquele não seria um curso básico para amadores ou para pessoas que encaravam a fotografia apenas como um hobby. Além de um cronograma rígido de aulas, leituras teóricas e atividades práticas, o curso também englobava vários testes, trabalhos e os melhores alunos teriam a chance de participar de uma exposição no fim do ano.

As reuniões presenciais aconteceriam uma vez por mês, mas os alunos precisavam cumprir vários prazos e participar de vídeo-aulas e conferências on-line semanalmente. Além de conhecimentos sobre técnicas, ângulos e iluminação para a captura de imagens, o curso também englobava vários módulos sobre edição, revelação, registro e publicação de fotos. Definitivamente não era um curso voltado para curiosos ou iniciantes, o objetivo era que os alunos saíssem dali preparados para o mercado de trabalho. Mas ao invés de se sentir pressionado ou intimidado com todos aqueles prazos e exigências, Hunter teve ainda mais certeza de que havia escolhido o caminho certo.

As horas se passaram sem que Timmons sentisse o tempo. Desde que abandonou o basquete, era a primeira vez que Hunter se sentia tão fascinado e tão empolgado com alguma coisa. Na MMU, o rapaz tinha se tornado um aluno displicente e problemático, então era surpreendente vê-lo agora tomando notas e atento a cada palavra dita durante o curso de fotografia.

Conforme combinado, Emily esperava por ele do lado de fora do prédio no fim tarde, para que os dois pudessem aproveitar juntos o restinho daquele dia em Nova York. Hunter foi um dos últimos alunos a sair do prédio, o que já era um sinal de que Timmons havia gostado do curso. A câmera já tinha sido cuidadosamente guardada dentro da mochila, mas o rapaz ainda segurava nas mãos algumas impressões de fotos que ele mesmo havia tirado e revelado naquela primeira aula. Mesmo sem dizer nada, o amplo sorriso e o brilho no olhar de Hunter já denunciavam que ele estava feliz e animado. E Sinclair teria mais uma grande prova da empolgação do namorado quando foi recebida por um beijo bastante intenso.

Numa cidade como Colchester, certamente um casalzinho atrairia olhares e comentários maldosos se protagonizassem um beijo apaixonado no meio de uma calçada. Em Nova York, por outro lado, ninguém pareceu se incomodar ou se escandalizar com a maneira como Timmons puxou a garota para seus braços e a rodopiou com os pezinhos fora do chão enquanto os dois trocavam um beijo de língua. Emily parecia até um pouco atordoada e com as pernas bambas depois daquele “cumprimento” tão intenso e apaixonado, mas por sorte Hunter a manteve colada junto ao seu corpo mesmo depois de devolver os pés dela para a calçada.

- Foi sensacional. – a resposta veio antes mesmo que Sinclair tivesse a chance de fazer qualquer pergunta sobre o curso e, orgulhoso do seu trabalho, Hunter entregou a ela as fotos que ele vinha carregando nas mãos – Quer dizer, o negócio é bem sério. Tem muitos módulos, aulas online, videoconferências, trabalhos e prazos. Mas é isso, ruivinha. Agora eu tenho ainda mais certeza de que é isso que eu quero.

Depois de ver Hunter se afundando num poço escuro por tantos meses, era inacreditável ver o brilho nas íris de avelã, o sorriso fácil e a maneira empolgada com que o rapaz encarava aquele novo desafio. E o lado mais competitivo e aventureiro da personalidade de Timmons se fez presente quando ele abriu um sorrisinho convencido.

- Os cinco melhores alunos vão participar de uma exposição no fim do curso. E o melhor dos melhores vai ganhar um curso completo no Royal College of Art. Então eu só tenho uma pergunta pra te fazer, ruivinha. Tá tudo certo com o seu passaporte? Porque em alguns meses nós vamos pra Londres!

Ao notar que estava tagarelando sem parar, Hunter tentou frear a própria empolgação para dar um pouco mais de atenção à namorada. Emily foi libertada daquele abraço, mas Timmons manteve uma mão unida a dela, com os dedos entrelaçados. Ainda agitado e sorridente, o rapaz começou a puxá-la pela calçada para que os dois saíssem dali.

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- Se eu começar a falar sobre isso, não vou conseguir parar! Então por que você não começa me contando primeiro como foi o seu dia, Emy? Foi divertido? Pra quais lugares o seu pai te levou? Nós podemos ir pra um lugar diferente agora, pra mim tanto faz. Metrô ou táxi?

Como se o rosto dele fosse um espelho dela, o sorriso de Hunter morreu no exato instante em que a expressão de Emily se tornou mais infeliz. E por tudo o que Timmons tinha visto no dia anterior, não foi nada difícil concluir qual era o motivo daquela tristeza. Os olhos cor de avelã se estreitaram, Hunter interrompeu a caminhada e pareceu furioso ao retomar o discurso.

- Eu não acredito que aquele filho da puta te deixou sozinha de novo! Eu vou arrebentar a cara dele!
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Mensagem por Liberty Bloomfield Sex Mar 29, 2024 1:05 pm

O maior erro de Dexter naquele dia foi agir como se Liberty Bloomfield fosse só mais uma das garotas fúteis e desmioladas com quem ele estava acostumado a lidar. Embora as justificativas e as explicações que Thompson usou para sair mais cedo do evento fossem bastante convincentes, Libby era inteligente demais para não notar os detalhes daquela cena. A postura mais tensa do rapaz, a maneira distante como ele se despediu dela e a insistência para que Bloomfield continuasse na convenção com os amigos indicavam claramente que Dexter não se sentia à vontade com aquela situação e estava inventando uma desculpa esfarrapada para fugir do evento.

Ficou muito claro para Liberty que não existia um documento e que Hunter não precisava que o melhor amigo abandonasse tudo para ajudá-lo. Mas a garota ainda precisou refletir por alguns minutos para entender os reais motivos que justificavam a fuga de Dexter. O mais óbvio era pensar que o quarterback tinha detestado a Comic Con e o pessoal de Seattle, e que Dexter queria fugir dali para aproveitar melhor o passeio em Nova York fazendo algo que ele realmente gostasse. Mas aquela explicação mais simples definitivamente não se encaixava no restante do cenário.

Dexter Thompson tinha aceitado o convite para participar de um evento que não tinha nada a ver com as preferências dele. Mas, mais do que simplesmente topar participar da Comic Con, era evidente que Dexter tinha se esforçado muito para que aquilo funcionasse. As pesquisas na internet, os podcasts, a fantasia, todos os sinais indicavam que o rapaz tinha pisado no centro de convenções com o coração aberto e disposto a mergulhar de verdade do mundinho de Liberty. Então não fazia o menor sentido que Dexter fugisse tão rápido.

Chateada com a fuga do rapaz e assombrada por aqueles pensamentos, Libby mal conseguiu prestar atenção na tal entrevista. Embora estivesse sentada na plateia junto com os amigos, a mente de Bloomfield estava bem distante da Comic Con. E, como geralmente acontecia quando Liberty colocava o seu cérebro brilhante para trabalhar, as peças começaram a se encaixar e a menina logo compreendeu tudo o que estava acontecendo ali. Foi uma tortura esperar pelo fim da entrevista, mas assim que eles se afastaram da plateia, Libby se colocou diante dos amigos com os braços cruzados e um olhar perigosamente estreito.

- Beleza, podem botar tudo pra fora. O que vocês falaram pro Dex?

- O que??? – os ombros mais tensos de Ryan eram quase uma confissão de culpa – Nada! Do que você está falando, amiga!?

- Ele estava muito contente e animado quando chegou aqui. E eu também fiz a minha parte pra que ele se divertisse! Então a única explicação pra ele fugir são vocês dois!

- Nós não fizemos nada. – Aimee estava mais séria e também cruzou os braços numa postura defensiva – Talvez ele só tenha sacado que aqui não é o lugar dele, Liberty. O que você tinha na cabeça quando trouxe um quarterback para a Comic Con?

- É. A gente até entende que você esteja se divertindo e extravasando o estresse dando uns amassos com ele. Mas não faz sentido tentar forçar a entrada desse cara na sua vida real, amiga. Não tem nada a ver. Que futuro pode existir entre você, uma geniazinha da programação, com um atleta burro e superficial?

- O que o Ryan está querendo dizer... – Aimee novamente foi mais radical e direta – É que a gente respeita o seu lance com ele. Eu imagino que seja bem estressante morar longe de casa e aguentar toda a pressão pra conseguir uma bolsa em Princeton. Nada mais compreensível do que você querer uma dose extra de endorfina. Só não confunda as coisas, Liberty. Você quer se divertir e ele provavelmente só quer que você faça as provas e trabalhos por ele. O seu lance com ele é puramente físico, então pare de forçar a barra. Você nunca vai fazer parte do mundinho dos populares e ele também nunca vai se encaixar no nosso mundo. É assim que as coisas funcionam.

Liberty seria uma grande hipócrita se condenasse a amiga por aquela opinião tão rasa e preconceituosa porque era assim que a própria Libby via as coisas até algumas semanas atrás. Quando chegou em Colchester e conheceu Dexter Thompson, Bloomfield enxergou no rapaz exatamente aquilo que Aimee e Ryan descreviam: um atleta tolo, superficial e que vivia no mundinho privilegiado dos populares.

Rapazes como Dexter não costumavam se interessar por garotas como Liberty. Na antiga escola de Libby em Seattle, sempre existia algum tipo de segundas intenções por trás de qualquer garoto mais popular que se aproximava dela. Geralmente era só uma lamentável tentativa de ter o seu nome acrescentado em algum trabalho ou de convencer a “nerd” da turma a fazer alguma tarefa por ele. Por muito tempo, Liberty se acostumou com aquela divisão de papéis e aceitou que era assim que as coisas funcionavam no mundo real. Mas Dexter Thompson chegou na vida de Libby, desconstruiu aquele estereótipo e quebrou todas as barreiras que a menina tinha construído em torno de si mesma.

Thompson nunca havia pedido nenhum favor em troca da amizade que oferecia à novata. Era verdade que Libby vinha dando aulas particulares para o rapaz, mas Dexter não havia seduzido a colega ou usado aquilo como uma moeda de troca de toda a atenção que ele vinha dando à Liberty. E muito além das atitudes do rapaz, era o caráter de Dexter que fazia com que Libby acreditasse nele. Aquele não era um típico filme de terror adolescente que terminaria com a nerd recebendo um banho de sangue de porco no baile de formatura depois de ter sido enganada pelos populares. Bloomfield não tinha a menor dúvida de que podia confiar em Dexter e que o sentimento que brotava entre os dois era verdadeiro, e por isso a opinião dos amigos soou ofensiva demais aos ouvidos dela.

- Vocês não conhecem o Dex. Aliás, vocês perderam a chance de conhecê-lo hoje. Conhecer de verdade, como eu conheci. Porque se vocês tivessem a mais remota noção do quanto ele é gentil, atencioso e nobre, vocês não teriam sido tão injustos com ele. Vocês acham mesmo que ele viria na Comic Con vestido de Flash se só quisesse acrescentar o nome dele nos meus trabalhos? E vocês acham que eu teria mudado o meu cronograma inteiro só pra viver um “lance puramente físico”?

- Nós somos seus amigos há anos, Libs. A gente só quer evitar que você se iluda e que sofra por causa desse cara. Vocês dois são completamente diferentes e isso nunca vai dar certo.

- Se você fosse uma boa amiga, Aimee, você ficaria feliz por eu ter encontrado um cara legal, que gosta de mim, que respeita as nossas diferenças e que se esforça para participar da minha vida. Mas, ao invés disso, você parece muito mais incomodada e inconformada por um quarterback querer ficar com uma nerd!

- Pra mim já chega, Liberty, não dá pra conversar com você, tá na cara que você está apaixonada e iludida demais! Mas eu sou mesmo sua amiga e vou estar pronta para te consolar quando você quebrar a cara com esse otário! Só espero que isso aconteça antes que esse surto idiota comprometa o seu projeto Princeton!

***

As palavras de Aimee eram duras e amargas demais, mas a garota não estava totalmente errada ao insinuar que Liberty poderia comprometer todo o seu futuro se apaixonando por um quarterback no último ano do colégio. Independente do quanto Dexter fosse um cara legal e também estivesse envolvido por ela, aquela era uma mudança muito grande na rotina rígida que Bloomfield havia planejado para aquele ano tão decisivo. Estar apaixonada e estar tão envolvida por um rapaz era algo que poderia comprometer os horários, a concentração e os planos da garota.

Se Libby fosse tomar uma decisão embasada puramente em argumentos lógicos, objetivos e racionais, ela se afastaria de Dexter imediatamente, tentaria abafar aqueles sentimentos e voltaria a se concentrar apenas no seu cronograma e nos seus objetivos. Mas o problema é que agora Liberty não conseguia mais deixar a sua mente tomar as rédeas da situação. E no fundo ela sabia que se afastar de Thompson não seria o bastante para abafar os seus sentimentos por ele.

Era aterrorizante mudar os planos, tomar uma decisão irracional e saber que um simples passo errado poderia comprometer todo o seu futuro. Mas qualquer dúvida que Libby ainda pudesse ter sobre aquele assunto desapareceu quando ela viu a expressão infeliz e derrotada no rosto do rapaz. Aquele nem parecia mais o mesmo rapaz sorridente que havia entrado na convenção fantasiado de super-herói e pronto para surpreender a garota por quem estava apaixonado.

- Academia...? – Libby fez uma longa pausa enquanto assistia o rapaz caminhando pelo quarto terminando de se vestir – Mas e o restaurante? Achei que tínhamos reservas para hoje à noite...

Liberty já conhecia bem demais aquela expressão de cachorrinho perdido que surgiu no rosto de Dexter. E desta vez ele estava confuso e constrangido por ter se esquecido de algo que parecia ser tão importante para ele. Além de querer experimentar os pratos de um chef renomado, Thompson tinha muitas expectativas sobre aquela noite com Libby. Mas depois de tudo o que acontecera naquela tarde, o rapaz já não parecia sentir mais a mesma empolgação de antes.

Mesmo sabendo exatamente o que incomodava Dexter, Liberty foi cuidadosa e não tocou diretamente naquele assunto para que o rapaz não se sentisse ainda mais desconfortável e humilhado com a situação. Ao invés de mencionar o preconceito ou o péssimo comportamento dos amigos, Bloomfield encontrou uma maneira muito melhor de dizer ao rapaz que ela tinha uma opinião completamente diferente de Aimee e Ryan.

Com passos calmos, Libby entrou no quarto de hóspedes ocupado por Thompson e se sentou na pontinha do colchão. A sacolinha que ela trazia nas mãos foi deixada de lado sobre o colchão, Bloomfield apoiou o queixo sobre os braços cruzados por cima da cabeceira da cama e ergueu os olhos na direção do rapaz.

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- Se você ainda quiser ir, eu só preciso de uns quinze minutos para me arrumar. E quando eu digo quinze minutos, você pode acreditar. Acho que você já sacou que eu não sou o tipo de garota que precisa de duas horas pra escolher uma roupa para um encontro, né?

Ao chamar o jantar daquela noite de “encontro”, Libby automaticamente derrubou várias barreiras entre os dois. Porque com aquela única palavra a menina estava deixando bem claro que não enxergava Dexter como um simples amigo ou como um cara qualquer com quem ela estava se divertindo e aliviando as pressões de uma agenda rígida. Ele era um cara apaixonado que tinha planejado um encontro romântico para aquela noite e Liberty deixou bem claro o que ela pensava sobre aquela proposta.

- Tá, eu menti. Eu precisei de mais que duas horas pra escolher uma roupa pra hoje à noite...

Sem nenhum constrangimento, Liberty pegou a sacolinha e a virou na direção de Dexter. Ao invés do emblema da Comic Con, o rapaz veria que se tratava de uma marca de roupas femininas. Bloomfield obviamente não tinha dinheiro para fazer compras em grandes boutiques, mas a menina havia vasculhado as lojas mais simples de Nova York até encontrar uma roupa especial para usar no encontro daquela noite.

- Aliás, Dex, você bem que podia ter mencionado esse jantar romântico antes de estarmos todos no carro, já a caminho de Nova York! – os olhinhos castanhos se estreitaram de leve, mas logo a garota abandonou aquele ar mais irritado – Eu não trouxe nada que pudesse usar num restaurante chique! Mas eu já resolvi esse problema, saí um pouco mais cedo da convenção, passei numa loja e comprei um vestido. Então, sem pressão, mas eu vou ficar beeeem frustrada e decepcionada se você me disser agora que prefere ir correr numa esteira do que me levar pro nosso encontro.
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Mensagem por Emily Sinclair Sex Mar 29, 2024 10:55 pm

O espelho de corpo inteiro refletia a imagem de Emily e o olhar dela estava atento a cada mínimo detalhe, se certificando de que realmente estivesse perfeita. As sandálias de salto, a saia branca e o suéter vermelho formavam uma visão harmônica com os cabelos ruivos, sem decotes exagerados. Ao mesmo tempo em que Emy conseguia se destacar e ficar muito bonita, ela tinha tomado o cuidado de não usar roupas curtas ou ousadas demais.

Aquela deveria ser a terceira ou quarta vez que Sinclair mudava de ideia sobre suas roupas, tentando encontrar a aparência perfeita e ideal para um passeio ao lado do pai. Mesmo para uma garota vaidosa, Emy não costumava ser tão insegura quanto a própria aparência, mas era como se existisse um mecanismo dentro dela que funcionava intensamente sempre que a preocupação era agradar Robert Sinclair.

Mesmo depois de ter gastado um generoso tempo se arrumando, ainda não havia nenhum sinal de Bobby. Emy conferiu as horas no celular e confirmou que estava no início da tarde, mas até então o pai não tinha ligado e nem enviado nenhuma mensagem sobre o atraso. Então partiu dela a iniciativa de tentar algum contato ao ligar para o número do Sr. Sinclair, mas a ligação foi encerrada depois de dois bips, o que significava que o homem não estava com o celular desligado ou fora da área de cobertura, mas que tinha propositalmente recusado a chamada.

Como existia a possibilidade de Robert estar em alguma reunião, Emily tentou enviar uma mensagem, perguntando se ele estava a caminho. Quando não teve nenhuma resposta, Emy foi ainda mais direta quando tentou confirmar se Bobby ao menos se lembrava da programação que eles tinham combinado para aquele dia.

Nada. Mais de uma hora tinha se passado e não houve retorno das mensagens ou da ligação. Como Hunter estava no curso, Libby e Dexter na Comic Con, a cobertura estava mergulhada no mais absoluto silêncio. E foi como uma boa menina que Emy se sentou sozinha no sofá. Seus ombros murchos e a falta de brilho no seu olhar já mostravam que ela sabia o que estava acontecendo, experimentando mais uma vez aquela familiar rejeição.

Não era justo que Emily precisasse se esforçar tanto para conseguir a atenção ou o carinho do próprio pai. Liberty tinha crescido sem uma figura paterna, ela sim sabia o que era ser rejeitada e não ter um pai. Ao contrário da prima, Emy sempre tivera Bobby na sua vida, com migalhas de atenção que pareciam ser o mundo inteiro para ela. Mas enquanto Libby parecia conformada e lidava com a vida real de frente, Emily continuava presa naquela ilusão, em um sentimento desesperador de conseguir mais.

Talvez fosse diferente para Liberty porque o pai biológico dela não fazia questão de esconder que não queria fazer parte da sua vida. Bobby, por outro lado, enchia Emily com presentinhos, com um cartão de crédito bastante generoso, não poupava os apelidos carinhosos e fingia ser o grande pai do ano ao receber seus amigos ali. Mas aquele grande paizão se transformava quando ela chegava até a página dois. E Emy não era mais nenhuma criança para continuar negando que não era uma prioridade na vida dele, que não havia interesse, saudade ou o mínimo esforço de fazer parte da sua rotina.

Era frustrante, decepcionante e insultante. E foi em uma onda de raiva repentina se apoderando dela que Emily voltou a tentar uma nova ligação. Com o semblante duro, ela bufava enquanto se preparava para vomitar algumas verdades no ouvido do pai. Daquela vez a ligação não foi recusada, mas quando uma voz soou do outro lado, definitivamente não soava como Bobby.

- Alô?

Emily chegou a afastar o aparelho para ter certeza de que era o nome do pai que aparecia na tela do celular, e com a testa franzida, seu discurso foi engolido pela surpresa de escutar uma voz feminina.

- Oi. Eu queria falar com o Bobby Sinclair.

- Ele está no banho, quem quer falar? - A voz arrastada parecia igualmente surpresa e curiosa ao atender uma mulher no telefone de Bobby.

- É a filha dele.

- Claire? - A mulher soou ainda mais confusa, dando um indício de que conhecia Claire não apenas pelo nome.

- Emily. - Emy não conteve um rolar de olhos irritado ao ser confundida com a irmã mais velha. - O meu pai está aí? Eu preciso falar com ele.

Mesmo abafado, foi possível ouvir uma voz masculina ao fundo. A mulher afastou o aparelho, mas as palavras dela ainda eram perfeitamente audíveis para Emily.

- É a sua filha. Não, não é a Claire. A Emily. - Depois de uma pequena pausa, a mulher voltou a falar diretamente na ligação. - Emily, o seu pai está perguntando se está tudo bem e se os seus amigos estão aproveitando.

- Eu só quero saber se ele vai demorar para chegar. Nós dois combinamos de sair hoje. Aliás, com quem eu estou falando? É a secretária dele?

- Você não contou para a sua filha sobre mim? - A voz dela voltou a soar um pouco distante. - Ela está dizendo que vocês dois tinham combinado de sair hoje.

- O que? - Dessa vez a voz de Bobby soou mais próxima. - Eu não combinei nada! Deixa eu falar com ela. - Emy, princesinha! O que houve?


- Quem era essa mulher, pai? - Emily não costumava ser tão direta, mas foi impossível se controlar no meio daquela conversa confusa. - E onde você está? Nós dois combinamos de sair hoje, eu já perdi metade do dia!


- Querida, eu não sei o que foi que você entendeu, mas eu já tinha planos para hoje. Quando você me avisou que viria para Nova York, eu disse que você e os seus amigos seriam muito bem-vindos, mas não tinha como mudar toda a minha agenda de última hora!

- Do que você está falando? - Emy soou ainda mais esganiçada e incrédula. - Nós falamos sobre isso ONTEM! Você disse que passaria o dia comigo!

- Eu não disse isso, Emy, você deve ter confundido alguma coisa! Olha, hoje é aniversário da Becky... Eu estava esperando a melhor oportunidade para apresentar vocês duas, mas não posso sair daqui hoje. Se você quer companhia para fazer compras, eu posso ligar para a Claire e pedir que cuide de você.

- Cuidar de mim? - Emy soltou uma risada seca. - Eu não preciso de uma babá! O que eu preciso é que você cumpra a sua palavra ao menos uma vez!

- Olha, Emily, eu sinto muito que você se sinta dessa maneira. Mas eu não consigo mudar toda a minha vida só porque você decidiu passar o final de semana em Nova York. Você e os seus amigos podem ficar pelo tempo que quiserem, princesinha, e eu prometo tentar chegar amanhã a tempo para almoçarmos juntos.

- Quer saber, pai? Nem se dê ao trabalho! Aproveite a “Becky”!

Sem dar uma chance para Robert responder, e provavelmente para imenso alívio do pai, Emily desligou a ligação sem prolongar aquela discussão inútil. Mas enquanto para o Sr. Sinclair aquele era um problema encerrado que ele esqueceria no segundo seguinte, a menina se afundou no sofá, sentindo seu coração despedaçado com a frustração e a rejeição de quem tinha criado tantas expectativas para ter a indiferença como resposta.

Enquanto os amigos aproveitavam o dia em Nova York, Emily estava toda arrumada, trancada sozinha em uma cobertura, se sentindo abandonada e rejeitada depois de ter mendigado o amor do próprio pai. Mas Sinclair se recusava a ser a filha patética que se afogava em lágrimas. Ela podia estar se sentindo arrasada por dentro, mas Emy era capaz de erguer a cabeça e decidir que não ficaria sentindo pena de si mesma.


***

Um óculos de sol novinho. Uma bolsa de grife. Um par de botas que causaria inveja em qualquer garota da MMU. Nada daquilo tinha sido a programação que Emily tinha idealizado para o seu dia em Nova York, muito menos passar o dia inteiro sozinha em uma cidade grande como aquela. Mas no final, gastar uma pequena fortuna com o cartão de crédito que Bobby pagaria no final do mês era o começo de uma minúscula e deliciosa vingança.

Aquelas compras estavam longe de fazer Emily se sentir amada ou de apagar a dor que Robert tinha causado nela, mas ao menos era uma forma de não ficar de braços cruzados e aceitar ser tratada daquela maneira.

Durante toda a tarde, era a imagem de Bobby que permaneceu nos pensamentos de Emily. Mas no instante em que Hunter Timmons entrou no seu campo de visão, a felicidade do rapaz foi capaz de contagiá-la. Qualquer pessoa de Colchester se surpreenderia em ver o único filho dos Timmons tão leve e cheio de vida como naquele fim de tarde. A cidade já tinha se acostumado com a versão problemática e irresponsável de Hunter, daquele rapaz sem esperança, sem futuro. Então, para Emy, assistir aquele brilho de vida nele foi o ápice do seu dia.

- Esses são seus trabalhos??? Me deixa ver!

Emily não estava forçando um entusiasmo ou felicidade. Estar com Hunter, especialmente diante daquela alegria radiante dele, tinham mesmo o poder de fazê-la se esquecer dos problemas. Foi com empolgação que a menina retribuiu aos beijos, foi com uma sincera convicção que ela concordou que ele ganharia o primeiro lugar e foi com felicidade que Emy sorriu e se deixou levar por Timmons. Até o rapaz mencionar Robert.

Tinha sido mais fácil fingir que não estava tão chateada ou triste enquanto andava pelas calçadas movimentadas de Nova York e visitava algumas lojas. Mas ao lado de Hunter, Emy sentia que não precisava fingir, muito menos se esforçar. Timmons lhe passava segurança, carinho e proteção, e com isso, Emily não conseguiu conter aquela potente onda de tristeza quando ela também precisou encarar o dia perdido e a rejeição do pai.

- Não precisa falar assim, Hunter.

Não era para defender o pai que Emily fez aquele pedido, e a forma com que ela cruzou os braços e desviou o olhar do namorado mostravam que, na verdade, ela só se sentia envergonhada por ter sido esquecida e ignorada, como se de alguma forma isso fosse sua culpa.

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Emily odiava se sentir daquela maneira, tão vulnerável. Mas para sua sorte, de todas as pessoas do mundo, a presença de Timmons era a única capaz de lhe dar forças para enfrentar tal sentimento. Era impressionante como Emy e Hunter tinham se conectado, derrubado barreiras e encontrado segurança e proteção um no outro para lidar com seus problemas.

Ainda com um ar envergonhado, Emily reuniu coragem para procurar pelas íris de avelã. E embora ela preferisse fugir daquele assunto e fingir que estava tudo bem, também era muito difícil ignorar a parte que queria se permitir ser frágil, só por ter a certeza de que Timmons a apoiaria.

- Aparentemente eu confundi as coisas e ele já tinha um compromisso com a nova namorada. Aliás, a namorada que ele esqueceu de comentar comigo que existia. Mas tudo bem, Hunter, já passou...

Era óbvio que nada tinha “passado”, que aquele nó na garganta de Emily ainda estava machucando, assim como ela não tinha se livrado por completo do peso no seu peito. E foi o olhar atencioso de Timmons que acabou vencendo. Seu queixo tremeu por um segundo, denunciando a sua fragilidade até que Emy finalmente cedesse aos sentimentos. Sem se importar se estavam em uma calçada movimentada, Sinclair deu um passo até conseguir envolver o tronco de Timmons com seus braços, o abraçando com força enquanto escondia o rosto no peito dele.

- Qual é o problema comigo, Tim? Não importa o que eu faça, como eu me vista, o que eu diga... Nada é o bastante para ele se interessar. E eu me sinto uma idiota por querer tanto que ele fizesse parte da minha vida, quando é muito óbvio que ele não está nem aí se eu faço parte da dele!

A voz embargada de Emily era um sinal de que ela estava prestes a cair no choro, e a urgência que ela tinha em esconder o rosto contra o peito de Hunter só confirmava aquele desespero de tentar esconder a sua fraqueza. Os bracinhos de Sinclair apertavam Timmons com tanta força que era praticamente um grito para que ele não a abandonasse. E os olhos castanhos estavam cobertos por uma fina camada de lágrimas quando ela ergueu o rosto para encará-lo.

- Me desculpe, lindinho. Hoje é um dia especial, é o SEU dia. Eu estou tão feliz por você e não quero estragar esse momento. Não queria parecer tão mimada e boba logo hoje. Podemos esquecer isso? Eu só preciso de você, esquecer tudo o que aconteceu e me focar no que realmente importa agora. Você e a nossa comemoração.
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Mensagem por Dexter Thompson Sáb Mar 30, 2024 12:05 am

Em Colchester, qualquer um conhecia Dexter Thompson por acusa do seu tanquinho perfeito, do seu perfil atlético e do seu excelente desempenho no futebol. Dex também era conhecido por ser filho de duas figuras bastante populares na cidade. O que apenas os amigos mais próximos do rapaz sabiam era que os talentos de Dex iam muito além do porte físico e a alta performance.

Seu gosto pela culinária, pelas experiências e criações de receitas e o paladar refinado não eram coisas que Dexter costumava espalhar aos quatro ventos. Ele não tinha vergonha alguma em admitir que gostava de cozinhar ou de comer bem, mesmo com as restrições alimentares da sua dieta. Mas aquilo sempre tinha sido visto como um simples hobby para que Dex desse qualquer ênfase.

E era um hobby bastante sério para Thompson. Se aventurar entre as panelas e os ingredientes costumava fazer sua mente se desligar dos problemas, da tensão do esporte e das cobranças sem fim do pai. Quando cozinhava algo e tinha o resultado tão positivo, Dex era capaz de se esquecer que seu desempenho escolar era vergonhoso e até conseguia se sentir especial e talentoso. Era por causa da maneira que ele se sentia cozinhando que Dexter tinha começado a se interessar por programas culinários, blogs de grandes críticos gastronômicos e passado a admirar os grandes chefes.

Como um esportista, Dexter sabia citar os maiores atletas e os nomes de grande impacto na história do futebol. Mas isso era facilmente reproduzido por outros rapazes. Contudo, não era tão comum que adolescentes, especialmente os de cidade pequena, se mostrassem tão empolgados ou admirados com as criações de chefes de cozinha.

Quando surgiu a oportunidade de conhecer um restaurante premiado em Nova York, Dexter não estava apenas querendo viver uma experiência em um lugar com comida boa. Era a chance de provar uma verdadeira obra de arte, das combinações inesperadas e tão bem faladas de alguém que, até então, ele só tinha a oportunidade de admirar através das redes sociais e de algumas pesquisas.

Era inacreditável que Dexter tivesse se esquecido daquele compromisso que ele mesmo tinha aguardado tão ansiosamente. Mas depois de ter passado a tarde inteira infeliz e deprimido, preso nos próprios pensamentos pessimistas, Thompson já nem se lembrava mais da reserva e dos planos que tinha de ir com Liberty em um programinha romântico típico de um casal.

Mesmo depois que Liberty desbloqueou aquela lembrança, Dexter ainda não se sentia empolgado ou tentado a sair para jantar. Era impossível ter qualquer apetite quando ele se sentia tão infeliz, tão pequeno e com a esperança resumida a nada. Olhar para Liberty, tê-la ao alcance das suas mãos ou cogitar passar as horas seguintes na companhia dela, com a certeza de que seus sentimentos jamais seriam completamente retribuídos era uma tortura que Thompson não suportaria.

Com os ombros caídos, uma ruguinha entre as sobrancelhas grossas e o olhar tristonho, Dexter parecia como um menininho triste, impossível de ser ignorado. E aquela ruguinha ainda estava refletida no seu rosto quando Liberty mostrou a sacolinha de compra. Com um olhar mais curioso e ainda perdido, Dexter precisou de alguns segundos para conseguir reagir.

- Você comprou um vestido? Para sair comigo? Em um encontro?

Ryan e Aimee tinham acabado de julgar o quarterback com o estereótipo de ser um simples atleta burro. Mas mesmo quando Dexter soava tão lento e esforçado para completar um raciocínio teoricamente simples, ele conseguia parecer adorável, com um jeitinho perdido e fofo.

Que Dexter estava completamente envolvido pela novata, ele não tinha dúvidas. Embora os dois nunca tivessem dado um nome para aquele relacionamento, Thompson vinha enxergando com exclusividade e seriedade o que os dois estavam construindo. Tinha sido apenas naquela tarde, depois da reação dos amigos da garota, que Dex tinha passado a se sentir tão inseguro. Ele não estava tentando dizer que o jantar planejado não era um encontro. Era apenas uma surpresa por ver que Libby aguardava por algo que, nas últimas horas, Dexter tinha certeza que não significava nada para ela.

- Você saiu da Comic Con para comprar um vestido para sair comigo? - Dex tombou a cabeça do lado e soou ainda mais confuso. - Por que?

Teoricamente, Libby já tinha explicado que tinha saído para comprar uma roupa porque não tinha ido preparada para um jantar romântico em um restaurante chique. Mas o que Dexter realmente estava tentando entender era por que Bloomfield abandonaria os amigos e o evento que ela tinha aguardado tão ansiosamente só para gastar o tempo em lojas, escolhendo um vestido para sair com ele.

- Você quer sair comigo.

Liberty parecia como uma professora que encarava o seu aluno, acreditando no potencial que ele tinha para chegar sozinho no resultado de uma conta complexa. E Dexter não a decepcionou quando afirmou que o desejo dela era que aquele jantar acontecesse. Mesmo já sem dúvidas de que era isso que Libby queria dizer, Thompson não conseguiu e sentir completamente seguro.

- Tá, acho que nós dois precisamos conversar.

Um cara popular que dizia que precisava conversar com a nerd com quem ele vinha tendo alguns amassos não parecia ser um bom sinal. Mas contrariando todas as expectativas, a inversão de papéis colocava Dexter no lugar mais frágil daquele relacionamento, no ponto mais inseguro. E foi preciso reunir toda coragem dentro de si para respirar fundo e enfrentar aquele assunto de frente.

Os tênis foram abandonados em um canto do quarto e Dexter voltou a se arrastar até a cama, se sentando ao lado de Liberty. Mas diferente do que normalmente vinha acontecendo quando os dois estavam sozinhos, Thompson não esticou suas mãos imediatamente para tocá-la e nem procurou avidamente pelos beijos de Libby. Sentados lado a lado, Dex ainda estava com os ombros um pouco caídos e manteve o olhar fixo na cômoda a sua frente enquanto tentava organizar seus pensamentos para colocá-los em voz alta.

- Nós dois somos muito diferentes, né? Tipo, MUITO diferentes.

Quando Liberty chegou em Colchester, ela teve uma primeira impressão de Dexter que condizia com a opinião de Aimee e Ryan. Era uma visão preconceituosa e até previsível. O quarterback burro, arrogante e metidinho de um lado, e do outro a nerd, centrada, inteligente, tecnológica e que não costumava despertar o interesse dos rapazes populares. Mas não era sobre isso que Thompson se referia.

Muito além das posições sociais e dos papéis que esperavam deles, Dexter e Liberty tinham gostos diferentes, histórias de vida diferentes, famílias, amigos, hobbys. Tudo era muito diferente. Mas quando Thompson virou o rosto para o lado e procurou o olhar de Liberty, o brilho que imediatamente se espalhou pelas íris castanhas mostrava que aquelas diefrenças não tinham qualquer influência no que ele sentia.

- Eu nunca conheci ninguém como você em Colchester, Libby. Quer dizer, eu nunca conheci ninguém como você no mundo todo. Eu acho que nem consigo dizer como admiro a sua história, como admiro a sua força... Você é inteligente, interessante, incrível. E tudo isso com a voz mais doce que eu já escutei... E esse seu rostinho...

O discurso centrado de Dexter vacilou quando ele contorceu o rosto como se estivesse diante de algo tão perfeito e adorável que era impossível se conter. Ele chegou a erguer uma das mãos, fingindo beliscar o ar para não tocar diretamente na bochecha de Liberty.

- Sério, ás vezes eu acho que tenho vontade de morder esse seu rostinho lindo. - O olhar de Dex deslizou por um instante pelo corpo de Liberty e ele não freou a própria língua. - Eu tenho vontade de morder outras coisas também. Enfim...

Para evitar a distração e conseguir ir até o fim com o seu discurso, Dexter sacudiu a cabeça como um cãozinho se balançando para se livrar da água. Era algo bobo, mas Liberty era inteligente o bastante para notar os sinais de que Thompson tinha dificuldades de se concentrar porque a presença dela o afetava de todas as formas possíveis. O que Dex estava dizendo era que ele admirava a inteligência, se orgulhava da história dela, a achava linda e adorável e tudo na mesma proporção em que a encarava como uma moça sexy e irresistível.

- O que eu estou tentando dizer, Libby... É que eu nunca me senti assim por ninguém antes. - O olhar de Dex se tornou mais intenso enquanto seu coração acelerava, assustado com a própria sinceridade. - O que eu estou dizendo é que eu me apaixonei por você, Liberty Bloomfield. E saber que eu não sou bom o bastante, que nunca vou estar ao alcance de uma garota como você, é uma realidade que ainda estou tentando digerir.

Em Colchester, Dex estava sempre no centro das atenções. Não havia uma única garota na MMU que não suspirasse ou sonhasse com a chance de poder tocar no perfeito tanquinho do quarterback mais adorável que já tinha passado por aquela escola. Então era uma grande ironia que logo o cara mais popular e cobiçado se sentisse tão pequeno e inferior a Liberty, mas era assim que Dex enxergava as coisas.

- Eu nunca vou entrar em um lugar como Princeton. Não importa o quanto eu sonhe ou tente me esforçar. Aliás, eu só vou conseguir entrar em uma universidade por causa do futebol. E você merece mais do que um cara com o cérebro do tamanho de uma ervilha, Libby. Então, sou eu quem vou entender se você não quiser sair para jantar. No seu lugar, eu também teria vergonha de sair com um cara tão burro em um encontro. Mas eu espero que você entenda que eu vou precisar de um tempo para superar tudo isso... Eu nunca me apaixonei antes, então não sei exatamente quando vou conseguir ficar perto de você sem pensar que te amo ou sem parecer um esquisitão babando na garota mais incrível de Colchester. Ou de Nova York. E Seattle.
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Mensagem por Liberty Bloomfield Sáb Mar 30, 2024 11:10 am

- Você tem razão, Dexter. Nós dois somos MUITO diferentes.

Certamente não eram aquelas palavras que Dexter esperava ouvir depois de abrir o seu coração por inteiro e confessar os sentimentos que nutria por Liberty. Mas não foi para magoar ou para torturar o rapaz que Libby iniciou o seu discurso daquela maneira mais fria e calculista. A intenção de Liberty era mostrar para Thompson que ela não estava iludida, que ela era capaz de enxergar que os dois pertenciam a mundos opostos, que a escolha que ela estava prestes a fazer tinha sido bem pensada e não era apenas um impulso inconsequente de uma garota que se apaixonava pela primeira vez.

- Eu tenho uma mente racional e analítica. Eu gosto de planejar cada passo da minha vida. Eu odeio sair da minha zona de conforto. E eu me sinto muito mais à vontade com uma rotina previsível, com assuntos dentro do meu domínio de conhecimento. A vida me ensinou a ser autossuficiente, a não esperar muito das outras pessoas, a me isolar. Eu tenho foco, determinação, um raciocínio rápido e uma inteligência muito acima da média. Já você...

Dexter já tinha ouvido críticas duras vindas de Aimee e de Ryan naquele dia, e tudo levava a crer que a conclusão do discurso de Bloomfield seguiria naquela mesma direção ao apontar os piores defeitos do quarterback e todos os motivos que uma garota brilhante como Libby tinha para se afastar dele. Foi de partir o coração ver os ombros de Dexter murcharem e o rapaz abaixar os olhos, já preparado para mais uma pancada potente contra a sua autoestima. A reação tristonha dele quase fez Liberty mudar o tom do discurso, mas a garota respirou fundo para continuar dizendo tudo o que precisava ser dito naquele momento.

- Você é emotivo. Na maioria das vezes, você coloca os seus sentimentos acima da razão. Você é impulsivo e não pensa muito antes de agir. A vida foi muito mais generosa com você do que foi comigo, você tem uma família unida, pais que te amam, um irmãozinho que te venera. Diferente de mim, você gosta de estar rodeado pelas pessoas, você é simpático, carismático, gentil e não precisa se esforçar nem um pouco para ficar no centro das atenções e para ser querido por todos ao seu redor. O seu raciocínio é lento e eu ainda não decidi se acho mais irritante ou mais adorável ver como você fica perdido em situações tão simples! Como esta que estamos vivendo agora.

Como se Dexter estivesse ilustrando a declaração de Liberty, a cabeça dele tombou de lado e o rapaz contraiu o rosto num semblante francamente confuso. Afinal, para Thompson, não havia nada “simples” naquela conversa ou na situação em que os dois estavam vivendo agora. Afinal Dexter tinha acabado de se expor e de dizer que estava apaixonado e agora estava ouvindo um longo discurso sobre o quanto ele e Libby eram diferentes.

- É, eu estava me esquecendo de mencionar esse detalhe. Eu sou muito impaciente, eu gosto de resolver todos os problemas sozinha e o mais rápido possível enquanto você não vê problema em pedir ajuda ou em se adaptar às dificuldades. Eu sou do tipo de pessoa que cria barreiras enquanto você é do tipo que derruba barreiras.

Até o momento, Bloomfield não tinha mencionado o detalhe que parecia ser o ponto mais doloroso para Dexter. E a garota estava séria no instante em que buscou pelos olhos de Thompson antes de trazer aquele assunto mais delicado à tona.

- Eu sou muito, mas muuuuito mais inteligente que você. Se eu tivesse grana e pudesse pagar as mensalidades, eu não tenho a menor dúvida de que Princeton me aceitaria no quadro de alunos do próximo ano. Mas eu estou disposta a mostrar pra eles que eu sou TÃO foda que mereço entrar lá até com uma bolsa integral. E sim, não tem a menor possibilidade de você entrar em Princeton com as suas notas, Dex. Você é um aluno mediano na maior parte das matérias e um grande desespero nas aulas de tecnologia. Se a MMU fosse Hogwarts, eu diria que você seria aprovado com um “Aceitável” ou um “Excede as Expectativas” na maioria das disciplinas. Mas nada te livraria de manchar o seu histórico com um “Trasgo” em tecnologia. Onde você estava com a cabeça quando se inscreveu nessa optativa que não tem nada a ver com você, Dex? É como se a Hermione quisesse fazer aulas avançadas de Adivinhação! Simplesmente não dá, né?

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Foi aquela piadinha que tirou todo o peso do discurso de Liberty. O sorrisinho travesso da garota mostrava claramente que aquilo não era uma crítica e que o desempenho abaixo da média em uma única disciplina não era algo que desmerecia Dexter aos olhos dela. A risada que Bloomfield conseguiu arrancar do rapaz denunciou que boa parte da tensão havia se evaporado e que Thompson estava começando a entender que talvez aquele discurso não terminasse tão mal assim.

- Eu sou mais inteligente que você, Dexter. Mas isso vale pra praticamente todas as pessoas que eu conheço. – apesar do arzinho convencido, Libby ainda usava uma entonação divertida – Então digamos que eu já estou bem acostumada com essa situação. E essa diferença entre nós dois não impediu que eu me apaixonasse por você.

O olhar mais significativo que Bloomfield lançou na direção do rapaz fez o sorriso leve desaparecer dos lábios de Dexter e o olhar dele se encher de expectativa. E antes que o rapaz ficasse confuso ou se perguntasse se havia entendido bem as palavras da garota, Liberty repetiu aquela declaração.

- Aliás, eu acho que foram as diferenças entre nós dois que fizeram com que eu me encantasse por você, Dex. Com certeza eu não teria me apaixonado tão perdidamente por um nerd todo certinho, que não se esforçasse para ultrapassar as minhas barreiras, que não tivesse paciência para lidar com o meu jeitinho excêntrico, que não me puxasse para fora da minha zona de conforto. Você tem tudo o que falta em mim, Dex. Você me completa. Você me ajuda a vencer os obstáculos que eu mesma crio. Você faz com que eu me sinta especial. Não porque você poderia ter qualquer garota e me escolheu, mas sim porque você reconhece em mim qualidades que nem eu mesma enxergava.

Mostrando o seu lado mais emotivo, Dexter se derreteu com aquela declaração e chegou a se inclinar na direção da menina para que os dois selassem aquele momento com um beijo. Mas o lado mais racional de Liberty fez com que ela tombasse o tronco para trás e colocasse dois dedinhos sobre os lábios do rapaz, num sinal de que ela ainda não havia terminado o seu discurso.

- Tudo isso é MUITO assustador pra mim. Quando eu pisei em Colchester, eu tinha cada minuto da minha vida cronometrado e um plano bem rígido para os próximos meses. Eu pensei em tudo, sabia? Calculei cada variável, fiz gráficos com estimativas e margens de erro. Eu achei que estava pronta para lidar com qualquer tipo de adversidade. O que eu nunca imaginei foi que me apaixonaria e que deixaria um cara bagunçar os meus planos, se enfiar dentro do meu coração, nos meus pensamentos, nos meus sonhos, nas minhas fantasias... Normalmente eu não tenho a menor dificuldade para tomar decisões racionais, e a parte mais analítica do meu cérebro está berrando para que eu fuja de você como se você fosse a Estrela da Morte de Star Wars. Mas eu já não consigo mais fazer isso, Dex. Porque eu sei que não adianta fugir disso... – uma das mãozinhas de Libby se espalmou no peito do rapaz enquanto ela usava a outra mão para tocar na têmpora e depois no próprio peito – ...se você já está aqui e aqui.

A mesma mão que tocava o peito de Thompson deslizou até alcançar a nuca dele. Os dedinhos de Libby tocaram nas pontinhas dos cachos escuros do rapaz e dessa vez foi ela que tomou a iniciativa de inclinar o corpo para mais perto dele. As testas dos dois se tocaram, os olhos se fecharam e as respirações se misturaram enquanto Liberty finalizava com um sussurro derretido.

- Eu não vou fugir desse sentimento. E eu não quero só jantar com você hoje, Dex. Não quero que seja só um encontro. Eu quero tudo, o pacote completo, quero que você seja meu e só meu. Pouco me importa se somos diferentes ou se o resto do mundo não entende o motivo de estarmos juntos. Eu amo você, você me ama, nós dois queremos ficar juntos e é só isso que importa.
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Mensagem por Hunter Timmons Sáb Mar 30, 2024 12:48 pm

Ao fugir de relacionamentos sérios, eram momentos como aquele que Hunter queria evitar. O rapaz adorava se divertir na companhia de uma linda garota, sair para passeios, virar as noites em festas e se enfiar no quarto (e entre as pernas) de uma líder de torcida flexível.

Era divertido e empolgante embarcar nos joguinhos de sedução e se sentir vitorioso a cada vez que uma bela garota se derretia e se entregava a ele. Mas havia uma razão para que Timmons nunca ultrapasse as barreiras de um lance casual: ele não gostava nem um pouco da ideia de viver todo o drama que acompanhava um namoro sério.

Embora Hunter nunca tivesse tido uma namorada de verdade, ele só precisava olhar ao redor e analisar os amigos que tinham caído naquela “cilada”. A namorada de Kendall era uma garota surtada e possessiva que lotava o celular do rapaz com mensagens e criava tempestades sempre que Ken demorava mais que dez minutos para respondê-la. A última namoradinha de Jordan viveu um grande drama pessoal com um familiar doente e, no fim do relacionamento, Jordan passava a maior parte do tempo lidando com uma menina chorosa, deprimida e que não tinha ânimo para mais nada.

E até o namoro entre Chad e Emily acabou se transformando em mais um motivo para que Hunter fugisse de relacionamentos sérios. As exigências, as brigas e as ceninhas protagonizadas pelo casalzinho fizeram com que Timmons tivesse ainda mais certeza de que era melhor fugir de todo aquele drama e continuar apenas se divertindo, sem qualquer tipo de compromisso.

Um relacionamento sério sempre vinha acompanhado por obrigações e por problemas. Ao entrar na vida de outra pessoa, Hunter sabia que automaticamente ele também teria que lidar com problemas que não eram dele. Estar com alguém era uma parceria nos bons momentos, mas também nos momentos ruins. A questão é que Timmons não conseguia lidar nem com os próprios fantasmas, então como ele poderia acrescentar na própria vida os dramas de uma outra pessoa?

Podia até ser uma atitude um pouco egoísta, mas Hunter no fundo sabia que ele não seria um bom namorado justamente porque ele tinha uma certa tendência a não se importar tanto com os sentimentos das outras pessoas. Mas definitivamente não foi isso o que aconteceu quando Emily se aninhou junto ao peito dele e se derreteu em lágrimas.

Ao invés de se sentir irritado, impaciente ou de pensar que Sinclair estava estragando a alegria dele com um drama pessoal sem sentido, Hunter experimentou a inédita sensação de compreender e compartilhar o sofrimento de outra pessoa. Emily foi capaz de despertar nele o sentimento de empatia e um desejo sufocante de arrancar o sofrimento de dentro dela.

- Não tem NADA errado com você, Emily. A culpa não é sua.

Os braços de Timmons envolveram a menina num abraço firme, como se assim ele quisesse transmitir à namorada todo o afeto, o carinho, a atenção e a proteção que o Sr. Sinclair vinha negando a ela nos últimos tempos.

- Você é linda, é divertida, é inteligente e interessante. Você é determinada e consegue ser doce e ousada num equilíbrio perfeito. O seu espírito de liderança te transformou na capitã da torcida, mas essa com certeza foi só a primeira porta que você abriu com a sua personalidade forte e decidida. Você é o tipo de pessoa que não deveria mendigar por migalhas de atenção de um otário que não consegue enxergar o quanto você é perfeita ou o quanto ele deveria se orgulhar por poder fazer parte da sua vida.

As mãos de Hunter eram tão grandes que envolveram quase todo o rostinho da namorada no instante em que ele a tocou e moveu gentilmente a cabeça de Emily para cima, num gesto que mostrava claramente que ela não deveria se sentir humilhada ou menosprezada pelo comportamento lamentável do Sr. Sinclair. E agora que os dois estavam se encarando, a voz de Hunter soou ainda mais firme enquanto ele mergulhava nos olhos castanhos úmidos pelas lágrimas da menina.

- Nunca mais diga isso, está bem? Não é o MEU dia especial, você não está estragando nada. Nós estamos nisso juntos, Emily. Eu não quero que você engula o choro, você não precisa ser forte o tempo inteiro porque agora você não está mais sozinha. É muito fácil ficarmos juntos nos bons momentos. Mas eu também quero que você conte comigo nos momentos ruins, ruivinha. Você me tirou do fundo do poço, e eu também quero ser o porto seguro que vai te proteger das suas tempestades.

Era um discurso maduro e significativo demais para os padrões de um rapaz que não costumava levar os seus relacionamentos a sério. Mas a intensidade no olhar e na entonação de Hunter deixava bem claro que aquelas não eram palavras ditas da boca para fora. Timmons já tinha declarado que estava apaixonado, que amava Emily e que estava disposto a se esforçar para merecer uma garota como ela. E agora aquela declaração era mais uma grande prova do quanto Hunter estava encarando aquele sentimento com seriedade.

Por outro lado, para alguém que conhecesse a verdade sobre o início daquele relacionamento, as palavras de Hunter poderiam soar bem hipócritas. Ele estava prometendo uma parceria e se oferecendo para ser o porto seguro de uma garota que ele havia seduzido com a pior das intenções. Não fazia o menor sentido que Timmons se colocasse num papel de protetor quando ele não tinha se preocupado nem um pouco com os sentimentos de Emily no momento em que decidiu usar a menina numa vingança mesquinha contra Clifford.

É claro que tudo havia mudado, que Hunter agora estava apaixonado de verdade por Sinclair e que a preocupação dele com os sentimentos da garota era verdadeira. Mas, se algum dia aquela verdade viesse à tona, Emily certamente se questionaria se Timmons não tinha sido falso, frio, calculista e cruel em cada uma das palavras ditas para ela. Seria bem difícil para Hunter convencê-la que a farsa só tinha durado poucos dias e que todas aquelas declarações de amor tinham saído do fundo do coração dele.

- Eu amo você, eu quero que você se sinta especial, feliz e protegida porque é isso que você merece. A minha vontade era arrastar a cabeça daquele filho da puta pelo asfalto e espalhar os miolos dele por toda a cidade de Nova York, mas eu sei que isso não vai obrigá-lo a ser um pai melhor. Então tudo o que me resta é me esforçar para tirar essas lágrimas do seu rosto.

Com os polegares, Timmons secou os olhos úmidos da menina e se inclinou para depositar um beijo nos lábios de Emily. Ao contrário do beijo quente e empolgado de alguns minutos atrás, desta vez Hunter soube ser doce, cuidadoso e carinhoso naquele gesto.

Se Hunter estivesse pensando apenas em si mesmo, com certeza o rapaz teria motivos de sobra para querer alongar aquela noite numa comemoração. Timmons estava eufórico e feliz com os novos rumos da sua vida, ele tinha adorado o curso de fotografia, estava em Nova York e acompanhado por uma bela garota. Mas o rapaz soou compreensivo e tolerante ao colocar aquela decisão nas mãos da namorada.

- Nós vamos fazer o que for preciso para que você se sinta melhor, ruivinha. Se quiser ir pra Times Square e estourar o cartão de crédito do seu pai pra se vingar, eu vou estar do seu lado segurando as sacolas. – a sugestão veio mesmo sem Hunter saber que era isso que Emily tinha feito naquela tarde, em mais uma prova do quão bem ele conhecia a menina – Podemos ir pra balada mais animada de Nova York, fazer uma tatuagem ou saltar de bungee jump de algum dos prédios. Mas se você não estiver no clima pra nada disso, se você só quiser ir pra um lugar tranquilo e conversar, é isso que faremos. Eu faço qualquer coisa por você, Emy.
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Mensagem por Emily Sinclair Dom Mar 31, 2024 11:08 pm

Durante as longas horas que Emily tinha aguardado por notícias do pai, a expectativa e a animação estavam crescendo dentro dela. Vivenciar mais uma frustração e o desinteresse de Robert foi como um balde de água gelada seguido pelo peso de uma bigorna que a arrastou para o fundo do poço. Emy não era mais uma criança, Hilary não estava ali para tentar diminuir os estragos do ex-marido e era hora de encarar a situação como uma mulher: Bobby podia tentar cobrir o seu vazio com bens materiais e dinheiro, mas ele não se importava e nem desejava de verdade que as filhas fizessem parte da sua vida.

Aceitar isso doía tanto em Emily que a única forma de lidar com aquela dor foi se fingindo de forte. Fingir que não era afetada, que podia lidar com aquilo sem se importar tanto assim, até teria dado certo se Hunter Timmons não estivesse na sua vida. Mas bastou que o namorado surgisse na sua frente para que Emy se sentisse pronta para abandonar todas máscaras e se entregasse ao que realmente estava sentindo. Com ele, Sinclair podia baixar suas defesas e ser quem ela realmente era, sem se envergonhar do que estava sentindo. Sem que fosse possível controlar, a dor e a decepção ficaram estampadas em seu rosto.

Se fosse comparar as situações, a vida tinha sido muito mais injusta com Timmons e as dores e as decepções que ele carregava eram feridas muito mais profundas. Por isso o apoio incondicional de Hunter se mostrou ainda mais importante naquele momento. Emily nunca tinha se sentido tão acolhida, com a liberdade de deixar os sentimentos virem à tona, protegida, sabendo que não importava o que dissesse ou pensasse, ele a apoiaria.

Se Emily Sinclair fosse vista chorando em qualquer calçada de Colchester, seria questão de tempo até que fofocas começassem a surgir e chegassem até os ouvidos de Hilary. Mas em uma cidade grande e movimentada como Nova York, ninguém se importou com a garota que abafava seus soluços contra o peito do namorado.

Ainda havia a sombra de um beicinho nos lábios dela quando Emy ergueu o rosto para Hunter. E as palavras dele soaram tão perfeitas que só fizeram seu coração se aquecer ainda mais. Tudo ao lado de Timmons era intenso, perfeito e a fazia se questionar como os dois não tinham enxergado aquela conexão antes.

- Eu quero esquecer que ele existe. - Emy fungou depois que o choro cessou, mas já se sentia mais calma e decidida. Dessa vez ela não estava apenas tentando fugir dos seus sentimentos ou dos problemas, mas seu coração estava mesmo mais leve depois das palavras e do carinho de Hunter. - Eu quero ficar com você e é só isso que importa, Hunter.

Uma parte de Emily não queria mesmo tirar o foco daquele grande dia e poupar Hunter da comemoração merecida. Mas ela não estava fazendo aquilo só pelo rapaz quando decidiu mergulhar de cabeça em uma noite mais leve e divertida. Se Robert era capaz de viver a própria vida sem se importar se tinha magoado a filha, Emy não pretendia estragar aquele passeio quando tinha alguém ao seu lado alguém que ela amava e que estava disposto a fazer tudo para que ela se sentisse melhor.

- Vamos sair, dançar e beber alguns shots. Você trouxe a sua identidade falsa? Porque os nossos drinks hoje serão por conta do Sr. Sinclair.

***

Um relacionamento, principalmente um namoro de uma cidade pequena como Colchester, tinha tudo para ser algo monótono e previsível. Além de um pequeno drive in, das festividades locais ou das festinhas que os alunos da MMU organizavam, não havia muita coisa a ser feita. Mas era muito mais fácil aproveitar qualquer aventura ou diversão sendo solteiro, ao invés dos programas típicos de casalzinho.

Hunter Timmons não era o tipo de cara que estava acostumado a se acomodar no sofá de uma sexta-feira à noite para assistir uma comédia romântica e trocar alguns beijos. Mas ele já estava começando a ter os sinais de que namorar Emily Sinclair não era como estar ao lado de qualquer garota. Claro que Emy tinha um lado romântico, que um relacionamento ainda exigiria compromisso e fidelidade, mas isso não apagava o lado jovem, divertido e animado da menina.

A maioria dos jovens procurava as baladas com a intenção de encontrar uma companhia agradável e viver algumas aventuras, mas mesmo ao lado apenas do namorado, a sugestão de saírem para dançar e beber partiu dela. Portando suas identidades falsas que alegava serem maiores de idade, Emy e Hunter se viram cercados por um lugar completamente diferente de qualquer coisa que existisse em Colchester.

A boate não era tão grande, tinha as paredes pretas e pouca iluminação, mas era claramente um lugar bastante cobiçado entre os jovens, que se espremiam na pista de dança ou na fila do bar. A música eletrônica era animada e moderna, e mesmo que aquele não fosse o estilo musical preferido de Timmons, o rapaz não desgrudou da namorada por todo o tempo em que Emy quis dançar.

Não foi preciso fazer muito esforço para se esquecer de Bobby quando Emily começou a se divertir de verdade. E o sorriso largo era a prova do quão feliz ela se sentia, com os cabelos ruivos bagunçados e grudando na sua bochecha quando começou a transpirar. Em meio a tantas pessoas desconhecidas, Emy e Hunter também não precisavam se esconder e nem se comportavam com timidez sempre que suas mãos deslizavam pelas curvas um do outro ou quando as bocas se procuravam para retomar beijos quentes e apaixonados.

Com o cartão de crédito do Sr. Sinclair, os dois também aproveitaram as variedades de drinks e shots que o bar oferecia. Ao invés de procurar a bebida para afogar suas mágoas e esquecer seus problemas, naquela noite Hunter bebia de forma mais controlada e saudável, apenas com a intenção de se divertir. E Emy não agia como uma namorada controladora que precisava cuidar para que ele não ficasse embriagado, enquanto ela própria perdia a conta de quantas bebidas já tinha ingerido.

As pernas de Emily doíam depois de passar tantas horas de pé ou dançando. Suas bochechas também protestavam, porque ela parecia incapaz de parar de sorrir. Sinclair não estava completamente bêbada, inconsciente ou fora de si quando ela e Hunter saíram da balada no início da madrugada, mas também era fácil notar que a menina tinha ficado mais afetada pelo álcool do que o rapaz. Ainda perfeitamente no controle das suas ações, Emy se sentia mais feliz e mais leve.

- Nós vamos ter muuuitas noites assim em Londres, não é? Eu vou começar a treinar o meu sotaque! - Enquanto andava pela calçada envolvida em um meio abraço do namorado, Emily tagarelava sem parar. E ela pigarreou antes de forçar uma entonação pomposa do que deveria ser o sotaque britânico. - Não, senhoooor, eu não gostaria de chá. Tequila, talvez?

Os olhinhos de Emily brilhavam, talvez com uma pequena parcela de culpa da bebida, mas principalmente por causa da felicidade que Hunter provocava nela. E com aquele sorriso que mal cabia no seu rosto, ela interrompeu seus passos para poder abraçá-lo de frente, o encarando com um semblante derretido.

- Eu já te disse o quanto estou orgulhosa de você? E o quanto eu te amo?

Emily já tinha repetido aquelas duas afirmações ao menos uma dúzia de vezes durante a noite, mas ela não se cansava de dizer o que realmente sentia. Porque era impressionante e admirável o progresso que Timmons tinha feito, em como ele vinha se reerguendo e encontrando um novo sentido para sua vida.

Pendurada no pescoço dele, os dois se inclinaram para mais um dos muitos longos beijos trocados naquela noite. E Emy ainda estava com um ar sonhador quando notou as luzes vermelhas do estabelecimento ao lado deles. Mesmo que já fosse início da madrugada, Nova York era mesmo a cidade que nunca dormia, porque havia dezenas de comércios ainda abertos. Além de boates, bares, restaurantes e clubes, algumas lojas de bebidas ou mercados continuavam movimentados. Mas foi o letreiro luminoso que acabou chamando a atenção de Sinclair.

O sorriso já enorme conseguiu se alargar ainda mais enquanto um semblante travesso se espalhava pelo seu rosto. E bastou o olhar sugestivo de Emily para que Hunter virasse a cabeça de lado e deduzisse o que se passava na cabeça da namorada.

- Vaaaaaamos! Não vai me dizer que está com medo! Veeem, Tim! Quando que a gente conseguiria uma coisa dessas em Colchester???

Mesmo que não fosse uma cidade completamente abandonada, que tivesse muitas famílias afortunadas, Emily nunca tinha visto um único estúdio de tatuagens em Colchester. E Sinclair parecia estar diante de uma loja de grife quando entrou saltitando pelas portas de vidro, arrastando Hunter pela mão.

O mais esperado de uma garota do interior que era capitã das líderes de torcida e que tinha namorado um cara como Chad Clifford era que, no máximo, Emily teria coragem de marcar a própria pele com um piercing fofinho no cantinho do nariz ou no umbigo. Então Hunter provavelmente se surpreenderia ao escutar que ela queria fazer uma tatuagem. Depois de ter bebido, não parecia ser o melhor momento para decidir algo que ficaria gravado no seu corpo para sempre, mas Emily estava determinada quando fez a sua escolha.

Acompanhada apenas pelo tatuador, Emily prometeu que não faria nada tão escandaloso ou assustador. E de fato a menina não levou um tempo tão longo assim dentro da salinha privativa até reencontrar Hunter, na sala de espera. Não havia sinal de nenhum novo desenho nos seus braços ou pernas, mas o sorriso satisfeito mostrava que Sinclair não tinha desistido daquela pequena loucura.

- Deixa de ser curioso! Eu fiz em um lugar discreto, você vai ter chance de ver depois! Agora vamos, a nossa noite ainda não acabou!

Depois de pagar pela tatuagem, Emily voltou a se pendurar no braço de Hunter enquanto os dois andavam pela noite nova-iorquina. O efeito da bebida já começava a diminuir quando os dois adentraram pelo Central Park e Sinclair começava a dar sinais de sono, o que indicava que logo aquela noite chegaria ao fim e os dois voltariam para a cobertura de Bobby.

Diferente da movimentação das ruas, o Central Park estava escuro e deserto quando os dois pararam em uma pequena ponte que cortava um lago. Já não dava para ver nada na água escura, mas o casalzinho não estava interessado na paisagem quando mais uma vez iniciaram um beijo. Com as mãos de Timmons deslizando pelo seu corpo, Emy se pendurou no pescoço dele. E foi o toque dele subindo pela sua cintura até alcançar a área próxima ao seio esquerdo que ela acabou soltando um gemidinho dolorido.

Como era óbvio que aquela região mais sensível tinha sido escolhida para a tatuagem, Emy rolou os olhos e sorriu diante dos pedidos do namorado. E como não havia ninguém por perto, ela segurou na barra da camisa e ergueu o tecido com cuidado. Seus seios continuaram protegidos, mas a barriga reta ficou completamente exposta até a marquinha vermelha protegida por um curativo, próximo ao seio esquerdo.

- Promete que não vai surtar? Eu sei que pode ter sido meio impulsivo, mas eu sei o que eu quero, Tim...

Timmons precisou ligar a lanterna do celular para conseguir enxergar alguma coisa em meio a escuridão do Central Park. Como a pele de Emily ainda estava avermelhada e o curativo transparente escondia praticamente tudo, Hunter precisou puxar um pouquinho do esparadrapo até puxar aquele fino plástico de lado.

A tatuagem era pequena e discreta, com um traçado bem delicado, como se tivesse sido desenhado pela pontinha de uma pena. O coração era preto, em um delineado suave, e uma das pontas se alongava um pouco mais. Nessa ponta, como se a pena tivesse esbarrado sem querer, a linha reta tomava outra forma, agora com a tinta vermelha. Assim como o traçado do coração, a letra “H” era bem desenhada, arredondada e bonita.

Enquanto o olhar de Hunter estava preso na nova marca que Emily trazia consigo, ela prendeu a respiração e tentou estudar a reação do namorado, sem conseguir imaginar se Timmons surtaria ou se sentiria lisonjeado com aquele gesto.

- Eu queria lembrar do dia de hoje assim... Ao lado de você, do amor que sinto por você, de tudo que vivemos na última noite e hoje. Essas foram as melhores noites da minha vida, Tim. Graças a você.
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Mensagem por Hunter Timmons Seg Abr 01, 2024 5:51 pm

Hunter e Emily estavam apaixonados. Declarações de amor já tinham sido pronunciadas de ambos os lados, os dois concordaram com um relacionamento sério e exclusivo e estavam se esforçando em prol do sucesso da relação. Mais do que isso, Emily e Hunter estavam felizes e convictos de que aquela era a escolha certa e que aquele namoro tinha futuro. Só que nada disso mudava o fato de que os dois ainda eram muito jovens e que o amor entre eles era algo muito recente.

Os dois ainda eram adolescentes, estavam no colégio e o namoro sequer tinha se tornado público, nem mesmo as famílias ou os amigos mais próximos sabiam que Emy e Tim estavam juntos. No ano seguinte, eles embarcariam em uma rotina totalmente diferente, seja na faculdade ou num curso profissionalizante. Era o primeiro passo para adentrar a vida adulta, onde tudo seria muito diferente de agora. Hunter e Emily podiam até estar determinados a continuar juntos, mas era bem difícil prever se o namoro sobreviveria às mudanças que estavam por vir.

Diante desse cenário, o mais sensato seria ir devagar. Não existia nada que impedisse Hunter e Emily de viverem aquela paixão arrebatadora que havia brotado entre eles, mas um casalzinho mais inteligente e precavido manteria os pés no chão. Ainda parecia ser cedo demais para declarações tão apaixonadas, para promessas ou para planejar um futuro juntos. Mas definitivamente não era por esse caminho mais racional que Emily e Hunter estavam seguindo.

A impulsividade encabeçava a lista de defeitos de Timmons. Dono de uma personalidade intensa, imediatista, explosiva e impulsiva, Hunter não costumava ser o tipo de pessoa que pensava demais antes de tomar uma decisão. E o fato do rapaz ter se apaixonado de verdade pela primeira vez na vida fazia com que fosse ainda mais difícil para Hunter controlar os seus impulsos e instintos. Timmons estava completamente derretido por Emily, a paixão que ela despertava nele inebriava os seus sentidos, havia surgido em Hunter um afeto e um instinto de proteção que o rapaz não conseguia conter ou explicar.

Timmons simplesmente não conseguiria ser a voz da razão naquele relacionamento. Mas, naquela noite, Sinclair mostrou que ela também não estava disposta a ocupar aquele papel na relação. Porque fazer uma tatuagem em homenagem ao namorado era uma grande prova do quanto Emily também estava completamente arrebatada pela paixão e se deixando levar pela impulsividade e pela irracionalidade.

Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso diria que era cedo demais pra isso, que Emily não deveria ter feito uma marca tão definitiva no próprio corpo por causa de um namoro tão recente e que ainda não era oficial. A má fama de Hunter em Colchester era um motivo a mais para que Sinclair não mergulhasse tão fundo num relacionamento com um cara que não costumava levar as garotas a sério. E se Emily desconfiasse que Hunter só tinha se aproximado dela para colocar em prática um plano de vingança contra Chad Clifford, a garota certamente se arrependeria por ter marcado a própria pele com uma declaração de amor para o rapaz.

Qualquer outro rapaz no lugar de Timmons também poderia se sentir pressionado ou desconfortável com a atitude impulsiva de Emily. Mas, ao invés de surtar, de questionar a garota ou de repreendê-la por aquela pequena loucura, Hunter sentiu o peito se aquecendo diante daquela marquinha na pele dela. Como a região ainda estava sensível e protegida por um curativo, Timmons se limitou a deslizar o polegar apenas nas proximidades da tatuagem, sem conseguir desviar as íris cor de avelã do pequeno “H” na ponta do coraçãozinho.

- Puta merda, ruivinha… - apesar das palavras nada doces, o sorriso bobo e o brilho nos olhos de Hunter denunciava o quanto o rapaz tinha ficado afetado com aquele gesto - Eu achei que você não poderia me surpreender mais, eu achei que não seria possível te amar mais. Mas isso aqui… ficou perfeito, Emy. Você não faz ideia de como eu me sinto. Eu nunca pensei que algum dia alguém faria algo assim por mim…

Mais do que uma prova de amor, o gesto de Sinclair mostrava que ela confiava em Hunter e no futuro daquele relacionamento. E era esse voto de confiança que Timmons nunca havia recebido de ninguém antes. É claro que também existia um sentimento mais possessivo e uma satisfação em ver uma garota se entregando a ele de corpo e alma. Mas o que realmente mais afetava Timmons era a certeza de que o amor que ele sentia por Emily era correspondido.

- Agora mais do que nunca você é minha, ruivinha… - os olhos do rapaz brilhavam quando se desviaram da tatuagem e cravaram nos olhos castanhos de Emily - E eu sou todo seu também. Nossos caminhos demoraram a se unir, mas agora é pra sempre, Emily. Eu vou te amar pra sempre.

***

Para Hunter não fazia mais o menor sentido esconder os seus sentimentos por Emily Sinclair. Timmons nunca havia feito promessas a Pamela ou a nenhuma outra garota, então ele não precisava se explicar para ninguém. A única pessoa que poderia ficar muito ofendida ou infeliz com a notícia daquele namoro era Chad Clifford, mas Hunter já não se importava nem um pouco com os sentimentos do antigo amigo de infância. Pelo contrário, se vingar de Chad e abalar a vidinha perfeita do novo capitão do time de basquete era um brinde bem interessante que acompanhava a felicidade que vinha junto com Emily.

Contudo, ao contrário de Timmons, Emily tinha os seus motivos para adiar aquela revelação. O namoro com Chad tinha chegado ao fim, Sinclair já tinha descartado qualquer possibilidade de uma reconciliação e estava feliz e apaixonada por Hunter. Mas Emily ainda enxergava em Clifford um bom amigo e, em respeito ao tempo que os dois passaram juntos, a menina agora queria ser cuidadosa e escolher a melhor forma e o melhor momento possível para trazer a verdade à tona.

E foi pensando em abalar o menos possível a vida de Chad que Emily sugeriu a Hunter que os dois mantivessem o namoro em segredo até o primeiro jogo de basquete da MMU naquela temporada. Como novo capitão, Chad precisava se dedicar aos treinamentos e entrar na quadra com a mente focada para liderar o time. E isso era algo que Clifford provavelmente não conseguiria fazer depois de descobrir que a sua ex-namorada agora estava nos braços de um dos seus melhores amigos de infância.

Quando ouviu o pedido de Emily, o primeiro impulso de Hunter foi discordar da namorada e forçar a barra para que eles assumissem logo o namoro depois da viagem para Nova York. Mas Timmons só precisou pensar por mais dois segundos antes de mudar a própria rota.

Com um sorriso tranquilo e compreensivo, Hunter respondeu à namorada que eles podiam esperar um pouco mais e fazer tudo da maneira como Emily preferia. Por dentro, porém, a mente de Timmons já articulava mais um importante passo daquele plano de vingança. Porque nada parecia mais certo (e mais prazeroso) do que acertar aquela punhalada em Chad logo antes do jogo e comprometer todo o desempenho do novo capitão.

***

Ao contrário do primeiro jogo da equipe de futebol da MMU que aconteceu em Burlington, o time de basquete faria a sua estreia no campeonato daquele ano em casa. E Hunter já conhecia muito bem a dinâmica e o clima de festa que se apoderava dos alunos nas proximidades da partida.

Não era só a quadra que ganhava uma decoração especial com as cores do time. As salas, o estacionamento e os corredores ficavam abarrotados de balões, bandeiras, faixas e cartazes de incentivo para os jogadores. Sempre rolava aplausos e gritos de guerra a cada vez que um dos jogadores entrava no refeitório ou passava pelos corredores. As meninas deixavam recadinhos nas portas dos armários ou nas mochilas dos atletas e até os professores costumavam entrar no ritmo da festa e pegar um pouco mais leve com as aulas e os trabalhos.

Como capitão da equipe, é claro que Chad estava recebendo muita atenção e bajulações nos últimos dias. E também é óbvio que isso incomodou ainda mais o orgulho já ferido de Hunter. Disposto a tirar o sorrisinho convencido do rosto de Clifford, Timmons já tinha traçado todos os detalhes do seu novo plano.

Só que era importante que Hunter parecesse inocente, principalmente aos olhos de Emily. A namorada precisava acreditar que Timmons tinha respeitado o pedido dela, que ele não havia quebrado o acordo de manter o segredo até o fim da partida e que o flagrante de Chad tinha sido apenas uma infeliz coincidência. E para que isso acontecesse, Hunter precisava montar uma ceninha com bastante cuidado.

- Eu preciso de um favor. - no refeitório, Hunter olhou por cima dos ombros apenas para ter certeza de que ninguém mais ouviria a conversa entre ele e Kendall - O tipo de favor que um velho amigo faria sem fazer muitas perguntas…

- Sei não, hein, Tim!? Você não é do tipo de amigo confiável, né? - apesar da alfinetada, Kendall respondeu com bom humor - O que está aprontando dessa vez? O seu papaizinho é amigo do xerife, mas eu não teria tanta facilidade em escapar da cadeia.

- Sem drama, Ken. Não é nada demais. Eu só preciso que hoje à noite, lá pelas nove da noite para ser mais exato, você ligue pro seu capitão e peça a ele pra te encontrar aqui na quadra. Invente qualquer desculpa esfarrapada, diga que precisa rever alguma jogada ensaiada ou que você descobriu alguma novidade sobre a escalação dos adversários. Eu só preciso que você convença aquele idiota a vir pra quadra à noite.

- Hum… Tá, eu posso fazer isso. Mas você não vai me explicar o que tem em mente? - Kendall abriu um sorrisinho maldoso - Ele vai sair vivo e inteiro daqui? Não me entenda mal, eu não estou preocupado com aquele otário. Só preciso saber se o treinador vai precisar de um substituto pra vaga de capitão amanhã.

- Vivo sim, inteiro eu já não garanto. Se tudo der certo, eu duvido muito que ele consiga fazer um jogo decente amanhã. Então esteja pronto para assumir a braçadeira, Ken.

A quadra de basquete naquela noite estava reservada para o último ensaio das meninas da torcida. Até as nove da noite, certamente a maior parte das meninas já teriam sido liberadas. Mas, como capitã, Emily costumava ficar um pouco mais para organizar o vestiário e deixar tudo pronto para o dia seguinte. Então o plano de Timmons era simples: naquela noite, ele apareceria “de surpresa” na quadra para fazer companhia e para ajudar a namorada com os preparativos.

E como geralmente acontecia quando os dois estavam sozinhos, Emily certamente não resistiria à tentação caso Hunter a puxasse para os seus braços. Tudo o que Timmons precisava fazer, então, era calcular cada passo para que a ceninha apaixonada já estivesse bem intensa quando Chad chegasse à quadra.
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Mensagem por Dexter Thompson Seg Abr 01, 2024 11:29 pm

Dexter não tinha como ser hipócrita e dizer que Liberty era indiferente a ele. Os beijos, os arrepios, a química inegável que existia entre os dois eram provas suficientes que Libby tinha se envolvido, que se deliciava com seus toques e que se entregava sempre que eles ficavam juntos. Mas havia uma grande diferença entre desejar, entre aquele prazer físico, e os sentimentos mais profundos que Thompson vinha nutrindo pela novata.

Como um cara tão popular e dono de uma aparência tão acima da média, Dex não tinha dificuldade alguma para encontrar uma boa companhia e se divertir com uma bela garota nos braços. Só que ao lado de Bloomfield, Thompson vinha experimentando camadas até então desconhecidas. Era muito além do contato físico, do prazer do seu corpo ou dos seus instintos. Com Libby, ele tinha o “pacote completo”.

Quando Liberty não estava por perto, Dexter estava pensando nela. Se os dois estivessem no mesmo ambiente, seu olhar sempre procurava pela garota. Não importava se Dex tinha ou não entendido alguma piadinha feita por ela, ele prontamente estava rindo bobamente, porque só de estar na presença de Libby, ele já se sentia feliz e completo.

Pela primeira vez na vida, Dexter Thompson tinha se apaixonado. O tempo que vinha passando ao lado de Liberty mostrava que ele a desejava, que ele ria e se divertia de verdade, que mesmo sendo tão diferentes, os dois tinham assuntos que nunca acabavam. Mas aquela viagem até Nova York tinha conseguido abalar a confiança do rapaz, porque agora ele já não podia mais fugir daquele pensamento de que Libby era muito superior a ele. Era como estar com a sua vergonhosa nota de Algoritmos diante dela outra vez, se sentindo pequeno e insuficiente.

Quando Liberty assumiu o discurso, os ombros de Dexter murcharam ainda mais e ele se preparou para o ponto final precoce daquela história. Escutar Liberty pontuando as infinitas diferenças entre os dois só mostrava um caminho diante dos seus olhos. Mesmo com a voz suave e com educação, parecia muito óbvio que Bloomfield terminaria dizendo que aquilo não tinha futuro, que Thompson tinha confundido as coisas e que era melhor os dois se afastarem, porque ela não estava disposta a arruinar todo o seu cronograma e seu planejamento, o grande Projeto Princeton por causa de um quarterback burro.

Obediente e calado, praticamente conformado, mesmo que seu coração estivesse despedaçado, Dexter escutou cada uma daquelas palavras, só esperando pelo fim. Então ele teve certeza que tinha entendido errado quando Libby assumiu que tinha se apaixonado por ele. Com o ar preso dentro dos pulmões, Dex franziu as sobrancelhas e quase pediu para que a menina repetisse o que tinha acabado de dizer. E Liberty já parecia estar acostumada com o jeitinho mais lento de Thompson, porque mesmo sem aquele pedido, a menina deixou ainda mais claro o que realmente sentia.

Parecia impossível, era simplesmente bom demais para ser verdade. E Dexter temeu que tudo aquilo fosse um sonho, ou pior, uma pegadinha de mal gosto. Mas ignorando tudo o que tinha acontecido na Comic Con, todos os olhares e os comentários maldosos de Ryan e Aimee, Dex só precisou se concentrar no olhar de Liberty para ter certeza que não havia engano algum. Em nenhum momento as ofensas ou as duras críticas dos amigos de Libby tinham saído da boca dela. A única coisa que Thompson estava escutando de verdade da garota era que ela também estava apaixonada por ele, e que estava disposta a abraçar aquele sentimento.

Com a mãozinha de Libby apoiada no seu peito, a menina seria capaz de sentir as batidas fortes do seu coração. E quando a menina se aproximou mais até que as testas se encostassem, Dexter fechou os olhos com força, inebriado com o perfume familiar que rapidamente o atingiu. Um demorado silêncio se arrastou depois que Liberty terminou de falar, mas Dex precisava daquele tempo para absorver aquela sensação maravilhosa e genuína.

- Uau. Você é mesmo muito mais inteligente do que eu. Isso tudo que você acabou de dizer foi... MUITO melhor.

As pálpebras de Dexter se ergueram e dessa vez seu olhar já não demonstrava ansiedade confusão. As íris castanhas estavam tomadas por um brilho intenso e apaixonado, e o sorriso doce que surgiu no canto dos seus lábios era uma pequena prova da imensa felicidade que se espalhava no seu peito.

- Eu ainda vou precisar me dedicar muito nesse universo nerd para conseguir acompanhar todas as suas referências, mas acho que consegui pegar todo o contexto.

Depois de esticar os braços, as mãos de Dexter rodearam a cintura de Liberty, a puxando de leve até que a menina conseguisse deslizar para o seu colo. Quando os cabelos castanhos caíram como uma cortina pela lateral do rostinho dela, Dex ergueu os dedos para tocar os fios macios, os colocando com carinho atrás da orelha.

- Você tem razão. Eu não me importo com a opinião das outras pessoas. A única pessoa que faz diferença na minha vida é você, Libby. E eu sinto muito, mas eu não sou o cara altruísta que vai te forçar a seguir com o seu plano inicial. Eu quero fazer parte da sua jornada também. Eu quero você por inteiro, como nunca quis mais nada ou ninguém. Eu te amo tanto que isso... - Ele segurou a mãozinha dela e a guiou até seu próprio peito. - Isso não me assusta mais. Isso me transforma e me faz o cara mais sortudo e feliz do mundo. Então se você também me quer, eu serei só seu.

A mão que Dexter tinha usado para acariciar os cabelos escuros de Liberty terminou de se encaixar no rostinho dela, e eles só precisaram de uma breve troca de olhares para que as bocas formigassem e os rostos se inclinassem na direção de um beijo. Não dava para saber se tinha sido um puxão de Dex ou por iniciativa de Libby, mas os dois agiram de maneira sincronizada quando a menina deslizou para o seu colo, com os joelhos nas laterais do seu corpo.

Naquela posição, Dex precisava inclinar o rosto para cima, mas isso não dificultava em nada a dança das línguas ou o movimento dos lábios. E não foi nenhuma surpresa sentir o seu corpo rapidamente se aquecendo, mesmo que sua pele ainda estivesse fresca do banho. Como Thompson era um rapaz forte e com porte atlético, ele não demonstrou nenhum tipo de esforço quando se levantou do colchão com as pernas de Libby ainda rodeando seu quadril, mas ele só precisou de poucos segundos até girar o tronco e deixar que as costas da menina tombasse sober o colchão.

Não era a primeira vez que Dexter e Liberty se entregavam a beijos quentes ou amassos deliciosos, mas fazer tudo aquilo, tê-la em seus braços depois de ter escutado a garota admitindo seus sentimentos tornava tudo ainda mais especial. Os lábios de Dex deslizaram formando uma trilha de beijos pelo pescoço dela e suas mãos já sabiam muito bem o caminho para tentar uma brecha pela camiseta de Libby para tocá-la diretamente na cintura fina.

Apesar de todos os toques e toda a intimidade que os dois vinham construindo, Dexter nunca insistia ou forçava qualquer situação que Liberty demonstrasse desconforto. E ele também já estava acostumado a sentir as mãozinhas dela buscando pela sua camisa, sempre ansiosa em se livrar daquela peça. Naquela noite, contudo, assim que Libby começou a erguer o tecido pelo seu tronco, Dex interrompeu o beijo e procurou pelo rostinho dela, trazendo um sorrisinho malicioso nos lábios inchados e vermelhos.

- Eu sei que você disse que se arruma super-rápido, mas se levarmos mais um tempo aqui, vamos perder a nossa reserva. E eu fiquei faminto de repente!

***

- Uau.

Parado próximo da entrada do apartamento de Bobby Sinclair, Dexter foi pego completamente de surpresa quando Liberty entrou no seu campo de visão. Se Libby ainda tinha dúvidas sobre o que achar daquela expressão perdida, ela provavelmente se derreteria ao ver como Thompson se desligou da realidade no instante em que ela entrou no seu campo de visão. Embasbacado talvez fosse o eufemismo do ano para descrevê-lo.

Se Dexter não achasse Liberty uma garota linda e atraente, ele não teria se apaixonado por ela. Seu corpo reagia intensamente quando a menina estava em seus braços, mas seu coração também enxergava a beleza muito além do óbvio. Só que até mesmo Dex não foi capaz de esconder sua admiração depois que Bloomfield se arrumou com o vestido novo para o jantar.

- Você está... perfeita, Libby.

Assim como ela, Dex tinha se arrumado um pouquinho além das camisetas básicas ou da jaqueta esportiva. A camisa social preta estava com alguns botões abertos, exibindo parte do seu peito bem definido. O jeans também era escuro e ele tinha escolhido um par de sapatos social. Os cabelos tinham recebido uma fina camada de gel e ainda aparentavam estar úmidos, mas com os cachos mais comportados que o normal.

Sem nem piscar, Dexter atravessou com alguns passos até parar diante de Liberty. E seu olhar se aproveitou da proximidade para olhá-la com ainda mais cuidado, sem esconder aquele brilho orgulhoso e o sorriso apaixonado.

- Quinze minutos para ficar assim? Esqueça Princeton, você pode dar aulas sobre como ser a garota mais gata do planeta otimizando esse tempo!

***
- Como está a sua lasanha? Eu li críticas excelentes sobre esse lugar, mas se você não gostou, nós podemos sair e comer outra coisa. Estamos em Nova York, não devem faltar opções por aqui, não é?

O prato que Dexter tinha pedido para experimentar estava maravilhoso. O espaguete com tinta de lula acompanhado por frutos do mar não era algo que ele encontraria em qualquer lanchonete ou restaurante de Colchester, mas mais do que um*** pedido diferente, ele estava mesmo encantado com a explosão de sabores, da textura da massa, de cada mínimo detalhe do empretamento. A preocupação com o gosto de Libby era sincera, mas Thompson também não conseguia esconder como estava encantado com a sua refeição.

Apesar das premiações culinárias e da extensa fila de espera, o restaurante escolhido por Dexter não tinha um ar esnobe ou refinado demais. Pelo contrário, o ambiente era pequeno, com uma meia luz que trazia um ar romântico, mas sem grandes exageros previsíveis. Não era o tipo de lugar popular, moderno ou que gritava “instagramável” que as pessoas iam só pelo status. Quem se empenhava tanto em marcar uma reserva ali, era porque queria apreciar uma gastronomia refinada, sem frescuras.

Quando começou a estudar o cardápio, Dexter se sentiu vitorioso ao ver que tinha Ice Tea, como se aquele simples detalhe já fosse suficiente para lhe trazer pontos com Liberty. E era adorável ver como Thompson se esforçava para que tudo estivesse perfeito para a menina a sua frente, ou como era incapaz de tirar o sorriso dos lábios e principalmente como seu olhar brilhava sempre que procurava por ela.

Em toda a sua vida, Dexter Thompson nunca havia tido um encontro romântico antes. Por mais que fosse um rapaz experiente, suas interações com as garotas costumavam acontecer em festinhas, no Pat's ou em comemorações da MMU. Mas Dex se sentia um homem maduro vivendo uma programação de adultos, como se, daquela forma fosse um bom começo para estar a altura de Libby.

Apesar de todo o ambiente, Dex não soou pomposo e aos poucos conseguiu deixar de lado a ansiedade para mergulhar por completo naquele momento. Aimee e Ryan tinham comentado maldosamente sobre o tipo de assunto que poderia existir entre duas pessoas tão diferentes, então eles ficariam admirados em ver que Dexter e Liberty não paravam de falar e rir o tempo inteiro.

Dex escutou com sincero interesse sobre a vida de Liberty em Seattle, sobre com ela e Emily quase não tinham contato até sua mudança para Colchester e sobre algumas das suas realizações acadêmicas. Na sua vez, Thompson também contou sobre a primeira vez que tinha jogado futebol ou como começou a se destacar no time da escola, a sua primeira desastrosa receita e como tinha criado uma sobremesa que tinha ido parar no cardápio da lanchonete local. Os dois ainda estavam rindo sobre a vez em que Dexter quase tinha incendiado a casa ao tentar fazer cookies para o irmão, quando o olhar dele captou um movimento na lateral do restaurante.

Naquele clima informal, havia uma música ao vivo tocando em um volume controlado e agradável. A voz do cantor era gostosa, o piano mostrava que o estilo era mais clássico, mas nem isso impediu Dexter de fazer um pedido sigiloso depois de ter dado uma escapada até o banheiro. E o cantor fez apenas um breve sinal para avisar que atenderia ao seu pedido de minutos antes.

Mesmo que Liberty já tivesse se declarado para ele, que os dois estivessem tendo uma noite muito agradável, Dex sentia que sempre haveria uma pontinha de necessidade dentro dele, querendo agradá-la, com medo de errar. Não era uma simples insegurança, mas o desejo de acertar sempre. E mesmo com aquela sombra de medo, ele abriu um sorriso derretido para a linda garota sentada do outro lado da mesa antes de fazer aquele convite.

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- Vem, vamos dançar.

Não tinha ninguém dançando, sequer havia espaço para uma pista de dança. E foi exatamente isso que Liberty argumentou com os olhinhos arregalados e o que parecia ser uma onda de pavor. Mas daquela vez Dexter decidiu abraçar seus instintos e se colocou de pé antes de oferecer uma mão para ela.

- E daí que não tem ninguém dançando? Nós não nos importamos com o que as outras pessoas pensam, lembra?

Era notável como Libby ainda estava tensa e até um pouco desesperada para fugir daquela situação, mas Dexter foi um perfeito cavalheiro quando a puxou para seus braços. No curto espaço que tinha entre as mesas, eles se abraçaram, com as mãos de Liberty na nuca de Dex e ele a enlaçando pela cintura. O casalzinho rapidamente começou a atrair olhares para si, mas ninguém parecia estar reprovando o gesto romântico. Mas Dex também não se importava com os olhares de admiração ou os sorrisos de aprovação, quando a única coisa que importava era a garota em seus braços.

Que Dexter gostava de música pop e não se envergonhava disso, Liberty já sabia. E o pedido que ele tinha feito para o cantor era algo que ia bem longe do estilo clássico proposto, mas que na voz suave e no ritmo do piano, conseguia soar mais romântica do que a versão original.


Ele poderia apostar que Katy Perry não seria a primeira escolha de uma garota como Bloomfield, mas na versão do cantor, cada palavra soava como uma declaração vinda do próprio Dexter. A forma como ele a achava linda mesmo sem os excessos de maquiagem da maioria das garotas, ou como eles vinham quebrando as barreiras para se aproximarem. E principalmente como ele se sentia bobo, leve e flutuando naquele romance, como um sonho.

Abraçados, Dexter balançava seu corpo de leve, com a cabeça de Liberty apoiada no seu peito. Seu sorriso quase foi camuflado em meio aos cabelos castanhos quando ele depositou um beijo sobre a cabeça de Libby, e como Dex não era tão alto quanto os amigos, o rapaz só precisou se inclinar um pouco até deixar seus lábios roçarem no ouvido dela.

- Eu nunca fiz isso antes, mas quero fazer as coisas da maneira certa, Libby. Eu quero você só para mim, e eu quero que o mundo inteiro saiba disso. Quero que todos saibam que eu tirei a sorte grande, de encontrar uma garota linda, inteligente e divertida. Então sem mais desencontros, sem mais confusões... Eu ainda estou longe de dominar o universo nerd e entender todas as suas piadas, não prometo que vou aprender binário e nem que vou conseguir fazer um algoritmo decente. Mas eu prometo ser o melhor namorado do mundo, se você me der a chance de tornar isso oficial.
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Mensagem por Emily Sinclair Ter Abr 02, 2024 1:12 am

Qualquer garota que estivesse usando o mínimo de racionalidade saberia que aquilo era um erro. Ou, no mínimo, algo muito arriscado para ser feito. A personalidade de Hunter, a má fama do rapaz, o pouco tempo de relacionamento, a incerteza do futuro de dois adolescentes que ainda tinham a vida toda pela frente. Eram tantas variáveis para serem levadas em considerações, tantos motivos para ter certeza de que marcar a própria pele com um namoradinho do ensino médico não era uma boa ideia, que era assombroso que Emy não tivesse levado nada daquilo em consideração.

Até mesmo mulheres mais maduras, com anos de relacionamento, pensariam mil vezes antes de cogitar uma tatuagem em homenagem a um parceiro. Mas talvez a impulsividade de Hunter fosse contagiosa. Talvez Emily estivesse se deixando levar pela “má influência” de Timmons. Afinal, bastou que ela começasse a sair com um cara como ele para que tatuagens surgissem, ou para que passasse a noite usando o cartão de crédito do pai em uma boate, com uma identidade falsa para poder beber e dançar.

Parecia mesmo ser o clássico da garota romântica que seguia os passos errados de um namoradinho rebelde. Para quem olhasse de fora, era assustador a maneira como Emy estava mergulhando naquele relacionamento, pulando de um avião sem usar paraquedas, com um sorriso nos lábios e curtindo a adrenalina. Mas não era dessa maneira superficial que Sinclair enxergava o que estava acontecendo.

Ela estava perdidamente apaixonada. Seu namoro ao lado de Chad também tinha sido marcado por momentos intensos, altos e baixos que muitos apontariam como problemáticos. E Emy também tinha se apaixonado por Clifford no início daquele relacionamento. Mas nada se comparava ao que ela sentia por Hunter. O amor, a paixão, aquele desejo de viver cada segundo, de se sentir viva, protegida, amada e acolhida. E Timmons lhe preenchia de todas as formas possíveis.

Nem por um segundo Emily cogitou que, em algum momento no futuro, ela pudesse se arrepender daquela tatuagem. Mesmo que aquele relacionamento chegasse ao fim em algum momento, ela acreditava de verdade que seus sentimentos naquela noite eram puros e intensos, e ela queria se lembrar para sempre como tinha se sentido tão viva, feliz e amada.

Enfrentar seus preconceitos e seus medos para ficar com Hunter não tinha sido fácil, mas a culpa finalmente tinha sido vencida pela felicidade. Emily não queria magoar Chad, mas agora ela não se via como a vilã daquela história, no meio da briga confusa dos dois rapazes. O amor que tinha surgido entre ela e Timmons era motivo mais do que suficiente para que Emy tivesse certeza sobre a sua escolha, e agora Clifford só precisaria lidar com a situação com maturidade e aceitar que a ex-namorada estava com outro cara, mesmo que esse cara fosse um amigo de infância.

Completamente envolvida, derretida e apaixonada, Emily também não queria mais esperar para que o resto do mundo soubesse sobre ela e Hunter. Mas Sinclair ainda teve um pequeno fio de juízo ao decidir que eles deveriam esperar ao menos a estreia de Clifford como capitão no primeiro jogo de basquete da temporada. Encerrando esse capítulo, todos precisariam lidar com seus novos papéis.

Alheia aos planos nada nobre do namorado, Emily ainda suspirava apaixonada como uma garotinha. E mesmo quando Hunter não estava por perto, ela se sentia incapaz de tirar o sorriso dos lábios, quase saltitando de felicidade.

Andando pelo quarto, Emily terminava de se arrumar naquela manhã com aquele mesmo ar apaixonado e um tanto aéreo. A saia já tinha sido enfiada pelas pernas e ela tinha atravessado o cômodo para pegar uma blusa dentro do armário quando seu próprio reflexo chamou sua atenção no espelho. E seu sorrisinho se tornou ainda mais deliciado ao encontrar a marquinha que agora trazia sempre consigo, perto do limite do sutiã.

Com a pele já cicatrizada, o coração preto com o “H” vermelho pareciam ainda mais delicados, perfeito sobre a pele impecável de Sinclair. Usando apenas a saia e o sutiã, ela tocou a tatuagem com as pontas dos dedos e sorriu antes de se apressar para terminar de se vestir, antes que Hilary flagrasse aquele pequeno delito.

Para uma pessoa que detestava acordar cedo, Emily estava com um excelente humor quando se acomodou na mesa da cozinha e se serviu com um generoso copo de suco. Hilary já tinha saído para a boutique, mas tinha deixado a mesa farta para a filha e a sobrinha, então apenas Liberty testemunhou o estado bem humorado da ruiva quando entrou na cozinha.

- Bom diiiiiiia, priminha! Hoje o dia está lindo, não é? Você dormiu bem?

Emily não se abalou nem quando Bloomfield estreitou os olhos e a estudou como se fosse um bichinho de laboratório se comportando de maneira atípica. Depois de jogar os cabelos vermelhos para trás, Emy puxou uma torradinha e mordeu apenas a ponta enquanto Libby se acomodava diante dela.

- Será que você pode largar esse livro e me dar atenção por cinco minutos? - Emy cobrou quando viu Libby abrindo um livro sobre a mesa, ao lado do prato de frutas. - Eu quero conversar! Eu PRECISO conversar!

Era óbvio que Sinclair não deixaria a prima se concentrar em uma única linha do livro, mas ela ainda bateu palminhas ao assistir Bloomfield fechando as páginas. Com aquela mesma empolgação exagerada, Emily gesticulou com as mãos quando começou a falar.

- Eu tenho uma confissão para fazer. Eu estou completamente apaixonada! - Emy tentou esconder o sorriso com as mãos como se realmente tivesse contado o segredo do século. - É séééério, Libby!!! Eu estou tão... Eu estou tão... Eu estou nas nuvens!

Liberty e Emily não podiam ser mais diferentes, e a cena que acontecia na cozinha das Sinclair naquela manhã reforçava ainda mais as personalidades distintas. Mas Emy continuou sonhadora quando soltou um longo suspiro e apoiou o queixo nas mãos.

- Eu não esperava que as coisas fossem tão perfeitas, mas o Hunter é... Ele é tão maravilhoso. É sério, ele é carinhoso, gentil, protetor... Mas tudo isso sem deixar de ser sexy... E ele é tão, TÃO bom de cama!

As últimas palavras foram sussurradas, mas a discrição de Emy não durou muito quando ela tentou abafar um gritinho esganiçado. Ao ver que estava ficando cada vez mais histérica, Sinclair respirou fundo e abanou as mãos no ar.

- Tá, eu sei, eu estou meio surtada! Desculpe, mas está beeem difícil controlar. - Sem gesticular tanto e dessa vez com um ar mais centrado, Emy deu de ombros enquanto se justificava. - Eu acho que só estou muito feliz. O Hunter me faz muito feliz, de uma maneira que não achei que fosse possível.

Era verdade que Emily tinha muitos motivos para estar tão encantada com aquele relacionamento. Hunter era um rapaz lindo, o ar rebelde o tornava mais atraente e interessante e o rapaz tinha provado como conseguia ser maravilhoso na intimidade. Mas era aquela proteção de Timmons, o olhar apaixonado que ele lançava na sua direção e como ele também se derretia por ela que davam todo o combustível para que Emily mergulhasse de cabeça na intensidade dos seus sentimentos, com a certeza de que não estava sozinha naquela loucura.

- Mas eu acho que você consegue ter uma ideia do que estou falando, não é? - Emy arqueou uma das sobrancelhas ao mudar o foco do assunto. - Eu nunca vi o Dex tanto tempo com uma garota. Ele normalmente fica mais focado nos jogos e no campeonato, então nunca tem muito tempo para relacionamentos. Só que eu vi como vocês dois ficaram na volta de Nova York.

Com o copo de suco em mãos, Emily deu um gole enquanto escutava a prima contando sobre os momentos ao lado de Thompson, sobre o que Dexter tinha feito na Comic Con e a ridícula fantasia de Flash.

- Confie em mim, eu conheço o Dexter desde quando ele comia massinha no lugar do whey protein. Ele é um cara legal e tem um bom coração... - Emy fez uma pausa enquanto assumia um ar mais malicioso. - Mas eu preciso saber, Libby!!! Me conta como foi... você sabe...? O tanquinho faz tanta diferença assim? Por favooor, não me diz que ele só é gostosinho, mas sem nenhuma habilidade! Ele também é bom de cama ou só aparenta ser?

O desconforto de Liberty arrancou um estreitar de olhos de Emily, e a ruiva precisou de alguns segundos para entender o que a prima tanto gaguejava. Por fim, quando Bloomfield assumiu um ar mais sério e direto e disse sem rodeios que nunca tinha transado com Dexter, Emy entendeu o que estava acontecendo. E ao invés de soar chocada ou horrorizada, Sinclair pareceu entender de imediato, sem julgar a escolha da prima.

- Isso é uma escolha só sua, é claro. Ninguém tem o direito de te forçar a nada e eu juro que arranco o bilau do Dexter fora se ele fizer qualquer gracinha com você! Só faça aquilo que for da sua vontade, Libby... Mas se também quer saber a minha opinião, não é esse bicho de sete cabeças, sabe? Pode ser meio desconfortável no começo, mas desde que você esteja com um cara que te respeita, as coisas são muito mais fáceis.

***

O som do apito ecoou por toda a quadra, encerrando as acrobacias e o ritmo animado das meninas. Ofegantes e cansadas depois do exaustivo treino, elas não esconderam como estavam aliviadas por terem um pouco de descanso, mas Emily mostrou que não era uma completa carrasca quando parabenizou a performance com sinceridade.

- Continuem assim e nós vamos roubar os holofotes do basquete, assim como fizemos no futebol!

- Isso se eu conseguir andar amanhã! - Pamela protestou, usando uma mão para pressionar a lateral do abdome dolorido. Ainda estamos no começo do campeonato, Emily! Não deveríamos pegar mais leve?

- Se pegarmos leve agora, o começo do campeonato vai ser tudo o que teremos. E não reclamem, eu estou fazendo o que é melhor para o nosso time. Se não aguenta o ritmo, você sabe que pode pedir para sair, Pam, ninguém vai te julgar.

Apesar da entonação compreensiva, era óbvio que Emily estava alfinetando a colega, mas Pamela não iria revidar e arruinar aquela guerra fria que existia entre as duas. Ao contrário de Pam, Debby soou mais receptiva enquanto deslizava a alça da mochila pelo ombro.

- Nós vamos sair para comer alguma coisa no Pat's, Emy. Quer ir também?

- Não, obrigada, Debs. Mas não fiquem até tarde, vocês precisam descansar! E NÃO EXAGEREM NO CARBOIDRATO!

O último “conselho” de Emily foi dito em um tom mais alto para que Pamela, que alcançava a porta lateral do vestiário, também pudesse escutar. Apesar dos semblantes cansados, as meninas se despediram de Emily com um sorriso nos lábios quando o treino chegou ao fim, mas ao invés de correr para casa para descansar, Emy precisava terminar de organizar o material usado no treino. Como capitã do time, era sua responsabilidade sempre devolver a quadra em perfeito estado.

Alguns pequenos cones tinham sido usados para marcar os limites dos saltos. Argolas estavam no chão para lembrar as posições de algumas garotas que tinham mais dificuldade com os ritmos. E ao invés de começar a recolher tudo para levar até o armário do vestiário, Emy aproveitou o silêncio e o espaço da quadra para treinar mais alguns movimentos.

Com o áudio do celular conectado na saída de som, ela colocou uma música animada e passou a repetir os passos que vinha tendo mais dificuldade, procurando se aperfeiçoar. O rostinho de Emily mostrava que ela estava concentrada enquanto rodopiava pela quadra, pulando estrategicamente as marcações que tinha colocado para simbolizar o restante do time. Depois de uma pirueta, Emy se deitou no chão antes de alongar a coluna, inclinou o tronco para trás e jogou os cabelos ruivos no mesmo ritmo da batida da música. Depois de ficar de pé com as pernas perfeitamente esticadas e as mãos ainda não chão, com o tronco dobrado, Emy terminou o movimento com uma subida mais sensual.

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Ela estava pronta para continuar o passo seguinte, deslizando para o lado com o quadril e balançando as mãos, quando notou que não estava mais sozinha. Seus movimentos foram interrompidos e mesmo ofegante, um sorriso largo brotou imediatamente ao reconhecer o namorado.

- Que suuusto! Eu achei que não tivesse mais ninguém. O que está fazendo aqui, gatinho?

Com a respiração acelerada pelo esforço, Emily se abaixou para pegar o celular e desligou a música antes de se aproximar de Hunter, recebendo o rapaz com um beijinho breve nos lábios. Mesmo que os dois estivessem sendo mais discretos dentro da MMU, já era tarde e não havia mais ninguém por perto, o que dava a Emy a confiança para aquele gesto.

- Eu ia terminar essa música e arrumar as coisas para ir embora. Mas se você me ajudar, eu aceito uma carona depois.
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Mensagem por Liberty Bloomfield Ter Abr 02, 2024 12:04 pm

Não era a primeira vez que um garoto convidava Liberty Bloomfield para sair. Em Seattle, a garota tinha um grupinho de amigos mais próximos, participava de atividades extras no colégio e já tinha despertado a atenção e o interesse de alguns colegas. Obviamente no histórico de Libby não existia nenhum cara tão popular quanto um quarterback, mas definitivamente não era a beleza acima da média e nem a popularidade de Dexter Thompson que faziam aquele jantar em Nova York ser tão especial.

Em Seattle, os encontros de Liberty se resumiam a uma volta no shopping, uma tarde no cinema, uma visita ao aquário ou um lanche em alguma hamburgueria mais famosa. Então agora era a primeira vez que Bloomfield experimentava algo mais “adulto”. E absurdamente mais romântico também.

Embora o restaurante escolhido por Dexter não fosse assombrosamente refinado, aquele ainda era um ambiente clássico, maduro e acolhedor. Bloomfield não entendia tanto de culinária quanto Thompson, mas até mesmo ela foi capaz de apreciar aquela mágica mistura dos temperos e dos sabores. A música calma tornava o clima ainda mais agradável e Liberty não se lembrava de já ter se sentido tão bem, tão à vontade, tão segura ou tão bonita antes daquela noite.

É claro que o vestidinho preto recém saído da loja, os cabelos bem escovados e a maquiagem leve contribuíam para que Libby se sentisse tão bem consigo mesma. Mas o detalhe que realmente fazia a garota se sentir especial era o olhar apaixonado e admirado que o rapaz a sua frente lançava a ela. Antes de Dexter entrar na vida de Bloomfield, a menina estava acostumada a enxergar apenas a inteligência encabeçando a lista das suas qualidades. Mas depois de Thompson repetir tantas vezes que a achava linda, Liberty estava começando a acreditar na versão dele.

- A lasanha está ótima. E você ficou louco? Nós com certeza não vamos embora antes da sobremesa!

Qualquer um que olhasse na direção da mesinha ocupada pelos dois jovens não teria dúvidas de que Dexter e Liberty estavam apaixonados. A maneira derretida como os dois se encaravam, os sorrisos doces e as mãozinhas que se tocavam sobre a mesa passavam a nítida impressão de que os dois estavam muito envolvidos pelo momento. Mas um pouco de toda aquela leveza se perdeu quando Thompson convidou a menina para dançar.

Como Libby já tinha mencionado diversas vezes, ela gostava de seguir roteiros, de fazer cronogramas, de ter tudo muito bem calculado, de ficar protegida em sua zona de conforto. E dançar com certeza não era uma das maiores habilidades da garota. Por isso os olhos castanhos se arregalaram diante daquela proposta e o primeiro impulso de Bloomfield foi tentar fugir daquela situação.

- O que??? – apesar do tom desesperado, a vozinha da garota soou num sussurro para que os demais clientes não ouvissem aquela conversa – Não tem ninguém dançando! E o mais importante: eu não sei dançar, Dex!

Em uma das tantas conversas dos dois, Dexter já tinha brincado com o fato de ser um excelente dançarino. Liberty, por outro lado, não parecia levar o menor jeito para aquela arte, tanto que ela fugiu do convite para participar das líderes de torcida alegando que não tinha ritmo ou a coordenação motora necessária para os passos de dança e as acrobacias. Mas a mão de Thompson estendida na direção dela indicava claramente que o rapaz não pretendia desistir daquela ideia.

Ainda com os músculos tensos, Liberty se encaixou nos braços do rapaz. Em mais um claro sinal de ansiedade, os dedinhos dela estavam gelados quando suas mãos se encaixaram na nuca de Dexter. E Bloomfield de fato pareceu um tanto travada e desengonçada nos primeiros movimentos, ela era o tipo de parceira que não conseguia relaxar e deixar o homem conduzir a dança. Mas Thompson conseguir desarmar a garota quando sussurrou aquela declaração com os lábios colados na orelha dela.

Após a conversa franca daquela tarde e as declarações de amor trocadas de ambas as partes, para Liberty aquele já era um relacionamento sério e oficial. Mas Dexter conseguiu tornar tudo ainda mais especial com aquele pedido romântico. A letra da música, o clima do restaurante, a dança e as palavras do rapaz formavam um cenário tão perfeito que Libby se derreteu por inteiro. Como as mãos de Thompson tocavam a menina, ele perceberia o exato momento em que Liberty relaxou e se deixou guiar pelos passos e pelos braços dele.

- Eu não quero que você domine o universo nerd, nem que aprenda código binário ou desenvolva um algoritmo. – os lábios de Libby se curvaram num sorrisinho travesso com aquela piadinha – Pode deixar essa parte comigo, é o que eu faço de melhor.

O coração de Bloomfield batia acelerado dentro do peito quando a garota afastou o rosto apenas o bastante para conseguir encarar o rapaz a sua frente. E os olhos castanhos da menina brilhavam vivamente enquanto ela se derretia naquela declaração.

- Você pode só continuar sendo exatamente quem você é, Dex, porque foi por esse cara doce, gentil, respeitoso e romântico que eu me apaixonei. Eu também quero que todos saibam a sorte que eu tive por encontrar um cara tão perfeito no corpo delicioso de um quarterback. – após aquela breve brincadeira, Libby soou mais intensa ao concluir o discurso – É claro que eu quero ser a sua namorada. Nada me faria mais feliz, Dex.

O ambiente mais formal não abria muitas brechas para reações emocionadas demais, mas ainda assim Dexter e Liberty não resistiram à tentação e uniram os lábios num beijo carinhoso, tornando aquele momento ainda mais doce, perfeito e memorável.

***

Na viagem de volta para Colchester, Dexter e Liberty já mostraram que não pretendiam mais esconder que estavam apaixonados um pelo outro. Nos últimos dias os dois já estavam bem grudados, mas agora os dedinhos entrelaçados, as conversas ao pé do ouvido e as trocas de olhares significativos deixavam ainda mais claro que eles tinham se transformado oficialmente num casal.

Ao contrário de Ryan e Aimee, Emily e Hunter não reagiram com estranheza e nem ficaram incomodados em ver duas pessoas tão diferentes juntas. Pelo contrário, as piadinhas e implicâncias divertidas mostravam que os amigos aprovavam o relacionamento e estavam satisfeitos em ver Libby e Dex felizes.

E também foi no papel de um namorado que Dexter fez questão de descer junto com as meninas diante da casa das Sinclair. Como um cavalheiro, Thompson carregou as bagagens das garotas para dentro. E pela primeira vez o rapaz teve a chance de entrar no quarto de Liberty Bloomfield e conhecer melhor aquele espaço mais particular da namorada.

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A decoração era diferente na época em que aquele cômodo funcionava como o quarto de Claire Sinclair, mas Hilary tinha dado total liberdade para a sobrinha modificar o ambiente. As prateleiras onde antigamente a filha mais velha dos Sinclair colocava pelúcias, bonecas e bibelôs agora estavam abarrotadas de livros. No passado as paredes eram pintadas de lilás, mas agora Libby tinha optado por cores mais claras e discretas. Sobre a mesinha de estudo estava o velho notebook e um caderninho de anotações, mas aqueles eram os únicos objetos “espalhados” no quarto. Não havia roupas, calçados, maquiagem ou acessórios fora do lugar, a colcha branca da cama estava impecavelmente esticada e até os livros pareciam enfileirados numa ordem bem específica de tamanho e cores das capas. Qualquer pessoa que entrasse ali perceberia facilmente que a dona daquele quarto era uma pessoa metódica e organizada.

Sobre o banquinho acolchoado diante da janela havia almofadas e era daquele ponto que se tinha uma bela vista dos fundos da casa e do lago. E Thompson ainda estava absorvendo os detalhes daquele cômodo quando a namorada se sentou perto da janela e deslizou o olhar até ele.

- Dex? Nós podemos conversar?

O tom mais sério da garota fez uma ruguinha de preocupação surgir entre os olhos de Thompson. Era evidente que o rapaz estava esperando por uma conversa mais séria, talvez até a primeira discussão do casalzinho. Então a surpresa dele foi bem grande quando Liberty guiou o seu discurso numa direção completamente diferente.

- Na quinta-feira da semana que vem, a minha tia não vai estar em casa. E a Emily também deve voltar tarde porque é o último ensaio da torcida antes do jogo de basquete. Então eu estava pensando que você poderia vir pra cá, se você já não tiver outros planos, claro...

Dexter parecia um pouco perdido, mas acabou concordando com aquele convite. E como era óbvio que o rapaz não tinha entendido as insinuações da namorada, Libby respirou fundo e se encheu de coragem para ser um pouco mais direta.

- Eu estou dizendo que você deveria vir aqui pra gente transar, Dex.

Se aquela cena fizesse parte de alguma série de comédia, aquele seria o momento em que risadas explodiriam na plateia porque a reação de Dexter foi hilária. Os olhos do rapaz quase saltaram para fora do rosto dele, o queixo de Dex despencou e ele encarou a namorada como se Liberty tivesse acabado de sair de um óvni. Porque ela realmente não soava como uma garota normal fazendo aquela proposta tão direta e objetiva, ainda mais levando em consideração que aquela seria a primeira vez de Libby.

Ao notar que Thompson estava chocado e sem reação, Libby fez uma caretinha e tentou se explicar.

- Nós estamos namorando. Eu amo você e confio em você, então eu acho que estou pronta pra dar esse passo. Tá, eu sei que as pessoas “normais” não marcam transas na agenda e preferem deixar rolar de forma mais espontânea e romântica, mas você sabe que não é assim que a minha cabeça funciona, Dex. É um passo bem longo pra fora da minha zona de conforto, eu vou ficar ansiosa e desconfortável se não planejar as coisas ou se não encaixar esse momento no meu cronograma. Eu prometo que não vai ser sempre assim. Mas, pelo menos nessa primeira vez, eu vou me sentir mais à vontade fazendo as coisas do meu jeito.

***

Mesmo sem saber que Emily tinha cometido a loucura de fazer uma tatuagem em homenagem a Hunter, Libby já parecia um pouco preocupada em ver a prima tão envolvida por um rapaz como Timmons. Como colega, a novata não tinha motivos para se queixar de Hunter porque ele era sempre muito divertido e amigável com ela, mas até mesmo Bloomfield já tinha ouvido o suficiente sobre a fama do rapaz para se preocupar com a prima.

- Eu não sei o que rola quando vocês dois estão sozinhos, Emy. Mas você tem certeza de que o Tim está tão envolvido quanto você? Não me entenda mal, eu não tenho nada contra vocês dois juntos e quero muito te ver feliz. Eu só quero ter certeza de que você não vai sair machucada dessa história. Porque a fama dele... – Libby franziu o nariz numa caretinha – Pelo pouco que eu já ouvi, o Tim não me parece ser o tipo de cara que se apaixona, né?

Apesar dos seus receios, Liberty não tinha nenhum argumento racional para usar contra Hunter. Por tudo o que Emily falava, Timmons parecia ser atencioso e carinhoso. E era um fato que Hunter nunca mais tinha sido visto na companhia de Pamela ou de qualquer outra menina depois que começou a se envolver com Sinclair. Como Emily parecia tão feliz e tão certa dos sentimentos do rapaz, Libby deixou as suas dúvidas de lado e tentou agir apenas como uma boa amiga que estava feliz em ver Sinclair tão apaixonada.

A amizade entre as duas vinha brotando naturalmente. Contrariando todas as diferenças nas personalidades, Emily e Liberty vinham se dando muito bem. E assim como Sinclair pareceu à vontade para compartilhar os seus sentimentos com a prima, Libby também derrubou várias barreiras para ter uma conversa mais íntima com Emily. Com uma expressão um pouco tímida, Liberty desviou os olhos para a mesa do café da manhã enquanto fazia aquela confissão para os ouvidos da prima.

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- O Dex e eu vamos transar semana que vem.

Foi a vez de Emily fazer uma caretinha de estranhamento ao ouvir sobre aquela “programação”. Mas antes que a prima pudesse questionar aquela situação, Libby já veio com as explicações.

- Eu me sinto pronta pra isso. Mas ao mesmo tempo eu precisava de mais alguns dias para me preparar, entende? Eu odeio a sensação de pisar em um terreno desconhecido, então eu estou fazendo umas pesquisas. Sim, eu sei que nenhum conhecimento teórico nesse assunto substitui a prática e a experiência, mas é só isso que eu posso fazer para me sentir um pouco menos ansiosa, entende? Quer dizer, o Dex é o Dex, né? Ele já fez isso centenas de vezes, com garotas muito mais atraentes, flexíveis e experientes do que eu. Eu quero que ele goste de fazer isso comigo também, mas pra isso eu não posso parecer uma otária atrapalhada que não sabe nem onde encaixar as mãos. E as outras “coisas” também...

Como Hilary não estava em casa, Liberty se sentiu ainda mais à vontade para tocar naquele assunto. Seria um pouco constrangedor para Libby pedir conselhos para a tia, mas com Emily aquela conversa fluía mais facilmente. E como Sinclair tinha acabado de dizer que Hunter Timmons era “bom de cama”, Libby concluiu que Emily tinha experiência o bastante para ajudá-la com aquele assunto.

- O único obstáculo que eu venho encontrando nas minhas pesquisas é o tanto de putaria que tem na internet. Até agora eu não encontrei uma fonte confiável que me dê informações sérias e precisas sobre o que eu preciso fazer. Quer dizer, eu sei como funcionam essas coisas. Mas eu ficaria muito mais à vontade se houvesse um roteiro mostrando o passo a passo. Por exemplo, eu achei um site até interessante, o problema é que eles dividiram as melhores posições de acordo com o tamanho do pênis do cara. Eu sei que você nunca viu o do Dex, mas você tem alguma ideia? Já escutou algum comentário? Eu preciso saber em qual categoria ele está pra decidir em qual posição a gente deveria fazer...

Liberty só percebeu o quanto aquela conversa era chocante e sem sentido quando a prima assumiu um semblante petrificado por alguns segundos, logo antes de soltar uma potente gargalhada. Com os olhos estreitos e os braços cruzados, Libby esperou a prima parar de rir antes de retomar a palavra.

- Não tem graça, Emy! Eu realmente acho que isso pode me ajudar! Mas quer saber? Esqueça. De qualquer forma o site não é nem um pouco específico. Pequeno, médio e grande são categorias muito vagas, ainda mais pra mim que não tenho muito parâmetro para comparações. Seria muuuito mais fácil se eles colocassem as medidas em centímetros ou polegadas. EMILY! Eu estou falando sééério, estou mesmo preocupada com isso! – Libby se irritou com uma nova gargalhada da prima – Você e o Tim são mesmo perfeitos um pro outro, sabia!? São dois debochados sem coração!

***

Dessa vez as pesquisas de Liberty não fariam a garota se tornar uma especialista naquele assunto. Não importava o quanto Libby “estudasse”, nada a prepararia para algo tão intenso, para um momento tão único e especial na vida dela. Mesmo que algum dia o relacionamento com Dexter chegasse ao fim e a vida separasse os caminhos dos dois, a lembrança da sua primeira vez nunca abandonaria a memória de Bloomfield.

Mesmo bastante insegura, Liberty tentou preparar o terreno da melhor forma possível quando finalmente chegou a noite agendada para a primeira transa com Dexter. Com Hilary e Emily fora de casa, o casalzinho teria bastante liberdade no quarto de Libby. E foi aquele o cenário que a garota montou para receber o namorado.

O cômodo estava limpo e bem organizado como de costume. Mas os detalhes mostravam que Libby tinha seguido uma cartilha e preparado tudo nos mínimos detalhes para que tudo saísse conforme o combinado naquela noite. Ao invés da colcha sobre a cama, Liberty tinha esticado um lençol e deixado uma toalha dobrada na ponta do colchão. Na mesinha de cabeceira a garota tinha deixado uma cartela de preservativos e um frasquinho de lubrificante. A única luz acesa vinha do abajur ao lado da cama, o que tornava a iluminação do quarto mais fraca, mas ainda boa o suficiente para que Dexter e Liberty se enxergassem.

A ideia inicial de Libby era usar algum vestidinho comum e fácil de ser retirado, mas Emily infernizou a prima até conseguir convencer Liberty a usar algo um pouco mais sexy. A camisola preta rendada já era uma peça BEM fora da zona de conforto da menina, mas a lingerie que Libby usava por baixo conseguia ser ainda mais provocante. Diante do espelho, Bloomfield fez uma caretinha para a própria imagem e ela estava decidida a trocar aquelas peças por algo mais confortável quando o som da campainha ecoou pelo interior da casa vazia, fazendo o coração da garota dar um salto potente dentro do peito.

- Ai, merda...

Os olhos castanhos procuraram uma última vez pelo reflexo no espelho antes que Liberty respirasse fundo e se enchesse de coragem. Foi ainda mais estranho cruzar a sala da casa com os pezinhos descalços e usando a camisola sexy escolhida por Emily. Depois de conferir quem estava do outro lado pelo olho mágico, Libby finalmente destrancou a porta para que o namorado entrasse.

- Nããão! Não foi assim que combinamos! Você chegou mais cedo! – Bloomfield parecia francamente agitada e com um biquinho insatisfeito nos lábios – Está vinte minutos adiantado, Dex! Eu ainda não estou pronta, ok? Eu vou ajeitar mais umas coisinhas no quarto e trocar essa roupa porque isso aqui foi uma péééssima ideia da Emy! Não sei onde eu estava com a cabeça quando deixei aquela maluca interferir no meu plano!
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Mensagem por Dexter Thompson Qua Abr 03, 2024 5:46 pm

O olhar de Dexter estava preso no seu suporte de medalhas há quase meia hora. Não que ele estivesse interessado, se recordando ou admirando as premiações passadas. Na verdade, Dex sequer enxergava as dezenas de medalhas que se acumulavam naquele suporte da parede, porque seus pensamentos estavam muito distantes dali.

Com o tronco curvado para frente, os cotovelos apoiados sobre os joelhos e uma ruguinha na testa, dava para notar que Thompson estava muito concentrado. E a forma como uma das suas pernas balançava inquieta era um claro sinal de ansiedade, que ele nem se dava conta. Dentro de Dex, havia uma imensa vontade de ligar para um dos amigos, desabafar, pedir conselhos, mas a guerra declarada entre Hunter e Chad o fazia se sentir como um filho no meio do divórcio dos pais, sem saber se poderia contar com um deles.

A sua aproximação com Timmons não tinha mudado, os dois continuavam grandes amigos, saíam juntos, tinham feito uma viagem e era inegável que se davam tão bem como irmãos. Mas para o problema que consumia Dexter por dentro, ele não sentia que Hunter pudesse ser seu melhor ouvinte. Como não fazia ideia que a vida do seu melhor amigo tinha mudado tanto nas últimas semanas, Dex ainda acreditava que Hunter era o cara irresponsável, que nunca tinha se apaixonado e não conseguiria ser um bom conselheiro para a sua atual situação.

A amizade com Chad também não tinha sido destruída. Os dois se falavam com frequência, mas agora Dexter precisava ficar dividindo o seu tempo entre os dois rapazes que não conviviam mais entre si. E Clifforf talvez fosse a melhor opção para aquela conversa, mas o humor do rapaz não estava dos melhores, e com o primeiro jogo de basquete acontecendo no dia seguinte, Thompson sabia que o rapaz precisaria tentar se concentrar.

Completamente sozinho, Dexter precisava encontrar uma forma de lidar com aquela situação sem a ajuda de ninguém. Mas por mais que se esforçasse, seu cérebro parecia continuar dando as mesmas voltas, sem cessar, sem nunca encontrar uma solução definitiva.

Com uma vida tão rigorosa, com treinos agendados, dietas e planilhas analisando sua performance, Dexter sabia muito bem o que era programar a sua vida. Mas diferente de Liberty, toda aquela organização imposta pelo pai se limitava ao esporte. Se Dex quisesse sair e passear, se decidisse assistir um filme, passar a tarde de bobeira, ir até a cidade vizinha ou até raspar a cabeça, ele simplesmente faria. As decisões pequenas e grandes não precisavam de cálculos tão demorados e uma programação detalhada.

Sair com uma garota e se divertir nunca tinha precisado de nenhum tipo de preparação. Quando aparecia uma companhia agradável e Dexter se sentia interessado, ele simplesmente cedia e deixava que as cosias acontecessem. Mas Dex já estava começando a se acostumar com o jeitinho metódico de Libby. Ele achava até uma graça como ela conseguia ser excêntrica e adorável ao mesmo tempo. O que realmente estava incomodando o rapaz era como ela estava lidando com algo tão importante para a maioria das garotas como se fosse apenas um check-list.

Dex não era uma menina, não tinha irmãs e nenhuma das suas primas tinha crescido em Colchester, mas não era preciso ser nenhum gênio para saber como as garotas lidavam com a primeira vez, as expectativas, a ansiedade, o medo. Por mais que Liberty já tivesse dito com todas as letras que não esperava que aquele fosse um momento romântico, que era uma decisão puramente racional, Dexter se perguntava até onde ela poderia se arrepender por racionalizar tanto as coisas.

Ao mesmo tempo que Dexter a admirava pela maturidade, ele também se perguntava se Liberty não usava tudo aquilo como um mecanismo de defesa, e se no futuro não ficasse arrependida. E a última cosia que Dex queria era que ela se arrependesse daquele momento que deveria ser tão mágico e especial.

A preocupação por Liberty estava torrando seus neurônios, mas também havia uma grande dose de ansiedade dentro dele por causa das próprias expectativas. Era a primeira vez na vida que Dexter Thompson se sentia daquela maneira por dormir com uma garota, mas os sentimentos por Libby eram tão sinceros e intensos que ele não conseguia deixar de pensar que poderia fazer alguma coisa errada e arruinar aquela noite ou o futuro entre os dois. E se ele fosse muito afoito? E se a deixasse desconfortável? Dex queria que tudo fosse perfeito.

Um tempo considerável já tinha passado quando Dexter finalmente saiu de casa. Com uma aparência atraente, normalmente não era preciso fazer nenhum tipo de esforço para que Thompson chamasse atenção, mas o rapaz parecia ainda mais bonito naquela noite, com os cabelos úmidos bem penteados e um perfume gostoso emanando da sua pele. A calça escura e a camisa azul de botões traziam um ar mais maduro, mas Dex ainda foi cuidadoso para não parecer “arrumado demais” e consequentemente não despertar ainda mais expectativa e ansiedade sobre aquela noite.

No instante em que tocou a campainha da casa das Sinclair, Dexter respirou fundo e tentou relaxar seus ombros tensos. Mas bastou que Libby entrasse no seu campo de visão para que qualquer preocupação ou pensamento desaparecessem da sua mente. E foi adorável ver aquele olhar derretido e abobado de Thompson enquanto suas íris castanhas deslizavam pelo corpo de Bloomfield.

Mesmo com seu jeitinho metódico e até um tanto irritante, Dexter já tinha enxergado o quanto Liberty era uma garota linda. Os cabelos sedosos, o rostinho no formato de coração, o narizinho arrebitado e o contorno dos seus lábios. Libby não era alta ou cheia de curvas exageradas, mas tudo nela parecia estar na medida certa e perfeita. Só que nem nas (frequentes) fantasias de Dex, ele jamais tinha imaginado aquela cena.

As alças finas da camisola deixavam os ombros estreitos e bonitos de Libby completamente expostos. A renda próxima ao contorno dos seios contribuía para a imaginação bastante tentadora de um rapaz. O tecido era leve, mas caía ao redor do corpo dela de forma graciosa e tão sexy que as mãos de Dexter formigaram no mesmo instante para tocá-la. Como a camisola era curtinha, as pernas de Bloomfield estavam completamente expostas, e ela não precisava ser uma líder de torcida para ter as coxas tão bem torneadas.

Tudo em Liberty parecia ser feito para que Dexter se encantasse. E era quase ridículo como ele se admirava até mesmo com os bracinhos finos, com seus joelhos estreitos e principalmente a curva que a camisola fazia ao redor do quadril dela. Thompson não era um grande ator e ele definitivamente não estava forçando ou encenando aquele olhar completamente afetado, com os lábios entreabertos e a boca seca de desejo.

Os protestos de Liberty ecoavam em uma distância enorme, porque a mente de Dex só conseguia pensar no quanto ela estava perfeita. O rapaz começou a respirar com um pouco mais de dificuldade quando sentiu o ambiente ficando mais quente, mas ele definitivamente não estava se sentindo mal.

- Uau!

Dex parecia estar tão desligado da realizada que nem se deu conta de quando aquele som escapou pela sua garganta. E foi o olharzinho um tanto desesperado de Liberty que fez com que ele aterrissasse novamente no presente. Para tentar organizar os pensamentos, Dexter fechou os olhos e sacudiu a cabeça, tentando recuperar o foco, mas ele ainda soou derretido enquanto deixava a mochila de lado, no cantinho da entrada.

- Você está maravilhosa, Libby. Se você preferir trocar de roupa para se sentir mais à vontade, a escolha é toda sua... Mas você está tão linda que eu acho que você deveria continuar como está.

Depois de ter refletido por tanto tempo, Dexter tinha decidido que a prioridade daquela noite era deixar Liberty confortável. Se ela se sentia mais segura planejando cada detalhe, Dex se esforçaria para não interferir. Mas isso não significava que ele deixaria a garota tornar a primeira vez dos dois em algo mecânico ou frio.

- Desculpe se cheguei antes da hora, eu estava morrendo de saudades e queria te ver logo. - Ele deu um passo para frente e tocou o rostinho de Libby, colocando alguns fios escuros atrás da orelha dela. - E pode brigar comigo o quanto quiser, chegar aqui e te encontrar dessa maneira fez todos os riscos valerem a pena.

O sorriso de Dex foi ainda mais delicado e carinhoso, desarmando Liberty para que ele ao menos conseguisse bagunçar minimamente seu cronograma em busca de um beijo. Não era a intenção de Dexter apressar demais as coisas e nem passar a impressão de que queria logo chegar aos “finalmente”, mas ele não resistiu a tentação de puxar Bloomfield para seus braços, sentindo o corpinho magro colando ao seu com apenas a fina barreira da camisola.

Com uma das mãos encaixada no rosto dela, Dexter usou seu outro braço para rodeá-la pela cintura. Naquele familiar gesto que obrigava Libby a tombar um pouco a coluna para trás enquanto os corpos se colavam durante o beijo, a camisola curtinha subiu ainda mais alguns centímetros. O beijo de Dexter foi lento e úmido, e com os olhos fechados, ele tentava memorizar o sabor dos lábios de Liberty, o perfume dos cabelos dela e principalmente aquela deliciosa sensação da sua pele se arrepiando quando as línguas se tocavam.

O corpo inteiro de Dexter já parecia estar respondendo ao clima e implorando por mais, mas o rapaz foi um perfeito cavalheiro quando o beijo chegou ao fim e não deixou que suas mãos rapidamente começassem a buscar pelas curvas dela. Com os rostos bem próximos, Dex apenas ergueu as pálpebras, revelando um par de íris castanhas com um brilho muito intenso, e sorriu carinhosamente.

- Eu trouxe uma coisinha para você.

Ele se afastou de Libby apenas para pegar na mochila o presentinho. Ao invés de flores ou chocolates como era esperado em uma situação como aquela, Dexter tirou de dentro uma caixa de madeira e abriu um sorrisinho divertido antes de entregar para a garota.

- Você comentou sobre os riscos de incêndio para quem usa velas de verdade, então eu trouxe essas. São de led e você ainda consegue controlar pela Alexa.

Trocar velas de verdade por velas de led talvez não fosse a coisa mais romântica para uma primeira vez, mas aquele detalhe mostrava que Dexter prestava atenção em Liberty e ele ainda tinha sido cuidadoso o bastante para escolher algo que ela pudesse usar com a tecnologia.

- Eu trouxe outra coisinha também... - Ele puxou um pequeno saquinho que rapidamente foi escondido na palma da mão e enfiado dentro do bolso da calça. - Mas esse vai ficar para mais tarde. Você quer que eu espere no sofá ou eu posso subir com você e te ajudar a terminar de “ajeitar as coisinhas”?
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Mensagem por Hunter Timmons Qua Abr 03, 2024 9:59 pm

Não houve dúvidas ou arrependimentos. Mesmo depois que Hunter teve alguns dias para pensar melhor naquele plano de vingança, em nenhum momento o rapaz se questionou se estava fazendo a coisa certa. Timmons estava feliz com Emily, os dois estavam completamente apaixonados e só isso deveria bastar para que o rapaz não se importasse com mais nada. Só que ainda havia um monstrinho dentro dele sedento por vingança. E usar Emily Sinclair para abalar as estruturas do novo capitão do time de basquete era uma ideia prazerosa demais, uma tentação deliciosa e irresistível contra a qual Hunter não conseguiu lutar.
 
Na cabeça de Timmons, ele tinha o direito de fazer aquilo. Assim como Chad não se preocupou com os sentimentos dele e se apossou do maior sonho da vida de Hunter, agora o rapaz sentia que era o seu dever devolver aquela punhalada. Timmons não conseguia mais tirar de Clifford a vaga de capitão no time de basquete da MMU, mas Emily Sinclair era uma cartada igualmente poderosa para ser usada naquele joguinho. Todo o colégio (quiçá toda a cidade de Colchester) sabia que Chad ainda era apaixonado por Emily, então Hunter tiraria do amigo algo que também era valioso demais para o outro rapaz.
 
Sentado atrás do volante da picape, Hunter esperou pacientemente no estacionamento até ver as garotas da torcida saindo pela porta lateral do colégio. E só depois de ter certeza que a namorada estava sozinha na quadra, Timmons foi ao encontro dela. Com passos silenciosos, Hunter se aproximou sem que Emily notasse a presença dele. E foi por isso que ele conseguiu assistir boa parte da performance da capitã na quadra vazia.
 
Enquanto Emily movia o corpo naquela coreografia bem ensaiada, Hunter deixou que seus olhos deslizassem livremente por aquela imagem tentadora. Sinclair era linda e não seria nenhum sacrifício usar a menina para se vingar de Chad. Mas o fato de Timmons ter se apaixonado de verdade por ela só tornava tudo ainda mais especial e prazeroso para o rapaz. Porque agora ele se sentia ainda mais vingado e vitorioso, já que tanto ele quanto Chad desejavam a mesma garota e ela havia escolhido ficar com Hunter.
 
Enquanto assistia à dança de Emily e sentia o seu corpo se aquecendo pela namorada, Hunter até se esqueceu do seu plano de vingança por alguns minutos. As íris cor de avelã brilhavam num misto de admiração e desejo e o rapaz não disfarçou o olhar que percorreu o corpo da menina de cima a baixo.
 
- Eu pensei em te fazer uma surpresa... – Hunter fez uma pequena pausa e, sem nem mesmo piscar, abriu um sorriso bobo para a namorada – Mas você inverteu o jogo, ruivinha. Agora sou eu que estou surpreso em ver a sua capacidade de ficar mais gostosa a cada dia que passa. Eu ainda não acredito que você é minha, Emy.
 
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O relógio de pulso de Timmons mostrava que ainda faltavam alguns minutos para as nove horas da noite, então ele não precisava ter tanta pressa. E a maneira leve, calma e natural como Hunter agia naquela noite reforçava a teoria de que o rapaz era inocente e que ele nem imaginava o flagrante que estava prestes a acontecer naquela quadra. Como um bom namorado, Hunter realmente parecia estar ali apenas para apoiar Emily, para ajudá-la e para oferecer à menina uma carona até em casa.
 
- Eu imagino que você esteja cansada e prometo não esgotar as suas energias pra amanhã. Mas pensei em passar a noite no seu quarto hoje. – Hunter ergueu as mãos num gesto divertido de inocência – Vamos só conversar um pouco e dormir. Se você for uma boa menina, pode ganhar até uma massagem relaxante que vai te ajudar a entrar na quadra ainda mais revigorada amanhã.
 
Além das argolas, dos cones e dos pompons coloridos, nos jogos de basquete algumas coreografias das meninas usavam as bolas como acessórios no meio dos passos de dança. Por isso havia uma bola largada bem no caminho de Hunter depois que o rapaz saltou pela grade de segurança e pisou no piso da quadra. Emily pareceu um pouco tensa enquanto assistia o namorado se inclinando para pegar a bola de basquete, mas ao contrário do que a menina temia, aquele objeto não foi um gatilho que despertou os antigos traumas e dramas do rapaz.
 
Timmons não segurava uma bola de basquete entre seus dedos desde antes do acidente, então o rapaz levou alguns segundos para lidar com aquela emoção contida. Os dedos compridos deslizaram de leve pela superfície porosa da bola e, diante do olhar atento da namorada, Hunter impulsionou os braços e fez um arremesso na direção de uma das cestas da quadra. Timmons estava muito distante do garrafão, ele sequer precisou saltar para fazer aquela jogada e já não treinava basquete há mais de um ano. Mesmo assim, a bola girou caprichosamente pelo ar e entrou na cesta direto, sem nem mesmo rodopiar pelo aro. Com uma das sobrancelhas arqueadas, Hunter abriu um sorrisinho convencido e parecia leve ao fazer aquela piadinha.
 
- Você faz o seu show e eu faço o meu, ruivinha. Acho que todo mundo vai sentir falta disso amanhã, quando o time da MMU estiver perdendo vergonhosamente.
 
A equipe da MMU ainda era uma das melhores do campeonato estudantil de Vermont, mas era evidente que a qualidade do time e a genialidade das jogadas tinham sido seriamente comprometidas após o afastamento de Hunter Timmons. Tanto que o treinador tinha até sugerido que Hunter voltasse ao time, nem que fosse como um reserva que só conseguiria jogar alguns poucos minutos por partida. Mas, ao invés de aceitar as suas limitações e o novo lugar que ele poderia ocupar na equipe, Hunter preferiu se afastar e se afundar na mágoa e na amargura por aquele grande sonho perdido.
 
Normalmente, uma sombra cobria os olhos de Hunter sempre que ele pisava na quadra de basquete e era inundado por lembranças daquele tempo de glória que nunca mais voltaria. Naquela noite, porém, a companhia de Emily teve o poder de abafar os pensamentos obscuros e Timmons parecia alegre e sorridente enquanto ajudava a namorada a organizar a quadra. Todo o material usado pelas líderes de torcida foi deixado dentro do vestiário e foi Hunter que apagou os refletores principais depois que Emily informou que eles já podiam ir embora. Apenas as luzes laterais acima das arquibancadas estavam acesas, então a quadra estava mergulhada em penumbra quando o relógio digital de Hunter fez um pequeno bipe, alertando o rapaz que já eram nove horas da noite.
 
Emily já tinha dado alguns passos para sair da quadra quando sentiu o seu punho sendo agarrado. Com um único puxão, Hunter trouxe a garota até o seu peito e colou os corpos, usando a mão livre para segurar Sinclair pela nuca. Teoricamente não havia mais ninguém no colégio além do segurança que ficava no portão principal, quase todas as luzes estavam apagadas. Então não parecia tão errado ou tão arriscado assim se aventurar no beijo mais longo e intenso iniciado pelo rapaz.
 
Como já vinha se tornando um hábito naqueles momentos mais íntimos do casalzinho, Emily logo se derreteu e se deixou levar pelas investidas do namorado. Sem interromper o beijo, a garota se deixou guiar por Timmons e deu alguns passos para trás até que os dois estivessem bem no meio da quadra escura. E a forma sedenta como os lábios e a língua de Sinclair se moviam indicavam claramente que a menina estava excitada e que nem imaginava o que havia por trás daquela atitude apaixonada do namorado.
 
Sem nenhuma hesitação, as mãos de Hunter deslizaram pelo corpo de Sinclair e a menina não ofereceu muita resistência quando os dedos compridos dele se enfiaram por baixo da blusinha que ela usava. Um suspiro deliciado escapou dos lábios de Emily quando uma das mãos do rapaz se encaixou abaixo do seio esquerdo dela, no exato ponto onde ficava a tatuagem em homenagem a ele.
 
- Eu amo você. Você me deixa louco, ruivinha. Eu sou todo seu, estou aos seus pés...
 
Apesar de haver um plano muito bem articulado para aquela noite, as palavras de Hunter não foram calculadas ou ensaiadas. Naquele momento o rapaz realmente estava se deixando levar pela paixão e pelo desejo que Emily despertava nele. E também foi sem pensar muito no que ele estava fazendo que Timmons agarrou a barra da blusinha da namorada e a arrancou por cima da cabeça de Sinclair.
 
Os músculos de Emily ficaram um pouco mais tensos e, mesma na penumbra da quadra pouco iluminada, a garota olhou ao redor obviamente com vergonha e receio de um flagrante. Não parecia haver ninguém por perto, mas os dois ainda estavam num lugar público e aquele não era o tipo de aventura que Sinclair estava acostumada a protagonizar. Mas, além dos toques e dos beijos que a excitavam, Hunter conseguiu vencer algumas barreiras da namorada com aquelas palavras sussurradas próximas ao ouvido dela.
 
- Por favor, hm? Eu sempre tive essa fantasia, Emy. E vai ser uma ótima forma de superar o trauma desse lugar... – o sorriso do rapaz se tornou mais malicioso – Sempre que eu entrar aqui, ao invés de me torturar com as lembranças do passado, eu só vou conseguir pensar que você foi minha bem aqui, no meio dessa quadra...
 
Sinclair ainda parecia um pouco indecisa, mas ainda assim a garota não tentou impedir que os dedos do namorado se enfiassem dentro da calça esportiva que ela usava e se apoiassem diretamente no quadril firme dela. Visivelmente excitada com aquela aventura, Emily se arrepiou e terminou de se derreter com mais aquele argumento do rapaz.
 
- É o nosso último dia de namoro secreto, ruivinha. Já se deu conta disso? Amanhã, depois do jogo, todos vão saber que estamos juntos. Então eu acho que a gente deveria aproveitar essa última chance de fazer algo excitante às escondidas.
 
Timmons já conhecia a garota o suficiente para enxergar os sinais de que Emily havia cedido. O corpo dela se derreteu nos braços dele, os dedinhos ajudaram Hunter a se livrar da camiseta e Sinclair passou a corresponder às investidas do rapaz com o mesmo desejo. E os dois estavam tão envolvidos por aquele momento de intimidade que inicialmente nem Hunter e nem Emily ouviram os passos de alguém descendo pelas arquibancadas e indo na direção da quadra.
 
Várias peças de roupa já tinham sido jogadas pelo piso liso da quadra, mas eram os sons que denunciavam o que realmente acontecia ali naquela noite. No escuro, Chad viu inicialmente apenas duas sombras no chão, bem no centro da quadra, mas os suspiros e gemidos do casalzinho davam uma boa dica do que estava acontecendo ali. A primeira reação de Clifford foi tentar recuar e sair silenciosamente daquela cena embaraçosa, mas os pés dele ficaram travados no chão no instante em que o rapaz reconheceu o timbre tão familiar dos gemidos da moça.
 
De costas para as arquibancadas, Emily não conseguiria enxergar o ex-namorado. E, de qualquer forma, a menina parecia estar totalmente desconectada do mundo real e muito mais concentrada no rapaz diante dela. Hunter estava sentado no chão, com Sinclair por cima dele. Naquela posição, era a menina que fazia a maior parte do esforço, movendo o corpo num ritmo acelerado e sedento, com as mãozinhas apoiadas nos ombros fortes do rapaz.
 
Tomado pela paixão e pelo prazer, Timmons também estava focado na garota e tinha até se esquecido do plano inicial. Mas, por cima do ombro de Emily, foi Hunter que notou primeiro a silhueta de um rapaz de pé, parado no nível mais baixo das arquibancadas. Quando entrou naquela quadra, Hunter tinha planejado um flagrante envolvendo apenas um beijo apaixonado e talvez alguns amassos, mas mais uma vez ele tinha caído na própria armadilha e perdido o controle da situação. A ideia dele nunca foi expor Emily ou a intimidade dos dois daquela forma, mas agora já era tarde demais para voltar atrás.
 
A vingança que Hunter tanto desejava finalmente se concretizaria. E Timmons teve mais um momento de frieza e de malícia quando cravou os olhos em Chad e abriu um sorriso vitorioso enquanto encostava seus lábios na orelha da namorada e sussurrava aquele pedido.
 
- Fala que me ama, ruivinha. Eu quero te ouvir dizendo que me ama e que você é todinha minha, Emy. Só minha.
Hunter Timmons
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Mensagem por Liberty Bloomfield Qui Abr 04, 2024 10:56 am

Jeff Wooton nunca fez a menor questão de conhecer ou participar da vida daquela criança que havia nascido fora do seu casamento. O valor ridículo que um dos homens mais ricos do país pagava de pensão alimentícia para a filha era mais uma grande prova que Wooton não se importava com o conforto ou com o futuro daquela menina. Aos olhos dele, Liberty era apenas um grave deslize que quase arruinou completamente a sua reputação, um escândalo que foi milagrosamente abafado, um problema que ele preferia fingir que não existia.

Nas poucas vezes que os caminhos dos dois se cruzaram, Liberty e Jeff estavam em cantos opostos da sala de algum advogado ou diante de algum juiz, esperando por uma decisão quanto à paternidade ou o valor da pensão. E em nenhuma daquelas ocasiões Wooton quis se aproximar ou interagir com a menina. Libby era apenas uma criança inocente naquela história, uma garotinha doce e esperta que teria adorado conhecer o pai ou receber migalhas de afeto e de atenção, mas nem mesmo isso Jeff foi capaz de oferecer àquela criança.

Como Libby não recebia visitas do pai, não participava da vida dele e nem sequer tinha um número de telefone para entrar em contato com Jeff em caso de necessidade ou emergência, a garota não saberia dizer exatamente como Wooton havia lidado com aquela situação em sua vida particular. Mas, se tivesse que fazer uma aposta, Liberty colocaria todas as suas fichas na hipótese de que Jeff nunca havia confessado para a esposa ou para os dois filhos que houvera uma traição e que agora existia uma terceira criança em sua vida.

Libby tinha em suas mãos todas as armas necessárias para deflagrar um escândalo, para trazer toda aquela história à tona e para se vingar do pai por todos aqueles anos de descaso e humilhação, mas esse era um plano que nem se passava pela cabeça dela. Além do receio de declarar uma guerra contra um homem tão rico e poderoso, Liberty queria preservar a mãe. Ao contrário de Jeff, Kate havia se apaixonado de verdade pelo amante. O término do romance foi terrível para ela e toda a briga judicial contra Wooton já tinha sido desgastante e torturante demais para a mãe da menina. Libby não queria que os fantasmas do passado voltassem para assombrar Kate, muito menos que o resto do mundo passasse a enxergá-la como uma golpista interesseira que havia aplicado o golpe da barriga contra um homem rico. Então, ao invés de um escândalo, a “vingança” de Liberty seguiria por um caminho diferente.

Ao contrário de Hunter Timmons, Libby não tinha consciência daquele sentimento de vingança que existia dentro dela. Não era algo racional ou um plano maquiavélico e cuidadosamente elaborado. O desejo de uma retaliação e a vontade de fazer Wooton se arrepender pela maneira como a tratava estavam muito bem escondidos dentro do coração da garota. Liberty dizia para o resto do mundo (e até para si mesma) que ela queria um diploma de Princeton porque esse era o seu maior sonho e porque ela merecia uma chance de mudar o seu futuro. Mas, escondido por trás desse discurso, havia também o desejo de provar para o pai que ela era brilhante, que ela não precisava da ajuda dele para vencer na vida e que Jeff havia cometido um grande erro ao dar as costas para a filha que mais se parecia com ele, para a única herdeira capaz de seguir os seus passos.

Embora Libby nunca tivesse pisado na casa do pai ou sido apresentada aos irmãos, Jeff Wooton era relativamente famoso no mundo da tecnologia e não era raro que notícias sobre a vida dele fossem veiculadas na mídia. Então Liberty não precisou se aprofundar demais nas pesquisas para saber que ela era a terceira filha de Jeff, a única menina.

O primogênito, Jeffrey Junior, já tinha agora os seus vinte e poucos anos. Apesar de sempre ter estudado nos melhores colégios, Jeffrey era um aluno bem mediano e que não se destacava em nenhuma disciplina. Mas mesmo com as notas medíocres e com o histórico escolar pobre, após a formatura o rapaz ingressou na Caltech sem grandes dificuldades (obviamente se valendo da influência, do sobrenome e do dinheiro do pai).

O segundo filho de Jeff com a esposa se chamava Leonard e era apenas dois anos mais velho do que Libby. E, pelo pouco que Liberty sabia sobre ele, Leonard deveria ser o terror do pai. Expulsões por mau comportamento no colégio, festinhas escandalosas com os amigos e até uma mancha na ficha policial depois de ter provocado um acidente de trânsito por estar completamente bêbado ao volante. Com todo aquele histórico negativo, Libby ficou sinceramente surpresa com a notícia de que Leonard Wooton tinha sido aceito como aluno do MIT após concluir o colégio. E mais uma vez foi fácil concluir que uma universidade tão renomada só tinha aberto as portas para um aluno tão problemático por causa do sobrenome e das “doações” que o pai do rapaz poderia fazer à instituição.

Os dois filhos mais velhos de Jeff Wooton provavelmente concluiriam os estudos e receberiam os seus respectivos diplomas de instituições importantes no ramo da tecnologia. Mas nem Jeffrey e nem Leonard pareciam ter herdado as principais qualidades que tinham feito Jeff chegar tão longe na sua carreira. Nenhum dos dois era tão brilhante, tão genial ou tão disciplinado para se tornar um ícone do mundo tecnológico, para estar à frente de uma grande empresa como a Microsoft ou para deixar o seu nome marcado na história. Ironicamente, a filha desprezada por Wooton e que sequer usava o sobrenome dele tinha muito mais chances de seguir por aquele caminho.

Como não existia nenhum grau de proximidade ou convivência entre os dois, só a genética explicava como Libby podia ser tão parecida com o pai. A personalidade forte, a postura incansável, disciplinada e determinada de alguém que não desiste dos seus objetivos, o gosto por tecnologia, a genialidade. Assim como a filha, Jeff também era uma pessoa sagaz, centrada e metódica, alguém que gostava de ter o domínio de qualquer situação, um homem que odiava afastar os seus pés da sua zona de conforto e que nunca modificava a sua rotina engessada (nem mesmo para incluir na sua vida uma filha fora do casamento).

Liberty tinha herdado muitas qualidades de Jeff, mas vários defeitos do pai também foram incluídos no pacotinho genético recebido por ela. Da mesma forma como Wooton não gostava de assumir os seus erros, não tinha muitas habilidades sociais e não lidava muito bem com fracassos ou com situações que fugiam da sua rotina, Libby também odiava sair da sua zona de conforto, não ter o domínio da situação e não ser a melhor em alguma coisa.

Desde muito cedo, Liberty aprendeu que ela teria que se destacar e ser a melhor em tudo para ter alguma chance na vida. Sem dinheiro, sem um sobrenome influente e sem uma família estruturada para apoiá-la, Libby só podia contar com o próprio esforço e com a própria dedicação para mudar a história que o destino havia escrito para o futuro dela.

Não era tão difícil usar a sua disciplina e a inteligência acima da média para se destacar no colégio, em clubes de debate ou numa simples rodinha de conversa. Mas, naquela noite, Libby estava lidando com uma situação inédita em que só a sua genialidade não parecia ser o suficiente para fazê-la se destacar. Porque não importava o quanto ela tivesse se esforçado nas pesquisas ou todos os mínimos detalhes nos quais ela tinha pensado para aquela primeira noite com Dexter. Nada mudava o fato de que ela era inexperiente, que não existia um roteiro a ser seguido e que ela fatalmente não seria tão boa naquilo quanto as outras garotas que já tinham passado pela vida de Thompson.

Debby era um bom exemplo do tipo de garota que um cara como Dexter estava acostumado a levar para a cama. Linda, desinibida, com todas as curvas nos lugares certos, desejada por todos os caras do colégio. Debby não precisava se esforçar para parecer sexy e com certeza não precisava estudar um roteiro para levar um rapaz à loucura na cama. Era impossível para Libby não se comparar e não se sentir insegura sabendo que uma garota como Debby já estivera nos braços de Thompson.

Depois de tudo o que já tinha acontecido entre os dois, Liberty não duvidava dos sentimentos do rapaz. Mas ela estava completamente em pânico com a ideia de que aquela noite poderia ser um fiasco, que Dexter ficaria frustrado e decepcionado e que ela jamais conseguiria ser tão boa naquilo quanto Debby. Mesmo depois de se dedicar tanto às “pesquisas” e de ter pensado em todos os mínimos detalhes, Libby continuava insegura. E o mais irônico era que, diferente das outras garotas que viviam a experiência da primeira transa, a menina não estava com medo de sentir dor ou de ficar desconfortável com toda aquela intimidade. O que realmente incomodava Libby era o receio de não ser boa o suficiente para um cara como Dexter Thompson.

- Eu não sei...

Aquela frase tão comum para a maioria das pessoas não costumava ser muito usada por alguém que gostava de ter todas as respostas. E a insegurança que já crescia dentro de Liberty tomou proporções ainda mais gigantescas quando a menina se deu conta de que ela não conseguia tomar uma simples decisão sobre onde o namorado deveria esperar por ela. O biquinho que se formou nos lábios de Bloomfield já denunciava que a garota não estava bem, mas Libby reagiu antes que Dexter pudesse fazer qualquer coisa para ajudá-la a lidar com aquele problema.

- Faça como preferir... – as mãozinhas de Liberty estavam trêmulas quando empurraram as velas de led de volta para os dedos do rapaz – Eu vou terminar de me arrumar.

Com passos apressados e sem esperar por uma resposta do rapaz, Libby subiu correndo os degraus até o segundo pavimento da casa, entrou no próprio quarto como um furacão e se enfiou de novo dentro do pequeno closet. E o espelho de corpo inteiro pendurado na parede diante da porta mostrou a Liberty uma imagem que terminou de destruir a autoestima dela.

Ao invés de se sentir sexy e provocante com aquela camisola sensual, Libby teve a impressão de que aquilo era só uma fantasia ridícula que não combinava em nada com ela. Talvez garotas como Emily ou Debby se sentissem à vontade com roupas que valorizavam ainda mais as suas curvas perfeitas, mas no caso de Liberty tudo o que ela viu foi uma nerd patética tentando assumir um papel no qual ela não se encaixava.

A visão de Bloomfield ficou mais embaçada quando uma camada de lágrimas cobriu os olhos castanhos. E um soluço ecoou no interior do closet enquanto a menina se livrava da camisola e da lingerie provocante. Liberty era o tipo de pessoa que costumava pensar e calcular cada movimento, mas naquele momento ela não estava raciocinando quando puxou uma peça de um dos cabides.

Foi num gesto totalmente inconsciente (ou talvez num instinto de proteção) que Libby vestiu a camiseta de futebol que ela tinha ganhado do namorado. Embora Dexter não fosse tão alto, Liberty era tão baixinha que a peça funcionava como um vestido para ela, atingindo o meio das suas coxas. Mas era o perfume da pele de Thompson impregnado no tecido que fazia com que a menina se sentisse inconscientemente mais acolhida.

Ainda insegura e agora com o rostinho manchado de lágrimas, Libby não teve coragem de sair de dentro do closet. E a garota já tinha perdido a noção de quanto tempo havia se passado no instante em que ela escutou batidinhas na porta e a voz de Dexter chamando por ela do outro lado.

- Acho melhor você ir embora. – mesmo se esforçando ao máximo para soar firme, o timbre trêmulo e choroso que atravessou a porta acabou denunciando a garota – Eu não vou conseguir fazer isso, Dexter. Desculpe.

Liberty não seria a primeira garota no mundo que se acovardava depois de dizer que estava pronta para dar aquele passo com o namorado. E certamente não foi para insistir e muito menos para forçar Libby a ir adiante com o plano que Dexter abriu a porta do closet. Se Thompson ainda tivesse alguma dúvida de que a namorada estava mal e que precisava de apoio, isso ficou bem evidente quando ele viu Libby sentada no chão do closet, encolhida, com os braços abraçando as pernas e a cabeça afundada entre os joelhos dobrados.

Ficou ainda mais claro que a presença de Dexter não era um problema quando, ao invés de se esquivar dele, Libby tombou o corpo de lado e se aninhou junto ao peito do rapaz logo depois que ele se sentou no chão, ao lado dela. E cada uma das palavras escolhidas por Bloomfield mostrava o quanto a garota se sentia arrasada e envergonhada por aquele “fracasso”.

- Eu não menti quando disse que estava pronta. O problema foi a fase de preparação. Normalmente eu só preciso de alguns dias de pesquisa e de estudo pra dominar um novo assunto, mas dessa vez eu falhei. Eu fiz tudo o que podia fazer, eu tentei pensar em todos os detalhes pra que fosse uma noite perfeita. Mas não existe nenhum roteiro, artigo ou trabalho científico que me ensine a ser boa nesse tipo de coisa. Eu juro que tentei, Dex, mas tudo o que eu consegui foi me sentir ridícula e completamente despreparada. Eu não sei o que fazer, não sou boa nisso. Vai ser horrível, você vai odiar e eu não quero te decepcionar.

O desabafo de Liberty era bastante esclarecedor. Além da garota deixar bem clara a sua necessidade patológica e desesperada de ser a melhor e se destacar em tudo, Libby indiretamente também acabou confessando que a sua maior insegurança naquela noite era não ser boa o bastante para satisfazer um rapaz como Dexter. Normalmente Liberty não se importava tanto com a opinião das outras pessoas, mas estar tão apaixonada a deixava vulnerável. Thompson agora ocupava um lugar tão especial na vida dela que Libby surtava com a ideia de que o rapaz poderia se afastar ou desistir daquele romance se ela não tivesse um desempenho favorável como namorada.
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Mensagem por Emily Sinclair Qui Abr 04, 2024 5:45 pm

Hunter e Emily já estavam juntos por tempo suficiente para que o rapaz percebesse que o namoro ao lado dela não seria algo tedioso e previsível. Emy era uma garota romântica, gostava de atenção, de carinho e de um relacionamento estável, mas ela não era o tipo de menininha que, só porque estava namorando, achava que a diversão e a emoção não deveriam mais fazer parte da sua rotina.

Ao lado de Chad Clifford, Sinclair tinha vivido muitos momentos divertidos, apesar das brigas. Emily não era nenhuma santinha e gostava de viver algumas pequenas aventuras. Não tinham sido poucas as vezes em que ela e Chad tinham ultrapassado alguns limites no banco traseiro do carro, ou que fugiam da parte animada de alguma festinha para procurar mais privacidade em um quarto e até mesmo que se atreviam a deixar os amassos bem quentes atrás do Pat's. Mas nunca, em nenhuma ocasião, Emily tinha ido tão longe como estava se permitindo naquela noite, ao lado de Timmons.

Não era apenas um local público, não era só a propriedade da MMU, onde estaria lotado de alunos no dia seguinte. A quadra de basquete era uma área completamente aberta, e mesmo no escuro, Emily se sentia completamente exposta. Havia tantos pontos possíveis dando brechas para algum curioso que só tornava aquilo uma loucura maior ainda. Qualquer um teria acesso a sacar uma câmera de celular e gravar os ruídos que ecoavam na penumbra.

Transar no meio da quadra de basquete era o tipo de coisa que Emily Sinclair jamais faria. Se algumas semanas antes alguém lhe dissesse que ela protagonizaria aquela ceninha, Emy afirmaria que a pessoa estava completamente insana. Mas quem realmente parecia ter perdido a sanidade era ela.

Emy não era a garota mais certinha ou puritana de Colchester, mas desde que seu coração tinha se entregado para Hunter Timmons, as coisas estavam saindo do controle e ela nem se dava conta disso. A única coisa que Emily podia afirmar era que ela se sentia perdidamente apaixonada por Hunter, que aquele sentimento inundava toda a sua corrente sanguínea como um anestésico e um estimulante ao mesmo tempo. Sua mente parecia turva, incapaz de raciocinar com clareza, para que apenas a impulsividade contaminada por Timmons assumisse o controle.

Emily e Chad tinham namorado por um ano e a garota nunca tinha sequer cogitado fazer uma tatuagem ou nada tão definitivo para se lembrar dele ou do relacionamento dos dois, mas com poucos dias ao lado de Hunter e ela já trazia na pele uma marca daquele sentimento arrebatador.

Naquela noite, mais uma vez Emily parecia estar sendo contagiada pelo “efeito Timmons”, porque não existia outra explicação para que ela se deixasse levar daquela maneira. A Emily que conseguisse ter o mínimo de poder racional saberia que aquilo era uma loucura, que era absurdamente arriscado e que qualquer garota inteligente seria capaz de recuar. Mas entorpecida pelos seus sentimentos, Sinclair não resistiu.

Não era como se Hunter estivesse forçando a garota a fazer qualquer coisa. Quando as peças de roupas começaram a ser retiradas, o desejo de Emily era tão intenso que era óbvio o quanto ela queria seguir adiante. E quando o medo foi colocado em segundo plano, Sinclair apenas aproveitou a melhor parte daquele momento, da adrenalina, da excitação. Era assustador e maravilhoso se entregar de corpo e alma daquela maneira.

Os arrepios pela sua pele, os suspiros, a maneira como Emily tombava a cabeça para trás ou que suas mãos se agarravam aos cabelos de Hunter. Cada pequeno ou grande gesto da menina eram claros sinais do quão envolvida ela estava. E se a penumbra da quadra já seria suficiente para que ela não notasse a chegada de outra pessoa, era óbio que Sinclair estava tão concentrada em Timmons e nas sensações do seu corpo que nem cogitou um flagrante.

Só havia um motivo para que Emily se entregasse daquela maneira a alguém. Ela confiava em Hunter. Talvez não fosse uma atitude muito inteligente confiar em um cara com a reputação de Timmons, mas Sinclair estava tão apaixonada que era incapaz de tomar qualquer decisão com base na razão. Por ter certeza que os sentimentos dele eram verdadeiros, Emy não era capaz de imaginar que o namorado estivesse aplicando um golpe tão baixo e tão sujo contra Clifford e que, no final, ela fosse apenas uma peça naquele jogo.

Com o corpo em chamas, Emy já tinha conseguido superar aquele medo de exposição e se concentrar apenas em Hunter. Seus olhos estavam fechados com força e suas mãos mergulhavam nos cabelos dele enquanto mantinha o ritmo do seu quadril, com os suspiros e os pequenos gemidos ecoando por toda a quadra. Quando Timmons fez aquele pedido, sem nem desconfiar que era a última cartada na sua vingança contra Clifford, Sinclair respondeu com toda a intensidade e sinceridade do momento.

- Eu amo você. Eu amo você demais, Tim. - As bochechas de Emily já estavam coradas e ela arfava quando inclinou um pouco o tronco para trás, procurando o olhar de Hunter. E seu sorriso inebriado se misturava com aquele olhar apaixonado e sedento antes de fazer aquela declaração. - Você quer ouvir que me tem nas mãos? Porque eu sou todinha sua. Só sua, para sempre.

Entregue ao momento, Emily não tinha notado a chegada de Chad, nem escutado os passos ecoando pela quadra. Mas foi impossível ignorar quando as fortes luzes iluminaram todo o espaço. Assustada e desnorteada, Emy ainda precisou piscar algumas vezes para que seus olhos se adaptassem diante de tanta claridade. O susto fez com que ela soltasse um gritinho engasgado e involuntariamente seus braços rodearam o próprio corpo, tentando se esconder de quem quer que fosse.

Um segundo atrás, a garota estava envolvida, excitada e entregue. Mas as luzes dos refletores fez com que todas aquelas sensações maravilhosas desaparecessem em um estalar de dedos. Ainda tentando descobrir o que estava acontecendo ou quem tinha ligado as luzes, a voz de Chad ecoou antes que seu olhar o encontrasse.

- EMILY??? TIMMONS??? Mas que porra é essa??? Isso é algum tipo de brincadeira? Porque vocês dois só podem estar de sacanagem!

Na quadra vazia, os gritos de Chad ecoavam com ainda mais potência enquanto ele caminhava dos fundos onde ficavam os interruptores até voltar para perto do casalzinho. Mesmo que já tivesse reconhecido a voz do ex-namorado, Emily sentiu seu corpo inteiro congelando quando seu olhar finalmente se prendeu nele. O rosto de Clifford estava contorcido em horror, mágoa e raiva, mas seus olhos azuis ainda pareciam implorar por uma pontada de incredulidade.

- Ai meu Deus!

A voz de Emy soou chorosa quando ela tateou o chão procurando suas roupas. Apressada, a blusinha acabou ficando do avesso, mas ao menos fez o seu trabalho em esconder o tronco dela. Se antes o rostinho de Sinclair estava vermelho por causa do esforço físico, agora o rubor que se espalhava até alcançar seu pescoço era puramente por vergonha e constrangimento. Ela foi incapaz de olhar novamente na direção de Chad enquanto terminava de se vestir, enquanto Hunter também enfiava a calça pelas pernas.

De todas as pessoas que poderiam estar naquele flagrante, o destino parecia ter escolhido logo a pior opção. E claro que naquele momento tão tumultuado, Emy nem questionou o tamanho da “coincidência” que era que seu ex-namorado surgisse ali logo enquanto ela cedia aos desejos de Hunter.

- Chad! O que você está fazendo aqui?

Emily era uma garota vaidosa, que gostava de estar sempre bem arrumada, maquiada e com os cabelos perfeitamente alinhados. Como já tinha vivido muitos momentos de intimidade ao lado dela, Chad sabia muito bem como os lábios dela ficavam vermelhos depois de tantos beijos e sempre dizia que adorava bagunçar os cabelos ruivos com as suas mãos. Mas a imagem de uma Emy completamente desorganizada depois de ser flagrada transando com Hunter era algo que Clifford não estava preparado para lidar.

- O QUE EU ESTOU FAZENDO AQUI? É sério??? O que VOCÊS estão fazendo aqui???

Os olhos de Emily se estreitaram e mesmo tão envergonhada, ela conseguiu parecer ameaçadora quando Hunter resmungou que era óbvio o que eles estavam fazendo e que se Clifford não sabia, era porque já deveria ter se esquecido como aquele tipo de coisa acontecia. Para evitar que a situação já altamente dramática piorasse, Emy pigarreou enquanto passava as mãos nos cabelos.

- Será que você pode ao menos parar de gritar? A gente pode conversar civilizadamente.

- Aaaah é? E como exatamente vocês dois pretendem fazer isso? Por um instante achei que estivesse diante de uma cadela no cio fundida a um vira-lata pulguento!

Havia um motivo para Emily ter se apaixonado por Chad no passado. Além do seu rostinho angelical, dos cachos loiros e dos lindos olhos azuis, Clifford sabia ser um namorado romântico e carinhoso que a tratava muito bem. Mas bastava que uma briga surgisse para que a imaturidade dele falasse mais alto. Quando os dois discutiam, era comum que ambos perdessem a linha e falassem grosserias que acabassem se arrependendo depois. Mesmo assim, Emy não se lembrava de já ter sido chamada de “cadela no cio” antes e o choque fez com que ela perdesse a voz por um instante. A única cosia que a obrigou a reagir rápido foi o risco de Timmons se atracar com o outro rapaz.

- JÁ CHEGA! - Emily rosnou, e era muito difícil encontrar toda aquela força enquanto se sentia tão envergonhada e constrangida. - Eu sinto muito que você tenha visto isso, Chad. Não era a nossa intenção, o Hunter e eu...

- Não era a intenção de vocês dois serem flagrados por ninguém, por isso escolheram trepar bem no meio da quadra? Gênios! - Chad até estava fazendo um esforço para soar superior e apenas furioso, mas Emily o conhecia bem o bastante para notar pelos olhos azuis o quanto ele estava machucado. - E que porra é essa, Emily??? Foi por causa desse merda que você não quis voltar comigo? É sério que me trocou POR ISSO? Por um cara que nem te respeita? Ou essa palhaçada já estava acontecendo há mais tempo?

Emily tinha perdido a conta de quantas vezes Clifford tinha achado que estava sendo traído. Durante o namoro, ela já tinha flagrado o rapaz revirando seu celular, surtando por causa de comentários de outros caras nas redes sociais ou lhe acusado de estar dando abertura para alguém quando ela só estava sendo simpática. E mesmo com tudo aquilo, Emy jamais tinha sido infiel.

- É claro que não, Chad! Não começa!

- Aaaaaah, mas eu aposto que estava! E você, seu grande merda, filho da puta! Com toda aquela viadagem de que eu roubei o seu lugar no time, enquanto você tava comendo a MINHA garota? É sério, Timmons??? Eu sempre soube que você era um escroto, arrombado e cheio de problemas, mas não imaginei que você fosse um traidor capaz de uma punhalada nas costas!

- Quer parar, Chad??? Ninguém aqui traiu você, eu não sou a SUA garota! Nós dois já não estávamos mais juntos quando eu e o Hunter nos aproximamos. E nós dois íamos te contar, eu só queria que fosse no melhor momento!

- Me contar o que? - Chad ainda bufava como um touro raivoso quando seu olhar passou de Emily para Hunter, e ele levou alguns longos segundos para entender. - O que? Vocês dois? Vocês estão juntos?

Mesmo com as declarações de amor que Chad tinha acabado de escutar, a ideia de que Hunter e Emily formassem um casal de verdade era tão surreal que ele ainda não conseguia acreditar. E depois de uma demorada pausa, o rapaz tombou a cabeça para trás em uma gargalhada escandalosa.

- Puta que pariu, Emily! Você caiu mesmo na conversa desse filho da puta? Ele só queria transar com você! Desde quando o Timmons fica com alguma garota pra valer? E desde quando você se interessa por merdinhas como ele? Sério! Você sempre teve um gosto refinado demais para aturar um lixo desses! O que foi? É algum tipo de caridade? Ou um projeto social para ajudar deficientes?
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Mensagem por Hunter Timmons Qui Abr 04, 2024 9:01 pm

Na época do namoro com Emily, Chad era tão discreto, respeitoso e reservado que ele evitava compartilhar detalhes da sua relação com a namorada até com os amigos mais próximos. Então era mesmo uma grande crueldade de Hunter obrigar Clifford a se tornar um espectador do novo relacionamento de Sinclair. Aquela imagem chocante provavelmente ficaria marcada para sempre na memória de Chad e era a maneira mais terrível possível de descobrir que a garota que ele ainda amava estava apaixonada por outro rapaz.

Aquele era um tipo de intimidade que só dizia respeito ao casal. Era um momento de desejo e paixão, mas que também refletia a sintonia, o companheirismo e a confiança que existiam entre duas pessoas. No caso de Emily e Hunter, que já tinham trocado juras de amor e estavam agora em um relacionamento sério, uma relação sexual ia muito além de um instinto ou uma aventura. Ao se entregarem nos braços um do outro, o casalzinho estava selando também a parceria, a cumplicidade e o afeto que nascia entre os dois. Era um momento especial para eles e, portanto, um terceiro indivíduo simplesmente não se encaixava naquela cena.

Qualquer pessoa ficaria muito constrangida com um flagrante como aquele. Mesmo se Chad não fosse o ex-namorado de Emily e um amigo de infância de Hunter, mesmo se o recém-chegado fosse um mero desconhecido, ainda assim seria uma situação muito embaraçosa para os dois jovens flagrados no meio de um momento tão íntimo, especial e particular.

A postura tensa, agitada e envergonhada de Sinclair refletia a maneira como qualquer pessoa normal reagiria naquela situação delicada. Mas um bom observador perceberia facilmente que Timmons não parecia compartilhar o mesmo constrangimento ou o arrependimento demonstrados pela namorada.

O semblante de Hunter não refletia surpresa, vergonha ou culpa. E também era estranho que Timmons não estivesse bufando de raiva ou tentando se atracar com Clifford depois de ouvir tantas ofensas e acusações. Enquanto assistia a discussão acalorada entre Chad e Emily, Hunter teve que usar todas as suas forças para manter uma expressão impassível e para conter a risada vitoriosa que queria explodir de dentro dele. Mas o brilho nas íris cor de avelã e o sorriso que insistia em brincar nos lábios dele denunciava que por dentro Hunter estava se divertindo com a situação.

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Diferente de Emily, Timmons não teve a menor pressa para se vestir ou para se recompor. O rapaz só puxou as calças para cima porque seria difícil se levantar do chão com a peça embolada em seus tornozelos. Mas a camiseta preta continuou jogada no piso da quadra, deixando o restante do tronco do rapaz completamente exposto.

Mesmo depois de mais de um ano afastado das quadras de basquete, Hunter ainda exibia um físico invejável. Os músculos nos braços dele eram bem torneados, a barriga continuava reta e o peitoral forte. Timmons podia até não ter o tanquinho invejável de Dexter, mas o rapaz definitivamente não tinha motivos para se envergonhar ou se esconder. E também era verdade que Hunter só não tinha vestido a camiseta para que Chad tivesse mais tempo para notar os arranhões que as unhas compridas de Sinclair tinham deixado nos ombros e no peito dele, em mais um sinal óbvio do quanto a menina estava sedenta e excitada até alguns minutos atrás.

Sem nenhum pudor ou constrangimento, Hunter cruzou os braços diante do peito exposto enquanto assistia o discurso inflamado de Clifford. E para alguém tão explosivo, foi estranho quando Timmons não voou na direção do outro rapaz e não iniciou uma briga violenta depois de ouvir tantas ofensas graves.

Se Hunter realmente tivesse sido pego de surpresa com aquele flagrante, ele provavelmente já teria reagido de forma impulsiva e explodido com todos aqueles insultos proferidos por Chad. Mas como Timmons já sabia que o amigo apareceria na quadra naquela noite e ele já esperava receber uma chuva de ofensas e acusações, foi muito mais fácil se controlar e agir com uma maturidade que o fazia parecer ainda mais superior ao rival.

- Eu ouvi bem? Você me chamou de deficiente? É sério que você vai descer até a esse nível, Clifford? Eu já imaginava que você teria dificuldade para aceitar o nosso namoro, mas não precisa ser tão baixo. Ou melhor, faça o que achar melhor. Isso só prova que eu estava certo sobre você e sobre o seu caráter.

- NAMORO??? E DESDE QUANDO VOCÊ NAMORA, TIMMONS!? – mesmo depois da gargalhada sumir, uma risada de escárnio continuava presa no rosto de Chad – Foi essa a palavra que você usou pra convencer a Emily a abrir as pernas pra você??? Deixa de ser otária, Emily! Até parece que você não conhece esse cara! É o Hunter Timmons, lembra dele? Estamos falando do mesmo filho da puta que não respeita ninguém e trata as meninas como vadias!

- Falou o cara que acabou de comparar a ex-namorada com uma cadela no cio...

Hunter enxergava a situação de forma tão fria e calculista que ele foi capaz de raciocinar rápido e usar o erro de Chad contra o outro rapaz. Sem argumentos diante daquela alfinetada certeira, Clifford assumiu um ar mais sério e gaguejou por alguns segundos até conseguir recuperar a firmeza na voz.

- Eu não faço ideia do tipo de lavagem cerebral que esse escroto fez em você, Emily! – os olhos de Clifford estavam arregalados quando ele encarou a ex-namorada com uma expressão agitada – Mas você precisa acordar pra realidade! Ele é só um merda que está se divertindo com você! Depois que ele se cansar disso, ele vai te descartar como faz com todas as outras! É isso que o Timmons faz! Ele só se aproxima das garotas pra se divertir, pra conseguir uma transa! Na verdade eu estou até surpreso por ele ter demorado tanto tempo para ir atrás de você! Antes eu achava que ele só fosse um bom amigo e estivesse honrando o nosso acordo e respeitando a nossa lista, mas agora...

Clifford se calou abruptamente quando uma última peça solta se encaixou naquele quebra-cabeça bizarro. Se Hunter era mesmo tão desonesto e desrespeitoso, o mais óbvio era pensar que Timmons já teria tentado seduzir Emily há mais tempo. Além de ser uma das garotas mais bonitas de Colchester, Sinclair era bastante popular e desejada na MMU, era o tipo de menina com quem Hunter gostava de se divertir. Era muito estranho que Timmons só tivesse cruzado aquela barreira agora e Chad só precisou de mais alguns segundos para entender o que estava havendo ali.

- Puta que o pariu! Foi de propósito! Você planejou essa merda toda! – os olhos azuis do rapaz estavam estreitados quando cravaram em Hunter – Realmente não é só diversão pra você, não é, Timmons??? ISSO É A PORRA DE UMA VINGANÇA!

Chad e Dexter talvez fossem as pessoas que melhor conheciam Hunter em todo o mundo. Além de uma amizade que se alongava desde a infância, até alguns meses atrás os três eram unidos e inseparáveis. E no papel de um amigo tão próximo de Timmons, Clifford conhecia muito bem os piores defeitos do outro rapaz. Portanto, Chad sabia que Hunter era frio, manipulador, impulsivo, rancoroso e cruel ao ponto de orquestrar um plano de vingança sujo como aquele.

Dois segundos do mais absoluto silêncio antecederam a risada sarcástica e exagerada que ecoou pela quadra. A reação debochada de Hunter inicialmente passou a impressão de que Chad estava certo e que o outro rapaz confessaria que tudo aquilo era uma grande vingança, uma retaliação depois de ter perdido o seu lugar no time de basquete. Mas, ao invés disso (e para alívio de Emily), o discurso de Timmons seguiu em outra direção.

- Você está se ouvindo, Clifford? Que merda é essa!? Deixa de ser ridículo, cara! Eu acabei de dizer que a Emy e eu estamos namorando, que é um lance sério. Você tem que ser muito egocêntrico pra achar que tudo gira ao seu redor, seu babaca. A Emily e eu nos amamos e você não tem nada a ver com isso. Aliás, nós nos amamos APESAR da sua existência.

- Emily... – Chad parecia ainda mais desesperado quando deu um passo na direção de Sinclair e a encarou sem nem mesmo piscar – Acredite em mim, Emy! Você TEM que acreditar em mim! Eu conheço ele melhor do que você! O Tim NUNCA te notou antes, nunca pareceu nem minimamente interessado em você! Você não acha estranho que ele tenha se apaixonado perdidamente por alguém, pela PRIMEIRA VEZ NA VIDA, logo depois que eu fiquei com a vaga de capitão!? Não acha que é coincidência demais que esse “milagre” tenha acontecido justo com você, justo neste momento??? É ÓBVIO QUE ELE SÓ ESTÁ TE USANDO PRA SE VINGAR DE MIM, EMILY, ABRA OS SEUS OLHOS!!!

- Se isso fosse verdade, agora eu não teria mais motivos pra ficar com você, ruivinha. – ainda com uma calma desproporcional à tensão da cena, Hunter também ignorou o outro rapaz e se dirigiu diretamente à namorada – Nós já transamos, você está apaixonada por mim e o otário do seu ex-namorado acabou de descobrir que levou uma rasteira. E de um deficiente, hein? – depois daquela breve alfinetada, Hunter assumiu um ar mais sério ao concluir a sua declaração – Mas eu ainda digo que te amo, que você foi a melhor coisa que já me aconteceu e que eu quero você pra mim pelo resto das nossas vidas. Você estava lá quando tudo aconteceu, quando nos apaixonamos, quando nós selamos uma promessa e nos comprometemos um com o outro. Acha mesmo que eu estava mentindo, Emily?

Com os dois rapazes a encarando fixamente e esperando por uma resposta dela, Emily se veria completamente encurralada. E ninguém condenaria Sinclair caso a garota ficasse perdida e indecisa, até porque ela estava diante de duas pessoas que falavam a verdade. Chad tinha razão ao acusar o amigo de ter usado Emily num plano de vingança nojento para atingi-lo. Mas Timmons também estava sendo totalmente sincero ao dizer que amava Emily de verdade e que queria que os dois continuassem juntos para sempre.
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Mensagem por Dexter Thompson Sex Abr 05, 2024 6:03 pm

Com a testa franzida, Dexter já tinha olhado toda a decoração da sala das Sinclair enquanto caminhava de um lado para o outro. De braços cruzados, ele lançava vez ou outra um olhar na direção do teto, se perguntando intimamente se Liberty estava pronta, se ele deveria subir ou continuar até ter a autorização da garota.

Assim como tinha acontecido antes de sair de casa, a mente de Dex trabalhava para tentar descobrir a melhor maneira de lidar com aquela noite, qual era a dosagem certa entre respeitar aquela mania de controle de Libby ou de tentar assumir ele próprio as rédeas da situação.

Embora não fosse um cara que costumava tomar a iniciativa com uma garota e que normalmente tinha todas elas disponíveis como bibelôs em uma prateleira, esperando para serem escolhidas por ele, Thompson nunca tivera nenhuma dificuldade para estar com uma garota. Ele não precisava dar o primeiro passo, mas quando as coisas já estavam acontecendo, Dexter era atencioso, espontâneo, divertido e sabia como ninguém conduzir uma noite divertida, quente e especial.

Mas Liberty Bloomfield não era qualquer garota, e se ver tão travado, tão ansioso e indeciso estava deixando Dexter ainda mais inquieto e com medo de arruinar tudo. Foi como um menininho obediente que Thompson continuou na sala tentando matar o tempo, remexendo em algumas revistas sobre a mesinha ou analisando os porta-retratos espalhados. Só que o tempo passando e o silêncio de Libby soaram como um alerta dentro da sua cabeça.

Ainda havia uma pequena dose de medo dentro dele quando Dexter se deixou levar pelo próprio instinto e subiu as escadas até o segundo andar. Mesmo correndo o risco de ser expulso por Libby, de escutar ameaças e gritos de que ele estava arruinando os planos dela, o rapaz entrou no quarto. E no instante em que percebeu o estado dela, seu coração se apertou de arrependimento por não ter visto antes o quão fragilizada Bloomfield estava, o quão pressionada e preocupada ela se sentia com aquela noite.

Quando chegou na casa das Sinclair naquela noite, Dexter não escondeu a admiração diante da imagem de Libby usando uma camisola tão sexy. Mas o rapaz não estava com ela só porque a achava linda e atraente. Os sentimentos de Dex eram sinceros e isso ficou provado pelo seu semblante preocupado ao ver Liberty no chão do closet. Qualquer adolescente se sentiria irritado ou frustrado por ver a expectativa de uma transa evaporando para que ele cuidasse de uma garotinha insegura, mas definitivamente não era isso que Dexter demonstrava quando se abaixou e puxou Libby contra o seu peito.

- Hey... O que é isso? Do que você está falando, Libby? Por que acha que falhou?

Dexter podia te um cronograma bem rígido com seus treinos e seguir fielmente a sua dieta durante a temporada de jogos, mas quando se tratava da sua vida social, ele não costumava palmejar nenhum detalhe. Bastava algumas mensagens para que ele se reunisse com seus amigos, que fizessem algo divertido ou que acabasse a noite com uma bela garota nos braços, então ver aquele traço tão marcante da personalidade de Liberty ainda era algo que ele estava aprendendo a lidar.

- Eu não vou embora. Nós dois combinamos de passar a noite juntos e eu vou ficar bem aqui, com você.

Uma das mãos de Dex procurou a lateral do rostinho de Liberty e ele tombou sua cabeça para o lado até que os dois pudessem se encarar. E havia tanta ternura no olhar de Thompson que suas palavras não soavam como um rapaz exigente dizendo que Libby iria até o fim com a promessa daquela transa. O que Dexter realmente estava dizendo era que ele não iria embora e deixaria a namorada em um momento tão frágil, sozinha.

- Nós não precisamos fazer nada, Libby. Se você não está segura com isso, nós não precisamos ir adiante. Mas eu vou ficar bem aqui. Nós podemos assistir um filme e pedir alguma coisa para comer. Podemos até estudar, se isso for te animar! Eu só vim aqui para ficar com você, e é isso que eu vou fazer, señorita.

Como os dois estavam abraçados no chão, Dexter só precisou se inclinar um pouco até depositar um beijo demorado na testa de Liberty. Sentindo a garota ainda amuada, ele a puxou para o seu colo, de modo que eles ficassem frente a frente, com as pernas de Bloomfield nas laterais do corpo de Dex. Em um gesto atencioso, Dex afagou os cabelos castanhos e brincou com as pontas mais curtas que emolduravam o rostinho dela enquanto assumia um ar mais sério, mas igualmente carinhoso na escolha das suas palavras.

- Você nunca precisou de um roteiro, artigo ou trabalho científico para fazer com que eu me apaixonasse por você. Porque não é assim que a vida funciona, Libby. Tá, pode ser bem prático para a maioria dos assuntos, para os seus objetivos, para uma faculdade e tantas coisas desse tipo. Mas a vida não pode ser milimetricamente planejada e estudada sempre. E isso não é uma coisa ruim, sabia? Aliás, a graça está exatamente em ser surpreendido.

Enquanto falava, os dedos de Dexter brincavam com os cabelos de Liberty, ou buscavam as bochechas dela, ou o contorno do seu queixo para carícias suaves. O olhar de Thompson deslizou brevemente pelo corpo colado ao seu, e apesar do calor que sempre surgia quando ele a encontrava vestindo sua camisa, Dex se manteve concentrado naquela conversa.

- Você pode planejar um dia incrível na praia e a previsão do tempo errar feio. Isso significa que o seu dia está arruinado? Ou você pode inventar uma dança na chuva, ou tomar chocolate quente e virar a noite com jogos de tabuleiros e os amigos. E você pode planejar uma viagem incrível, nos mínimos detalhes... Mas no caminho até o aeroporto, torcer o pé e estragar tudo. E aí, quando você vai ao médico, acaba esbarrando com um velho amigo ou com o amor da sua vida. Tem tantas coisas que podem e devem ser planejadas, mas você não pode achar que isso é tudo. Tem MUITO mais coisa incrível para acontecer que pode te surpreender.

Quando se mudou para Colchester, Liberty tinha toda a sua vida milimetricamente planejada. Até conhecer Dexter Thompson e se apaixonar por um quarterback. E Libby também não tinha precisado estudar ou se esforçar para fazer com que Dexter a amasse.

- Vem comigo...

De mãos dadas, os dois se colocaram de pé e Thompson a puxou até a janela. A noite estava bonita, sem muitas nuvens no céu e com uma lua cheia que se refletia no lago que ficava nos fundos da casa. Abraçando Libby por trás, Dex alcançou o trinco da janela e abriu o vidro, deixando o vento fresco e suave soprar os cabelos dela para trás.

- Feche os olhos e respire fundo. - Ele sussurrou perto do ouvido dela, e ficou atento até que Liberty obedecesse. - Está sentindo?

Como ele a abraçava por trás, Dex deslizou os dedos pelos braços de Libby de forma bem suave, conseguindo sentir os pelinhos que se arrepiavam. O vento era fraco, mas refrescante e gostoso. Algo que, naquela noite, Bloomfield não tinha planejado sentir ou vivenciar. Era um detalhe bobo, mas a vista linda do lago e aquele contato com a natureza era uma das coisas que Dexter sempre elogiava sobre a cidade.

- Existem cosias que a gente não precisa planejar, e ainda assim são maravilhosas.

Sentindo Liberty mais relaxada nos seus braços, ele virou a menina até que eles pudessem se encarar de frente. O sorriso de Dexter era mais amplo ao ver que ela já não estava tão ansiosa ou nervosa, mas nem por isso passou pela sua cabeça voltar a insistir no plano inicial daquela noite.

- Nós não precisamos fazer nada hoje, Libby. Mas quando acontecer, se acontecer, não existe a menor possibilidade de ser ruim. Você nunca poderia me decepcionar, porque eu te amo e não existe ninguém que possa ser mais especial ou incrível do que você.

Segurando o rostinho dela com as duas mãos, Dexter procurou pelos lábios de Liberty para um beijo mais carinhoso. Uma das suas mãos desceu até conseguir enlaçá-la pela cintura enquanto os lábios se procuravam, dançando em um ritmo lento e carinhoso. Quando as mãos dela alcançaram seus cabelos e as unhas arranharam de leve sua nuca, um arrepio mais potente se espalhou pelo corpo de Dex, mas o rapaz ainda estava disposto a respeitar a decisão dela e não deixar as coisas irem longe demais.

- Nós podemos assistir aquela série que você gosta. Sabia que eu assisti o episódio piloto no outro dia e o cara fez a MESMA piadinha que você, sobre como o Windows 98 travava? Aquele “pam-pam-pam-paaam”. - Dex cantarolou no mesmo ritmo do personagem, de um jeitinho engraçado, mas logo sacudiu a cabeça. - E eu continuo sem entender o que isso significa.

Segurando uma das mãos de Liberty, Dexter foi até o computador da garota na intenção de procurar a série para que eles assistissem juntos. Como o notebook velho só funcionava ligado na tomada, Dex preparou tudo e o apoiou sobre a cadeira bem diante da cama, e foi com imenso carinho e aquele olhar gentil que ele puxou Libby para que os dois deitassem juntos, com as cabeças voltadas na direção do pé da cama.

Uma das mãos de Dex se entrelaçou aos dedinhos de Liberty e ele parecia sinceramente concentrado na abertura da série e nos primeiros minutos da cena até perceber que estava sendo observado. Ao se virar para o lado, seu sorriso doce se tornou mais amplo.

- O que foi? Tem alguma coisa no meu nariz? Porque eu fiz o discurso do ano, eu me odiaria parecer um palhaço agora! - Seu olhar voltou a deslizar rapidamente pelo corpo de Libby, e como a menina já parecia mais relaxada, ele se arriscou naquela brincadeirinha maliciosa. - Especialmente do lado de uma gata dessas... Sério, pode queimar aquela camisola. Eu ainda acho que a visão mais sexy da minha vida é você usando essa camisa.

Sempre que os dois estavam sozinhos, Dexter não poupava elogios mais diretos ou ousados, então era óbvio que ele não estava falando nada daquilo com a intenção de fazer Libby mudar de ideia ou de se sentir mais confiante. Mas era toda aquela naturalidade de Thompson que estava despertando exatamente esse efeito sobre ela.

Dex não a pressionava, mas ele também deixava claro que Libby o afetava de todas as maneiras. Que ela era linda e que seu corpo a desejava, mas que ele também a amava e estaria ao seu lado em todos os momentos. Dexter não se importava com o seu histórico ou com as garotas que já tinham passado na sua vida quando era tão óbvio que Bloomfield era especial, a única que realmente fazia diferença.

Quando Liberty se inclinou para beijá-lo, Dexter correspondeu prontamente. Mas ele percebeu que havia algo de diferente naquele novo beijo quando a menina deslizou pelo colchão até se aproximar mais, afundando as mãos nos seus cachos. Um pouco surpreso e confuso, Dex chegou a inclinar a cabeça para trás para se certificar de que Libby não estava se sentindo pressionada ou insegura, e só então se deixou aprofundar aquela carícia.

Como eles estavam deitados lado a lado, Dexter só precisou esticar um braço para envolver a cintura de Liberty e puxá-la até que ela estivesse posicionada sob o seu corpo. Deitado sobre ela, o beijo conseguiu se tornar ainda mais íntimo e quente quando as línguas se encontraram, e a onda de calor que se espalhou pelo corpo de Thompson o obrigou a apertar a cintura dela com ainda mais desejo.

Os dedos de Dexter deslizavam pela lateral do corpo de Liberty, fazendo o tecido da camisa subir um pouco. E quando as mãos dela agarraram a camisa que ele vestia, tentando se livrar daquele tecido, Thompson deixou que a peça fosse arrancada pela sua cabeça. Mas antes que o beijo fosse retomado, ele a encarou com intensidade. Os olhos castanhos refletiam todo o fogo que dominava seu corpo e a voz rouca era um indício de que Dex estava completamente envolvido, mas ele ainda conseguiu um fio de racionalidade quando fez aquela pergunta.

- Você tem certeza...?

Aquilo provavelmente não estava no roteiro ou no planejamento de Liberty, mas a garota parecia estar domada pelo mesmo instinto e desejo que ele quando concordou, mordendo o lábio inferior e arfando. Os braços de Dexter rapidamente a envolveram pelo tronco, colando os dois corpos enquanto ele retomava o beijo, e o corpinho de Libby foi erguido do colchão enquanto ele a trazia para apoiar a cabeça sobre o travesseiro.

O desejo que Liberty despertava nele sempre tinha sido maior do que qualquer outra garota. Não importava se Bloomfield não era o “padrão” de uma líder de torcida, o que Dex enxergava nela ia muito além das curvas óbvias ou de maquiagens exageradas. Diferente da maioria das garotas da MMU, Libby não precisava se esforçar para ser tão linda. Ela era perfeita, inteligente, divertida e sexy. O pacote completo, e Dex se sentia o cara mais sortudo do mundo por tê-la em seus braços.

Apesar do sangue fervendo em desejo, Dexter não foi afobado e nem apressado. Seu corpo gritava, implorando por mais, mas ele foi cauteloso enquanto descia com uma trilha de beijos pelo pescoço dela, ou com as mãos procurando brechas sob a camisa esportiva. Foi adorável quando Thompson perguntou ao menos mais duas vezes se ela tinha certeza e Liberty já soava até um pouco impaciente quando ele sorriu, se calando satisfeito.

Com o olhar atento nela, procurando qualquer sinal de desconforto, Dexter desceu com os beijos sobre o tecido da camisa, e ele ainda sustentou aquele contato visual quando se encaixou entre as pernas dela. Foi de propósito que Thompson arranhou de leve a pele macia das coxas de Liberty enquanto tirava a calcinha dela, e ele fez questão que ela ainda usasse sua camisa de futebol quando deu início a carícia mais íntima com a sua língua.

As mãos de Liberty afundando nos seus cabelos, os gemidos que ecoavam pelo quarto e principalmente a forma com que ela contorcia o corpo mostravam que a menina tinha se esquecido de todo o planejamento e se entregado pro inteiro as ondas de prazer. E Dex estava hipnotizado pelo semblante derretido dela quando voltou a se posicionar acima da menina.

- Retiro o que disse... ESSA sim é a visão mais sexy que eu já tive.

O famoso tanquinho de Dexter Thompson era um assunto recorrente pelos corredores da MMU. Mas naquela noite Liberty teve a oportunidade de tocá-lo, beijá-lo, mordê-lo e arranhá-lo quantas vezes desejou. As roupas se espalhavam pelo quarto e Dex demorou até o último minuto para se livrar da camisa que ela vestia.

Mesmo depois que o corpinho de Libby ficou exposto aos seus olhos, o olhar de admiração de Dexter ainda estava lá, até mesmo mais forte. As suas mãos deslizaram pelas curvas dela, e mais uma vez ele estava atento a reação do rostinho de Bloomfield quando tocou os seios, abocanhando um dos mamilos.

A boca de Thompson chegou a se abrir para perguntar se ela realmente tinha certeza, mas o olhar de desejo e urgência da menina respondeu por si só. Se até aquele momento Dexter vinha alimentando o desejo dela, sem deixar de ser cuidadoso ou carinhoso, ele foi ainda mais gentil quando procurou pelos encaixes dos corpos. Com cuidado, estudando cada mínima reação dela, Dex parava sempre que surgia algum sinal de desconforto, e foi com paciência que ele procurava por novos beijos, fazendo a mente de Libby se desligar da realidade para se entregar apenas a ele. Assim como ele se entregava por completo a ela.

- Eu amo você, Libby. Eu amo você, só você.... Eu quero você para sempre.
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Mensagem por Emily Sinclair Sex Abr 05, 2024 7:20 pm

Emily Sinclair tinha acabado de viver uma experiência bastante traumática, escandalosa e constrangedora. Além de ter sido flagrada pelo seu ex-namorado em um momento íntimo com o seu novo namorado que também era um amigo de infância dele, Emy ainda precisava lidar com a rivalidade escancarada entre Hunter e Chad.

Apesar dos seus altos e baixos e dos defeitos que Clifford tinha, ele nunca tinha sido um mentiroso ou manipulador. Chad era inseguro e perdia completamente a noção quando se sentia ameaçado, mas ele não era uma pessoa naturalmente má. Então se ele estava fazendo uma acusação tão baixa em relação a Timmons, era porque ele acreditava em cada palavra do que estava dizendo.

A linha de raciocínio de Clifford era cirúrgica e não havia falhas. Emily e Hunter se conheciam desde sempre, faziam parte do mesmo grupo de amigos, frequentavam a mesma escola, estavam presentes nas mesmas festinhas e nunca, nunquinha, jamais tinha acontecido uma troca de olhares mais interessada ou uma leve insinuação. E isso vindo de um rapaz como Timmons era surpreendente. Coincidentemente, o rapaz só tinha se aproximado dela e feito uma tentativa de beijá-la depois da briga com o novo capitão do time de basquete.

Se uma garota como Liberty estivesse naquela situação, a razão assumiria as rédeas sem nenhuma dificuldade. Até uma garota um pouco mais lúcida precisaria concordar com a teoria de Clifford e que aquela aproximação tão repentina e arrebatadora parecia um pouco forçada demais. Hunter não tinha só tentado uma investida para levar Emily para cama, ele se dizia completamente apaixonado, como jamais tinha acontecido antes.

Era no mínimo suspeito como tudo aquilo tinha acontecido, na maneira que tinha acontecido e principalmente no tempo em que tinha acontecido. E Emily não era o tipo de garota que acreditava em tudo o que diziam ou que abaixava a cabeça para qualquer cara. No seu namoro com Chad, as brigas sempre tinham sido bastante acaloradas exatamente porque Sinclair não admitia quando ele surtava de ciúmes.

O problema era que tudo que envolvia Hunter Timmons tinha um efeito poderoso demais em Emily. Se tudo aquilo tivesse sido apenas um jogo de manipulação do rapaz, ele precisaria receber um prêmio pelo estrago que tinha feito na cabeça e no coração de Sinclair. Mas era por ter vivido cada uma das etapas daquele relacionamento, da amizade, da paixão e do amor que Emy não acreditava na teoria de Chad.

As conversas intermináveis na noite da tempestade, o sentimento que foi brotando aos poucos, o carinho, a atenção, aquele amor que Emy enxergava no olhar de Hunter sempre que os dois estavam a sós... Tudo aquilo pesava mais na balança que Sinclair usava para analisar a situação. E os sentimentos de Timmons poderiam ser verdadeiros, mas Emy estava com os sentidos tão atordoados que não conseguia enxergar nem como o namorado parecia estar tranquilo demais para a situação que eles viviam naquela noite.

A blusinha do avesso, os cabelos desalinhados e um olhar atordoado mostravam que aquele não era o melhor momento para Emily tomar qualquer decisão. Mas era óbvio que Chad e Hunter não iriam recuar, que ambos já tinham declarado seus pontos de vistas e esperavam por uma decisão dela. De braços cruzados, Emy encarou os dois por um tempo considerável enquanto sua mente trabalhava diante dos fatos. as coincidências apontadas por Chad e cada momento vivido ao lado de Hunter, até finalmente respirar fundo e tomar a palavra.

- Não era para você ter descoberto as coisas dessa maneira, Chad. Não era para ter sido assim e eu sinto muito por tudo o que você viu hoje.

Apenas o começo do discurso de Emily já mostrava qual das duas histórias ela iria confiar. O semblante de Chad se contorceu, inconformado, e os ombros dele murcharam. Mas Emy estava sendo sincera ao dizer que sentia muito, que não queria que o ex-namorado estivesse naquela situação. Aliás, Sinclair não queria que nenhum dos três estivesse passando por aquilo, e isso trazia de volta aquela velha culpa por ter se envolvido entre dois amigos.

- Eu queria esperar até depois do jogo, conversar com você com calma... Não era a minha intenção... - Emy fez uma pausa e se corrigiu. - Não era a NOSSA intenção te magoar. Mas eu e o Hunter não planejamos nada do que aconteceu, Chad... Nós dois nos aproximamos e nos apaixonamos.

- Puta que pariu, Emily!!! Você está escutando as coisas que estão saindo da sua boca??? - Chad gesticulou, completamente desesperado diante da cegueira da garota. - Tá legal, eu já entendi que você está enfeitiçada por esse imbecil! Mas se vocês só iriam assumir esse “namoro” depois do jogo, você não acha um POUQUINHO estranho que eu tenha presenciado essa cena horas antes de entrar na quadra? É óbvio que esse filho da puta armou tudo para me desestabilizar! Como você não vê isso???

Mais uma vez, era difícil argumentar com a lógica de Chad. Hunter e Emily poderiam não ter sido muito cuidadosos com a aventura daquela noite, mas a probabilidade de que o flagrante acontecesse logo pelo ex-namorado dela, um dia antes do primeiro jogo de basquete, era mesmo muito pequena. A forma com que o olhar de Emily deslizou na direção de Hunter por um único segundo mostrava que Chad tinha conseguido plantar uma discreta sementinha de desconfiança, mas que Sinclair rapidamente se apressou a abafar e ignorar para defender o namorado.

- É sério que você acha que o Hunter faria isso comigo? Que ele faria isso com QUALQUER garota? Eu já disse, sinto muito que você tenha visto isso, mas ninguém aqui armou coisa alguma, Chad. - Emily respirou fundo e tentou soar mais firme. - Eu não quis te magoar e nem causar essa confusão toda. Mas nós não estamos mais juntos. Eu amo o Hunter, eu confio nele e é com ele que eu quero ficar. Se é tão difícil assim para você aceitar, não tem nada que eu possa fazer.

Clifford já tinha flagrado a ex-namorada, a garota que ele ainda amava, se entregando por completo para outro rapaz. A vingança de Timmons já estava mais do que realizada. Mas Hunter teria um significativo e delicioso bônus no seu plano quando Emily disse com todas as letras, diante dos dois, que era ao lado dele que ela queria ficar. Em algumas horas, Chad entraria naquela mesma quadra para o seu primeiro jogo como capitão do time de basquete, para a posição que Hunter acreditava ser sua. Mas ele traria na memória a lembrança de Emily, naquele mesmo lugar, dizendo que amava e queria ficar com outro cara.

Não havia nada que Chad pudesse dizer ou fazer, e quando ele percebeu que aquela era uma batalha perdida, não teve mais nenhuma tentativa de argumentar, gritar ou espernear. Era difícil saber se Clifford estava apenas com o coração partido por ver a garota que ele amava com outro cara, ou se também estava frustrado e furioso por não conseguir fazer Emily enxergar algo que estava bem diante do nariz dela. Em uma mistura de todos aqueles sentimentos, com o semblante duro, mas o olhar magoado e decepcionado, o rapaz apenas engoliu em seco, respirou fundo e balançou a cabeça em um sinal de reprovação.

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- Você está completamente cega, Emily. - Sem gritar, Chad apenas encarou a ex-namorada com firmeza. - Eu sei do que eu estou falando, eu conheço esse filho da puta melhor do que você.

Ao se referir a Hunter, Chad apenas se limitou a apontar na direção do outro rapaz, sem desviar o olhar de Emily. E o coração de Sinclair estava partido com toda aquela situação. Por mais difícil que tivesse sido aquele fim de namoro, ela e Clifford ainda tinham vivido uma história juntos e ela nunca teve a intenção de machucá-lo daquela maneira. Mas agora, ao lado de Timmons, ela se sentia na obrigação de defender o seu atual namorado.

- Pode ser. Mas você não sabe nada do que existe entre o Hunter e eu.

- Você não vai conseguir sustentar esse personagem por muito tempo. - Dessa vez, Chad se virou para Hunter, e embora usasse uma entonação pausada e cortante, seus punhos estavam fechados, mostrando o esforço que ele fazia para não explodir e não voar no pescoço de Timmons. - A sua máscara vai cair e você vai fazer o que faz de melhor, Timmons. Você é uma bomba-relógio que vai arruinar tudo que está a sua volta. Você vai ferrar com tudo, como sempre faz. E quando você fizer isso... - O sorriso frio de Chad não combinava com o brilho de lágrimas dos olhos azuis quando ele se virou para Emy pela última vez. - Quando ele quebrar o seu coração e a sua cara, eu vou estar bem aqui para te dizer que eu avisei.
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Mensagem por Liberty Bloomfield Sex Abr 05, 2024 10:30 pm

Instinto. Evolução. Reprodução da espécie. Sobrevivência. Desde os primórdios da vida no planeta, as células, os corpos e os indivíduos se adaptaram e encontraram muitas formas de sobreviver e de passar adiante os seus respectivos materiais genéticos. E, cientificamente falando, o sexo nada mais é do que uma dessas maneiras de evoluir, de perpetuar as espécies.

Vários estudos explicavam a ação de cada um dos hormônios liberados e a cascata de reações bioquímicas que aconteciam no cérebro e no corpo durante uma relação sexual. Como uma máquina perfeita, o corpo humano foi cuidadosamente moldado ao longo dos milênios de evolução da espécie para sobreviver, para se reproduzir. Se o sexo fosse uma atividade desagradável ou repulsiva, a vida no planeta já teria sido extinta. Não era magia, ou uma energia cósmica ou “amor” como os casais apaixonados costumavam dizer. A ciência explicava de forma bastante convincente os processos envolvidos naquele instinto e os motivos para que a atividade sexual gerasse tanto prazer e satisfação aos indivíduos.

Mesmo antes de viver aquela experiência, Liberty Bloomfield já conseguiria dar uma aula detalhada sobre a parte teórica e científica daquele assunto. Sem grandes dificuldades, Libby conseguiria mencionar todos os hormônios envolvidos e explicar todas as reações que o corpo humano geralmente apresentava naqueles momentos de maior intimidade. Mas, ironicamente, todas aquelas informações evaporaram e sumiram da cabecinha da menina no instante em que Liberty se entregou a Dexter naquela noite.

Não sobrou espaço para nenhum pensamento racional depois que o corpo de Libby experimentou aquelas ondas avassaladoras de prazer. Era simplesmente impossível pensar em hormônios, cascatas de reações químicas ou evolução enquanto o corpo dela se contorcia de satisfação sobre a cama a cada toque ou beijo do namorado.

Um cientista apontaria que a aparência de Dexter Thompson era mais um dos fatores evolutivos que explicavam o prazer que Liberty sentia naquela noite. Jovem, saudável, atraente, com o corpo atlético e vigoroso, Dexter tinha tudo para atiçar o desejo de uma fêmea da sua espécie porque instintivamente eram aqueles genes perfeitos que a evolução desejava perpetuar.

É claro que Libby não seria hipócrita de dizer que ela era indiferente ao físico do rapaz. Mas foi naquele ponto que a ciência cometeu a primeira falha. Porque o que realmente fez Liberty se derreter, se entregar e viver o momento mais intenso e mais especial de toda a sua vida não foi o tanquinho de Thompson. E não existia nenhum livro ou artigo científico que explicasse tão bem o afeto, o carinho e a confiança que Dexter tinha despertado na menina naquela noite antes mesmo de tocá-la.

Nem mesmo todo o “estudo” ou todos os preparativos de Liberty foram suficientes para deixar a menina à vontade e confiante para viver aquela nova experiência. Bloomfield falhou miseravelmente quando tentou fazer as coisas do seu jeito e encarar a sua primeira vez com a mesma objetividade com que ela enfrentava todos os outros desafios da sua vida. E para a imensa surpresa de Bloomfield, aquela confiança acabou brotando naturalmente e graças à postura compreensiva e carinhosa do namorado.

Não teria sido tão perfeito ou tão especial se Libby tivesse calculado cada movimento ou previsto cada reação do seu corpo. O que realmente fez Bloomfield viver o momento mais intenso da sua vida foi se entregar, esvaziar a mente e deixar que o seu corpo e o seu coração fossem guiados apenas pelo amor e pela paixão que Dexter despertava nela.

O grande medo de Liberty naquela noite era não ser boa o suficiente para satisfazer um rapaz experiente e exigente como Thompson, mas simplesmente não houve espaço para que aquele receio e aquela insegurança crescessem. O brilho nos olhos do rapaz, os arrepios que se espalhavam na pele dele, as óbvias reações do seu corpo e os gemidos que Dexter deixava escapar enquanto os dois se amavam eram grandes provas de que ele também estava sentindo o mesmo prazer que fazia a mente de Libby se desligar.

Os corpos estavam suados, as respirações ofegantes e os corações descompassados quando Dexter e Liberty desabaram no colchão. Os braços de Thompson imediatamente puxaram a namorada para junto do seu peito e Libby se aninhou ali. Com os olhos fechados, a menina abriu um sorriso derretido enquanto acompanhava o som das batidas do coração de Dexter e foi só depois de um generoso tempo que Bloomfield reencontrou a própria voz.

- Acho que agora eu entendo porque em algumas espécies as fêmeas devoram ou arrancam a cabeça do macho durante o acasalamento...

A reação de Dexter diante daquele comentário bizarro foi hilária. Com os olhos arregalados e os ombros mais tensos, o rapaz buscou pelo rostinho da namorada com um certo ar de medo, como se ele realmente estivesse pensando na possibilidade de ser devorado. O suspense ainda foi prolongado por mais alguns segundos até que Libby soltou um risinho e denunciou a brincadeira.

- Isso provavelmente só rolou depois que os machos ficaram perguntando insistentemente se elas tinham certeza! Puta merda, Dex, eu estava quase te atacando e te comendo vivo! É claro que eu tinha certeza!

Apesar da alfinetada, Liberty não tinha ficado sinceramente irritada com o namorado. Pelo contrário, foi a postura gentil e atenciosa de Dexter que ajudou a menina a se sentir ainda mais à vontade para dar aquele importante passo na relação.

Depois de rolar o corpo por cima do dele, Libby apoiou o queixo no peito do rapaz e os dois se encararam de muito perto. E agora com uma expressão mais séria e mais significativa, Liberty concluiu o seu discurso numa entonação doce e apaixonada.

- Nem nos meus planejamentos mais otimistas eu imaginei que pudesse ser uma noite tão mágica, Dex. Foi perfeito. Você fez ser perfeito. Eu amo você, cariño.

***

Nem mesmo a discreta cólica que Libby sentia no dia seguinte era capaz de abalar o enorme sorriso que a novata exibia no rosto quando entrou na MMU de mãos dadas com o namorado pela manhã. A imagem dos dois juntos ainda despertava um certo grau de descontentamento, principalmente em Debby e em algumas outras garotas do colégio. Mas a maior parte das pessoas já parecia ter se acostumado com a ideia de que o quarterback e a novata nerd agora formavam um casalzinho apaixonado.

Nas últimas semanas, Dexter e Liberty passavam a maior parte do tempo juntos e não era raro flagrar os dois em meio a carícias, beijos ou olhares mais insinuantes. Naquela manhã, contudo, eles pareciam ainda mais grudados e apaixonados. Thompson parecia ser incapaz de afastar suas mãos da namorada e Libby também não se cansava de sorrir bobamente sempre que olhava na direção dele.

- Eu prometi a você que assistiria aos jogos de futebol. Mas a minha promessa não incluiu as partidas de basquete, ok? – parada em frente ao seu armário, Liberty comentou enquanto puxava alguns livros e cadernos para seus braços – Eu sei que você quer prestigiar o Chad, então eu vou estudar nas arquibancadas pra te fazer companhia. E também para ter certeza de que nenhuma líder de torcida vai cair “acidentalmente” no seu colo. Agora, mais do que nunca, eu quero marcar o meu território...

Ao pronunciar “meu território”, Libby abriu um sorrisinho sacana e deslizou uma das mãozinhas pelo peito do namorado. Dexter retribuiu ao sorriso, se inclinou na direção da garota e os dois tinham acabado de unir os lábios num beijo quando a porta do armário de Liberty foi empurrada com violência e se fechou num estrondo que fez o casalzinho se sobressaltar.

Como o jogo de basquete começaria em poucos minutos, Chad Clifford era a última pessoa que deveria estar circulando pelos corredores da MMU naquele momento. Como capitão da equipe, era esperado que Chad estivesse no vestiário fazendo um discurso de motivação e ajustando os últimos detalhes com os colegas. Mas, ao invés disso, Clifford estava ali lançando um olhar homicida para Dexter.

- Você sabia??? Eu quero que você olhe bem pra minha cara e me responda se você sabia dessa merda, Dexter!

Como Thompson e Liberty tinham sido interrompidos e pegos totalmente de surpresa, nenhum dos dois pareceu entender o discurso furioso do outro rapaz. Isso obrigou Chad a ser um pouco mais direto e específico.

- Você sabia que aquele merdinha do Timmons tá transando com a Emily???

Nem foi preciso que Dexter fornecesse uma resposta verbal para o amigo. O semblante confuso do rapaz se contorceu numa caretinha de descrença que deixava bem claro que Thompson não só estava por fora daquela fofoca como sequer acreditava que aquilo pudesse ser verdade.

- Não começa, Cliff! É claro que isso não está acontecendo! – Dexter provavelmente interpretou aquela ceninha como mais um dos surtos de ciúmes sem sentido do amigo – Você tá viajando, cara!

- Não, eu não tô “viajando”! Eu vi, Dexter! Eu literalmente vi aquele filho da puta comendo a MINHA garota! Ele não só está transando com a Emily como conseguiu convencê-la de que está apaixonado e que o lance entre os dois é sério!

- Espera aí... – uma ruguinha de preocupação surgiu entre os olhos de Liberty – Então não é verdade? Não é sério? Ele não está apaixonado por ela???

- VOCÊ SABIA! – a acusação que Chad tentou lançar contra Dexter agora foi deslocada para Libby – QUAL É O SEU PROBLEMA, NOVATA!? HÁ QUANTO TEMPO ESTÁ ROLANDO ESSA MERDA!? POR QUE VOCÊ NÃO ME CONTOU???

- Por que eu te contaria, Chad? – a resposta de Libby soou num tom calmo e óbvio – É um assunto que só diz respeito à Emily e ao Tim. Eu não ia sair por aí espalhando fofocas de algo que a minha prima me confidenciou.

Uma risada seca e sem emoção saiu dos lábios de Chad e ele sacudiu a cabeça num claro sinal de repreensão antes de assumir um ar mais sério ao fazer aquela grave acusação.

- Se você realmente fosse uma boa amiga, você teria tentado impedir que a Emily caísse nessa armadilha, garota! Porque é óbvio que isso é um golpe dele, porra! – Clifford se voltou para Dexter na esperança que o amigo conseguisse enxergar as coisas do mesmo ponto de vista dele – Aquele escroto do Timmons está usando a Emily pra se vingar de mim, Dex! Ele a seduziu, ele fez a Emily se apaixonar por ele de propósito!

Apesar de só estar convivendo com a prima há pouco tempo, Liberty vinha construindo laços de uma amizade sólida com Emily. Por isso, a preocupação dela com Sinclair era verdadeira. Libby inclusive já tinha compartilhado com a prima os seus receios envolvendo a má fama de Hunter Timmons, mas Bloomfield não pôde fazer muita coisa depois que Emily garantiu que estava apaixonada e que confiava nos sentimentos do namorado.

Embora não estivesse nem um pouco disposta a colocar as suas mãos no fogo por Hunter, Liberty preferiu dar um voto de confiança à amiga e ficar ao lado de Emily naquela história.

- Por que é tão difícil assim acreditar que os dois se apaixonaram? Eles se dão bem, se apoiam e gostam da companhia um do outro. Eu imagino que isso seja difícil pra você, Chad, mas não dá pra continuar vivendo em negação ou inventando desculpas mirabolantes pra explicar algo muito mais simples: os dois se amam e formam um casalzinho fofo.

- Ah, cala a boca, novata! Você não sabe de porra nenhuma! Você não conhece o Timmons como o Dex e eu conhecemos! Ele não é do tipo de cara que se apaixona! Ele é do tipo de abutre que ataca, come e depois larga os restos pra trás! Você não acha coincidência demais que esse lance dos dois só tenha começado depois que eu me tornei capitão do time de basquete, Dexter? O Timmons NUNCA demonstrou qualquer interesse pela Emily antes! Quando eu pedi pra colocar a Emily na minha lista, o Tim não se opôs e nem questionou!

Por estar tão agitado e furioso, Chad não mediu o impacto que as suas palavras teriam. E nem Dexter pareceu perceber o tamanho da avalanche que estava se formando diante deles. A primeira pista de que uma explosão estava prestes a acontecer veio quando Libby interrompeu a conversa dos rapazes com aquela pergunta.

- Lista? Que lista?

Clifford tinha motivos de sobra para estar possesso com Hunter. Mas Dexter ainda era um bom amigo e que parecia ser totalmente inocente naquela história. Por isso, Chad estava com os olhos arregalados quando encarou Thompson sem saber como explicar aquela situação sem prejudicar o namoro do amigo. Mas como era óbvio que Libby não sossegaria enquanto não ouvisse uma resposta, Chad não teve muita escolha senão tentar escolher as palavras com cuidado.

- Ahn... não é nada demais, Liberty, relaxa. Bom, basicamente a gente fez um acordo de nunca ficar com as mesmas meninas pra evitar brigas e também porque seria bem estranho. Aí a gente meio que dividiu as garotas...

O queixo de Libby despencou, os olhos castanhos se estreitaram e ela parecia completamente indignada quando sacudiu a cabeça em negativa, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir.

- Então “basicamente” você e o Hunter escolheram as garotas como se estivessem selecionando as melhores frutas na barraca de uma feira???

Ao dizer “você e o Hunter”, Libby mostrou que ela ainda não tinha entendido que a situação era ainda mais grave e decepcionante. Aos olhos dela, Dexter era um cara tão nobre, tão gentil e tão respeitoso que nem se passou pela cabeça da menina a possibilidade do namorado também estar metido naquele esquema nojento e machista. E Bloomfield provavelmente teria continuado a pensar dessa maneira se não fosse pela ruguinha de confusão que surgiu entre os olhos de Clifford e pelo olhar tenso que o rapaz lançou para Dexter.

Apesar de nenhuma palavra ter saído da boca de Chad, aquele olhar foi suspeito demais e a reação meio desesperada de Thompson foi praticamente uma confissão de culpa. A primeira reação de Libby foi encarar o namorado com os olhos quase pulando para fora do seu rostinho pálido. Mas logo em seguida Bloomfield respirou fundo, fechou os olhos com força e pronunciou aquelas palavras num sussurro.

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- Dexter. Me fala, poooor favor, que você não estava metido nisso!

- Eu já disse que não era nada demais, Liberty! – em seu desespero para ajudar o amigo, Chad acabou complicando ainda mais a vida de Dexter – As coisas não são tão ruins como você pensa! A gente não enxerga as meninas como objetos! Era só uma maneira de evitar atritos e manter a nossa amizade! No meu caso, por exemplo, eu parei de me preocupar com essa lista depois que me apaixonei pela Emy! Tenho certeza que rolou a mesma coisa com você e o Dex! Depois que ele se apaixonou por você, todos os outros nomes da lista dele perderam o sentido.

- Wow, ow, ow, woooow! COMO É QUE É? Como assim, os OUTROS nomes da lista dele??? – Libby cravou um olhar furioso em Thompson e dirigiu a última pergunta diretamente ao namorado – Eu estava na sua lista, Dexter? Foi por isso que você se aproximou de mim???
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Mensagem por Dexter Thompson Sáb Abr 06, 2024 11:51 pm

O corpo inteiro de Dexter parecia estar sob o efeito de um forte anestésico. Algumas regiões estavam mais sensíveis, formigando, mas de uma forma tão deliciosa e satisfatória que era impossível tirar o sorriso bobo dos lábios. Acostumado a ter lindas garotas ao alcance das suas mãos, Dex sabia muito bem o que era ter uma noite agitada e divertida. Só que nada se comparava com o que tinha acabado de acontecer entre ele e Liberty Bloomfield.

Libby não tinha o corpo ou a flexibilidade de uma líder de torcida. Não era experiente, tinha trocado a lingerie sexy por uma camisa de futebol e não era o tipo de garota ousada e desinibida que gostava de assumir o controle da situação. Mas nada disso fazia diferença. Era a essência de Bloomfield, era cada mínimo detalhe que formavam quem ela era que tinha feito com que aquela fosse a melhor noite na vida de Dexter.

Por saber como Liberty era mais reservada e controladora, Dex tinha receio que a menina se arrependesse daquela decisão. Mas a maneira ávida com que as mãos dela ou os lábios de Libby procuravam pelo seu corpo e pela sua boca davam a certeza de que a menina estava completamente envolvida, excitada e entregue ao momento dos dois. E era delicioso demais assistir a menina tensa se soltando, se deixando levar pelos seus desejos e perdendo a cabeça por causa dele.

Mas não era só o ego de Dexter que estava sendo alimentado por conquistar uma garota que normalmente não se interessaria por um quarterback. Porque o desejo que Thompson sentia era tão grande e tão intenso quanto o dela. Da mesma maneira que Libby esqueceu o restante do mundo por causa dele, Dex também se sentia especial e nas nuvens por tê-la em seus braços. A maioria dos colegas na MMU, especialmente as meninas, não conseguiam entender o que o cara mais cobiçado e popular do colégio tinha visto na bolsista nerd. Mas para Dexter, ele era o cara mais sortudo do planeta por ter sido escolhido por Liberty.

Mesmo com a falta de experiência de Liberty, aquela noite não tinha sido estranha ou menos prazerosa. Dexter tinha se obrigado a conter um pouco do desejo e focar mais no conforto da garota, atento a todos os sinais que ela enviava durante cada segundo, mas quando Libby se mostrou completamente à vontade e obviamente afetada pelas ondas de prazer, Dex foi capaz de relaxar ainda mais e aproveitar até o fim.

O semblante de Thompson estava sonolento, mas ele sorria bobamente quando Liberty se aninhou junto ao seu peito. Com uma das mãos, Dex afagou os cabelos castanhos dela, que se espalhavam sobre seu braço e esperou que sua respiração acelerada se acalmasse. Ainda havia uma fina camada de suor pelo seu abdome perfeito, mas o rapaz já parecia mais recuperado.

- Da próxima vez, só vamos deixar esse papo das fêmeas assassinas de fora, beleza? - O sorrisinho dele se tornou mais sacana antes de completar. - E como próxima vez, eu quero dizer muito em breve. Só preciso de um tempinho para me recuperar... Eu preciso ter certeza que você não teve sorte de principiante ou se é mesmo perfeita até nisso. Porque isso foi incrível, Libby. Você é incrível. A melhor garota que eu já conheci.

Com um olhar mais carinhoso, Dex depositou um beijo sobre a testa de Liberty, mas antes que a garota pudesse rodear os braços ao redor do seu tronco, ele se remexeu sobre a cama. Thompson nunca tinha namorado antes, e embora não fosse um cara tão frio e indiferente quanto Hunter Timmons, ele também não tinha o costume de trocar declarações de amor ou ficar abraçado com uma garota depois de uma transa.

Como parecia que Dexter estava se esquivando poucos minutos depois dos dois terem compartilhado um momento tão íntimo, Liberty não conseguiu evitar uma ruguinha preocupada entre as sobrancelhas, mas o rapaz só precisou alcançar a mochila largada perto da entrada do quarto antes de voltar para a cama, completamente alheio aos pensamentos que poderiam ter cruzado a mente da garota naqueles poucos segundos.

- Eu disse que tinha outra surpresa, lembra? Eu queria te dar uma coisinha, para você lembrar de hoje e... bom... para pensar em mim quando não estivermos juntos.

Dexter e Liberty viviam grudados quando estavam na MMU ou sempre arrumando desculpas para passarem algum tempo juntos. Quando estavam separados, não era nada raro que Thompson e Bloomfield trocassem mensagens ou ligações, fosse com declarações ou piadinhas divertidas. Mas Dex soou adorável e sincero ao dizer que adoraria que Libby pensasse nele quando eles não estivessem juntos.

Depois de enfiar apenas a boxer preta pelas pernas, Dex se sentou na beirada do colchão e passou uma caixinha para as mãos dela. A visão de Thompson usando o mínimo de roupas, com os cabelos bagunçados e o perfeito abdome exposto era tentadora demais para qualquer garota, mas ele conseguia transformar toda aquela visão sexy com uma pitada de carinho na ansiedade refletida no seu olhar, cheio de expectativas para saber a opinião dela sobre o presente.

Mesmo que Liberty não fosse uma garota tão vaidosa e que colecionasse muitos acessórios, Dexter não tinha escolhido uma joia qualquer. O anel prateado trazia uma pedrinha azul ao centro e tinha o formato de um diadema. A maioria das garotas não seria capaz de compreender o motivo de ter a miniatura de um diadema para usar no dedo, mas Libby compreenderia no mesmo instante que se tratava de uma réplica do diadema de Rowena Ravenclaw.
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- O Eric sempre diz que não tem certeza se eu seria da Grifinória ou da Lufa-Lufa. Segundo ele, eu não tenho a quantidade de neurônios suficientes para estar na Corvinal e nem sou malvadinho o bastante para ser da Sonserina, graças a Deus! Mas acho que o Chapéu não teria muitas dúvidas quanto você, não é? Você é a pessoa mais inteligente que eu já conheci, Libby... E cá para nós, as corvinais também tem fama de serem as mais bonitas de Hogwarts, então é perfeito para você.

***

Dexter Thompson namorando era uma novidade que todos na MMU ainda estavam precisando digerir. Tinha sido uma decepção generalizada entre as garotas e alguns caras começavam a olhar duas vezes para Liberty, como se tentassem entender o que eles tinham deixado de notar na novata que tinha chamado tanta a atenção do quarteback. Mas Dex pouco se importava com as opiniões das outras pessoas, quando ele se sentia tão feliz e completo ao lado de Libby.

Naquele dia, mais do que qualquer outro, Dex e Libby pareciam estar em um mundinho paralelo, vivendo uma verdadeira lua-de-mel. Se fechasse os olhos, ele ainda seria capaz de sentir o gosto de Liberty, de escutar os suspiros e os gemidos que ele tinha arrancado dela e só tais lembranças eram suficientes para fazer o corpo de Thompson implorar por mais.

O casalzinho estava tentando diminuir um pouco daquele desejo que continuava acompanhando os dois desde a noite anterior quando Chad Clifford surgiu como um touro cego e furioso. E Dex estava tão convicto de que o amigo estava tendo mais um dos seus surtos de ciúmes que não entendeu de imediato as sérias acusações que o rapaz fazia contra Hunter Timmons.

O clima entre Chad e Hunter continuava péssimo e cada dia que passava ficava mais difícil acreditar que os dois seriam capazes de superar as diferenças e retomar a velha amizade. Mas quando as palavras de Liberty confirmaram as acusações de Clifford, Thompson sentiu como se um balde de água gelada estivesse caindo sobre a sua cabeça.

- Não... Espera... Como é que é? Que história e essa do Tim com a Emy?

Na estreia da temporada de futebol em Burlington, Timmons tinha feito o convite para ele, Liberty e Emily irem juntos até a outra cidade, excluindo Chad. Mas na ocasião, Dex tinha apenas acreditado que era uma forma de Hunter provocar o amigo. Depois, quando o convite para ir até Nova York surgiu, Dexter foi ainda mais inocente por acreditar que Hunter estava sendo um bom amigo e trazendo Emily apenas como desculpa para que Libby estivesse junto, com o objetivo de ajudá-lo. Mas durante todo o tempo, os motivos de Hunter eram muito mais egoístas.

Mesmo enquanto o diálogo entre Libby e Chad continuou, os pensamentos de Dexter já estavam longe dali. E sua cabeça começou a latejar com o esforço para entender aquela situação. Não que fosse um cenário muito completo, mas para Thompson, a ideia de que Hunter cruzasse aquela linha de forma tão baixa e reprovável era inconcebível.

Hunter tinha um milhão de defeitos e Dexter poderia passar dias enumerando todos eles. Mas como um bom amigo, como o irmão que ele sentia que Timmons era, Dex seria capaz de colocar a mão no fogo para defendê-lo. Então, ver que Hunter tinha sido capaz de cravar uma faca contra as costas de Clifford daquela maneira era chocante e fazia com que o mundo que Dex conhecia sofresse um abalo significativo.

Com uma profunda ruga entre as sobrancelhas, Dex respirava pesadamente enquanto sua mente trabalhava. Dentro dele havia um grande instinto gritando para que ele defendesse Hunter, para implorar que Chad se acalmasse e que eles procurassem entender aquela história melhor. Mas assim como Clifford, Thompson também conhecia Timmons melhor do que ninguém para saber o quão vingativo e sacana o rapaz conseguia ser quando queria. E a teoria que Emily foi incapaz de aceitar no dia anterior foi o que atingiu Dexter em cheio.

- Ele não faria isso, Cliff. - Apesar das palavras de defesa, o ar atordoado de Dexter já mostrava que ele estava tentando se agarrar a uma negação que não lhe passava nenhuma confiança. - O Tim não faria isso com a Emy... Com você!

Os argumentos que Chad usava para convencer Liberty eram os mesmos que passavam pela cabeça de Dexter. Hunter nunca tinha demonstrado nenhum interesse por Emily, e o timing com que os dois tinham se aproximado era perfeitamente sincronizado com o atrito entre os dois rapazes. Desde que a briga entre seus amigos tinha começado, Dexter procurou acreditar que era algo passageiro, uma infantilidade que logo acabaria. Mas se Hunter tinha ido tão longe, aquilo não tinha mais volta. E Thompson não conseguia frear dentro de si aquela imensa decepção que agora contaminava seu coração.

Confuso, atordoado, decepcionado e com a cabeça girando, Dexter nem tinha terminado de processar aquele grande impacto entre seus melhores amigos quando a conversa o obrigou a enfrentar um novo problema.

Aquela história de “lista” tinha surgido há tanto tempo que já fazia parte do cotidiano de Chad, Hunter e Dexter. Nunca tinha sido uma ideia machista, uma “distribuição” de garotas. Quando Dexter fez a sugestão de que fizessem aquele tipo de separação, ele só estava querendo encontrar uma forma de evitar conflitos entre os amigos. Três adolescentes juntos, que gostavam de se divertir e ter encontros casuais, em uma cidade pequena como Colchester, tudo era uma combinação perigosa que Dex não estava disposto a enfrentar para lidar com um drama desnecessário que pudesse arruinar a amizade deles.

A ideia tinha partido de Dexter, em um momento que ele nem se recordava mais. Mas Thompson só queria garantir que, se um dos amigos se interessasse por uma garota e a mesma tentasse se aproximar de outro, eles respeitariam aquele “código” para não se magoarem. Além do mais, seria muito estranho que uma mesma garota ficasse com eles, fazendo comentários, comparações ou que pudesse surgir qualquer tipo de rivalidade.

Era um acordo bobo, mas que funcionava muito bem até então. Mas era algo exclusivo dos três, que nunca tinha saído do trio exatamente porque eles sabiam como algumas garotas poderiam interpretar. Exatamente da mesma maneira que Liberty fazia naquele momento.

O problema entre Hunter, Emily e Chad foi varrido dos seus pensamentos e Dexter sentiu seus músculos ficando tensos no momento em que entendeu que estava enrascado. Pálido, com os olhos arregalados e ainda fazendo um grande esforço para fingir que não era nada demais, Dex ainda tentou se fazer de desentendido quando a namorada questionou o seu envolvimento naquela “lista”.

- Hm? - Com os lábios apertados, a atuação de Dexter foi péssima naquele disfarce. - Metido no que? Lista? Que lista?


A explicação de Chad sobre como a lista deixava de ter importância depois que um deles se apaixonava soou como música aos ouvidos de Dexter. Porque, na cabeça dele, aquela era a justificativa perfeita e fazia todo sentido. Clifford tinha cometido um grande deslize ao mencionar a lista, mas também parecia ser seu grande salvador ao defendê-lo daquela maneira.

- Éééé, é isso aí! Exatamente!

Dex chegou a respirar aliviado quando usou as duas mãos para gesticular, apontando para o amigo em um sinal de apoio a tudo o que Chad tinha acabado de falar. Por isso, a reação tão negativa de Liberty deixou os dois rapazes completamente perdidos. Era como se Bloomfield fosse mesmo tão inteligente que qualquer outro ser mortal tivesse dificuldade em acompanhar o raciocínio dela.

- Uééé! É claro que você estava na minha lista! Você preferia estar na lista do Tim? Ou do Chad?

Foi só depois de abrir a boca que Dexter percebeu que aquele estava bem longe de ser a maneira mais adequada de agir em sua defesa. E daquela vez, até mesmo Clifford percebeu que tinha sido uma infeliz escolha de palavras quando o rapaz fez uma careta e desviou o olhar para o chão, usando uma das mãos para coçar os cabelos loiros em um gesto ansioso.

O olharzinho perdido de Dexter ás vezes conseguia ser adorável, mas era óbvio que quando ele se virou de Liberty para Chad tentando entender o que tinha dito de errado só fez com que a garota se sentisse ainda mais possessa.

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- Nãããoooo! Claro que não, Libby! Mas que ideia! Eu não me aproximei de você por causa da lista! Aliás, nem foi eu que escolhi o seu nome! O Tim disse que você não fazia o estilo dele e o Chad ainda tava afim da Emy, então...

Na cabeça de Dexter, aquela justificativa fazia todo sentido. O que ele queria dizer era que a lista não tinha feito nenhuma diferença na aproximação dos dois, que Dex tinha se apaixonado por ela independente de qualquer forma. Mas a maneira como Chad começou a se sacudir, deslizando o indicador sobre o pescoço em um sinal de “degolar”, implorando para que Thompson calasse a boca, finalmente chamou a atenção dele e a voz de Dex morreu pelo caminho.

- Não foi por causa da lista!!! - Dexter soou mais aflito ao notar o olhar chocado da namorada. - Eu nem ligo para os nomes que estão na minha lista, eu só me preocupo em ficar bem longe dos nomes que estão na lista deles!

A cada justificativa, Dexter parecia se complicar mais. Ele só estava tentando dizer que queria respeitar as escolhas dos amigos e não se envolver com as garotas que saíam com eles, mas Dex também passava a impressão de que era tão seguro de si que podia ficar com qualquer garota e só precisava se lembrar de não ficar com as mesmas de Hunter ou Chad.

- Qual ééé, Libby!!! Não faz isso, você sabe que falta oxigênio no meu cérebro e eu não penso direito quando você me pressiona assim! É pior do que fazer prova oral de mandarim diante de um auditório! Que diferença essa lista faz? Nós estamos juntos, não é só o que importa?

- É, e ele nem precisou dar uma rasteira em um dos amigos dele pra ficar com a garota que queria.
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Mensagem por Hunter Timmons Dom Abr 07, 2024 2:46 pm

Embora tivesse uma coleção de defeitos, Hunter Timmons era um bom amigo. Até algumas semanas atrás, Chad e Dexter eram como irmãos para Hunter e o rapaz morreria por qualquer um dos dois, principalmente porque os amigos também tinham ficado ao lado dele no pior momento da sua vida. Quando Timmons sofreu o acidente, perdeu tudo e precisou abrir mão de todos os seus sonhos, Thompson e Clifford estavam do lado dele e deram a Hunter o apoio incondicional que o rapaz precisava para se reerguer.

Se naquela época alguém dissesse que chegaria o dia em que Hunter daria uma rasteira em Chad, roubaria a namorada do amigo e montaria um flagrante para ferir os sentimentos do outro rapaz, Timmons não acreditaria. Talvez Hunter não visse problemas em fazer isso com outro cara, mas nunca, em nenhuma hipótese ele faria algo parecido com um grande amigo.

O grande problema, o detalhe que mudou radicalmente os rumos daquela história foi o fato de Hunter se sentir traído. Na cabeça de Timmons, Clifford havia iniciado a guerra e dado o primeiro golpe para destruir a linda amizade dos dois. Tudo o que aconteceu depois disso foi apenas uma resposta de um adversário ferido, que se sentia humilhado e traído por uma das pessoas mais importantes da sua vida.

Nunca foi a intenção de Chad declarar uma guerra contra Hunter Timmons. Até porque Clifford conhecia o melhor amigo bem o bastante para saber que Hunter não era um oponente fácil. Quem em sã consciência decidiria lutar contra um adversário tão determinado, calculista, incansável, cruel e inconsequente? Hunter tinha uma personalidade forte, um temperamento explosivo e ele não via problemas em jogar sujo ou em descer o nível numa briga. Os dois podiam até ser grandes amigos, mas Chad não era cego diante dos piores defeitos de Hunter e ele jamais escolheria se tornar um inimigo de Timmons.

Foi o destino que moveu as peças daquele jogo e acabou colocando Chad e Hunter em lados opostos de uma guerra. E foi nessa mesma guerra que Emily Sinclair acabou se metendo involuntariamente. De todas as pessoas envolvidas naquela confusão, Emily era sem sombras de dúvidas a mais inocente. Porque o único erro da menina foi cair na armadilha montada por Timmons e se apaixonar perdidamente pelo melhor amigo do seu ex-namorado.

Justamente por ser inocente, Emily era quem parecia mais perdida e angustiada com aquela ceninha. Enquanto Chad estava furioso e Hunter parecia bizarramente calmo para uma situação tão delicada como aquela, Emily se mostrava agitada, agoniada e obviamente se sentia culpada por pensar que ela era o motivo para o fim daquela amizade.

- Tá, pra mim já deu. Até alguns dias atrás eu ficaria com pena de você, Clifford, até porque eu imagino que deva ser mesmo muito foda perder uma garota perfeita como a Sinclair. Mas agora esse seu discursinho de mau perdedor só me parece muito irritante.

Numa postura irônica e impaciente, Timmons rolou os olhos e finalmente se abaixou para resgatar a camiseta jogada no chão da quadra. Só depois de enfiar a peça pela cabeça e vestir a jaqueta por cima, Hunter retomou a palavra com uma entonação calma e objetiva.

- Já chega de drama e de acusações sem sentido. Eu não tenho paciência pra tanto mimimi. O lance é muito simples. O seu namoro acabou, a Emily já deixou bem claro que dessa vez não ia rolar uma reconciliação e ela estava livre pra se envolver com outra pessoa. Nós dois nos apaixonamos e eu até me sentiria um pouco culpado por isso se ainda fôssemos amigos. Mas essa amizade também morreu e não existe nenhuma chance de uma reconciliação entre nós dois também.

- Ah, mas você pode apostar nisso, Timmons! – o sorriso de Chad se tornou ainda mais frio e amargo – Se eu pudesse voltar no tempo, eu NUNCA teria sido seu amigo, te dado tanto apoio e...

- ...e me apunhalado pelas costas? – Hunter interrompeu o discurso de Chad, finalizando o desabafo do outro rapaz – Você me traiu primeiro. Foi você que não respeitou a nossa amizade, que agiu pelas minhas costas e tomou algo que deveria seu meu! Você cutucou um vespeiro, então agora seja homem, assuma as consequências e enfrente o enxame.

- É uma comparação perfeita. Você se parece mesmo com um inseto asqueroso, que tem um ferrão venenoso e que ataca sem motivo! Mas exatamente como uma vespa, não é difícil te amassar. E eu vou pisar em você, Timmons! Eu vou provar que eu estou certo e que você não passa de um filho da puta!

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- Você não tem como provar nada... – a longa pausa e o discreto sorrisinho sarcástico que surgiu nos lábios de Hunter pareciam ser um convite desafiante para que Chad encontrasse provas contra ele, mas logo em seguida Timmons finalizou o discurso com uma postura mais inocente – Até porque não tem nada pra ser provado aqui. Eu amo a Emily, ela me ama, nós dois queremos ficar juntos e você não tem nada a ver com isso, Clifford.

Chad já não parecia ter dúvidas sobre a vingança arquitetada por Hunter. Mas aquela hipótese se fortaleceu ainda mais dentro da cabeça de Clifford depois que o casalzinho se afastou dele. Como Emily ainda parecia muito abalada com tudo aquilo, Timmons a envolveu carinhosamente com um dos braços enquanto os dois caminhavam lado a lado, rumo à porta de saída lateral da quadra.

Até poderia parecer apenas um gesto gentil de um namorado atencioso, mas Chad percebeu que era mais uma provocação ao ver a mão de Hunter descendo lentamente e de forma quase possessiva pelas costas da menina. O movimento da mão de Timmons só parou na base da coluna de Emily, bem próximo ao quadril dela. E, por estar de costas, Sinclair não viu o momento em que Hunter recolheu quatro dedos e deixou apenas o dedo do meio esticado para Clifford.

***

A satisfação que Hunter sentia ao sair da quadra era indescritível. Ao invés de se sentir arrependido ou constrangido pelos rumos lamentáveis que o seu plano de vingança tinha tomado, Timmons não poderia estar mais feliz e satisfeito. Agora Chad sentia a mesma dor e a mesma decepção que Hunter experimentou depois de saber que um dos seus melhores amigos tinha ocupado o seu lugar e usurpado os seus sonhos. Timmons se sentia até mais leve por finalmente ter se vingado, por ter equilibrado novamente a balança e por ter feito Clifford se sentir tão humilhado e derrotado quanto ele.

A vontade do rapaz era gargalhar, saltitar e comemorar loucamente aquela deliciosa vitória. Mas como Emily estava ao seu lado, Hunter teve que se conter. E não foi tão difícil assim abafar a alegria e se compadecer diante da expressão arrasada e envergonhada da menina. Timmons não estava arrependido daquele plano de vingança e faria tudo de novo mesmo se pudesse voltar no tempo. Mas ele definitivamente não queria que a namorada sofresse tanto. As intenções dele ao se aproximar de Emily foram as piores possíveis, mas agora Hunter a amava de verdade e queria vê-la feliz.

- Hey.

A caminhada dos dois só foi interrompida quando Emily e Hunter chegaram ao estacionamento da MMU. Àquela hora da noite o local estava vazio e silencioso. E, sem Chad por perto, Timmons conseguiu se concentrar totalmente na menina e pensar apenas em consolar a dor que Sinclair sentia naquele momento. Parado diante dela, Hunter envolveu o rostinho de Emily com as duas mãos e buscou pelo olhar dela.

- Eu sei que não foi fácil e que não era assim que você queria que acontecesse. Mas aconteceu, ruivinha. E já acabou, ok? A pior parte já passou. Eu prometo que acabou.

Não era uma promessa vazia e sem sentido. O que Timmons realmente estava querendo dizer era que o seu plano de vingança tinha chegado ao fim, que ele não pretendia mais usar a menina para atingir Chad e que agora os dois podiam se concentrar apenas naquele amor que havia nascido entre os dois.

Os dedos compridos de Hunter deslizaram carinhosamente pelo rostinho corado de Emily e num gesto protetor ele puxou a menina gentilmente até que ela estivesse encaixada junto ao seu peito. E o sorriso mais doce que surgiu nos lábios de Timmons enquanto ele pensava no futuro daquele relacionamento refletia uma sincera felicidade.

- Agora nós não precisamos mais esconder do resto do mundo que estamos juntos, Emy. Podemos passar mais tempo juntos, eu não preciso mais fingir que o meu coração não dispara sempre que você está por perto. Você não imagina como eu estou ansioso para mostrar pra todos que agora eu tenho uma namorada e que ela é a melhor garota de Colchester. E do mundo inteiro!
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Mensagem por Liberty Bloomfield Dom Abr 07, 2024 2:47 pm

Logo que pisou em Colchester, a primeira impressão que Libby teve sobre Dexter Thompson foi muito negativa. Como a maioria dos atletas que ocupavam uma posição de destaque e de popularidade dentro de um colégio, Dexter parecia ser um cara arrogante, burro, desagradável e vazio, alguém que se sentia especial e superior a todos ao seu redor e que gostava de humilhar as pessoas abaixo dele.

Mas bastou que alguns poucos dias se passassem para que aquela imagem negativa do rapaz se descontruísse dentro da cabeça da novata. A convivência com Thompson mostrou a Liberty que ele não era como os outros, que ele não se encaixava no estereótipo e nem merecia um julgamento tão rígido.

O Dexter que Libby conheceu parecia ser uma das melhores pessoas que já tinham passado pela vida da menina. Com um temperamento dócil e gentil, Dexter era o tipo de pessoa que não levantava a voz, que não se irritava com facilidade e que se esforçava ao máximo para não ofender ninguém. Ele era um bom amigo, um bom filho, um excelente irmão mais velho. Era verdade que Thompson gostava de ser o líder e de estar no centro das atenções, mas ele não fazia isso de maneira arrogante ou superior. Ele apenas era popular, gostava de estar rodeado por amigos e de se divertir. Além do temperamento gentil, Dexter também era compreensivo, paciente, honesto e carinhoso. Era fácil se sentir bem na companhia dele. E foi por todo esse pacote de qualidades que Bloomfield se apaixonou.

Se Thompson fosse apenas um quarterback popular e com um corpo perfeito, o romance entre Dexter e Liberty jamais teria acontecido. Além de rapazes populares como ele não se interessarem por meninas como Libby, ela também jamais teria entregado o seu coração para um cara com a moral tão duvidosa. Foi a essência da alma e o caráter de Thompson que nocautearam o coração de Libby. O fato de Dexter vir numa “embalagem” tão atrativa era apenas um delicioso bônus que tornava tudo ainda mais intenso e especial para a menina.

E foi justamente por Liberty admirar tanto o caráter, a personalidade e a postura sempre tão gentil e respeitosa do rapaz que a decepção a acertou com ainda mais potência naquela manhã. A conversa sobre a tal “lista” de garotas era algo que Libby esperava de um cara que se encaixava no estereótipo de um quarterback arrogante e desprezível, mas ela definitivamente não esperava algo assim vindo de Dexter Thompson.

Enquanto tentava se defender, Dexter mostrou que não tinha vocação alguma para um futuro como advogado porque cada explicação e cada argumento só parecia complicar ainda mais a situação dele. Os gestos desesperados de Chad eram quase uma súplica para que o amigo parasse de falar, mas Clifford não conseguiu evitar que Thompson acabasse despejando sobre Libby a pior parte de toda aquela história.

- Eu entendi bem? Então não foi você que me escolheu pra sua lista? – antes que Dex pudesse se encher de esperanças com o discurso da namorada, Liberty concluiu com um raciocínio rápido e nada favorável ao rapaz – Eu só fui parar na sua lista porque o Hunter e o Chad não me quiseram?

- Não é bem assim! – Clifford atropelou a resposta do amigo e tomou a palavra antes que Dexter se atrapalhasse ainda mais – Nós ainda nem conhecíamos você quando surgiu essa conversa, Liberty! Eu só disse que não queria você na minha lista porque eu ainda tinha esperança de voltar com a Emy! E vocês duas são primas, né? Seria bem estranho! Quanto ao Timmons, ele é oficialmente o rei dos babacas e você não deveria se importar com a opinião dele!

- Ah, vai se ferrar, Clifford! Eu não estou nem aí se vocês dois me descartaram! Por mim vocês dois que se fodam e eu tenho pena da Emily por ela ter se envolvido com dois merdas como você e o Timmons! O meu problema aqui é com o Dexter! – os olhos castanhos da menina estavam inundados de mágoa quando ela se voltou na direção do namorado – Porque até alguns minutos atrás eu realmente acreditava que estava rolando algo especial entre a gente. Então é bem decepcionante descobrir que tudo isso só começou por causa de um joguinho estúpido e machista! E é ainda mais ofensivo saber que eu sequer fui escolhida! Eu sou tipo a fruta podre que sobrou num cantinho da barraca da feira depois que ninguém a quis!

Qualquer garota no lugar de Liberty se sentiria insultada e magoada com aquela situação. Já era muito ofensivo que Dexter só tivesse se aproximado dela com a intenção de “zerar” a sua listinha de garotas e ganhar um joguinho desprezível com os amigos. Mas era ainda pior pensar que Thompson sequer tinha tido opção quanto a isso. Liberty Bloomfield não era uma novata bonitinha e interessante que despertou o interesse do quarterback. Ela só tinha ido parar na lista dele depois que os outros dois rapazes a descartaram.

A autoestima de Libby que estava nas alturas depois da última noite apaixonada nos braços do namorado agora desabou até o fim de um poço escuro e frio. Mesmo não estando presente no momento que os rapazes dividiram os nomes em suas respectivas listas, Bloomfield podia imaginar Hunter, Chad e Dexter discutindo e travando uma disputa acirrada por meninas como Pamela, Emily ou Debby. Já ela tinha sido facilmente descartada e acabou “sobrando”. Como se estivessem dividindo uma caixinha de doces sortidos, os três rapazes atacaram rapidamente os bombons mais gostosos e Libby acabou sendo o docinho de caramelo sem graça que restou no fundo da caixa e que Dexter só quis comer depois que já não tinha mais nenhuma outra opção.

- Eu até podia sair pelos corredores e contar para todas as meninas do colégio que elas são sendo divididas e objetificadas por vocês três. Mas algo me diz que várias delas nem se importariam com isso! A Debby, por exemplo, vai ficar suuuper feliz em saber que você a escolheu, não é, Dexter? Porque eu aposto que ela foi uma das primeiras a ser escolhida, não foi? – Libby concluiu o desabafo sem esperar pela óbvia confirmação do rapaz – Só que eu não sou o tipo de garota que tolera essa humilhação. Meus parabéns, você venceu o desafio, conseguiu me comer e agora pode riscar o meu nome da sua listinha. Mas essa palhaçada termina aqui. Acabou, Dexter.

A boca de Dexter chegou a se abrir, mas Bloomfield deu as costas para os dois rapazes antes de ouvir qualquer outra justificativa. Ao abordar o amigo naquela manhã, Clifford só queria ter certeza de que Dex não era um cúmplice de Hunter no plano de vingança envolvendo Emily, então agora o rapaz estava sinceramente arrependido por ter arruinado o namoro de Thompson.

- Tá, eu vacilei pra cacete ao mencionar a lista, me desculpe, Dex. Mas você também não ajudou nadinha quando mencionou que ela não foi uma escolha sua. – Chad segurou o amigo pelo braço quando viu Thompson dar o primeiro passo para seguir a namorada – Eu sei que isso é difícil pra você, mas PENSE antes de falar mais besteira!

***

A maioria das garotas na situação de Bloomfield optaria por fugir do colégio naquele momento. Sentindo-se infeliz, humilhada e com o coração dilacerado, era natural que Liberty quisesse ficar sozinha, se encolher na própria cama e passar as próximas horas chorando. Até existia dentro de Libby aquela menininha mais carente e sentimental que estava arrasada com tudo o que acabara de acontecer. Mas Bloomfield lutou bravamente para abafar aqueles instintos e para encarar a situação com mais racionalidade. Ela simplesmente não podia perder um dia no colégio e tantas horas de estudo por causa de um rapaz. Um rapaz que não parecia merecer todo o sacrifício que Liberty vinha fazendo para encaixá-lo no seu cronograma tão rigoroso.

Além de não querer comprometer ainda mais o seu futuro e a chance de entrar em Princeton, Libby também se obrigou a encarar aquela decepção com maturidade. Até porque não era a primeira vez que a menina se sentia como uma fruta podre desprezada. Os contextos e os sentimentos envolvidos eram completamente diferentes, mas no fim das contas Dexter Thompson e Jeff Wooton tinham tido atitudes muito semelhantes com a menina. Assim como Jeff, Dex também nem conhecia a menina quando a desprezou, quando não demonstrou o menor interesse em trazê-la para a sua vida (ou para a sua lista). Nos dois casos, Libby estaria disposta a abrir o coração e a dar todo o seu amor para duas pessoas que não pareciam dispostas a fazer o mesmo por ela.

Por causa do jogo de basquete e para que todos os alunos pudessem comparecer à quadra e torcer para o time da MMU, a primeira aula daquela manhã tinha sido remarcada para outro dia. Então todos os estudantes estavam leves, sorridentes e vestindo as cores do colégio enquanto se encaminhavam na direção da quadra. Bloomfield era a única que caminhava na direção oposta, abraçada a uma pilha de livros e cadernos.

O burburinho das vozes já estava distante e a novata estava há poucos passos da porta da biblioteca quando sentiu seu braço sendo agarrado. Antes mesmo que Liberty se virasse ou que Dexter abrisse a boca, o arrepio que se espalhou pelo corpo da menina já denunciava de quem era aquele toque. Normalmente era aquele mesmo arrepio que fazia Libby se derreter ainda mais pelo namorado, mas desta vez a garota estava com uma expressão dura quando se virou para encará-lo.

- Me solta. – como Dexter abriu a boca para começar a falar sem atender ao pedido dela, Libby foi ainda mais dura ao repetir aquele comando – Me solta, Thompson. Agora! Eu não quero as suas mãos em mim nunca mais!

Era algo muito chocante para se dizer depois de ter passado a última noite nos braços do namorado. Mas a decepção e a mágoa estampadas no rostinho de Libby mostravam que a garota muito provavelmente tinha se arrependido daquela decisão. Liberty não era uma garota tão romântica ou iludida, mas ela certamente não teria se entregado (pela primeira vez) para um cara que só tinha se aproximado dela por causa de um joguinho estúpido com os amigos.

- Não me interessa o que você vai dizer. Aliás, eu acho que você já disse tudo! Eu nunca teria deixado as coisas chegarem tão longe se soubesse que essa lista ridícula estava por trás de tudo! Eu não consigo voltar no tempo e evitar esse erro, mas eu posso começar a fazer as escolhas certas a partir de agora.

Mesmo com todos os livros empilhados nos braços dela, Liberty conseguiu mover os dedos até arrancar o anelzinho que Dexter tinha colocado nela durante a madrugada e estendê-lo na direção do rapaz. Era bizarro para Libby pensar que poucas horas atrás ela estava feliz e se sentindo a garota mais sortuda do universo por ter um cara como Thompson na sua vida. Mas agora tudo aquilo tinha desmoronado como um castelo de areia atingido por um vendaval.

O presentinho, as declarações de amor e todas as memórias de Dexter tinham sido manchadas de uma tal maneira que agora Bloomfield já não sabia mais dizer se tudo aquilo tinha sido verdadeiro ou se o rapaz só tinha precisado se esforçar um pouquinho mais que o normal para iludi-la e para riscar o último nome da sua listinha de conquistas.

- Eu duvido que outra garota deste colégio vai entender a referência, mas você não precisa dizer que é uma réplica do diadema de Ravenclaw. Imagino que a Debby vai acreditar se você disser que escolheu uma pedra azul para combinar com os lindos olhos dela.
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Mensagem por Emily Sinclair Dom Abr 07, 2024 11:25 pm

Os motivos para que Emily estivesse sendo tão cautelosa para assumir publicamente seu namoro com Hunter eram numerosos, e claro que Chad Clifford encabeçava aquela lista. Emy nunca imaginou que um dia acabaria se envolvendo entre dois amigos de infância, que acabaria se apaixonando pelo melhor amigo de um ex-namorado. Por mais que já estivesse solteira e que não devesse mais nenhuma satisfação a Chad, claro que aquela não era uma situação comum ou simples.

A briga entre Chad e Hunter já tinha causado um grande estrago antes mesmo que Emily entrasse na equação. Ou, se ela conseguisse enxergar as cosias com mais objetividade, ela admitiria que tinha sido no mínimo curioso como sua participação naquela história tinha começado logo depois da guerra declarada entre os dois. Mas não importava os argumentos que usasse, uma parte de Sinclair continuaria se sentindo como uma vilã, uma bruxa má que tinha terminado de arruinar qualquer chance de reconciliação entre dois amigos.

Era para tentar minimizar o estrago do seu novo relacionamento que Emy estava sendo tão cuidadosa. Porque ela sabia que era impossível conter todo o impacto e que não seria fácil assumir que estava com Timmons meses depois de ter terminado com Clifford. Mas o que tinha acontecido naquela noite era o pior cenário possível.

Na véspera do primeiro jogo de Chad como capitão, no meio da quadra, com um flagrante escandaloso e a discussão entre os dois rapazes, recheadas de acusações e ofensas. Além de estar se sentindo envergonhada e constrangida pela maneira que Clifford a encontrou, nua e transando daquela maneira com um dos seus melhores amigos, Emily agora se sentia sufocada e esmagada pela culpa.

Não tinha como voltar atrás. E Hunter tinha razão em dizer que ao menos aquilo tinha chegado ao fim e que agora os dois tinham o caminho completamente livre. Mas Emy ainda precisaria de um tempo para processar e digerir aquele flagrante e tudo o que tinha sido dito naquela noite. Principalmente aquela minúscula e discreta sementinha que Clifford tinha plantado.

Por mais óbvio que pudesse ser, por mais que tivessem motivos lógicos para que ela acreditasse na teoria de Chad, Emily ainda não conseguia acreditar e nem desconfiar que Hunter tivesse se aproximado dela apenas por vingança. Sinclair se lembrava de todos os momentos, de cada passo que os dois tinham percorrido enquanto aquele amor nascia entre eles, então ela se sentia confiante o bastante para não achar que tudo aquilo era uma farsa.

O mesmo não poderia ser dito sobre o que tinha acontecido naquela noite. Emily não duvidava dos sentimentos de Hunter ou da história que os dois começavam a construir juntos. Mas havia um pequeno “e se” latejando na sua mente sobre a probabilidade de que fosse mesmo apenas coincidência que, de todas as pessoas de Colchester, aquele flagrante tivesse acontecido logo com Chad Clifford.

Aquele incômodo parecia uma coceirinha no fundo da sua mente, mas Emily tinha medo de dar ouvidos para aquela dúvida. Era como se uma pequena brecha já fosse suficiente para estragar a felicidade que ela e Timmons finalmente teriam a chance de experimentar. E foi apenas para tentar poupar qualquer briga ou atrito que Sinclair decidiu abafar aqueles pensamentos e guardar para si suas dúvidas.

- Eu só quero que essa noite acabe logo. - A voz de Emy soou um pouco abafada contra o peito de Hunter em meio ao abraço.- E eu também preciso ir para casa e tentar descansar. Amanhã o dia vai ser agitado e eu tenho que estar concentrada.
Ao contrário de Hunter, Emily não falou sobre a ansiedade de poder contar para todo mundo sobre o namoro dos dois. Mas antes que o rapaz pudesse achar que ela estava chateada demais e que tudo aquilo tinha afetado o futuro dos dois, Emy ergueu um pouco o rosto, apoiando o queixo contra o peito dele, e abriu um pequeno sorriso, ainda um pouco desanimado.

- Você ainda quer passar a noite lá em casa? A sua companhia vai me fazer bem...

Não havia clima (pelo menos para Emily) continuar o momento quente e íntimo que tinha sido interrompido na quadra. Mas a simples presença de Hunter, poder dormir abraçada a ele, sentindo o afago nos seus cabelos ruivos e aquele carinho sem segundas intenções bastou para que seu coração se acalmasse um pouco, que as dúvidas se aquietassem e que ela relaxasse o suficiente para poder descansar.

Era ainda mais difícil acreditar nas teorias de Chad quando, mesmo depois de tudo o que tinha acontecido, Hunter continuava tão atencioso e carinhoso, sem querer enfiar as mãos por dentro das suas roupas. Como um bom namorado que entendia o momento difícil que ela passava, Timmons apenas esteve ao seu lado dando o que Emy precisava para não se sentir tão infeliz.

***

Os dias de jogos costumavam ser cheios de expectativas e ansiedade na MMU. Os jogadores tinham seus rituais para se prepararem para a partida, mas as líderes de torcida também precisavam se arrumar, aquecer e serem pontuais. Em dias como aquele, Emy costumava ser bastante rigorosa com o horário ou com os detalhes da própria aparência, mas depois dos últimos acontecimentos, a cabeça da ruiva ainda não tinha conseguido focar na atividade do dia.

Mesmo depois de ter tomado um banho e de ter secado os cabelos, Emily voltou para o quarto e encontrou o namorado embolado nos lençóis cor de rosa. Por sorte, ainda era cedo demais e Hilary dormia, sem desconfiar do “invasor” na sua casa. O uniforme de líder de torcida estava separado e devidamente passado, pendurado em um cabide no closet. Emy vestiu apenas a saia e o top vermelho que ficaria por baixo da blusinha do uniforme quando Timmons começou a se remexer no colchão.

- Você já pensou em fazer análise de coloração pessoal? - Emy perguntou olhando para o namorado através do reflexo do espelho enquanto passava um batom nos lábios. - Porque o rosa não combina muito com você, sabia?

O sorrisinho implicante que surgiu já mostrava que Emily tinha recuperado um pouco do humor. Sua cabeça ainda estava cheia e seu coração não tinha se livrado por completo da culpa ou da vergonha, mas depois de uma noite de sono e com a luz do sol iluminando um novo dia, era mais fácil para Sinclair respirar fundo e concordar com o namorado, de que o pior tinha passado e agora os dois não tinham mais motivos para se esconder.

Depois de fazer a piadinha sobre o contraste dos seus lençóis e a personalidade de Hunter, Emily se aproximou mais da cama e sentou na beirada do colchão para alcançar uma caixinha que ficava na cabeceira, onde guardava as fitinhas que usaria para prender nos cabelos. Os fios ruivos ainda estavam soltos e o decote do top era profundo, mas ainda era capaz de esconder a tatuagem abaixo do seio esquerdo.

- Eu vou terminar de me arrumar e preciso ir. Mas se você quiser dormir um pouco mais, eu sugiro que faça isso na sua casa... A minha mãe vai ficar uma fera se te encontrar aqui!

Emily era a capitã das líderes de torcida, o que significava que ela precisava chegar antes do horário do jogo para terminar de organizar o que fosse preciso. Mas mesmo os alunos que não estariam jogando ou conduzindo a torcida já estavam começando a se preparar para ir até a MMU. Como Hunter não costumava ser o aluno mais pontual ou empenhado, já não era nenhuma surpresa para Emy quando ele decidia faltar as aulas. Especialmente naquela manhã, quando todo o colégio estaria reunido para um jogo de basquete, parecia ainda mais óbvio que Timmons ficaria bem longe daquele momento capaz de lhe causar tantos gatilhos.

- As coisas na noite passada não saíram como eu esperava... - Emy assumiu um ar mais sério e seu olhar estudou Hunter por um instante, mas mais uma vez ela decidiu guardar para si suas dúvidas e receios, abafando aqueles pensamentos na esperança de que pudessem desaparecer. - Mas você tem razão, agora já está feito e não tem como voltar atrás. Então, pelo menos nós dois não devemos mais satisfação a ninguém, não é? E talveeeez eu esteja curiosa para ver a cara da Pamela quando ela descobrir que estamos juntos.

Um sorrisinho mais leve e divertido surgiu, e Emy nem fez questão de esconder aquele pequeno traço malvadinho ou a satisfação sincera em poder se exibir com o cara que a MMU inteira não acreditava que seria capaz de namorar. Ainda seria desafiador lidar com Chad, mas o seu ex-namorado precisaria aceitar a nova realidade em algum momento.

Depois de depositar um beijo carinhoso sobre os lábios de Hunter, Emily chegou a se virar com as fitinhas nas mãos, mas antes de se levantar e caminhar até a penteadeira, um pensamento cruzou sua mente. E diferente das dúvidas sobre o flagrante de Clifford, Sinclair não abafou aquela curiosidade quando voltou a se sentar, como se tivesse acabado de se lembrar de algo. Seu olhar se estreitou um pouco, mas ela não parecia furiosa ou ameaçadora, apenas com a intenção de esclarecer algo que tinha ficado no ar entre as acusações de Chad.

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- Por falar na Pamela, eu preciso perguntar uma coisinha... Que história foi aquela de “lista” que o Chad falou ontem? Que você estava respeitando uma lista... que lista é essa? - Os olhos de Emy se estreitaram ainda mais enquanto seu próprio raciocínio respondeu por ela. - Uma lista de garotas? Ai meu Deeeeeus, vocês fizeram uma lista de garotas???

Diferente de Liberty, Emily não parecia ofendida ou possessa, prestes a terminar o relacionamento. Talvez por estar habituada ao clima da cidade pequena ou por conhecer o trio de rapazes há tantos anos, Sinclair não tinha teorias tão baixas ou depravadas sobre a origem daquela lista. Mesmo assim, não era algo que ela encarava como banal ou com desinteresse.

- Eu estava na lista do Chad. Como exatamente funcionava isso? Vocês fizeram algum sorteio? Disputaram através de algum joguinho? - Emy ainda estava exercitando seu raciocínio quando algo mais conclusivo se formou. E dessa vez a garota pareceu mais irritada ao acertar o braço do namorado com um tapa. - Você escolheu colocar a Pamela na sua lista, mas não me escolheu??? Você nem cogitou o meu nome, né? Qual é o seu problema, Timmons??? Você é cego, burro ou o quê?
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Mensagem por Hunter Timmons Seg Abr 08, 2024 1:00 pm

Naquela noite, quando Hunter se espremeu na cama da namorada, ele sentia que até a sua alma estava mais leve após alcançar a vitória no seu plano de vingança. Como alguém que finalmente alcançava um objetivo pelo qual havia lutado muito, Timmons se sentia feliz, satisfeito e revigorado. Era um grande alívio resolver aquela pendência, quitar a “dívida” que existia entre ele e Chad. Só agora que a situação estava equilibrada e que Hunter havia devolvido a mesma punhalada nas costas que ele recebeu do melhor amigo, o rapaz sentia que teria paz para seguir adiante e para deixar aquele assunto no passado.

E a linda garota que dormiu nos braços de Hunter naquela noite parecia ser a melhor forma de seguir adiante. Apaixonar-se por Sinclair não estava nos planos iniciais de Timmons, mas aquele deslize acabou sendo a melhor parte do plano, o melhor presente que o rapaz poderia ganhar. Um presente que Hunter nem merecia receber em troca de uma atitude tão cruel e vingativa.

Até algumas horas atrás, Hunter estava tendo que administrar dentro de si sentimentos opostos e conflitantes. O amor por Emily coexistia ao lado de um sentimento amargo de vingança e acabava sendo indiretamente contaminado por aquela podridão. Então agora era mesmo um grande alívio para Timmons poder arrancar os pensamentos negativos do seu coração e cultivar apenas aquele sentimento mais nobre que Sinclair havia despertado nele. Agora que Hunter sentia que estava quite com Chad, ele estava mesmo determinado a se focar apenas em Emily.

Como uma semente que consegue germinar num solo seco e destruído, o amor de Hunter brotou e sobreviveu por milagre em meio a um terreno de raiva e vingança. Mas agora Timmons estava disposto a proteger e a cultivar aquele brotinho com todo o cuidado que ele merecia. O amor por Emily poderia até ter nascido de algo ruim, mas a partir de agora o rapaz estava determinado a se esforçar para ser o namorado que Sinclair merecia e para que ele próprio fosse merecedor daquele improvável presente que o destino havia lhe dado.

Já colocando em prática o seu novo plano de ser um bom namorado, Hunter fez companhia para a namorada naquela noite e respeitou o tempo que Emily precisava para digerir os últimos acontecimentos. Feliz e revigorado, Timmons não via nenhum problema em retomar as carícias que o flagrante de Clifford tinha interrompido na quadra, mas em nenhum momento Hunter forçou a barra para que Emily cedesse novamente às suas investidas. Era óbvio que Sinclair não estava no clima para romance depois de uma discussão tão acalorada com o ex-namorado e Hunter foi muito compreensivo e se contentou em apenas dormir com Emily aninhada junto ao seu peito.

Para Hunter era algo inédito dividir a cama com uma garota a noite inteira sem intensificar as carícias. Pelo contrário, Timmons era o tipo de cara que costumava inventar desculpas e deslizar para fora da cama logo que se dava por satisfeito. Mas aquela foi mais uma das experiências que Hunter descobriu que poderia ser prazerosa ao lado de uma garota que ele amava de verdade. E foi por isso que ele exibia nos lábios um sincero sorriso doce e preguiçoso ao acordar na manhã seguinte.

- Se você me der uns quinze minutos eu consigo me arrumar e ir com você. - ainda sonolento, Timmons se colocou sentado na cama, bocejou e esfregou os olhos - Não me importo em chegar mais cedo. Assim eu garanto um bom lugar nas arquibancadas pra assistir a sua apresentação…

A surpresa no rostinho de Emily foi óbvia e indisfarçável. A menina provavelmente tinha concluído que, para evitar novos traumas e gatilhos, Hunter preferiria não assistir aos jogos do time de basquete. E Timmons de fato não teria nenhum motivo para se submeter àquela tortura se não fosse pela namorada.

- É claro que eu vou estar lá para te prestigiar, Emy. Você é a capitã da torcida, isso é importante pra você e eu sou o seu namorado, então automaticamente é importante pra mim também. - um sorrisinho mais sacana surgiu nos lábios do rapaz antes daquela piadinha - E também vai ser bem divertido ver o time sendo massacrado e o treinador chorando e se lamentando por ter me perdido.

O nome de Clifford não foi citado, mas Hunter também gostava bastante da ideia de ver a equipe da MMU sendo derrotada na estreia de Chad como capitão. Certamente seria difícil para Clifford se manter focado e ter um bom desempenho na partida jogando na mesma quadra onde ele havia flagrado a ex-namorada nua, se entregando apaixonadamente para outro rapaz.

Para Hunter não existia mais pendências entre ele e Chad, agora os dois estavam quites e Timmons se sentia um grande vitorioso por ter sido o escolhido por Emily. Mas é óbvio que Hunter ainda ficaria bastante satisfeito em ver o ex-amigo fracassando no papel de capitão. Até porque a rivalidade entre os dois parecia ter ficado ainda mais acirrada depois dos últimos acontecimentos. Era evidente que Chad não desistiria tão facilmente da ideia de desmascarar Timmons, mas Hunter estava convicto de que nada poderia abalar o amor que o unia a Sinclair.

A certeza de que os dois estavam construindo um relacionamento sólido era tão grande que Hunter reagiu com naturalidade e com bom humor mesmo depois que a namorada trouxe à tona um assunto mais delicado. A famosa “lista” dos rapazes tinha gerado uma enorme crise no namoro de Dexter e Liberty, mas a risada gostosa que Hunter deixou ecoar dentro do quarto da namorada mostrava claramente que ele não se sentia tão ameaçado por aquele problema.

- É, nós três temos uma lista. - Hunter se apressou em corrigir o tempo verbal depois de receber um olhar estreito da namorada - Tínhamos! Agora eu só tenho você, ruivinha, você sabe disso. Mas enfim, a lista foi uma ideia do Dex. Você sabe como ele gosta de união e harmonia, então o Dex tinha medo de que as coisas ficassem estranhas ou que a nossa amizade se abalasse por causa de uma garota. Aí a gente meio que fez uma lista e nos comprometemos a respeitar a divisão.

Na cabeça de Hunter não havia nada tão grave ou reprovável naquela ideia. Libby acusou os rapazes de objetificar as garotas, mas para Timmons a lista era só uma maneira de organizar as coisas e evitar atritos que pudessem abalar a amizade dos três.

O sorrisinho de Hunter se tornou ainda mais sacana quando Emily questionou a posição dela na lista de Chad Clifford. Ao invés de se sentir pressionado ou desconfortável com aquela pergunta, Timmons exibia uma expressão tranquila quando se arrastou pela cama até conseguir abraçar a namorada por trás. Como o rapaz havia dormido usando apenas uma boxer preta, o corpo dele ficou em contato direto com a pele quente e perfumada de Emily naquela posição.

- Eu não escolhi você. - num gesto carinhoso, Hunter afastou os cabelos ruivos da namorada para o lado e abriu espaço para que seus lábios descessem até o pescoço dela - Na verdade, o otário do Clifford escolheu primeiro e você já não estava disponível quando chegou a minha vez. E naquela época eu estava tão focado no basquete que nem me importei muito com essa divisão. Mas agora eu me arrependo amargamente por não ter lutado por você. Se eu soubesse naquela época o que eu sei hoje, eu teria escolhido só você e deixado todas as outras disponíveis…

Propositalmente, Timmons fez uma longa pausa até que Emily fosse obrigada a perguntar sobre o que ele sabia hoje. Sem libertá-la daquele abraço, Hunter segurou o rostinho de Sinclair e o virou de lado até que os dois pudessem se encarar enquanto ele murmurava aquela declaração apaixonada. Bem diferente de Dexter, Hunter não se sentiu acuado, raciocinou rápido, foi inteligente e usou as palavras certas para evitar que aquele problema se transformasse em uma grande crise.

- Hoje eu sei que você é melhor que todas as outras, que ninguém pode me fazer mais feliz do que você, Emy. Eu não tenho dúvidas de que eu te amo, que você é a mulher da minha vida. Então não vamos deixar essa lista idiota abalar a nossa relação, ok? Foi só uma bobagem, uma infantilidade. Eu posso não ter escolhido o seu nome nesse joguinho estúpido, mas agora o meu coração só quer você, ruivinha.
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Mensagem por Dexter Thompson Seg Abr 08, 2024 5:33 pm

Sempre tão focado no futebol, nos treinos e no seu desempenho, Dexter não tinha o hábito de sair da rotina em dias da semana. Ele não se excluía das festinhas animadas que aconteciam, dos passeios ou de alguma ida até o Pat's, mas Dex costumava voltar para casa e dormir cedo porque sabia que precisaria acordar antes do raiar do sol para começar a treinar.

Quando saía com alguma garota, Dex não se deixava levar com a mesma facilidade que Hunter. Ele não decidia pular as aulas ou deixar de cumprir suas obrigações só para ir encontrar alguma sortuda sob as arquibancadas. Mas se estivesse em uma festinha e surgisse um clima, Thompson agia como a maioria dos rapazes da sua idade. E as coisas terminavam por aí.

Não havia nada de especial, com ligações, mensagens, declarações de amor. Dex não era tão frio e impessoal como Timmons fazia com as suas conquistas, mas ele também não fazia promessas e nem alimentava ilusões. Era divertido, uma transa casual, talvez até voltasse para a festa acompanhado da escolhida da vez e desse toda a atenção necessária até que o momento acabasse.

Então era completamente inédito para Dexter o que ele estava vivendo com Liberty. Completamente apaixonado, mesmo depois que Thompson chegou em casa e afundou no próprio travesseiro, ele carregava o sorriso bobo e o corpo anestesiado com os momentos vividos ao lado da namorada. Mesmo depois de ter repetido tantas vezes para Libby que a amava, Dex ainda enviou uma mensagem com as mesmas palavras antes de adormecer.

Quando acordou naquela manhã, Bloomfield foi a primeira coisa que surgiu nos seus pensamentos, assim como aquele sorriso bobo imediatamente brotou nos seus lábios. Dex nunca tinha sido contra relacionamentos, ele só sempre esteve ocupado demais priorizando outras coisas e nunca tinha encontrado uma garota que mexesse tanto com ele como Libby fazia. E agora que vivia um namoro de verdade, ao lado de uma garota que ele amava, Thompson se sentia nas nuvens.

Dos três amigos, Clifford tinha sido o único a viver aquela experiência de um namoro mais sério. E agora Dexter entendia como Chad demonstrava tanto orgulho por andar pelos corredores ao lado de Emily. Porque era assim que ele se sentia ao desfilar ao lado de Liberty. Ao invés de achar que Bloomfield era a felizarda que tinha tirado a sorte grande para ficar com o quarterback, Dex via os papéis de maneira invertida. Era ele quem era o grande vencedor da loteria por estar ao lado de uma garota como ela.

Por estar se sentindo tão leve e feliz, nunca passou pela cabeça de Dexter que as coisas pudessem desandar tão rapidamente, transformando aquele sonho em um pesadelo. Tudo aconteceu tão rápido que o raciocínio de Thompson não conseguiu acompanhar e nem acreditar na reação de Liberty diante de algo que ele julgava tão insignificante.

Em um estalar de dedos, Dexter e Liberty tinham ido do casalzinho grudento e apaixonado para uma briga que culminava em uma separação. Era como assistir os grãos de areia escorregando pelos seus dedos sem que Dex fosse rápido o bastante para impedir. E por mais que Bloomfield o enxergasse como o vilão daquela história, Thompson pareceu um cãozinho magoado quando a garota disse que não queria ser tocada por ele nunca mais.

Se fechasse os olhos, Dex ainda conseguia lembrar dos suspiros ou da maneira que Libby contorcia o corpo sob seus toques e beijos. Tinha sido uma noite linda, especial e perfeita, então era como uma paulada forte na cabeça escutar que ela não queria mais ser tocada por ele, como se Thompson fosse um criminoso doente e asqueroso.

- Será que você pode parar um minuto para a gente conversar? Por favor, Libby!

Para obedecer a ordem dela, Dexter recuou suas mãos e precisou enfiá-las nos bolsos da jaqueta em uma tentativa de conter seu instinto que implorava para não deixá-la se afastar. Ignorando a movimentação ao redor deles, toda atenção de Dex estava presa em Liberty e ele soava um tanto desesperado para que a garota parasse por um instante e o escutasse.

- Nós podemos ir para algum lugar mais calmo falar sobre isso?

Depois de ter se complicado tanto falando as coisas erradas, Dexter estava com medo de abrir a boca. Mas sair daquele tumulto e ter uma conversa civilizada era um bom começo para que eles se acertassem. O problema era que Bloomfield estava magoada e decepcionada demais para escutar ou concordar com qualquer coisa que viesse dele.

Se Dex já se sentia aflito pela maneira que Liberty declarava o fim daquele relacionamento tão prontamente, o golpe final veio quando ela esticou o anelzinho na sua direção. Os lábios dele se entreabriram, mas o rapaz foi incapaz de articular qualquer frase. Em um gesto instintivo, ele chegou a erguer a mão, e Libby se aproveitou daquela oportunidade para enfiar a joia sobre a sua palma, se livrando do presente que Thompson tinha escolhido com tanto carinho.

- Não! Não, eu comprei isso para você! Eu não vou dar para ninguém, isso é seu, Libby! EU sou seu!

Como ela não faria nenhuma menção de pegar o anel de volta, Dexter fechou a mão e se aproximou mais um passo. Um nó queimou na sua garganta quando Liberty recuou a mesma distância, mais uma vez demonstrando repulsa por ele. E por mais que Thompson nunca tivesse sido rejeitado por outra garota antes, o que realmente doía não era o seu ego, mas seu coração.

- Tá, é uma lista idiota, mas nunca foi um joguinho, Liberty. Eu só tive a ideia para tentar evitar uma briga entre eu e os meninos. E olha só a confusão entre o Tim e o Cliff! Era óbvio que eu estava certo!

O que Dexter queria dizer era que ele já sabia que um atrito poderia surgir entre seus amigos por causa de uma garota, mas ao perceber que suas palavras pareciam defender a ideia da lista, a irritação de Liberty aumentou. Quando a garota bufou e se virou para ir embora, Dex precisou ser mais rápido para contorná-la até bloquear o caminho da garota, a impedindo de dar mais um passo.
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- Não era um joguinho, uma competição para ficar com todas as garotas! Era mais uma questão de organização e... Quer saber, esquece! Isso não importa! Essa lista não me importa, porque eu amo você, Libby! Eu não estou nem aí para quem está na minha lista, na do Tim ou do Cliff. Você é a única garota que eu quero. Não é a Debby. Não é mais ninguém. E afinal de contas, o que realmente está te chateando? É a lista ou o fato de eu não ter conscientemente colocado o seu nome? Seja o que for, nós dois podemos resolver isso! Você é a minha namorada, nós não podemos jogar tudo fora por causa de uma bobeira dessas, né?
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